Categoria: Composição

  • Linhas

    Linha é a trajetória de um ponto no espaço ou o espaço que liga dois pontos. É um elemento visual que transmite movimento e guia o olhar do leitor.


    Linha é a trajetória de um ponto no espaço ou o espaço que liga dois pontos. É um elemento visual que transmite movimento e guia o olhar do leitor.

    Fotografia em preto e branco tirada do sexto andar em que se pode visualizar as escadas rolantes de todos os andares abaixo. Cada andar possui um par de escadas, cada uma de um lado, exceto pelo térreo em que as escadas ficam juntas no centro do local.
    Cristiano Mascaro – São Paulo, a cidade – Escadas Rolantes


    Na fotografia, as linhas se apresentam como o contorno das formas; uma divisão entre duas partes da fotografia (como a linha do horizonte); ou a linha imaginária representada pelo caminho entre dois ou mais elementos da foto. As linhas podem ser retas ou curvas; verticais, horizontais ou diagonais. Na fotografia do Cristiano Mascaro, abaixo, as prateleiras, os livros, o chão, o corrimão e o teto são exemplos da utilização das linhas na fotografia. Neste caso, as linhas verticais, o contorno dos livros, transmitem a fartura das estantes e as linhas diagonais, prateleiras e corrimão, levam o olhar do leitor à estante do fundo.

    Fotografia em preto e branco de uma biblioteca. Há uma estante de cada lado, elas ficam de frente uma para outra e ambas estão cheias de livros. O chão e o teto possuem um trilho e no meio da cena há dois corrimões. As estantes e os corrimões formam linhas que apontam para o fundo da biblioteca, espaço cuja a perspectiva faz parecer menor.
    Cristiano Mascaro – São Paulo, a cidade – A Biblioteca da Faculdade de Direito
    De modo geral, as linhas são um direcionamento dentro da fotografia que enfatizam a profundidade e tamanho do objeto fotografado e provocam a sensação de divisão entre os elementos. Alguns elementos da paisagem possuem linhas naturais que ajudam a compor a imagem, como construções arquitetônicas e seus componentes, além de estradas, montanhas, a linha do horizonte, etc. Escadas são um exemplo de elemento cotidiano formado por diversas linhas. Tente fotografá-las de forma que o caminho dos degraus seja também o caminho dos olhos do leitor, como na fotografia a seguir, em que nossos olhos perfazem a espiral.
    Fotografia em preto e branco de uma escada em espiral que desce por uma parede arredonda com painéis retangulares.
    Cristiano Mascaro – São Paulo, a cidade – Escada do Edifício Esther

    A linha, como recurso, também pode ser utilizada para criar divisão na cena. Deixar um espaço no meio da cena, entre duas pessoas ou dois objetos, cria uma linha imaginária, o que pode ser um artifício para estabelecer uma divisória, indicando, por exemplo, divergência entre esses dois elementos.

    Para acentuar a direção das linhas e obter todo o potencial de composição delas, combine a orientação da fotografia e a direção das linhas. Utilize a orientação horizontal para enfatizar linhas horizontais e a orientação vertical para realçar as linhas verticais. No caso de elementos verticais, como prédios, a orientação vertical também faz com que pareçam maiores.

    Fotografia em preto e branco e uma parte do Edifício Copan. A proximidade das linhas curvas do monumento faz a imagem parecer uma obra de artes abstrata.
    Cristiano Mascaro – São Paulo, a cidade – Detalhe do Copan

    Para construir uma boa composição de linhas, você pode se inspirar nas fotografias de Cristiano Mascaro, o fotógrafo que ilustra este post. Cristiano é um fotógrafo paulista. Ele foi repórter fotográfico na Revista Veja em 1960, mas atualmente se considera fotógrafo independente e se dedica a projetos pessoais. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela USP, as construções citadinas são o principal tema das obras de Cristiano, exaltando as paisagens urbanas. E, como podemos notar, ele sabe muito bem enfatizar as linhas das construções de São Paulo para compor suas fotografias. Para saber mais sobre Cristiano, acesse o seu site.

