Ano: 2022

  • Virginia de Medeiros

    Artista que utiliza da fotografia documental para produzir novos sentidos.
    Virginia de Medeiros, nascida em 1973, em Feira de Santana, Bahia, vive em São Paulo. Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), ela concentra seu trabalho na fotografia documental, extrapolando sua característica meramente testemunhal para criar novos significados da realidade.
    A imagem apresenta a composição de fotos da performance da obra “Jardim das torturas”. Sequencialmente, é possível visualizar diversas partes do corpo de uma mulher que é dominada em uma prática sexual sadomasoquista. A mulher possui suas mãos e seus pés atados na maioria das fotos, e sua face é envolvida por uma mordaça.
    Virginia de Medeiros

    A artista já participou de bienais e residências artísticas e já recebeu prêmios no Brasil e no exterior. O documentário “Sérgio e Simone” (2009) foi agraciado com o Prêmio de Residência ICCo no 18º Festival de Arte Contemporânea Videobrasil. Em 2006, sua obra “Studio Butterfly” participou da 27a Bienal de São Paulo e do Programa Rumos Itaú Cultural. A profissional também ganhou o Prêmio Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2009 com a vídeo-instalação “Fala dos Confins”. 

    Virginia fez residências em Timor-Leste, no Canadá e nos Estados Unidos, onde ganhou o Prêmio de Residência ICCo – Instituto de Cultura Contemporânea no Residency Unlimited. Também participou da 2ª Trienal de Luanda “Geografias Emocionais, Arte e Afectos”. 


    A fotografia, pintada digitalmente, representa uma mulher negra, de cabelo liso e preso para trás com um laço azul de bolinhas brancas. Ela está maquiada, com sombra azul, blush rosa e batom alaranjado, e sorri olhando para seu lado direito. Sua roupa possui a mesma estampa do laço, e em seu lado esquerdo, na altura dos seios, há um broche de rosa vermelho.
    Virginia de Medeiros | Júlio Santos

    A foto, em preto e branco, representa uma mulher negra, de tranças, que olha projetando um sorriso para seu lado direito, enquanto segura uma bandeira do Movimento Sem Teto do Centro. Ela está em um ambiente aberto, com uma árvore e um prédio por detrás dela.
    Virginia de Medeiros


    A imagem , em preto e branco, retrata uma mulher negra em uma cozinha, atrás de uma mesa que possui 5 bolos postos. Ela não olha diretamente para a câmera nem sorri.
    Virginia de Medeiros

    A fotografia representa a vídeo-instalação “Studio Butterfly”, na qual há diversos porta-retratos pendurados na parede, ao redor de um espelho que reflete a imagem de uma mulher que aparenta ser negra e que está com os seios à mostra.
    Virginia de Medeiros


    Esta fotografia é da vídeo-instalação “Fala dos Confins”. Nela, há uma Kombi dentro de um galpão, localizada no centro da imagem. O veículo é branco com azul, e dentro dele, há duas pessoas, sendo uma mulher e um homem.
    Virginia de Medeiros

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.


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  • O meu corpo pertence ao Sertão

    O meu corpo pertence ao Sertão

    Publicação digital de obra fotográfica de Elinaldo Meira.

    Fotografias: Elinaldo Meira

    Álbum fotográfico digital publicado na plataforma Flickr com produção de 2011 até o presente. O conjunto fotográfico busca situar-se enquanto um corpo de retorno às origens sertanejas nordestinas e o que significa ser nordestino fora do Nordeste. Na apresentação do álbum consta: “Quando eu morrer eu queria ser levado por uma acauã e que ela me deixasse em algum lugar entre o Cariri e o Seridó, porque meu corpo pertence ao Sertão.”

    Autor(a/es/as)

    Elinaldo Meira ( http://lattes.cnpq.br/0816849762400016 | @cangucu.de.fuzue )

    Local de publicação

    Acesse a publicação completa em https://tinyurl.com/2p8ff3p6

    Esta publicação foi elaborada com base nas informações prestadas por Elinaldo Meira, através do formulário Divulgue suas publicações!.

  • “Sexo frágil”: mulher, negra e sem teto

    Elizabete Afonso Pereira, uma mulher comum, demonstra o verdadeiro significado do que é ser ‘guerrilheira’. 

    A fotografia do projeto Alma de Bronze, série “Guerrilheiras”, da artista visual Virginia de Medeiros, mostra uma mulher negra, aparentemente alta e forte, olhando desconfiada para o seu lado direito, enquanto segura facilmente três tijolos. 


