Categoria: Leitura

  • Cidade de Deus

    Um clássico brasileiro, Cidade de Deus, é um filme que vale a pena ser visto e revisto. Te convido a assisti-lo pelo ângulo da fotografia, vamos?

    Atrás um muro pichado. Buscapé, o personagem, segura uma câmera.
    Cena do filme: Cidade de Deus
    “Em uma tacada, eu descolei uma câmera e uma chance de virar fotógrafo” (Busacapé).

    De fato, “Cidade de Deus” é um clássico brasileiro. Muitos já assistiram ou pelo menos ouviram falar. Mas te convido a velo-lo sobre uma nova perspectiva: a fotografia.

    Ambientado, no bairro Cidade de Deus, zona oeste do Rio de Janeiro, em decorrência de um processo de remoção de favelas situadas na zona sul da cidade, o filme retrata o desenvolvimento do crime organizado no período entre o final dos anos 60 e o começo dos 80. 
    A narrativa é constituída sob a perspectiva do jovem narrador e protagonista Buscapé, Alexandre Rodrigues, que em meio ao ambiente de crime e tráfico no qual estava inserido, encontra uma oportunidade, quase acidental, de virar fotógrafo. (Digo, se não fosse também pelo seu sonho de ser fotógrafo.)

    A história relaciona o contexto de vida na favela: o conflito entre policiais, criminosos e a população que se tornava vítima desta violência. Essa relação é  evidenciada em cenas que mostram, de um modo geral, o descaso do Estado quanto a população. Na trama, as várias histórias se fundem, e dentre as quais a de ascensão e queda de  um dos traficantes mais perigosos da  Cidade de Deus, que quando criança era conhecido como Dadinho e após alguns anos passou a ser Zé Pequeno (Leandro Firmino).
    Pôster: Cidade de Deus

    Vale ressaltar que a obra está inserida em um contexto de redemocratização do audiovisual brasileiro (pós ditadura), no qual, temas como violência e  tráfico nas favelas eram mostrados exaustivamente. A construção do filme é posta, entre os momentos de ação, drama e as cenas de humor ácido. A crítica social é evocada em toda narrativa, trazendo a tona  imaginários sobre a pobreza e violência no Brasil, o que dá margem para estigmatização social, racial, sobre violência nas comunidades brasileiras. 
    Sobretudo,  Cidade de Deus se tornou um clássico do cinema nacional, evoca questões latentes em nossa sociedade, principalmente no que diz respeito à políticas falhas do Estado. Ainda hoje, no Brasil a concentração de renda nas mãos de um pequeno grupo, reforça sistemas desiguais de oportunidades para muitos jovens. No enredo, Buscapé, encontra uma possibilidade (quase acidental) de escapar, desse sistema imperfeito, pela fotografia. O filme te trará muitas sensações e poderá levantar questões até mesmo sobre o nosso papel de luta por novas políticas justas e igualitárias. Agora, se tratando de imagens, pode ser que em meio a tantas dificuldades, a fotografia pode vir a ser um escape para novas realidades seja como instrumento de  ação, denúncia ou resistência. 
    Cidade de Deus é uma produção de 2002, baseado no romance homônimo do escritor Paulo Lins. Com direção de Fernando Meirelles e Kátia Lund, e roteiro de Bráulio Mantovani.

    “Uma fotografia podia mudar a minha vida, mas na Cidade de Deus, se correr o bicho pega, e se ficar, o bicho come.”  (Buscapé)

    Confira o trailer!

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    Um clássico brasileiro, Cidade de Deus, é um filme que vale a pena ser visto e revisto. Te convido a assisti-lo pelo ângulo da fotografia, vamos? 
  • Windows of the World

    O projeto Windows of the World vale muito a pena de ser conferido pela sua mistura de multiculturalismo, arquitetura e fotografia.

