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Charrete florida, Marc Ferrez, 1912, Instituto Moreira Salles |
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Jardim Botânico – bambu, Marc Ferrez, 1912. Instituto Moreira Salles. |
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Charrete florida, Marc Ferrez, 1912, Instituto Moreira Salles |
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Jardim Botânico – bambu, Marc Ferrez, 1912. Instituto Moreira Salles. |
Um casal de ladrões rouba uma loja de antiguidades e, entre falsos castiçais do Luís XIV e falsos vasos da dinastia Ming, um único artefato se mostra de valor: uma câmera Polaroid antiga cujas fotos mostram o futuro imediato, mais especificamente cinco minutos a frente. O enredo pertence ao episódio 10 da segunda temporada de “Twilight Zone”, série antológica que foi ao ar entre 1959 e 1964, veiculada aqui no Brasil com o título “Além da Imaginação”. A série foi uma das primeiras a utilizar a ficção científica, a fantasia e o terror como metáfora para questões sociais e crítica moral, por meio de episódios que sempre tinham uma reviravolta. Ou seja, essa série é muito “Black Mirror”, ou melhor, “Black Mirror” é muito “Twilight Zone”.
The Twilight Zone T02E10 – A Most Unusual Camera |
Entre os objetos de crítica da série, a evolução da tecnologia parece ser a maior fonte de desconfiança quanto a ser uma ameaça à democracia e às relações sociais, atributo comum em narrativas a partir da metade do século XX, especialmente no contexto de corrida espacial. O episódio não é exatamente reflexo dessa desconfiança tecnológica, mas, ao utilizar a tecnologia como uma ferramenta da ganância humana, a câmera, como tantos outros aparatos tecnológicos exibidos na série, é concebida, não como um elemento cotidiano, mas como algo exótico e cujo funcionamento é praticamente autônomo. Nesse quesito, percebe-se que não é à toa que o episódio se chama “A Most Unusual Camera” (Uma Câmera muito Incomum), já que a câmera em questão subverte toda a lógica conhecida sobre o processo fotográfico de registrar em uma superfície fotossensível a imagem resultante da luz sobre os corpos.
The Twilight Zone T02E10 – A Most Unusual Camera |
Bom, depois de descobrir o potencial da câmera, o casal de ladrões junto com o irmão da mulher, fugido da prisão, dão a ela uma função que condiz com a condição criminosa dos personagens: eles passam a tirar fotos do placar em corridas de cavalo, antes da corrida, apostando sempre no cavalo ganhador. Após descobrirem que a câmera possui uma inscrição em francês que diz “Dix a la Propriétaire”, que significa “dez ao proprietário”, indicando que a câmera só tira dez fotografias, é desencadeada uma briga pela posse do aparato (e do dinheiro conseguido com o seu uso) que leva o episódio a terminar com todos os personagens mortos. Acredito que hoje em dia, as narrativas que utilizam a câmera como o motor de tragédias já estejam saturadas. Além de fotografias que mostram o futuro, posso citar também as que mostram fantasmas, as que mostram a morte do fotografado, as que condenam o fotografado à uma série de infortúnios ou mesmo à morte. Porém, a melhor parte de assistir a esse episódio é conseguir reconhecer quantas dessas histórias se inspiraram na série. A série, aliás, é origem de várias referências comuns da cultura pop.
Além disso, a despeito da saturação da utilização da fantasia em torno da câmera, acho que essa maneira de representar a fotografia é, na verdade, muito realista. Os aborígenes estadunidenses, por exemplo, acreditavam que a fotografia podia roubar as suas almas. Em outro momento da história da fotografia, houve tentativas de se obter uma fotografia da alma, influenciadas tanto por razões científicas quanto religiosas. Alguns manuais até ensinavam a fotografar a alma, alguns fotógrafos clamavam ter realizado o feito, mas, de maneira geral, essas fotografias se tratavam de efeitos de dupla exposição, superexposição ou do movimento em uma fotografia com uma velocidade muito longa.
The Twilight Zone T02E10 – A Most Unusual Camera |
A primeira vez em que ouvi falar de Andy Warhol foi ao ler um livro sobre a cidade de Nova York quando eu tinha 11 anos de idade. Desde então, minha paixão e interesse pela arte vem sido alimentada ano após ano, obra após obra, imagem após imagem. Nascido com o nome Andrew Warhola, na cidade de Pittsburgh nos Estados Unidos, Warhol graduou-se em Belas Artes e tornou-se conhecido como um dos principais nomes do movimento pop art, uma vanguarda artística surgida na década de 60 com o propósito de retratar a cultura norte-americana na época, seguindo a lógica de produção em massa, como na famosa série de quadros representando a lata de sopa Campbell’s.
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Andy Warhol. Self-Portrait in Fright Wig, 1986 |
Além de ser um pintor e ilustrador – e uma celebridade de sua época – , Warhol também experimentou com o cinema e a fotografia. Na verdade, ele andava constantemente com uma câmera consigo para fotografar elementos de sua vida cotidiana e assim, criar um “diário visual” que o auxiliava na hora de criar suas telas. Apesar de não ter feito fama a partir da fotografia, realizou uma grande quantidade de Polaroids, principalmente retratos de famosos da década de 70.
