Autor: Cultura Fotográfica Grupo de Cultura, Ensino, Extensão e Pesquisa da UFOP

  • Paolo Miranda

    Paolo Miranda é enfermeiro e fotógrafo. Suas fotos viralizaram na internet, mostrando a luta dos enfermeiros de um hospital na luta  contra a COVID-19, na região da Lombardia, epicentro da doença na Itália.

    Paolo Miranda é enfermeiro e fotógrafo. Há algumas semanas, ele fotografou os “bastidores” de um hospital na Itália em que estava trabalhando, retratando a luta intensa contra a COVID-19. Paolo vive em Cremona, na região italiana da Lombardia, epicentro do surto de coronavírus no país.
    Os registros mostram a realidade de toda a situação. Uma enfermeira dorme após uma jornada doze horas ainda com a máscara no rosto. Outra parece chorar agachada, enquanto é consolada por uma colega. Mas também há fotos de abraços e sorrisos da equipe. “Não vamos desistir apesar do cansaço. Fiquem em casa”, disse Paolo.
    Como seus colegas, Paolo trabalha em turnos de 12 horas e descreveu que se sente trabalhando numa trincheira. Além disso, ele afirma “Não quero esquecer nunca o que está acontecendo. Isso se tornará história, e, para mim, as imagens são mais poderosas que as palavras.”
    O italiano colabora com a revista Vogue de seu país e tem um perfil no Instagram que ganhou muitos seguidores após suas fotos viralizarem na internet.

    Duas enfermeiras, utilizando aventais brancos, máscara e touca verde, se abraçam
    Paolo Miranda, 2020

    Seis enfermeiros, homens e mulheres, posam para foto.
    Paolo Miranda, 2020

    Uma enfermeira se olha no espelho enquanto se equipa
    Paolo Miranda, 2020

    Uma enfermeira dorme sentada numa cadeira após horas de trabalho contínuo.
    Paolo Miranda, 2020

    Cinco enfermeiras numa sala vestindo os equipamentos de segurança.
    Paolo Miranda, 2020

    Uma enfermeira, agachada, com as mãos na cabeça, enquanto outra enfermeira tenta consolá-la
    Paolo Miranda, 2020

    Paolo Miranda tira uma foto de si mesmo no espelho durante o turno de trabalho. Ele usa aventais, luvas e máscara de segurança
    Paolo Miranda, 2020

    Dois enfermeiros escorados parecem conversar durante um intervalo.
    Paolo Miranda, 2020

    Retrato de um enfermeiro com o nariz machucado pelo uso contínuo da máscara de proteção.
    Paolo Miranda, 2020
    Retrato de uma enfermeira equipada com roupa adequada, máscara e touca
    Paolo Miranda, 2020

    Referências

    BBC
    Revista Glamour (Globo)
  • Mil Vezes Boa Noite

    Mil Vezes Boa Noite

    Rebecca, uma fotógrafa de guerra, se vê obrigada a escolher entre a profissão pela qual possui uma verdadeira adoração e sua família.

    O  premiado filme Mil Vezes Boa Noite (A Thousand Times Good Night), do diretor Erik Popper, é um drama que conta história de Rebecca, uma fotógrafa de guerra que se vê obrigada a escolher entre a profissão e sua família, que não suporta mais vê-la arriscando a vida pelo trabalho. Contudo, apesar de amar sua família, possui uma verdadeira e sincera adoração pelo seu trabalho.

    A imagem mostra um casal heterossexual abraçado no meio do que parece ser um campo de refugiados em uma área de deserto. O homem é loiro, alto e possui cabelo na altura do maxilar. A mulher tem cabelos castanhos, curtos e é mais baixa.
    Divulgação do filme.

    O drama se inicia no Oriente Médio, onde se encontra a nossa protagonista, Rebecca, que acompanha o preparo de uma adolescente para se tornar uma mulher bomba. A fotógrafa registra cada momento desse preparo. Contudo, seu lado emocional se impõe ao profissional, e ela decide interferir, fazendo um alarde sobre o que estava para acontecer.

    A intervenção leva a  uma consequência que faz a protagonista pensar sobre seu trabalho, os riscos que corre, e sobre seu papel de mãe e esposa dentro do grupo familiar. Podemos observar que ao voltar para casa, Rebecca encontra problemas em seu casamento e um distanciamento afetivo das suas filhas, particularmente com Steph, filha mais velha, que possui um comportamento mais reservado com relação aos seus sentimentos e medos.