    A imagem, em preto e branco, apresenta, primeiro, 4 sacos de cimento. Em segundo plano, há uma mulher com traços negróides, fisicamente forte, que segura 3 tijolos enquanto desvia seu olhar da câmera. Ao seu redor, há uma pilha de tijolos. Ela está dentro de um lugar já  construído, o que sugere que ela irá fazer uma reforma no local.
    Virginia de Medeiros


    A mulher em questão é Elizabete Afonso Pereira, integrante do Movimento Sem Teto do Centro, em São Paulo. Sua postura é emblemática, pois, ao segurar os tijolos, não demonstra nenhum esforço. Seu olhar distraído da câmera delata que ela não estava confortável em ser fotografada, o que me abre margem para pensar que isso não é algo comum em sua vida, que ela foi invisibilizada por algum tempo e não está acostumada a aparecer tão publicamente. Por outro lado, a confiança e a determinação ultrapassam o aspecto de desconforto. Essa mulher que já aparenta ser forte, torna-se ainda mais vigorosa. Ela é uma das “guerrilheiras” fotografadas por Virginia. Inicialmente, partindo do pressuposto de que “guerrilha” é um tipo de luta armada contra um governo ou invasor de um território, mobilizada pelo lado mais fraco e oprimido, compreende-se que, metaforicamente, essas mulheres estão lutando contra aqueles que as impedem de ocupar os espaços a que têm direito.

    As pessoas que lutam por seu direito de moradia, os chamados “sem-teto”, ocupam residências que, conforme a constituição federal, não cumprem com sua função social. Em São Paulo, principalmente na área central, são muitos os imóveis abandonados, que são invadidos e, posteriormente, ocupados pelos sem-teto. Diante de uma luta árdua e muitas vezes inglória, construir a própria casa, com suas próprias mãos, é um verdadeiro prazer para essas pessoas. É como se um sonho de tantos anos se materializasse em seus braços. 

    Por isso, acredito que Elizabete está determinada a construir sua casa, como alguém que tem consciência dos percalços que sofreu no caminho para chegar até ali. Me sinto inspirada por essa mulher de postura altiva, que representa exatamente o que desejo ser. Sua cabeça erguida e sua firmeza, sua tranquilidade em segurar algo que é sabidamente pesado, serve de exemplo para mim, que tenho carregado outros “tijolos” para construir meus sonhos agridoces.


    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

  • Ruth Orkin

    Ruth Orkin

    Nascida em Boston, Ruth Orkin sempre foi apaixonada pela arte de fotografar. Com 10 anos, ganhou sua primeira câmera, uma Univex de 39 centavos de dólar. Aos 17, fez uma viagem de bicicleta, na qual atravessou os Estados Unidos para visitar a Feira Mundial de 1939, e registrou todo o trajeto percorrido.

     
    Ruth Orkin com o semblante feliz e sorriso no canto do rosto está segurando uma câmera fotográfica. Seus olhos aparentam estar direcionados para uma figura que a traz felicidade. Ela usa uma blusa branca de botão, uma calça preta e um cinto da mesma cor. Em seu pescoço, a fotógrafa carrega um cordão de pérolas; vestimenta e acessórios muito característicos da época.
    Ruth Orkin

    Orkin frequentou o curso de fotojornalismo por um breve período, na Los Angeles City College, mas, em 1941, o abandonou. Fato ocasionado pelas políticas preconceituosas do sindicato, que não permitiam a integração de mulheres no setor de cinema. Com isso, no mesmo ano, Ruth ingressou no Corpo Feminino do Exército norte-americano na esperança de realizar o sonho de tornar-se uma cineasta, mas saiu após perceber que continuaria distante de seu objetivo profissional.

    Em 1943, a fotógrafa se mudou para Nova York, onde atuou como fotojornalista freelancer. Dois anos depois começou a trabalhar para o New York Times e a publicar suas imagens em revistas mundialmente renomadas. Em 1951, quando planejava ilustrar um cenário que incentiva mulheres a viajarem sozinhas, Ruth “estourou” na mídia com uma de suas fotografias mais conhecidas: “American Girl in Italy”.