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Andy Warhol, Sylvester Stallone |
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Andy Warhol. Debbie Harry, 1980 |
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Andy Warhol. Jane Fonda, 1982 |
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Andy Warhol. Jean-Michel Basquiat, 1982 |
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Andy Warhol. The American Indian (Russell Means), 1976 |
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Andy Warhol. Liza Minnelli, 1977 |
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Andy Warhol. John Lennon, 1971 |
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Andy Warhol. Mick Jagger, 1977 |
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Andy Warhol. Still Life Polaroids – 1977-1983 |
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Andy Warhol. Still Life Polaroids – 1977-1983 |
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Andy Warhol. Nude Model |
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Andy Warhol. Self-Portrait in Drag. 1981 |
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É um filme de suspense e drama sul-coreano de 2019 com direção de Bong Joon-ho e cinematografia de Kyung-pyo Hong. Parasita foi uma das grandes surpresas do Oscar 2020, ninguém esperava que um filme não falado em inglês pudesse ganhar a principal premiação, mas ele superou todas as expectativas e além do prêmio de melhor filme também ganhou como melhor diretor, roteiro original e filme internacional.
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Pôster do Filme |
O filme retrata a vida precária da família Kim que é composta por quatro integrantes. O pai (Ki-taek), a mãe (Chung-Sook), a filha (Ki-Jung) e o filho (Ki-Woo). Eles vivem em uma espécie de porão muito sujo e apertado e enfrentam problemas financeiros já que todos estão desempregados. A história começa a se desenrolar quando, por uma indicação de um amigo, Ki-Woo começa a dar aulas de inglês para a filha dos Park, uma família de classe alta. Encantados com a luxuosa vida deles, os Kim pensam em um plano para entrar no âmbito familiar da rica família, e ao decorrer do filme, todos eles conseguem um espaço ao redor da família burguesa.
O filme carrega uma forte crítica ao gigantesco abismo social que há entre as parcelas mais ricas e mais pobres da sociedade, que é percebida durante toda a narrativa. A direção cria metáforas visuais que completam a mensagem transmitida pelo roteiro. A começar pelo usa das linhas, que aparecem sempre entre os personagens mais ricos e mais pobres para simbolizar a segregação que ocorre entre eles e como eles parecem não pertencer ao mesmo lugar. Outro artifício fotográfico é a variação dos ângulos da câmera. Os Kim quase sempre aparecem em plongée enquanto os Parks aparecem em contra plongée.
A iluminação também desempenha um papel importante nas metáforas visuais. A casa dos Kim sempre está como pouca iluminação, as cenas que se passam lá sempre são cheias de sombras, já a dos Park sempre está bem iluminada, e o diretor fez questão de gravar todas as cenas diurnas na casa com iluminação natural, já que a luz do sol é citada na história como um fator motivante para a família dos Kim.
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Cena do Filme |
Nessa cena podemos ver a importância da luz do sol na narrativa, quando Ki-Woo entra na casa dos Park pela primeira vez a câmera o acompanha subindo as escadas em contraluz, e com isso podemos perceber a enorme incidência de luz no lugar.
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Cena do Filme |
Já nessa cena vemos claramente a alça da geladeira formando uma linha imaginária separando Ki-Woo de sua chefe.
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Cena do Filme |
E aqui podemos ver o ângulo da câmera em plongée, que diminui o personagem, e o efeito ainda é maximizado já que ele está abaixo do nível do chão.
Parasita é um filme excelente que leva o espectador a refletir sobre o funcionamento da sociedade em que vivemos. Ele consegue prender muito bem a atenção, faz você torcer contra ou a favor dos personagens de uma maneira brilhante do início ao fim o filme surpreende seja pela bela fotografia, ou pela história cheia de plot twists.
HELENA, Beatriz. Parasita. Cultura Fotográfica. Publicado em: 18 de dez. de 2021. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/parasita/. Acessado em: [informar data].
Marc Ferrez foi um grande responsável por criar a identidade visual brasileira de sua época, tendo retratado desde paisagens a celebridades de sua época.
Marc Ferrez nasceu em sete de dezembro de 1843, aos sete anos de idade seus pais morreram e ele se mudou para Paris, onde morou com a família do escultor e gravador de medalhas Joseph Eugène Dubois. Foi lá onde ele provavelmente teve seus primeiros contatos com a fotografia e começou a estudar a seu respeito. Em 1860 retorna ao Brasil e se estabeleceu como fotógrafo.
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Marc Ferrez, autorretrato, 1876 |
Durante o período que passou na França, Ferrez teve contato com as mais novas tecnologias de fotografia, como por exemplo o flash de magnésio e as placas secas coloridas dos irmão Lumiere. Mas seus esforços foram concentrados principalmente na técnica de fotografia panorâmica, que lhe rendeu uma medalha de ouro na Exposição Universal da Filadélfia do ano de 1876, quando ele apresentou uma fotografia panorâmica da cidade do Rio de Janeiro.