    A imagem mostra uma mulher com roupa cinza, um véu preto cobrindo os cabelos andando no meio do que parece ser um campo de refugiados. Nas mãos leva um câmera fotográfica. Seu olhar parece de curiosidade sobre o que está acontecendo ao seu redor.
    Cena do filme

    Desde seu início percebi o cuidado para a interpretação de uma personagem fotógrafa. Vemos a troca das lentes da câmera para cada tipo de foto, o distanciamento afetivo entre o fotógrafo e o fotografado e a tentativa de dar certa humanidade a um povo sofrido através da fotografia. Rebecca, a personagem, diz que fotografa regiões abaladas por conflitos, para mostrar ao mundo o horror da guerra, da fome entre outras coisas. Toda sua revolta com as injustiças sociais, são mostradas através das fotografias, assim como bem vemos várias pessoas fazendo na atualidade.

    Fotografar além de ser uma paixão e uma profissão, pode ser também uma arma, uma forma de revelar problemas através da lente, registrando pessoas e histórias para se mostrar ao resto do mundo como grande catástrofes regionais ou mundiais, como a pandemia que estamos vivenciando hoje, que afeta a todos, principalmente a aqueles que são vulneráveis econômica e socialmente.

    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

    Assista o premiado filme e nos conte suas observações. Deixe seu comentário e nos acompanhe em nosso grupo de discussão no Facebook e em nossa página no Instagram.

    Referências:

    www.adorocinema.com/filmes/filme-227515/
    https://caxias.rs.gov.br/noticias/2015/01/mil-vezes-boa-noite-e-o-primeiro-filme-do-ano-a-sala-de-cinema-ulysses-geremia

    https://culturafotografica.com.br/mil-vezes-boa-noite/

  • Borrar um movimento

    Muitos fotógrafos adoram a técnica de borrar o movimento. Neste método, o rastro do movimento do objeto principal é registrado. Para conseguir esse efeito, é preciso uma velocidade baixa do obturador, isto é, um tempo de exposição longo.

    Muitos fotógrafos adoram a técnica de borrar o movimento. Neste método, o rastro do movimento do objeto principal é registrado. Para conseguir esse efeito, é preciso uma velocidade baixa do obturador, isto é, um tempo de exposição longo.

    Uma árvore centralizada numa foto noturna. Devido à longa exposição, as estrelas parecem estar se movendo em espiral.
    The shortest night | Andrew Whyte

    A velocidade ideal vai depender do que você estiver fotografando. Para  registrar os rastros de faróis de carros em uma fotografia noturna, por exemplo, é necessário que a exposição leve vários segundos ou até minutos.
    Ao optar por velocidades baixas, é muito recomendado que você utilize um tripé ou tente apoiar a câmera em alguma superfície estável. Isso porque um mínimo movimento da câmera pode resultar numa foto inteiramente tremida.
    Nas câmeras em geral, existe um modo “prioridade de velocidade do obturador”, em que você define apenas a velocidade e a máquina ajusta o ISO e a abertura automaticamente de acordo com a situação. Se preferir, pode também utilizar o modo manual e configurar esses controles da maneira que achar mais adequado.
    Andrew Whyte é um fotógrafo britânico, apaixonado por fotografias de longa exposição. Seu portifólio contém fotos de cidades, do céu noturno e trabalhos com luz.

    Fotografia do Big Ben, em Londres, durante uma noite chuvosa. Á direita, vê-se vários rastros de luz coloridos. São os faróis dos veículos que passaram enquanto o obturador ficou aberto
    Ben 10 | Andrew Whyte

    Na imagem Ben 10, Andrew registrou uma noite em Londres, bem em frente ao icônico Big Ben. Com uma longa exposição, o artista capturou diversos feixes de luzes dos carros que passaram durante o tempo em que o obturador ficou aberto. Pode-se ver tons de verde, vermelho, azul, amarelo, laranja e rosa. Essas cores vibrantes dão um aspecto mais vivo à cena. Percebe-se também reflexos de luz no chão e pingos na lente, que indicam chuva no instante em que a fotografia foi feita.
    Que tal agora praticar? Pegue sua câmera, pense em algo legal, como os próprios carros à noite ou até mesmo a água corrente (para dar o efeito de véu de noiva) e pratique! Compartilhe suas fotos com a gente, usando a tag #fotografetododia!