    O projeto Windows of the World (traduzindo, Janelas do Mundo) criado pelo português André Vicente Gonçalves, reúne fotografias de janelas por várias cidades. A iniciativa, que surgiu há doze anos enquanto André tirava fotos de janelas na cidade italiana de Trento, mistura arquitetura e multiculturalismo em uma série de montagens que reúnem as janelas de cada cidade.
    Montagem com várias janelas brancas em paredes coloridas estilo tijolinho.
    André Vicente Gonçalves – Porto, Portugal
    A escolha das janelas não é por acaso. No seu site André conta as janelas são uma ligação entre a natureza exterior e o interior do edifício, além de representarem a identidade arquitetônica do local. Ao longo de seus estudos, o fotógrafo percebeu como essas janelas representam a identidade não só de prédios separados, mas de toda a cidade. O projeto já reúne fotografias de mais de quarenta cidades, e a meta é que cada país do mundo tenha pelo menos um espaço na coleção.
    Montagem mostrando várias janelas, de estilo sóbrio em paredes de tijolinhos.
    André Vicente Gonçalves – Londres, Inglaterra
    Windows of the World parte de um conceito muito simples. Fotografar janelas. Todas as fotos tem um objeto semelhante, mas isso não quer dizer que elas são iguais. Os materiais, as cores, formas e os detalhes de cada janela reforçam uma identidade cultural, criando montagens diferentes e únicas para cada cidade. Muitas vezes, é possível adivinhar o país mostrado na foto, sem nem mesmo olhar a legenda, o que se torna uma diversão a mais.
    As coleções estão expostas no site oficial de André de maneira organizada, legendadas e com imagem de bom tamanho, tudo de fácil visualização, e com um pequeno texto em inglês explicando a iniciativa. Para acessar clique aqui. No site existem também várias coleções de fotografias de cidades ao redor do mundo, que certamente te deixarão com vontade de viajar quando a pandemia passar. 
    Experimente fotografar sua cidade e descobrir quais detalhes mostram sua identidade visual. Compartilhe seus resultados com a gente nos comentários!

    Referências



  • Dupla Exposição

    Dupla Exposição

    O #dicade dessa semana é sobre um livro que une a linguagem verbal e a visual em uma narrativa sensível e nostálgica.

    Dupla Exposição é um livro que adquiri por acaso. Encontrei-o em uma livraria na minha cidade natal meio largado em um canto.  A capa me chamou a atenção por ser uma daquelas edições cobertas por uma película semi-transparente (que guardei separada em casa com medo de estragá-la), mas foi só quando o abri para folheá-lo e li o texto de apresentação, escrito por Maria Esther Maciel, escritora e professora de Teoria da Literatura e Literatura Comparada da UFMG, que senti que precisava mergulhar naquela leitura.

    A imagem mostra o livro Dupla Exposição sobre uma mesa branca ao lado de uma xícara de porcelana. Na fotografia da capa, uma mulher de costas usando blusa larga e branca é vista de costas. Sobre ela é projetada uma imagem com uma mulher em pé em um campo aberto.
    Capa do livro Dupla Exposição, Editora Rocco. Imagem de capa por Elisa Pessoa, 2016.

    No tal texto, Maciel começa falando sobre como o livro não cabe em classificações, com textos e imagens mantendo uma relação instável, ora afastando-se, ora aproximando-se. Desejei ver de perto como funcionaria uma obra em que texto e imagem se comunicam, não com as imagens servindo ao texto como ilustração nem mesmo como complemento, mas como parte integrante e igualmente relevante dos caminhos narrativos.  Além disso, é anunciada a ideia de mistura entre real e ficção, que é algo que já me chama a atenção a bastante tempo em obras literárias.

    O livro é composto por diversos textos curtos, escritos por Paloma Vidal, escritora e professora de Teoria Literária na UNIFESP, nascida em Buenos Aires e residente do Brasil desde os dois anos de idade. São eles: Please Come Flying; EFA; Sun In An Empty Room; Sempre a Partida; Venice; Tavistock Square; 10 Exercícios Para; Un Petit Noir Comme Celui-Là; Melancolia: Modo de Usar. Cada um deles escrito em primeira pessoa, revelando os pensamentos da narradora-personagem e promovendo uma sensação de intimidade por parecerem ter saído de cartas, diários e anotações pessoais.

    Enquanto isso, as imagens são obra de Elisa Pessoa, brasileira que, em Paris, formou-se em Artes Plásticas e começou seu trabalho com a fotografia e o vídeo, continuados após o retorno para o Brasil com produções em forma de vídeo-instalações e intervenções urbanas. Distribuídas ao longo das páginas, seja dividindo espaço com os textos, seja ganhando destaque sozinhas, as fotos apresentam personagens femininas com ares de mistério, utilizando os efeitos de dupla exposição e hologramas, assemelhando-se em muitos momentos a uma performance, em que a mulher vista em muitas das imagens movimenta-se frente a projeções de cidades e fotos antigas.