    Bora treinar! Utilize as linhas da paisagem ao seu redor para fazer fotografias que enfatizem a profundidade dos objetos ou acentuem as suas proporções. Depois, utilize as mesmas linhas para fazer fotografias que guiem o olhar do leitor.



    Referências

    • Blog Emania
    • ELLEN, Lupton; PHILLIPS, Jennifer Cole. Novos Fundamentos do Design. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
    • EXCELL, Laurie. Composição, de simples fotos a grandes imagens. Rio de Janeiro: Alta books, 2012.



  • Linhas horizontais, verticais e diagonais

    As linhas são capazes de produzir sentido dentro da fotografia ao guiar o olhar do leitor. A direção das linhas, entretanto, pode fortalecer ou suavizar a imagem.

    As linhas são capazes de produzir sentido dentro da fotografia ao guiar o olhar do leitor. A direção das linhas, entretanto, pode fortalecer ou suavizar a imagem.

    Fotografia de um homem sentado na grade de um píer, de costas, olhando um lago com patos.
    Cornell Capa – Alec Guiness studying his lines (Alec Guiness estudando suas linhas), Londres, Inglaterra, 1952.

    Tendemos a associar linhas horizontais com o ato de estar deitado e linhas verticais com o ato de estar em pé. Por isso, linhas horizontais remetem a calma, tranquilidade e descanso. É o caso, por exemplo, da linha do horizonte.
    As linhas horizontais são indicadas para dar ênfase às paisagens naturais como na fotografia acima, de Cornell Capa. Nascido em uma família judaica em Budapeste, Cornell Capa iniciou sua carreira em 1937 na Agência Pix Photo, passando a trabalhar depois na câmara escura da revista Life. Se tornou fotógrafo da Life em 1946. Capa considerava que já havia muitos fotógrafos de guerra em sua família, como o famoso fotógrafo Robert Capa, então se dedicou a fotografar a paz.
    Na fotografia, o homem contemplando o mar aparenta estar relaxado. A paisagem ajuda a transmitir a sensação, mas as linhas horizontais na grade do píer, nas montanhas, nas nuvens e da própria linha do horizonte levam essa impressão ao máximo.
    As linhas verticais transmitem o oposto das linhas horizontais: força, poder e grandiosidade. Na imagem abaixo, a mensagem de guerra e potência passada pelos mísseis é completada com o fato deles estarem dispostos verticalmente e de haver, no fundo, um amontoado de árvores, também linhas verticais.
    Fotografia de misseis em frente a uma floresta.
    Cornell Capa – The 69th Tactical Missile Squadron (O 69º Esquadrão Tático de Mísseis), Near Hahn, Alemanha Ocidental.
    As linhas mais inusuais são as linhas diagonais e é exatamente isso que elas transmitem: inovação, modernidade e dinamismo. Já falamos aqui no blog sobre uso das diagonais e como elas podem evitar que sua fotografia fique monótona e dar destaque a objetos descentralizados.
    A fotografia abaixo, por exemplo, poderia ser entediante caso a linha que corta o casal fosse vertical ou se não houvesse linha, mas a presença da linha diagonal produz uma quebra de expectativas e dinamiza a imagem.
    Fotografia da rainha Elizabete e do príncipe Charles. Elizabeth e Charles estão de costas, sentados em cadeiras distantes e olhando um para o outro. Entre eles é possível ver a faixa da rua a frente deles.
    Cornell Capa – Queen Elizabeth and Prince Phillip during the Queen’s visit to the United States (Rainha Elizabeth e Príncipe Phillip durante a visita da rainha aos Estados Unidos), cidade de Nova Iorque, EUA, 1957.

    As linhas diagonais também são importantes para criar a sensação de profundidade que constitui um elemento de composição muito importante, o ponto de fuga.
    Se as linhas guiam o olhar do leitor pela imagem, é necessário lembrar que na nossa cultura lemos da esquerda para direita, de cima para baixo. Leve este fato em consideração ao dispor os objetos em uma composição com linhas. Como na fotografia abaixo, em que vemos primeiro os pés da esquerda e em seguida os acompanhamos ao centro até o fundo da fotografia. Isto cria um ritmo que é quebrado apenas pelo garoto, que nos devolve o olhar. Se esta foto tivesse sido feita com os pés começando pela direita e indo em direção ao centro, não teria o mesmo efeito rítmico.