    Referências

    • Leia isto se quer tirar fotos incríveis – Henry Carroll

    Não é para qualquer um. A técnica exige equipamento profissional, experiência fotográfica e, talvez, conhecimentos de edição.

  • ISO

    ISO

    Você já deve ter percebido uma configuração em sua câmera chamada ISO, certo? ISO  é a sigla da International Standard Association, e que na fotografia ela define os padrões de sensibilidade do sensor da câmera com a luz.

    Você já deve ter percebido uma configuração em sua câmera chamada ISO, certo? ISO  é a sigla da International Standard Association, e que na fotografia ela define os padrões de sensibilidade do sensor da câmera com a luz.

    A imagem mostra prédios fotografados a noite, de baixo para cima. Os prédios possuem janelas de vidro iluminadas.
    Robyn Rayn – Old World New World

    Para registrar uma imagem com luminosidade adequada, é necessário controlar três elementos: a abertura, a velocidade e o iso. De uma maneira geral, a sensibilidade é inversamente proporcional a intensidade da luz captada e ao tempo de exposição da superfície fotossensível a luz. Ou seja, quanto maior a intensidade da luz captada, menor pode ser a sensibilidade ou quanto maior o tempo de exposição a luz, menor pode ser a sensibilidade.

    Em um ambiente bem iluminado, é mais fácil de fotografar do que em um ambiente com menos luz. Quanto menor o número do ISO, menor será sua sensibilidade à luz.  Contudo, não é necessário ter muita luz no ambiente para que a fotografia fique clara. É necessário captar muita luz para que a fotografia fique clara, isto é, superexposta. Se o número do ISO é aumentado, a sensibilidade do sensor aumenta, e, mesmo captando pouca luz é possível fotografar o que se deseja.

    Apesar disso, existem algumas consequências ao se usar o ISO de forma imprudente. Um ISO menor capta pouca luz e não apresenta ruídos na imagem. O ISO maior permitirá fotografar com pouca luz, porém a imagem poderá ter um ruído perceptível, o que pode prejudicar a nitidez de sua fotografia. Por isso é necessário pensar sempre no uso da fotografia. Uma fotografia para uso profissional de casamentos, por exemplo, não é desejável que haja ruídos, há não ser que o fotógrafo deseja que o ruído produza sentidos na fotografia. Já fotografias caseiras ou somente para redes sociais, um pouco de ruído não atrapalharia na finalidade da fotografia, mas mais uma vez, é de acordo com o desejo do fotógrafo. Na dúvida, use sempre o ISO menor para tirar fotos externas e não correr o risco de estragar sua imagem.

    Robyn Ryan, é um fotógrafo de Vancouver, no Canadá. Ele se descobriu apaixonado pela fotografia noturna e pela profundidade das cores oferecidas por ela. Em suas fotos, utiliza um tripé, lentes grandes angulares, uma lanterna para iluminar áreas escuras e a imaginação.

    A foto mostra uma região portuária, fotografada a noite. As luzes da cidade refletem na água, formando diversos formatos e cores.
    Robyn Ryan – Vancouver in the Night

    Na foto acima, o fotógrafo utilizou o ISO alto para se fotografar a noite, sem auxílio de um flash. O ruído causado era desejado para causar diferentes efeitos de luz, sombras e produzir sentidos na fotografia.

    #artigos é uma coluna de caráter ensaístico e teórico. Trata-se de uma série de textos dissertativos por meio do qual o autor propõe uma reflexão fundamentada acerca de um ou mais elementos que constituem a cultura fotográfica. Quer conhecer melhor a coluna #artigos? É só seguir este link.

    #fotografetododia Agora, faça você uma foto utilizando o ISO a seu favor e nos mostre seus resultados marcando a nossa rashtag!