    O livro é visto aberto sobre uma mesa branca, onde há também um arranjo de flores e uma xícara de porcelana. Uma mão segura o livro do lado esquerdo. Na página esquerda há uma fotografia mostrando a silhueta de uma mulher em movimento. Sobre ela, é projetada uma imagem de prédios urbanos com arquitetura européia.
    Visão interna do livro Dupla Exposição, Editora Rocco. Foto de Elisa Pessoa, 2016.

    É curiosa a forma como os temas são trabalhados nos textos e nas imagens, evocando a ideia de uma dupla exposição fotográfica em ambos os casos. Já no primeiro texto esse aspecto é revelado, baseando-se em um ensaio da escritora e poetisa Elizabeth Bishop sobre sua relação com a também poeta Marianne Moore. Em uma mistura de recorte do texto da autora e observações de uma leitora desejosa por mostrar o seu fascínio por ele, há a formação de um “dupla exposição textual” revelando que o título do livro não justifica-se apenas pela estética do conteúdo visual. É ainda mais fascinante notar os diferentes artifícios usados para evocar tal ideia, utilizando tempos diferentes (passado e presente), diálogos e pensamentos, além de fluxos mentais.

    As fotografias revelam muito da nostalgia que os textos carregam. Quando a narradora lembra suas passagens por Paris ou Alemanha e os acontecimentos que a deixaram de alguma forma marcada, há imagens em que são projetadas cenas urbanas que lembram a arquitetura européia. A narradora deixa claro ao longo de todo o livro como arquivos pessoais são importantes para ela. Fotografias, cartas e diários são constantemente evocados e vemos imagens que parecem ter sido retiradas de um álbum de família empoeirado.

    Assim, Dupla Exposição, fruto desta parceria entre artistas de duas áreas distintas, consegue funcionar quando lidos apenas os textos; apenas as imagens ou, como proposto, ambos juntos, sem perder a aura nostálgica e a ideia de uma viagem temporal em pensamento, como o sentimento que toma conta da mente ao observar nossas fotos antigas e lembranças carregadas de afetos.

    Se interessou pelo livro? No site da Editora Rocco tem a lista de lojas on-line em que você pode comprá-lo: https://www.rocco.com.br/livro/?cod=2803 

    Referência:

    VIDAL, Paloma; PESSOA, Elisa. Dupla Exposição. 1ª ed. Rio de Janeiro: Anfiteatro – Editora Rocco, 2016.
  • A better camera

    A Better Camera promete deixar a câmera do seu celular com características de câmera profissional. Será que dá certo?

    A Better Camera promete deixar a câmera do seu celular com características de câmera profissional. Será que dá certo?
    Imagem promocional que mostra o aplicativo sendo rodado em um smartphone e todas as funções que ele oferece.
    Foto promocional. Créditos: A Better Camera.
    Apesar de adorar fotografia, eu preciso ser sincera: eu nunca compraria um celular baseado em sua câmera. Na minha opinião, grande parte da graça das fotografias mobile é usar a criatividade para superar as desvantagens da câmera do celular em relação as DRLS e colocar a composição em evidência. Mas às vezes eu gostaria que a câmera do meu celular tivesse algumas funções a mais. Por isso, resolvi testar o aplicativo “A Better Camera” e comparar as fotos tiradas com ele com as da câmera do meu celular sem utilizar nenhum aplicativo.

    A Better Camera

    A Better Camera é um aplicativo somente para Android que, como a tradução do seu nome diz, te oferece “uma câmera melhor”. O aplicativo é grátis, mas certos recursos são pagos e os preços variam de R$ 0,99 a R$ 3,99. Sua versão grátis possui:
    • 4 modos de medição de luz (automático, matrix, balanceado ou pontual);
    • 8 tipos de balanço de branco (automático, incandescente, fluorescente, fluorescente quente, luz do dia, dia nublado, crepúsculo e sombra);
    • 5 modos de foco (automático, infinito, macro, contínuo e trava de foco);
    • 3 tipos de flash (auto, manual, tocha);
    • 8 efeitos de cor (monocromático, negativo, ensolarado, sépia, posterização, whiteboard, blackboard e água);
    • compensação de exposição;
    • ISO até 1600;
    • DRO;
    • ferramenta de grid;
    • ferramenta de histograma;
    • ferramenta de nivelamento;
    • modo noturno;
    • best shot;
    Além disso, na versão grátis é possível tirar uma quantidade limitada de fotos utilizando os modos HDR, panorama e multidisparo inteligente. Dentro do multidisparo inteligente existem as opções remoção de objetos, foto de grupo e sequência.
    A câmera do meu celular tem ISO (se não sabe o que é, descubra aqui) máximo 800, controle de exposição, três modos de medição (centro ponderado, matricial e ponto) e cinco tipos de balanço de branco (auto, luz do dia, nublado, incandescente e fluorescente).