Suas fotos foram importantes para criar a identidade visual do Brasil de sua época. Ele fotografou a modernização da cidade do Rio de Janeiro, retratou pessoas importantes, como o Imperador D. Pedro II e sua família, além de ter sido o primeiro a fotografar os indígenas Bororos quando fez parte da Comissão Geológica e Geográfica que percorreu o Brasil de Norte a sul.
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Marc Ferrez Menino Índio, c. 1880 |
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Marc Ferrez, Porto de Santos, 1880 |
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Marc Ferrez Charles F. Hartt, com a cidade do Recife ao fundo, durante levantamento da Comissão Geológica do Império Recife – PE – Brasil – 1875 |
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Marc Ferrez, Imperatriz Teresa Cristina e o Imperador Dom Pedro 2° com a princesa Isabel e a família no Paço Imperial, 1887 |
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Marc Ferrez, Panorama da Cidade do Rio de Janeiro, 1885 |
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Em um de seus ensaios mais premiados, Bittencourt nos apresenta o cotidiano de pessoas marginalizadas na cidade de São Paulo.
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Legenda: Retrato de Julio Bittencourt, Nereu Jr. (2011) Descrição: retrato do fotógrafo sobre o qual o texto fala, sorrindo para a câmera. |
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Legenda: Julio Bittencourt, Numa janela do edifício Prestes Maia 911 (realizada entre 2005 e 2008) Descrição: uma mulher joga em plantas que estão em baixo da janela. |
Durante a guerra fria os pesquisadores precisavam que as sondas espaciais mandassem imagens até a Terra, para isso foi criado o sensor CMOS, capaz de converter ondas luminosas em informação digital que era enviada por meio de ondas de rádio e depois (re)convertidas em imagens. Foi em 1965 que, pela primeira vez, a sonda Mariner 4, usando essa tecnologia, enviou imagens da superfície de Marte, porém as fotos não poderiam ser consideradas digitais, já que também usavam processos analógicos.
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Foto de Eugen Visan por Pixabay |
A primeira câmera totalmente digital foi feita em 1975 pela Kodak ela usava o sensor CCD, o sucessor do CMOS, e podia fazer imagens de 0,01 megapixels, mas nunca foi comercializada, pois os executivos da empresa acreditavam que a invenção poderia atrapalhar na venda dos filmes fotográficos, essa hesitação em adotar a tecnologia digital foi uma das principais causas da falência da empresa anos depois
Em 1981, a Sony lançou a primeira câmera digital para o público, porém ela era extremamente cara. Somente na década de 1990, as câmeras digitais passaram a ter preços mais acessíveis. Hoje elas dominam o mercado. A maioria delas é equipada com um sensor CMOS. Hoje também temos uma grande variedade de tamanho de sensores, e isso pode influenciar muito na hora de fotografar. Quanto maior o sensor, maior é o alcance dinâmico, menor o índice de ruído em ISOs altos, e menor a profundidade de campo.
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Campanha publicitária da câmera Mavica |
A variação de tamanho nos sensores causa algo chamado fator de corte. Esse fator altera o ângulo de visão proporcionado por um objetiva, por exemplo, nas câmeras DSLR os dois tipos de sensores mais comuns são os Full Frame (FF) e os APS-C, uma lente de distância focal 35mm não sofreria nenhuma alteração em um sensor FF, pois ele é o tamanho padrão, mas teria o aspecto de uma lente de 56mm, que tem um ângulo de visão menor, em um sensor APS-C, que é um pouco menor que o FF. Essa relação entre sensores pode variar com as marcas, por exemplo, no caso de sensores APS-C Canon a relação é de 1,6, já nos sensores APS-C Nikon e Sony a relação é de 1,5.
Hoje a maioria dos fotógrafos usam câmeras digitais, pelo fato de elas permitirem uma fácil organização de arquivos, e por produzirem imagens de excelente qualidade, mas esse não é o caso do fotógrafo japonês Daido Moriyama que diz que não se importa com a qualidade imagética que as mais modernas DSLR podem trazer, para ele o que mais importa é que a câmera seja leve, fácil de carregar e discreta, por isso só fotografa usando câmeras compactas. Ele iniciou a carreira com as versões analógicas, mas com o avanço da tecnologia rapidamente passou a usar os modelos digitais.
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Daido Moriyama , 2017 Getsuyosha |
Se olharmos a foto acima com atenção vemos que a imagem possui uma grande quantidade de ruído que acontece pelo fato de Daido usar uma câmera compacta com um sensor bem pequeno. Mas o ruído não é um problema, já que toda a estética dele se baseia em imagens cheias de ruído, muitas vezes tremidas e com grande contrastes.
Esse é um exemplo interessante de como uma boa foto nem sempre precisa dos equipamentos mais caros, mesmo câmeras compactas ou de celulares podem trazer resultados muito interessantes, e agora graças aos sensores digitais, que ajudaram a baratear a fotografia, uma parcela bem maior da população pode ter acesso a câmeras, e usar a criatividade para produzir as mais criativas fotos.
CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Sensores Digitais. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/fotografetodia-sensores-digitais/>. Publicado em: 07 de dez. de 2021. Acessado em: [informar data].