    Referências:

    FOLTS, James A; LOVELL, Ronald P.; ZWAHLEN, Fred C. Manual de fotografia. São Paulo: Pioneira 2007.
    LANGFORD, Michael John; FOX, Anna; SMITH, Richard Sawdon. Fotografia básica de Langford: guia completo para fotógrafos. 8.ed. Porto Alegre: Bookman 2009.
    https://www.tecmundo.com.br/internet/7978-fotografia-para-que-serve-o-iso-.htm
  • Fotógrafas nas linhas de frente: Lee Miller, Gerda Taro e Alexandra Boulat

    Fotógrafas nas linhas de frente: Lee Miller, Gerda Taro e Alexandra Boulat

    A guerra é geralmente pensada como um espaço masculino. Na contramão dessa convenção, encontramos mulheres que desempenharam papéis importantes na fotografia de guerra.    

    Convencionalmente, a guerra é pensada como um espaço masculino: homens guerreiam, disputam territórios, confrontam-se nos campos de batalha, escondem-se em trincheiras. Às mulheres fica reservado o papel de esperá-los, de sofrer pelas perdas familiares, pelas devastações de suas casas, de suas cidades, quando não são violentadas, aprisionadas, torturadas. De acordo com Susan Sontag (2003, p. 11), “a máquina de matar tem um gênero, e ele é masculino”.

    Habitualmente, também são os homens que fotografam a guerra. A atuação das mulheres como fotógrafas de guerra, se comparada à dos homens, é bastante limitada, embora  a história da fotografia seja marcada com nomes importantes como de Lee Miller (1907-1977), Gerda Taro (1910-1937) e Alexandra Boulat (1962-2007), entre várias outras. Cobrindo conflitos diferentes, em épocas e perspectivas distintas, cada uma dessas fotógrafas contribuiu para a conquista do espaço da mulher na cobertura de guerra.

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    Treinamento de milicianos republicanos na praia. Gerda Taro. 1936.

    Lee Miller

    Lee Miller (1907-1977) teve múltiplas faces: modelo revolucionária e fotógrafa consagrada, participou da vanguarda cultural europeia nos campos da literatura, música, pintura, fotografia e artes em geral. Foi correspondente de guerra, passou por alguns relacionamentos, entre eles dois casamentos, e teve um filho. Foi dona de casa e graduou-se na escola de gastronomia Le Cordon Bleu. Diante dos problemas que enfrentou na infância, optou por sair de sua zona de conforto e enfrentar o mundo. Nunca se acomodou no contexto de “mulher, branca, bonita, rica e frágil”, tendo sempre lutado contra esse tipo de enquadramento, desafiando, causando espanto e revolucionando a sociedade dos anos 1920, 1930 e 1940.

    Por sua coragem e forte personalidade, a fotógrafa americana foi exuberante em tudo que se dispôs a fazer. Miller foi uma das quatro fotojornalistas credenciadas como correspondentes da Segunda Guerra Mundial dos EUA. Conseguiu a credencial pela British Vogue, a mais improvável publicação a mandar uma mulher para guerra. Documentou a movimentação nos hospitais de campanha na Normandia, a vitória de Saint-Malo, a libertação de Paris, o avanço aliado na Alemanha, a batalha de Alsácia. Juntamente com o fotógrafo David E. Scherman (1916-1997), da revista Life, fotografou os campos de concentração de Dachau e Buchenwald, após a libertação dos sobreviventes.

    O fato de ser mulher foi determinante no seu modo produção. Usando uniforme e botas masculinas, Lee Miller era sempre o centro das atenções. Naquela época, era impensável a presença de uma mulher na cobertura de uma guerra, por isso eles a protegiam, cuidavam dela. Tal circunstância facilitava o acesso da fotógrafa a momentos reservados, restritos aos soldados. Ajudava também que ela conseguisse imagens exclusivas, em ambientes que dificilmente outras pessoas teriam acesso, como mostra a fotografia de dois artilheiros norte-americanos deitados na cama do apartamento do Hôtel Ambassadeurs, falando no telefone e observando pela janela o momento para lançar fogo.

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    Tropas americanas dirigem fogo mortal do Hôtel Ambassadeurs. St Malo. Lee Miller. 1944.

    Gerda Taro

    A relação da alemã de origem judaica Gerda Taro (1910-1937) com a fotografia teve início a partir do encontro com o jovem fotógrafo Andre Friedmann. Apaixonados, Friedmann ensinou seus conhecimentos à Taro e os dois passaram a fotografar juntos. Logo, Friedmann trocou seu nome para Robert Capa, personagem inventado pelos dois para capitalizarem melhor suas fotografias.