    Primeiras impressões

    Confesso que a interface me deixou um pouco confusa. O menu (que fica na parte de cima) possui uma seta para baixo paa acessar as configurações, porém, em determinado momento, o grid e o histograma saíram da tela e eu só descobri que para colocá-los de volta eu deveria deslizar a tela para o lado dias depois (e por acaso). Esse aspecto do aplicativo é pouco intuitivo.
    A primeira coisa que resolvi testar foi uma comparação do modo automático do meu celular e do aplicativo. E, como você pode ver abaixo, não há diferença entre o modo automático de um e de outro.
    Fotos tiradas com todas as configurações no automático: à esquerda foto da câmera do meu celular; à direita, do aplicativo.
    Duas fotografias de uma capela branca à noite. As fotografias parecem iguais.
    Fotos tiradas com todas as configurações no automático: à esquerda foto da câmera do meu celular; à direita, do aplicativo.

    Foco

    O que mais me impressionou foram os focos. Meu celular só consegue focar objetos que estão a aproximadamente 20 centímetros de distância da câmera. Utilizando o aplicativo e configurando o foco para o modo macro eu consegui focar objetos a um mínimo de 6 centímetros de distância.
    Fotografia de uma flor cor-de-rosa.
    Fotografia com foco macro.
    O foco infinito não fez nada de especial. Na verdade, em algumas fotos utilizando o foco infinito, a imagem nem parece estar focada. O modo contínuo e a trava de foco, porém, funcionam muito bem.
    A razão pela qual eu gostei tanto dos focos é que, independente de qual eu escolhesse, os focos reduzem a profundidade de campo, deixando apenas um plano em foco e resto embaçado. A profundidade não é reduzida drasticamente, mas é mais do que já consegui fazer com a câmera do meu celular. Gosto de como o efeito enfatiza aspecto do que está sendo fotografado como a textura.
    Fotografia de algo que parece grades ou metais amarelos paralelos ao chão, que está ligeiramente desfocado.
    Fotografia utilizando trava de foco para reduzir ligeiramente a profundidade de campo.
    Foto utilizando trava de foco para reduzir ligeiramente a profundidade de campo.

    DRO, HDR e Best Shot

    As funções mais interessantes do aplicativo me pareciam ser o DRO, Dynamic Range Optimization (Otimização do Alcance Dinâmico), e o HDR, High Dynamic Range (Altíssimo Alcance Dinâmico). Ambos são tecnologias para ajustar a exposição quando uma parte da fotografia possui muita sombra e a outra muita luz. A diferença entre os dois é que o DRO faz o balanço diretamente na foto, enquanto o HDR tira duas fotos com exposição calculada para áreas diferentes e as junta em uma única foto. Além disso, no aplicativo, o DRO é grátis, enquanto o HDR é limitado a cinco fotografias.
    Minha experiência com ambos, porém foi insatisfatória. O DRO baixava a qualidade da fotografia, a deixando granulada. O HDR, por sua vez, dava a aparência de uma pintura às fotos, o que pode ser legal quando proposital, mas não era a minha intenção.
    Além desses dois elementos, o aplicativo possui um terceiro muito parecido: o “Best Shot”. Essa configuração faz várias fotos após o obturador ser pressionado, mas processa apenas a que tiver o melhor foco e nitidez. Para mim, o recurso cumpriu a mesma função do automático, porém demorando mais tempo para processar a imagem e impossibilitando que outras fotos fossem tiradas até lá.