    Fotografia de uma rua comprida, na calçada pode-se ver uma fileira de pés.
    Cornell Capa – The Funeral of William “Bojangles” Robinson (O funeral de William Bojangles Robinson), Nove Iorque, 1948.

    Para mais dicas, acesse a postagem sobre linhas. Lá falamos por exemplo da combinação de direção das linhas e orientação da fotografia.
    Agora que você sabe o significado de cada tipo de linha, faça duas fotografias para cada uma. Tire a primeira fotografia focando apenas nas linhas verticais, já a segunda tente combinar com a mensagem que ela passa. Depois, repita o processo utilizando linhas horizontais e, por último, linhas diagonais. Veja a diferença entre as fotos e compartilhe as suas observações no nosso instagram.

    Referências

    • EXCELL, Laurie. Composição, de simples fotos a grandes imagens. Rio de Janeiro: Alta books, 2012.
    • Lightroom
  • Quadros dentro de quadros

    Utilizar elementos da paisagem como molduras interiores pode criar composições mais interessantes. Para entender melhor, confira o post!

    A técnica do quadro dentro do quadro é uma forma muito simples de tornar suas fotos visualmente mais atraentes. Consiste em enquadrar o objeto da foto dentro de uma moldura, usando um elemento da paisagem como uma janela ou uma porta.
    Através de uma janela, se vê uma mulher em um ambiente que parece um bar ou restaurante.
    Jasper Tejano
    Descrição: uma mulher é vista através de uma janela em um ambiente que se parece com um restaurante.

    Mesmo sendo uma ideia muito simples, ela acrescenta muito à composição, permitindo brincar com o formato da foto, normalmente quadrado ou retangular, como por exemplo usando um buraco na parede como moldura. O quadro dentro do quadro também adiciona camadas à fotografia, criando mais profundidade. Outra vantagem é que a moldura guia o olhar de quem visualiza ao objeto da foto, mesmo que este não esteja centralizado.
    Jasper Tejano é um fotógrafo de rua e suas fotos já foram expostas em diversos lugares pelo mundo, segundo seu próprio site, de Kuala Lumpur até Paris. Seu perfil no instagram é citado em diversas listas do Brasil, EUA, entre outros, como um dos melhores perfis de fotógrafos para seguir na rede social. Através de suas lentes, ele registra diversas cenas do cotidiano, e uma das técnicas que aparecem com frequência em seus registros são as molduras interiores.
    Três homens aparecem destacados contra a luz do farol de um carro que parece entrar em um galpão ou garagem.
    Jasper Tejano
    Descrição: três silhuetas de pessoas são vistas no que se parece um túnel ou uma garagem, com uma luz forte dos faróis de um carro atrás deles iluminando o local escuro.
    Na foto acima, por exemplo, as pessoas estão enquadradas dentro da abertura do que parece um galpão ou garagem, criando senso de profundidade, e, juntamente com a contraluz, um senso de intriga, o que torna a foto visualmente chamativa.
    A técnica de quadro dentro de quadro é extremamente simples, porém agrega em muitos sentidos à fotografia, exigindo apenas um olhar mais apurado ao ambiente.
    Observe o ambiente e utilize os elementos simples ao seu redor. Fotografe através de portas e janelas, e compartilha sua experiência com a gente nos comentários!

    Links, Referências e Créditos

    • O novo manual da fotografia de John Hedgecoe

  • Reflexos

    Usar reflexos nas fotos é uma técnica relativamente simples e traz resultados surpreendentes.

    O uso de superfícies reflexivas  pode ser muito útil na hora de compor a fotografia, elas permitem enquadrar pessoas e locais de maneiras diferentes, além de serem muito usadas na criação de fotografias abstratas criando padrões geométricos ou deformando objetos fotografados.