    Em 1936, com o começo da Guerra Civil Espanhola, Taro e Capa mudaram-se para a Espanha com o objetivo de cobrir o conflito. Eles documentaram diferentes episódios da guerra, suas fotografias foram publicadas em revistas como a Regards e a Vu. Muitas vezes, eles fotografavam as mesmas cenas. No início era possível distinguir a autoria das fotografias, pois usavam câmeras que produziam negativos de formatos diferentes. Taro utilizava uma Rolleiflex, de formato quadrado, e Capa uma Leica, de formato retangular. Depois, os dois passaram a trabalhar com câmera de 35 mm, dificultando identificar quem havia feito determinada fotografia.

    Em sua trajetória como fotógrafa, Gerda Taro procurou dar visibilidade à mulher. Como podemos observar na fotografia abaixo que mostra quatro jovens mulheres armadas e posicionadas em uma trincheira durante um combate. As protagonistas femininas demonstram entusiasmo e coragem. O olhar de Taro buscava sempre cenas como essa que rompessem com estereótipos.

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    Mulheres milicianas durante a Guerra Civil Espanhola. Gerda Taro. 1936.

    Na Batalha de Brunete, Gerda Taro estava trabalhando sozinha. Ela fotografou o front e assistiu terríveis bombardeamentos da aviação nacional, colocando em risco sua vida em várias ocasiões. Acabou perdendo a vida aos 27 anos, quanto voltava da batalha. Acidentalmente, um tanque republicano derrubou-a do carro, esmagando o seu corpo.

    Alexandra Boulat

    A francesa Alexandra Boulat (1962-2007) formou-se em artes gráficas e história da arte e iniciou sua carreira como fotojornalista em 1989, influenciada pelo pai, o fotógrafo Pierre Boulat, que trabalhou na revista Life. Boulat trabalhou na Sipa Press durante 10 anos. Em 2001, juntamente com outros fotógrafos, co-fundou a VII Photo, uma agência de fotojornalismo. Boulat cobriu vários conflitos em todo o mundo (Oriente Médio, Afeganistão, Iraque e antiga Jugoslávia), Atuou também como fotógrafa em Ramallah, na Faixa de Gaza. Publicou imagens em veículos como a Time, Newsweek, The Guardian, National Geographic, entre outros. Alexandra Boulat morreu em de 2007, vítima de um aneurisma.

    Um dos temas recorrentes nas coberturas que fazia era relacionado às vítimas de conflitos, particularmente as mulheres. Seu último trabalho importante foi sobre as mulheres muçulmanas na Ásia Menor e Oriente Médio. A sensibilidade do olhar de Boulat é marcante em seu trabalho. A fotógrafa parece encontrar humanidade na face da tragédia. Como acontece na fotografia em que uma luz suave incide sobre o rosto de uma senhora com um semblante abatido e desconfiado. Em segundo plano, outra mulher, mais jovem, parece compartilhar o mesmo sentimento. O plano plongée transmite a condição de inferioridade e vulnerabilidade das mulheres refugiadas.

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    Refugiadas afegãs em Quetta. Paquistão. Alexandra Boulat. 2001.

    Ao longo dos séculos XX e XXI, a participação da mulher no campo do fotojornalismo, principalmente na cobertura de guerras, vem crescendo expressivamente. Seguindo o exemplo de suas antecessoras, que romperam condições normativas e desafiaram a vulnerabilidade do corpo, a mulher vai timidamente conquistando respeito e espaço nos veículos de comunicação.

    Como Butler (2015), acreditamos que a vida excede aos esquemas normativos e enquadramentos. Pensando assim, o papel da fotojornalista contemporânea é o de procurar romper velhos esquemas e fazer emergir outras possíveis formas de chamar a atenção para as atrocidades da guerra. Nesse sentido, a vida e a obra de Lee Miller, Gerda Taro, Alexandra Boulat, de suas antecessoras e sucessoras, é um convite à produção de novos enquadramentos na fotografia de guerra.

    Clique nos nomes das fotógrafas citadas neste artigo para saber mais sobre a vida e a obra de cada uma delas: Lee Miller, Gerda Taro e Alexandra Boulat.

    Links e referências

    Chamada de Conteúdo de Colaboradores

    Quer publicar em nosso blog? Acesse nossa Chamada de Conteúdos de Colaboradores para saber como enviar seus trabalhos.