    Considerações finais

    Ainda que o aplicativo tenha muitas configurações que a câmera do meu celular não oferece, a maioria delas não é necessária na maior parte do tempo ou não funcionam, se mostrando um excesso de funções. Elas servem para chamar atenção para o aplicativo, mas, na prática, poucas seriam usadas.
    Para uma pessoa que busca apenas deixar fotografias mais nítidas ou corrigir problemas de exposição, as funções úteis se tornam ainda mais escassas, já que o DRO e HDR não funcionam bem. O aplicativo também pode ser difícil para alguém que não conhece termos como ISO ou exposição, porque o aplicativo só oferece manual para as funções originais.
    Eu, porém, gostei muito da experiência criativa que o aplicativo proporciona. Mesmo utilizando poucas funções, as opções de balanço de branco, foco e flash aumentaram imensamente as minhas opções criativas para produzir uma foto.
  • Life Is Strange

    Life Is Strange

    Life Is Strange foi um do jogos mais premiados no ano do seu lançamento e até hoje atrai novos fãs.

    Life Is Strange é um jogo eletrônico lançado no ano de 2015, feito pelo estúdio Dontnod Entertainment e distribuído pela Square Enix. Considerado atípico na época de seu lançamento devido a suas mecânicas de gameplay e sua divisão em episódios, até então incomuns a jogos de sua categoria, ele foi premiado como melhor jogo de aventura e melhor jogo original no Global Game Awards.

    Capa do Jogo Life Is Strange

    Sua história começa com a protagonista Maxine Caulfiled, tendo um terrível pesadelo e acordando no meio de uma de suas aulas de fotografia. Ela se levanta e vai ao banheiro e lá acaba vendo uma amiga de infância, Chloe Price, sendo baleada. Em um momento de desespero Max descobre que tem a habilidade de “rebobinar” o tempo e encontra uma maneira de salvar sua amiga. Agora que sabem sobre seu poder elas vão passar a investigar os desaparecimentos de alunas da universidade.

    A fotografia desempenha um papel muito importante no decorrer da história, sendo usada como guia para melhorar o entendimento da história ou ajudar nas escolhas do jogador. Um dos momentos mais marcantes em que a fotografia está presente é quando Max testemunha um segurança da universidade oprimido uma aluna. Neste momento você tem duas escolhas, usar a câmera para fotografar o ocorrido e assim produzir provas, ou ajudar a estudante sem produzir provas contra o segurança.

    Max sempre carrega uma câmera Polaroid, com a qual o(a) jogador(a)pode registrar lugares, objetos e pessoas e assim criar sua própria coleção de fotos. Mesmo com gráficos muito simples, essas fotografias ficam muito interessantes. Você poderá ficar um bom tempo olhando no diário na qual Max guarda suas fotos e faz anotações sobre elas.

    Diário da Max

    O jogo mesmo tendo uma gameplay muitas vezes monótona e melancólica, muito diferente dos outros jogo que existem no mercado, consegue prender a atenção do jogador, por causa da excelente construção dos personagens, dos momentos impactantes, das localizações belíssimas, e da trilha sonora que encaixa perfeitamente com a temática. Tudo isso resulta em uma experiência única que com certeza vai emocionar o jogador.

    Agora é sua vez de jogar! Life Is Strange está disponível para Windows, Linux, Xbox 360 e One, Playstation 3 e 4, e Android e iOS. E lembre-se de contar sua experiência para os outras fãs do jogo e da fotografia no nosso grupo do Facebook!

  • A Vida Secreta de Walter Mitty

    Walter Mitty leva uma vida pacata e monótona até que precisa embarcar numa verdadeira aventura para recuperar um negativo para a empresa em que trabalha.

    Walter Mitty parece flutuar sobre Nova Iorque. À direita, há escrito o título do filme
    Arte do filme “A Vida Secreta de Walter Mitty”

    A Vida Secreta de Walter Mitty é um filme de aventura lançado em 2013. Nele, Walter (Ben Stiller) costuma se desprender da realidade em seus sonhos em plena luz do dia. Ele trabalha no departamento de fotografia da revista Life. Após uma mudança na gestão da empresa, chega a notícia de que a revista vai encerrar sua edição impressa. No entanto, Walter perde o negativo que seria usado na capa da última edição.
    Quando isso acontece, o protagonista vê a oportunidade de sair de sua vida pacata e embarcar numa aventura atrás do fotógrafo Sean O’Connell (Sean Penn). Ele segue o paradeiro de Sean e viaja pela Groenlândia, Islândia e Afeganistão até encontrá-lo nas montanhas do Himalaia.
    O filme tem uma fotografia muito bonita, com algumas paisagens de tirar o fôlego e cenas com uma composição bem pensada. Fotografia no cinema, para aqueles sem familiaridade com o assunto, consiste “na sintonia entre os pequenos detalhes para criar imagens que além de tirar o fôlego, usam aspectos visuais para comunicar uma ideia implícita no roteiro.”
    Três mochileiros caminham pela água rasa, enquanto há uma enorme cachoeira ao fundo
    Cena de “A Vida Secreta de Walter Mitty”