    Pescador Pirarucu
    Araquém Alcântara, Pescador Pirarucu

    Uma das maneiras mais comuns de fazer fotografias com reflexo é usando um espelho plano, já que ele reflete nitidamente a luz, e isso é bom para compor fotos com objetos iguais em duas posições diferentes do enquadramento que conversam entre si. É possível usar espelhos de várias outras maneiras, espelhos quebrados por exemplo podem dar composições interessantes.

    A água também é muito utilizada para esse tipo de fotografia. Sair de casa para fotografar depois de chuvas, quando existem muitas poças d’água espalhadas, pode proporcionar fotos inovadoras dos mesmos locais que você já viu várias vezes. Lembrando que a água não precisa estar parada ou ser límpida, a ondulação da água e sua turbidez pode funcionar muito bem para criar fotografias abstratas por exemplo.

    Existem incontáveis outra superfícies reflexivas. Quando você sair para fotografar busque ter um olhar atento a elas, carros por exemplo proporcionam várias superfícies diferentes que podem resultar em uma boa foto, espelhos retrovisores, rodas e parachoques cromados, vidros escuros e até mesmo a própria pintura, que na maioria dos carros é brilhante e reflete bem a luz, além de que os diferente formatos dos carros produzem várias deformações diferentes nas imagens.

    A técnica do reflexo aparece muito nas obras de Araquém Alcântara, fotógrafo Brasileiro conhecido por ser um dos precursores da fotografia ecológica no Brasil.  Um de seus principais trabalhos foi seu ensaio sobre os ecossistemas e as unidades de conservação brasileira, que ele demorou 22 anos para concluir. Em abril de 2019 ele em conjunto com o fotógrafo Sebastião Salgado produziu uma exposição sobre o pantanal, um ecossistema repleto de corpos d’água que permitiram fotos incríveis com o uso dos reflexos.

    Serra do Amolar
    Araquém Alcântara; Serra do Amolar

    Essa é uma das fotos desta exposição. Ela foi tirada na serra do Amolar, e é um bom exemplo de fotografia com reflexo. A linha que divide a imagem real e a refletida é bem nítida colocada na foto de maneira horizontal e respeitando a regra dos terços. Mesmo que o reflexo seja turvo, o resultado cria várias formas diferentes o que fica visualmente interessante e complementa muito a composição.

    Agora é sua vez! Pegue a câmera ou o celular e saia procurando ver os mesmos lugares de perspectivas diferentes! E não se esqueça de mostrar os resultados no nosso grupo do Facebook!

  • Uso de fotos em preto e branco

    Neste post você saberá um pouco mais sobre o uso da foto em preto e branco, técnica antiga mas amplamente utilizada no mercado fotográfico moderno. 
    Foto em preto e branco. A foto mostra um homem de costas, não se vê a cabeça. O enquadramento está até a cintura. O homem apoia dois peixes em suas costas.
    Homem com dois peixes nas costas, 1992


    De placas de prata a sensores eletrônicos, passando pelos filmes, a tecnologia fotográfica, ao longo de sua história, desenvolveu-se continuamente. E hoje, podemos apontar questões, como: Qual é a diferença entre uma fotografia colorida e outra preto-e-branco? Bom, aparentemente a pergunta é simples, no entanto demanda uma resposta um pouco completa e neste texto, trataremos sobre a escolha do gênero fotográfico preto-e-branco. 

    Sabemos que a fotografia é o registro do momento, feito por um suporte físico, onde uma única cena, permite obter diferentes “retratos” se evidenciarmos bem as gradações de cores ou os contrastes de preto e branco. De certo, na fotografia, cor e luz desempenham funções diversificadas. Enquanto a cor se manifesta por matizes complementares e distintas. A luz evidencia padrões opostos: escuridão e claridade. A foto em preto-e-branco, cria um efeito de estranhamento que direciona o imaginário para a essência do real. Em contrapartida, as imagens coloridas reproduzem a aparência em sua forma mais precisa, como um retrato objetivo e neutro da realidade. 