     
    Ninalee Allen caminha pelas ruas de Florença, onde é assediada por uma multidão de homens que está a sua volta.  A modelo segura sua bolsa e seu xale próximos ao corpo, com visível desconforto. O movimento aparente de seu corpo transmite a impressão de que Allen está apressada, tentando passar o mais rápido possível por essa incômoda situação.
    Ruth Orkin
    Menina, aparentemente jovem, de olhar distante. A modelo parece estar sentada em um restaurante ou em outro lugar público, e passa uma sensação de tranquilidade, pois tem o semblante sereno e angelical.
    Ruth Orkin
    Um grupo de senhoras, aparentemente conhecidas entre si, andando por uma calçada movimentada. Todas bem vestidas e elegantes, passando a impressão de estarem indo a algum evento e pertencerem a uma classe financeira alta.
    Ruth Orkin

    Ruth Orkin faleceu aos 63 anos, em 1983, após uma longa luta contra o câncer. Em razão de suas belíssimas obras e de sua luta feminista no quesito trabalhista e pessoal, a fotógrafa se tornou inspiração para muitas mulheres, dentro e fora do universo profissional e, por isso, sua memória será sempre preservada. 

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

  • Jogando com a perspectiva: a profanação do controle do acesso aos cenários de conflito durante a Guerra do Iraque

    Artigo em periódico de Flávio Pinto Valle publicado em Galáxia, revista do Programa de Estudos Pós-graduados em Comunicação e Semiótica – PUC-SP.

    Benjamin Lowy 


    A cobertura fotojornalística da Guerra do Iraque (2003-11) foi marcada pela incorporação de profissionais da imprensa a unidades militares. Se, por um lado, esta prática oferecia aos repórteres condições para desempenharem suas atividades, por outro, restringia sua liberdade de ação. Neste ensaio, propomos observar a constituição deste dispositivo de controle do acesso dos fotojornalistas aos cenários de conflito. Nos dedicaremos, em particular, à reflexão sobre a maneira como o fotógrafo Benjamin Lowy, por meio do jogo com sua perspectiva e a dos soldados, o profana.

    Autor(a/es/as)

    Flávio Pinto Valle, (http://lattes.cnpq.br/9224069355818051, @flaviopintovalle).


    Local de publicação

    Galáxia, revista do Programa de Estudos Pós-graduados em Comunicação e Semiótica – PUC-SP (-.)

    Acesse a publicação completa em https://tinyurl.com/2p86dw23


    Esta publicação foi elaborada com base nas informações prestadas por Flávio Pinto Valle, através do formulário Divulgue suas publicações!

  • Esperança em meio a destruição

    Esperança em meio a destruição

    A busca por sobreviventes mostra que, mesmo contra a menor possibilidade, ainda há esperança.

    A imagem abaixo foi registrada pelo fotógrafo Carl de Souza, durante as buscas por sobreviventes em Petrópolis (RJ), cidade onde, no dia 15 de fevereiro deste ano, ocorreu um enorme deslizamento de terra em função de um temporal. O desastre aconteceu tão rapidamente que muitas pessoas não conseguiram se refugiar e acabaram sendo soterradas pelos escombros.

    Dois homens se encontram em meio a escombros procurando por sobreviventes. Estes homens estão com enxadas na mão abrindo buracos em meio a lama e entulhos em busca de pessoas. Entre os escombros é possível notar algumas bonecas  sujas de terra.
    Carl de Souza | AFP

    Num primeiro momento, ao olhar a imagem, vemos dois homens com enxadas cavando a lama em busca de algo. No meio dos escombros, observamos brinquedos, roupas e outros objetos cobertos de terra e espalhadas pelo ambiente.

    Ao fundo da imagem só se vê a lama, o que me causa uma certa agonia, pois não se enxerga nada além do marrom da terra por todos os lados. Os homens, no centro da imagem, parecem cansados, os músculos de seus corpos estão tensionados de tanto fazer força procurando entre os entulhos. Ainda assim, continuam procurando, usando a última energia que ainda lhes resta para procurar por possíveis sobreviventes.

    Os objetos que estão espalhados no ambiente dão a entender que poderia haver alguma criança por ali, o que chega a ser aflitivo, pensar que alguém tão pequeno encarou uma situação tão desesperadora. Imagine uma criança que talvez estivesse brincando tranquilamente naquele momento, sem ao menos perceber, já estaria coberta de lama. Isso não deveria ser algo vivido por uma criança, um evento tão traumático que pode levar anos para ser ressignificado.

    Na imensidão de escombros, naquela situação devastadora, o que mais importava era o tempo, as pessoas mal podiam pensar no que havia acabado de acontecer, e já estavam se mobilizando o mais rapidamente possível para poder resgatar alguém ainda com vida.