    Percebemos que o personagem ansiava por mudanças em sua vida. Assim, perante à mínima possibilidade de uma aventura, totalmente fora de sua rotina, ele se entrega, seguindo o que acredita serem pistas para chegar a um objetivo. Numa cena durante a aventura, começa a canção “Space Oddity”, de David Bowie, cujo trecho diz “agora é hora de sair da sua cápsula, se conseguir”. Podemos interpretar como uma mensagem de que a vida de Walter não seria a mesma. Outro trecho da música diz “me sinto bem inerte, e acho que minha nave espacial sabe pra onde ir”. Pode ser mais uma relação com a vida do protagonista: uma vez monótona, agora ele sabe qual rumo seguir.

    Walter Mitty descendo de skate em alta velocidade por uma estrada na Islândia
    Cena de “A Vida Secreta de Walter Mitty”

    Não é só o personagem que fica entusiasmado com a perspectiva de mudança. O telespectador também é fisgado por essa ideia. Eu acho difícil alguém assisti-lo e não desenvolver um desejo enorme de viajar ao final do filme. Se não for motivado a viajar, que seja para sair da zona de conforto e tentar algo novo.
    Quando Walter finalmente encontra Sean, eles observam um raro felino nas montanhas. Nesse instante, o fotógrafo solta a seguinte frase “coisas bonitas não pedem por atenção”. Lembro de refletir bastante sobre essa fala na primeira vez em que assisti o filme, há alguns anos. Faz um tempo que eu tento reparar nas pessoas mais tímidas, que normalmente passam mais despercebidas. É curioso ver como elas costumam ser muito agradáveis e uma das coisas que me inspirou nisso foi essa frase do filme.

    Walter Mitty e o fotógrafo Sean O'Connell se encontram no Himalaia e parecem observar algo.
    Cena de “A Vida Secreta de Walter Mitty”

    Garanto que é uma ótima pedida! Então, corre lá para assistir e nos conte o que achou!

    Referências

  • SHOT! O mantra psico-espiritual do rock

    Documentário aborda a carreira do fotógrafo Mick Rock, conhecido como “o homem que fotografou os anos setenta”, e sua importância para a construção imagética do rock daquela década.

    O documentário de 2016 foi dirigido pelo estreante Barney Clay que até então só havia dirigido videoclipes de bandas e comerciais. A partir de entrevistas com o próprio Mick Rock e análise de fotografias e gravações de seu acervo, o longa mostra como a fotografia pode ser usada para capturar o espírito de uma época.
    Montagem mostrando estrelas do rock, o fotógrafo retratado no documentário e o título do filme.
    Pôster de divulgação do documentário – Barney Clay
    As fotos de Mick Rock contribuíram para a formação do imaginário sobre o que é o rock, como por exemplo o visual glamouroso e andrógino. O documentário explora histórias por trás dessas fotografias, como a parceria do fotógrafo com os artistas, o método de iniciar sessões e as influências por trás de alguns ensaios. Um dos exemplos mostrados é da capa do segundo álbum da banda Queen, inspirado por uma foto da atriz Marlene Dietrich.
    Quatro homens com roupas pretas em um fundo escuro com uma forte luz iluminando-os de cima.
    Capa do álbum Queen II da banda Queen – Mick Rock
    Para os fãs de artistas do rock dos anos setenta o documentário é um prato cheio. Mick Rock conta diversos “casos” de sua convivência próxima com os fotografados, como por exemplo o fato de que David Bowie no início da carreira andava cercado por guarda-costas não por necessidade, mas pelo visual de estrela do rock. 
    Estas curiosidades com as entrevistas e o material de arquivo do fotógrafo tornam o longa muito divertido de acompanhar. Ao contrário do que muitos pensam, os documentários não precisam ser formais e sérios. SHOT! O Mantra Psico-espiritual do Rock consegue ser engraçado e ágil, na mesma medida em que nos faz refletir sobre como a fotografia faz parte da nossa construção imagética da realidade.
    Para assistir o documentário na Netflix acesse o link a seguir: https://www.netflix.com/br/title/80168033 
    Links e Referências
  • Blow-up: Depois daquele beijo