    No ensaio “Filosofia da caixa preta”, o filósofo Vilém Flusser, escreve, sobre o assunto supracitado, e para ele, o preto-e-branco opera em uma imagem como uma abstração do mundo, e assim, ele aponta: “As fotografias preto e branco são a magia do pensamento teórico, conceitual, e é precisamente nisso que reside seu fascínio. Revelam a beleza do pensamento conceitual abstrato. Muitos fotógrafos preferem fotografar em preto e branco porque tais fotografias mostram o verdadeiro significado dos símbolos fotográficos: o universo dos conceitos”.

    As composições em preto e branco possibilitam não só uma qualidade estética, mas também permite uma ampliação dos sentidos, caracterizando-as também como atemporal e contrastantes. Uma vez que elas salientam a estrutura formal da cena, orientada pela lógica dos opostos, ao passo que, as fotos com cor, destacam a matéria do objeto, obtendo características de algo mais concreto. 

    No que diz respeito à composição, fotos em tons cinzas, viabiliza que o fotógrafo se concentre, no abstrato: na  forma, textura, e padrão, realçando assim qualidades que, em geral, se perdem com a fotografia colorida. Ao escolher  utilizar o preto-e-branco será importante voltar sua atenção a iluminação, pois o balanceamento de contrastes, tons claros e escuros, permitirá  enfatizar tais aspectos. De modo geral, uma dica importante para composição preto e branco é criar sombras, seja frontais ou laterais no objeto, assim reforçará as abstrações pretendidas, dando vida a imagem. 

    A escolha pela fotografia em tom cinza deve ser pautada pelo objetivo que você deseja alcançar com a imagem. O artista visual, Mario Cravo Neto (Salvador BA 1947 – 2009), cuja obra transitou pelo imaginário religioso e místico, foi adepto ao uso da fotografia em preto-e-branco. Ele expressa sua sensibilidade ao utilizar jogos de luz e sombra, que trazem uma sensação tátil, nas composições. Em muitas de suas obras, ele recorreu ao recurso de baixa luz, a enquadramentos fechados e explorou diferentes texturas com um foco crítico, dando ênfase ao volume.

    Criança negra, segura um ganço branco pelo bico. O posicionamento está apenas na cabeça do menino, O olho da ave posicionasse na  frente dao olho da criança.
    Odé, 1989


    Na composição “Odé” de 1989, Cravo Neto, enfoca em um enquadramento fechado a imagem de uma menino segurando uma ave pelo bico, repare o realce dado a ela pelo jogo de luz. O foco da imagem se dá na associação do fragmento do corpo do menino (olho) com o posicionamento do olhar da ave. A fotografia além de evocar aspectos ritualísticos, causa uma certa sensação de estranhamento, dada pela relação inesperada de oposição entre o corpo e o animal.

    E aí, como você utiliza o formato  preto e branco em suas fotos? Conte-nos a suas experiências, deixe seus comentários. E faça o exercício de escolher um ambiente com luzes fortes e sombras para fazer fotos incríveis.


    Referências

    _____, John. O novo manual de fotografia: guia completo para todos os formatos. Assef Nagib Kfouri et al. (trad). São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2005. 
    FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro, RJ: Relume Dumará, 2002.
    MARIO Cravo Neto. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa2620/mario-cravo-neto>. Acesso em: 21 de Jun. 2020. Verbete da Enciclopédia.
    ISBN: 978-85-7979-060-7




  • Diagonais

    O uso de linhas diagonais na fotografia pode ajudar a incrementar suas fotos, tornando-as visualmente mais chamativas. Para saber mais, confira o post! 