     

    Sobre as autoras

    Kátia Lombardi é fotógrafa e professora do curso de Jornalismo e do PROMEL (UFSJ). Doutora pelo PPGCOM da UFMG. Pesquisadora em imagem, fotografia e memória.

    Thais Andressa é graduada em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). É fotógrafa e pesquisadora sobre o tema ” mulheres na fotografia”. Possui especialização (Senac) e trabalha com produção cultural. Realizou exposições individuais no Centro Cultural UFSJ (2018), no Museu Regional de São João del-Rei (2018) e no Centro Cultural Sesi Minas Ouro Preto (2019). Tem trabalhos fotográficos publicados nas revistas “Mais Saúde & Bem-Estar” e “Mais Vertentes”.  Obteve o 2º lugar no Concurso Cultural fotográfico (2019) promovido pelo site “Tudo pra foto” e teve uma de suas fotos como semifinalista do Brasília Photo Show (2019). Atuou na cobertura fotográfica do Inverno Cultural UFSJ nos anos de 2017, 2018 e 2019.

  • Chamada de Conteúdos de Colaboradores¹

    Chamada de Conteúdos de Colaboradores¹

    O principal objetivo que pretendemos alcançar por meio da publicação das mídias do Cultura Fotográfica é fomentar a cultura da fotografia mediante a produção, a distribuição, o consumo e o debate de conteúdos fotográficos e sobre fotografia. Sabemos que não estamos sozinhos nesta missão e acreditamos que podemos ser mais eficazes e eficientes se somarmos nossos esforços aos de outros agentes da cadeia produtiva da fotografia.
    Por essa razão, convidamos tod_s autor_s que atuam no campo da fotografia a colaborar conosco, enviando-nos, por meio do formulário anexado ao final desta chamada, conteúdos para serem publicados em nossas mídias, conforme os termos a seguir:
    1.1. A presente chamada visa receber conteúdos originais para serem publicados no blog do Cultura Fotográfica.
    1.2. Os conteúdos dos colaboradores deverão estar em conformidade com uma das colunas listadas abaixo:
    1.2.1. #ensaiofotografico é uma coluna de ensaios compostos por um conjunto coerente e coeso de imagens fotográficas, acompanhadas ou não de legendas e textos, por meio do qual o autor expressa sua perspectiva acerca de um determinado assunto.
    1.2.2. #artigos é uma coluna de textos dissertativos por meio do qual o(a) autor(a) propõe uma reflexão fundamentada acerca de um ou mais elementos que constituem a cultura fotográfica.

    1.3. As orientações e o modelo de produção de conteúdo para cada uma das colunas estão disponíveis nos anexos desta chamada.

    2. Políticas editoriais
    2.1. Política de Acessibilidade: Adotamos dois recursos de acessibilidade: a Audiodescrição, que consiste na tradução de imagens em palavras por meio de uma descrição objetiva, e o Sistema de leitura de tela, que consiste na locução, por meio de uma voz sintetizada, de todas as informações verbais exibidas na tela.
    2.2. Política de Direitos Autorais: A utilização de obras intelectuais é feita sem fins comerciais ou lucrativos e com propósitos de crítica, de ensino e de pesquisa. Por isso, não constitui ofensa aos direitos patrimoniais de seus autores, conforme previsões contidas na legislação brasileira e internacional (mais informações).
    3. Envio de conteúdos
    3.1. O envio de conteúdos deverá ser feito exclusivamente pelo formulário disponível no seguinte endereço eletrônico: https://forms.gle/z8TiLPr7hPvrGdoM6
    3.2. Os documentos a serem anexados deverão ser salvos no formato .docx, quando se tratar de arquivo de texto, no .pptx, quando se tratar de arquivo de apresentação, e no .jpg, quando se tratar de arquivo de imagem.
    4. Seleção de conteúdos para publicação
    4.1. A seleção de conteúdos para publicação será realizada pelo Prof. Dr. Flávio Valle, coordenador do Cultura Fotográfica.
    4.1.1. Serão observados os seguintes critérios de seleção:
    a. Adequação do conteúdo a coluna em que será publicado.
    b. Qualidade técnica do conteúdo.
    c. Qualidade da redação do conteúdo.
    4.2. O resultado da seleção será comunicado ao autor do conteúdo pelo email informado no ato de inscrição.
    5. Disposições gerais
    5.1. Dúvidas a respeito desta convocatória devem ser encaminhadas para o e-mail culturafotografica@ufop.edu.br. No campo assunto, coloque Dúvida – Chamada de Colaboradores – Cultura Fotográfica
    6.2. O ato de envio de conteúdo implica em plena concordância com os termos aqui estabelecidos.
  • Visages, Villages