    Presente em quase todas as listas sobre filmes que abordam a fotografia, Blow-up, que no Brasil recebeu o título “Depois daquele beijo”, é um clássico do cinema. Inspirado no conto Las Babas del Diablo, publicado em 1959, do escritor argentino Júlio Cortázar, o filme conta a história de Thomas, um jovem fotógrafo de moda londrino que, ao fotografar casualmente cenas em um parque, acaba revelando um grande mistério.
    O filme têm como plano de fundo a cidade de Londres dos anos 60, década em que foi lançado, e envolve na trama personagens bem caricatos, o que pareceu ser uma tentativa não só de mostrar o contexto cultural de uma época, mas também de divertir o espectador, já que a imagem revelada pelo fotógrafo expõe o oposto da atmosfera de diversão.
       

    Revelada em preto e branco, a imagem mostra em princípio apenas a cena de um casal passeando no parque, mas, depois de passarem pelo olhar atento de Thomas, junto com o auxílio de várias ampliações, outros elementos surgem. A imagem mostra um outro contexto, que não é o mesmo das experiências pitorescas que o fotógrafo têm durante o filme, como se a fotografia fizesse emergir uma outra realidade. Depois que Thomas entra nesse outro mundo revelado pela fotografia, não consegue mais sair dele. A fotografia misteriosa é a grande protagonista do filme, é por causa dela que Thomas entra em situações que rompem com sua rotina e com sua percepção sobre o que o cerca. Não é atoa que Blow-up está sempre nas listas de indicações, é um filme essencial para descobrir o poder de uma imagem sobre as nossas vidas.

  • Blow-up

    Blow-up

    Filme do aclamado diretor Michelangelo Antonioni é considerado um marco no cinema por causa de seu excelente roteiro é ótima direção.

    Blow-Up é um filme de 1966 que no brasil recebeu o nome de Depois Daquele Beijo. O filme foi o primeiro trabalho em inglês do diretor italiano Michelangelo Antonioni, e serviu como inspiração para vários filmes que vieram depois, como The Conversation de Francis Ford Coppola e Blow Out de Brian de Palma

     
    Cena do filme Blow-Up
     

    O filme é protagonizado por Thomas (David Hemmings) um famoso fotógrafo de moda. Enquanto passeava por um parque, ele observa um homem e uma mulher se beijando e resolve fotografá-los. Após revelar as fotografias do casal, uma delas chama sua atenção. Após uma série de ampliações desta imagem, ele percebe que acabou fotografando um assassinato, ele retorna ao parque e encontra o corpo do homem assassinado. Contudo, quando volta ao seu estúdio, descobre que quase todas as fotografias foram destruídas, restando apenas uma.

    Servindo-se da ideia de que Thomas acredita ter presenciado um assassinato que ele mesmo não viu, e sim sua camêra, e que só tem agora uma única fotografia que de te tão ampliada parece uma pintura abstrata, o filme vai refletir sobre o real e como ele pode não ser tão simples quanto parece. A escolha de um fotógrafo como papel principal chega a ser genial, devido a maneira como entendemos a fotografia. Ela que na maioria das vezes serve como prova final de verdade agora não serve mais, só Thomas consegue ver aquela foto como sendo prova de um assassinato. O filme continua passando essa ideia várias vezes, e mostra cada vez mais que a antiga visão do real que o protagonista possuía vai se alterando e na cena final o filme encontra uma maneira excelente de mostrar que a percepção dele já se alterou por completo.

     
    Cena do Filme Blow-Up.
     

    Não é somente a visão do protagonista que é alterada, Blow-Up, é um grande convite ao espectador para que este reflita sobre tudo a sua volta, eu mesmo me peguei olhando para o teto refletindo sobre as várias cena do filme que buscam essa reflexão. Blow-Up não é um filme fácil de se entender, e com certeza seu ritmo não é um dos mais acelerados, mas ele é um prato cheio para fotógrafos e cinéfilos que estejam dispostos a filosofar.

    Agora é sua vez de assistir e interpretar essa obra, lembrando que o filme fala bem mais do que é apresentado aqui. Depois de você assistir, lembre-se de ir ao nosso grupo do Facebook e nos falar qual foi a sua interpretação!