    As linhas diagonais podem ser percebidas em diversos elementos paisagísticos como ruas, declives, árvores tombadas e até mesmo em poses de pessoas. Elas ajudam a criar uma sensação de movimento na foto, conduzindo o olhar do leitor de um canto a outro na fotografia, ajudando por exemplo a destacar um objeto que não está centralizado. 
    Um carro posicionado na diagonal em uma rua com prédios, como se viesse para frente
    Tatewaki Nio – Foto da série Neo-andina
    Na foto acima por exemplo, as diagonais formadas pela rua reforçam a ilusão que o carro se movimenta do fundo da foto para frente e da direita para a esquerda. O fato das linhas irem se aproximando no horizonte cria profundidade e tridimensionalidade, necessárias para uma paisagem realista.
    Tatewaki Nio é um fotógrafo japonês radicado em São Paulo, e a maior parte de seu trabalho envolve fotografias de paisagens urbanas com o uso de linhas diagonais de ruas e prédios. As fotos escolhidas para esse post são da série Neo-andina.
    Vários carros e prédios posicionados em uma curva, em diferentes posições de forma a criar ilusão de movimento da curva.
    Tatewaki Nio – Foto da série Neo-andina
    Na fotografia acima, as linhas diagonais presentes nos carros, nas ruas e nos prédios, criam a sensação de movimento da curva, fazendo com que percebamos que os carros estão se movimentando do fundo para a frente da foto.
    Observe as linhas de paisagens e poses, e as utilize a seu favor, para criar fotos interessantes, com movimento e profundidade de campo. Publique em nosso grupo no facebook.
    Links, Referências e Créditos
    Livro “O Novo Manual da Fotografia” de John Hedgecoe
  • Linha do Horizonte

    Em fotografias de paisagens, salvo raras ocasiões, a linha do horizonte está presente. Aprenda a usá-la para transmitir naturalidade e equilíbrio.

    Em fotografias de paisagens, salvo raras ocasiões, a linha do horizonte está presente. Aprenda a usá-la para transmitir naturalidade e equilíbrio.

    Fotografia de três skatistas, um homem ao centro e mais a frente e duas mulheres, uma em cada lado, andando de skate em uma estrada. Eles estão de costas, andando em direção ao fim da estrada.
    Foto de Daniel Espírito Santo

    Na fotografia acima, de Daniel Espírito Santo, a linha do horizonte é bem definida pela divisão entre a estrada e o céu, não podendo ver o fim da rua a impressão é de que o caminho é bem longo. Mas nem sempre essa divisão será visível, podendo se tratar de uma linha do horizonte perceptiva. Ou seja, quando uma fotografia de paisagem não apresenta o horizonte bem definido, temos a tendência a acrescentá-la à imagem, imaginando o lugar onde ela ficaria, como na fotografia abaixo.


    Fotografia de um barco com um aspecto retrô no mar. Há um pequeno barco a motor amarrado nele. O mar está calmo, mas há muita névoa.
    Foto de Daniel Espírito Santo


    Para utilizar a linha do horizonte a seu favor a principal regra é manter a linha do horizonte reta. Uma linha do horizonte torta causa desconforto no leitor, como se algo estivesse errado, tira a naturalidade da cena e transmite a sensação de desequilíbrio. Mesmo em uma foto em que o horizonte não seja visível, é indicado que a linha do horizonte seja perceptivelmente reta. Há casos específicos em que a linha do horizonte torta cria uma sensação de conformidade com o resto da cena, como na fotografia abaixo, em que a linha segue as ondas do mar, transmitindo o seu dinamismo e, por isso, está inclinada.


    Fotografia de uma onda se formando, tirada de dentro do mar. O sol se põe no fundo da cena.
    Foto de Daniel Espírito Santo

    A linha do horizonte também pode ser utilizada como um auxiliar da regra dos terços, que pode ser aprendida aqui. Ela divide a cena em duas partes, mas essas partes não precisam ser iguais, deixe dois terços para a parte mais chamativa ou que você considere mais importante para a mensagem. Em uma fotografia em que o sol reflete na água talvez fosse mais interessante colocar a linha do horizonte acima, dando dois terços da imagem para o mar e um terço para o céu. Já em uma fotografia de pôr do sol, para colocá-lo em destaque, o céu poderia receber dois terços da imagem e o oceano um. Já uma fotografia em que se dá a mesma importância entre o céu e o mar poderá ter a linha do horizonte exatamente no centro. Na fotografia abaixo, por exemplo, não havia muito destaque nem no céu quanto no mar, por isso, o fotógrafo distribui igualmente o espaço da fotografia para os dois.