    Em Visages, Villages, a cineasta Agnés Varda e o fotógrafo JR se aventuram pela França em um caminhão adaptado com uma cabine fotográfica onde eles transformam e ressignificam locais, muitas das vezes já esquecidos. Durante a viagem são feitas algumas paradas em pequenos vilarejos e lugares diversos onde o acaso coloca a dupla em contato com diferentes pessoas. O documentário tem uma grande carga sentimental, que chega até a despertar uma vontade de sair e conhecer pessoas novas.
    Na foto Jr e Agnes Varda atravessam uma rua. Ele veste um tênis branco, uma calça jeans uma blusa de frio preta e também usa um óculos e chapéu como acessórios. Agnes está na sua frente e usa uma calça cor vinho, sapatos pretos e uma blusa preta com bolas vermelha. Seu cabelo é branco com as pontas ruivas. No fundo é possível observar a caçamba de um caminhão com um lambe de um olho.
    Foto divulgação – autor não identificado
    Casas, containers, bunkers, fábricas, trens e ruínas são alguns dos cenários em que os artistas fazem algum tipo de intervenção. Através do contato com esse “outro desconhecido’’, que geralmente mantém ligações sentimentais com os locais, são pensadas fotografias que viram lambes (posters que variam de tamanho e são colados em espaço público), assim, participam da ornamentação desses espaços. Quando questionados o motivo das fotografias os artistas respondem que a imaginação é o limite. 
    Em uma parte de uma praia está um bunker abandonado e nele tem um lambe de uma menino. Ele está sentado com as pernas espichadas e as mãos sobre os joelhos.  Ele usa uma calça e uma blusa listrada. Ao lado do bunker é possível ver uma pessoa de calça e blusa preta.
    Cena de Visages, Villages
    O filme é gravado durante 18 meses e é possível ver que a relação harmônica de Varda e JR  não acontece somente através dos gostos em comum, mas sim pela diferença de idade, que é o que realmente parece deixar a viagem  com o ar de cumplicidade e afeto. Através de visitas a personagens íntimos para os dois como a avó de JR,  ao amigo de Varda, Jean-Luc Godard, e ao túmulo de Henri Cartier-Bresson os dois destrincham mais ainda essa viagem de autoconhecimento.
    Além de ter sido indicado ao Oscar, o filme ganhou o prêmio de melhor documentário no festival de Cannes em 2017. Visages, Villages nos mostra o processo de criação de importantes artistas e a importância do contato com o outro para suas criações.
    Quer saber mais sobre o processo criativo de grandes fotógrafos? A gente tem uma #dicade documentário! 
  • Prêmios do fotojornalismo

    Prêmios do fotojornalismo

    Alguns fotógrafos produzem imagens carregadas de enorme valor estético, ético e político. Com a finalidade de reconhecer a excelência no exercício do fotojornalismo, existem várias premiações importantes que avaliam seus trabalhos.

    Muitas vezes, o papel do fotojornalista é resumido a apenas “informar através de imagens”. Basta que estejam presentes nos locais dos acontecimentos para contar uma história ou ilustrar uma matéria, pois o valor de suas fotografias está em registrar os acontecimentos. Porém, alguns profissionais vão além e produzem imagens carregadas de enorme valor estético, ético e político. Com a finalidade de reconhecer a excelência no exercício do fotojornalismo, existem várias premiações importantes que avaliam seus trabalhos. Listamos abaixo algumas delas.