    Ao olhar para o fundo da imagem, aquele mar de lama atrás dos dois homens, não dá para imaginar quantas pessoas poderiam estar ali, só fica a incerteza e a indecisão se aquele é o local correto para se procurar alguém. No entanto, procurar é só o que se pode fazer, a única coisa que resta é a esperança que os move fazendo-os continuar a busca.

    Observando esta imagem, eu sinto uma certa frustração pelo ocorrido, o que é agravado ainda mais ao imaginar que possam haver pessoas soterradas embaixo do lamaçal. A determinação dos dois homens, também me comove muito, porque sozinhos eles realizam um trabalho que, sem dúvidas, é desafiador, mas que precisa ser feito por alguém. Todos os elementos da imagem, unidos, representam o desespero da situação, mostram o quão grave é. Em meio ao mar de lama, procurar por pessoas, por um familiar, por um amigo, por um conhecido que ainda possa estar vivo, respirando, embaixo de tanto entulho. E, nos escombros, o que resta é a esperança de poder salvar alguém, de achar um rosto conhecido e saber que tudo ficará bem.

    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.
     

    Como citar esta postagem

    PAES, Nathalia. Esperança em meio a destruição. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<{https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/06/esperancaedestruicao.html>. Publicado em: 4 de mai. de 2022. Acessado em: [informar data].
  • Claudia Andujar

    Claudia Andujar

    Importante fotógrafa responsável por ajudar a criar a Comissão pela criação do parque Yanomami (CCPY).

     

    Claudia Andujar, suíça, nascida em 1932 na cidade de Neuchâtel e naturalizada brasileira em 1955, foi uma fotógrafa importante em favor da causa indígena, especialmente da tribo Yanomami. A fotografa e sua mãe fugiram do holocausto devido às suas origens judaicas. A perseguição fez com que ambas iniciassem uma sucessão de mudanças internacionais que posteriormente as trouxeram para o Brasil, onde Andujar iniciou e desenvolveu sua carreira como fotógrafa.

     

    Claudia Andujar e uma criança indígena olhando para a câmera. O cenário é a tribo do povo Yanomami.
    Claudia Andujar

     

    No Brasil, sem falar português, Claudia utilizou a fotografia como forma de globalizar sua comunicação e se aproximar da cultura local e do povo Yanomami. Seu trabalho é reconhecido mundialmente, em especial pela forma como suas fotografias demonstram leveza em situações do cotidiano, demonstrando com delicadeza a vida de povos nativos do País. Andujar ajudou a introduzir a iconografia indígena na arte contemporânea.

     

    Mulher indígena tomando fôlego enquanto nada num rio. Seu rosto exibe pintura tribal.
    Claudia Andujar
     
    Jovem indígena deitado numa rede no que aparenta ser o interior de uma oca. Seu corpo possui pinturas tribais nas pernas, abdome e braços. Seu rosto exibe relaxamento.
    Claudia Andujar

    Homem indígena nu aparentemente dançando em solo tribal. Há um cachorro deitado no chão à direita do homem. O cenário ao redor está ligeiramente borrado, causando efeito alucinógeno à fotografia.
    Claudia Andujar

     

    Close de Jovem indígena na penumbra. Seus olhos fitam o chão e o rapaz possui semblante reflexivo. A foto é em preto e branco.
    Claudia Andujar

     

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

    Links, Referências e Créditos

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  • Crises do tempo na apreensão da cidade: Memória e imaginário em páginas do Facebook

    Crises do tempo na apreensão da cidade: Memória e imaginário em páginas do Facebook

    Capítulo de livro de Luciana Amormino, Ravena Sena Maia e Flávio Valle publicado em Catástrofes e Crises do Tempo: Historicidades dos processos comunicacionais.

    Selo PPGCOM/UFMG

    Neste capítulo, _s pesquisador_s discutem as crises temporais que se abrem em fotografias de cidade a partir de gestos de memória como os das páginas de Facebook, Fotos Antigas de Belo Horizonte e Fotos Antigas de Salvador. Com base na leitura das fotografias publicadas nestas fanpages e dos comentários sobre elas, observa-se a configuração de experiências da cidade que, atravessadas pelos dilemas dos processos de modernização, apresentam novos sentidos que marcam a historicidade da imagem.