    Fotografia do mar tirada no próprio oceano. A metade inferior da foto mostra apenas água, dando a impressão de que se está dentro do mar.
    Foto de Daniel Espírito Santo

    Desta maneira, a linha do horizonte transformará as suas fotografias de paisagens, trazendo para a imagem toda a beleza da vida real, como nas fotografias de Daniel Espírito Santo que citamos neste post. Daniel é um fotógrafo que mora em Portugal. Suas fotografias retratam os seus interesses: o oceano, esportes, viagens e aventuras. Como ele mesmo as descreve em seu site: “As fotografias que eu faço se distinguem pelas paisagens energéticas, momentos de êxtase e espírito de aventura”. Saiba mais sobre ele em: https://www.danielespiritosanto.com/. Agora é sua vez: fotografe paisagens usando a linha do horizonte para pôr elementos em evidência. Não se esqueça de mantê-la sempre reta e de explorar o horizonte perceptivo.


    Referências

  • Plongée, contre-plongée e ângulo normal

    Plongée, contre-plongée e ângulo normal

    Conheça algumas da técnicas utilizadas pelos fotógrafos e cineastas para auxiliar a construção de seus discursos.Já parou para pensar que quando tiramos uma simples imagem de uma paisagem temos uma intenção com ela, mesmo que seja para mostrar para os amigos?  Às vezes, para deixar mais explícita a intenção são pensadas diversas técnicas que são utilizadas pelos fotógrafos, fotojornalistas e cineastas na construção de seus discursos. A escolha do ângulo de visão, nesse caso, tem grande influência nas percepções de quem observa alguma cena ou imagem. Torna-se então, fundamental abordar três fundamentais pontos de vistas: de cima para baixo (plongée), de baixo para cima (contra-plongée) e na altura dos olhos (ângulo normal).
    A palavra ‘’plongée’’ vem do francês e significa mergulho. Ela facilita o entendimento das técnicas de plongée e contra-plongée. O plongée, técnica conhecida também como câmera alta, acontece quando a câmera está posicionada acima do objeto ou personagem principal, fazendo com que o espectador olhe de cima para baixo. Geralmente esse plano é utilizado para diminuir o objeto em foco, criando uma imagem de submissão e inferioridade. Na imagem a seguir de Henri Cartier-Bresson, é possível ver como esse ângulo auxiliou no construção da narrativa que o fotógrafo pretendia ao tentar retratar o contexto de duas personagens que possuem uma profissão marginalizada.
    Duas mulheres estão em uma aparente cabine de madeira que contém duas janelas. A mulher da esquerda está escorada com os dois braços na janela e a parte de cima do corpo está quase todo para fora. Ela está com os olhos quase todo fechado e um semblante simpático. A mulher da direita está aparentemente sentada dentro da cabine e com o braço esquerdo escorado na janela. Ela olha para câmera e usa um colar. Seu semblante também é simpático, porém, sugestivo. A câmera está acima delas.
    Henri Cartier-Bresson. Prostitutas de Cuauhtemoctzin. 1934
    Já o contra-plongée é o contra-mergulho, conhecido também como câmera baixa. Esse faz a atividade contrária do último. A câmera é posicionada de baixo para cima em relação ao objeto e o personagem principal. Esse plano muita das vezes é usado para trazer ao espectador uma sensação de grandiosidade e superioridade. A arte abaixo feita por Shepard Fairey para a campanha de Barack Obama em 2008 trabalha muito bem este ângulo. O artista cria toda sua narrativa ao retratar o candidato olhando para um horizonte e semblante sério, além de também contar com o auxílio das cores e da palavra ‘’hope’’ (esperança) na imagem.
    Em tons de azul e vermelho está a imagem de Barack Obama. Ele está sendo visto de um ângulo debaixo para cima. Ele olha para um horizonte e embaixo dele está escrito a palavra em inglês HOPE.
    Shepard Fairey. Barack Obama. 2008
    O ângulo normal, geralmente em plano horizontal, explora o objeto na altura da câmera, se for personagem na altura dos olhos. Esse, muitas das vezes, nos trazem conforto por ser um ângulo que estamos mais acostumados diariamente. Na foto abaixo de Walker Evans podemos ver como é trabalhado esse ângulo e como ele contribuiu para despertar uma certa intimidade entre a moça fotografada e quem analisa a imagem.
    Em um ângulo normal, uma mulher olha para a câmera. Seu semblante  é bem sugestivo pois ela está mordendo sua boca e tem algumas rugas na cara. Ela está escorada em uma aparente parede de madeira e usa uma blusa com pequenas bolinhas.
    Walker Evans. Alabama Tenant Farmer Wife. 1936.
    Assim como propagandas publicitárias, discursos políticos, matérias jornalísticas a fotografia não é objetiva e tampouco neutra. A escolha do enquadramento, do plano, de edições, entre outras escolhas feitas quando se fotografa, passam por uma série de decisões feitas pelo fotógrafo. Com isso, é sempre válido questionar-se quanto aos usos dessas técnicas para, além de exercitar, procurar as intenções que estão além do que é mostrado nas imagens.