    Pulitzer

    Um dos maiores prêmios do jornalismo, o aclamado Pulitzer, tem categorias que contemplam a fotografia. A primeira, foi criada em 1942, mas, em 1968, foi substituída por duas: Breaking News Photography e Feature Photography. A foto a seguir é de 1993 e mostra uma criança magérrima, no Sudão, sendo observada por um abutre. A imagem foi vendida ao The New York Times, rendeu muitas críticas e venceu o prêmio Pulitzer na categoria Feature Photography em 1994. No mesmo ano, Kevin Carter, autor da foto, cometeu suicídio.
    Um abutre observa uma criança magérrima, como se esperasse sua morte para servir de refeição
    Starving Child and Vulture | Kevin Carter

    World Press Photo

    Outra premiação importante é a do World Press Photo, considerada por alguns como a maior premiação de fotojornalismo mundial. Existe desde 1955 e premia as melhores fotografias do ano em diversas categorias. A foto abaixo é de Ronaldo Schemidt, vencedor do prêmio de melhor foto do ano em 2018. Nela, vemos um venezuelano em chamas em meio a um protesto contra o presidente Nicolás Maduro ocorrido em 2017.
    Uma fotografia avermelhada que mostra um protestante em chamas correndo
    Venezuela Crisis | Ronaldo Schemidt

    POY Latam

    O POY Latam foi criado em 2011 para celebrar a excelência na fotografia documental e artística iberoamericana. A diferença para outros concursos, segundo eles, é a transparência e a transmissão ao vivo. Na categoria “News” de 2019, o vencedor foi Guillermo Arias. Sua foto mostra emigrantes hondurenhos participando de uma caravana em direção aos Estados Unidos, enquanto deixam a cidade de Arriaga, no México, em outubro de 2018.
    Uma ponte no México repleta de emigrantes rumo aos EUA
    Caravana | Guillermo Arias

    Visa pour l’Image

    Guillermo Arias venceu, também em 2018, o “Visa Pour l’Image” pela mesma fotografia. A premiação francesa é dada anualmente e condecora os melhores trabalhos fotojornalísticos de todo o mundo. Guillermo venceu na categoria Visa d’or Paris Match News.

    Rei de Espanha

    O Rei de Espanha é oferecido pela agência EFE e pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional. O prêmio é um dos principais do jornalismo, em nível ibero-americano, e é entregue todos os anos pelo Rei da Espanha. Em 2016, A brasileira Márcia Foletto, repórter-fotográfica do “O Globo”, levou o prêmio na categoria “Fotografia”. Seu registro fez parte de uma série do jornal chamada de “Os Miseráveis” (2015) e retrata duas crianças do Rio estudando em meio à pobreza.
    Duas crianças, moradoras do bairro Belford Roxo, no Rio de Janeiro, estudam num quarto bagunçado, em meio à pobreza
    Os miseráveis | Márcia Foletto
  • Chico

    Francisco José Silva Neto é um jovem fotógrafo, mas, com uma vasta experiência de vida. Hoje, ele viaja pelo mundo levando sua arte através da fotografia. Se você gosta de conhecer novos fotógrafos, não pode perder a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre ele.

    Francisco José Silva Neto nasceu no ano de 1995 em Maceió-AL, onde que viveu com sua família até meados de 2015. Foi neste ano que decidiu ir para SP atrás do seu grande amor, a Sthefany sua atual companheira. No meio do caos da mudança, sem querer, acabou descobrindo uma nova paixão: a fotografia. 
    Uma mulher branca com um vestido longo vermelho e um chapéu preto. no fundo uma paisagem com grama verde.
    Francisco Neto
    Chico, como é conhecido por todos, tem uma fotografia leve e encantadora, mas usa e abusa das cores e da criatividade. No seu portfólio fotográfico tem diversas experimentações de ângulos, efeitos e estilos. Ele passou por alguns lugares no Brasil, mas foi em Buenos Aires, capital da Argentina, que decidiu ficar. Ele deixa claro sua admiração e amor pela fotografia, que, para ele, é uma forma de poética de congelar o tempo e de mostrar o mundo através do seu olhar. Atualmente, ele concentra seu trabalho em portrait (retratos), passando pela moda e o turismo.
    Francisco usa as redes para divulgar seu trabalho, mais exatamente o instagram, lugar onde alcançou reconhecimento por registrar momentos únicos e mágicos. Quando navegamos pelo seu feed, podemos imergir dentro as fotos, sentindo um pouco do gostinho daquele momento. Chico também gosta de escrever e relata, sempre que possível, o que se passou naquele espaço de tempo. Isso, faz com que parte da experiência seja passada ao seus seguidores.

    Redes do Chico:

    Chicografia
    Chicografandobsas



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