    Referências:

  • Regra dos terços

    Regra dos terços

    Fotografar é compartilhar sentidos, e para isso saber compor uma fotografia torna-se essencial. Assim, um dos mais conhecidos e importantes artifícios técnicos de composição fotográfica, é a regra dos terços que tem como finalidade favorecer a captura de uma imagem coerente e natural de se ver.
    Fotografar é compartilhar sentidos, e para isso saber compor uma fotografia torna-se essencial. Assim, um dos mais conhecidos e importantes artifícios técnicos de composição fotográfica, é a regra dos terços que tem como finalidade favorecer a captura de uma imagem coerente e natural de se ver.
    Registro fotográfico do artista. O céu é bastante azul, contrasta com algumas nuvens brancas e coqueiros no plano de fundo. No plano em foco, está um jovem negro, recuado à direita. Ele usa um short preto e um chapéu de palha. Uma corda atravessa seus ombros, e ele a segura com as mãos.
    Walter Firmo – Praia Grande e Senzala.

    A regra dos terços consiste em um exercício visual onde o fotógrafo posicionará o elemento mais atraente nos pontos privilegiados localizados nas intersecções das linhas imaginárias verticais e horizontais que se cruzam e dividem o quadro fotográfico em 9 seções retangulares iguais. Esse artifício técnico tem como finalidade trazer o equilíbrio para fotografia uma vez que o elemento principal a ser destacado não estará centralizado. Dessa forma, este enquadramento resulta em uma imagem contrabalançada e harmônica.

    linhas verticais e horizontais que se cruzam e dividem o quadro fotográfico em 9 seções retangulares iguais. Nas intersecções centrais, há pontos azuis, que indicam os locais privilégiados da fotografia.
    Registro visual da Regra dos terços

    Walter Firmo renomado fotógrafo brasileiro, conhecido pelo gosto por temáticas que envolvem a figura humana, é adepto ao uso desta técnica. Em algumas de suas fotografias, ele explora visualmente a harmonia natural de uma composição não centralizada.

    Reprodução fotográfica do artista. O cantor Pixinguinha está sentado, inclinado  em uma cadeira de balanço. Nas mãos ele segura um saxofone dourado. O ambiente é o  quintal de sua casa, onde há uma árvore na direita, com um pequeno muro em volta. No plano de fundo, há um vaso azul com planta. Há ainda algumas poucas folhas secas no chão espalhadas.
    Walter Firmo – Maestro Pinxiguinha, Ramos Rio de Janeiro, 1968

    Firmo em 1968, compõe uma de suas fotografias mais clássicas retratando o músico Pixinguinha no quintal de sua casa em Olaria, onde o cantor e instrumentista aparece sentado na cadeira de balanço segurando um saxofone. Esta fotografia nos remete a uma tarde de repouso e tranquilidade. Perceba o visual de uma composição em que Pixinguinha aparece mais a esquerda em um segundo plano enquanto no primeiro plano há uma árvore que ambientaliza a cena.


    Utilize essa  regra para enfatizar diferentes elementos de um mesmo ambiente ou uma mesma cena.  Publique em nosso grupo com a tag #fotografetododia!