    Autor(a/es/as)

    Luciana Amormino (http://lattes.cnpq.br/7590061302048746), (@luamormino), Ravena Sena Maia (http://lattes.cnpq.br/3054920990953723), (@ravenasmaia) e Flávio Valle (http://lattes.cnpq.br/9224069355818051), (@flaviopintovalle).

    Local de publicação

    Catástrofes e Crises do Tempo: Historicidades dos processos comunicacionais (@seloppgcom)

    Acesse a publicação completa em https://seloppgcom.fafich.ufmg.br/novo/publicacao/catastrofes-e-crises-do-tempo/.

    Esta publicação foi elaborada com base nas informações prestadas por Flávio Pinto Valle, através do formulário Divulgue suas publicações!.

  • A Iconografia Fascista

    A Iconografia Fascista

    A maneira com que uma única fotografia consegue retratar a iconografia fascistas presente em um governo.

    A imagem  abaixo foi feita pelo fotojornalista Pedro Ladeira, no dia 31 de maio de 2020, nesta data o presidente havia participado de manifestações em apoio ao seu governo e aos atos antidemocráticos como a intervenção militar e o fechamento do congresso nacional e do Supremo Tribunal Federal  (STF)

    Em primeiro plano, vemos uma fileira de policiais militares uniformizados. Logo atrás deles está o presidente Jair Bolsonaro montado em um cavalo, ele está vestido com uma camisa azul e calças jeans, ao seu lado se encontram mais policiais. Ao fundo é possível notar a presença dos apoiadores do presidente vestidos de verde amarelo e balançando bandeiras do Brasil.
    Pedro Ladeira

    Quando foi publicada, a foto recebeu grande repercussão nas redes sociais, boa parte delas foram de pessoas contra o governo de Bolsonaro, mas também muitos a utilizam para exaltar a força do presidente e escreveram mensagens de apoio. O que é interessante de se notar  é que a foto possui vários aspectos que podem ser diretamente relacionados às fotografias de propagandas de governos de extrema direita durante a história.

    A maioria desses aspectos são utilizados para enaltecer a figura do grande comandante. Na iconografia fascista é muito comum que o líder seja representado como um homem capaz de guiar  exércitos de seu país contra seus “inimigos” e levar seu povo à salvação. Por essa razão, era comum que os líderes de extrema direita sempre aparecem rodeados por seu exército, assim como na foto a baixo. A foto de Ladeira mostra muito bem esse aspecto, já que logo no primeiro plano podemos ver a polícia militar além de vários agentes ao lado do presidente.

    No centro da fotografia podemos ver Benito Mussolini, ele caminha ao meio de vários soldados, todos estão uniformizados e alguns seguram fuzis.
    Autor Desconhecido

    Além do exército, o fato do  líder estar em cima de um cavalo também remonta diretamente a iconografia fascista, que por sua vez se apropria da iconografia medieval, já que nesta, o cavalo era comumente utilizado para representar a nação, logo um bom cavaleiro era relacionado a um bom governante. Nesse caso específico, além do cavalo também é possível ver um cassetete preso à sela, o que também contribui para a afirmação de virilidade do líder, já que armas como espadas, pistolas e fuzis que são objetos amplamente utilizados como ferramentas de repressão, aparecendo fartamente nos retratos de governos fascistas como validação de força. Na imagem abaixo vemos uma pintura de Adolf Hitler que traz os mesmos elementos. 

    Na pintura podemos ver Adolf Hitler montado em uma cavalo, vestindo uma armadura de placas de metal. Ele segura a bandeira vermelha do partido nazista em sua mão direta.
    Pintura de Hubert Lanzinger

    Além do líder viril cercado por seu imponente exército, essa fotografia ainda apresenta mais um fator comum entre o Bolsonarismo e os governos de extrema direita antes deles. Ao fundo, podemos ver a bandeira do Brasil tremulando, logo ao lado da cabeça do presidente, isso remete ao ultranacionalismo, característica primordial de ideologias fascistas e muito presente nos discursos de Jair. Na foto de Plínio Salgado, que está logo abaixo, é um outro exemplo da utilização do nacionalismo na iconografia fascista. 

    Na foto podemos ver Plínio Salgado, líder do movimento integralista brasileiro, discursando em um palanque com a bandeira brasileira ao fundo.
    Autor Desconhecido

    A fotografia capta desde o forte apoio aos militares, a fixação bélica que ecoa em seus discursos em favor do afrouxamento das leis de restrição ao porte de armas, a idealização de uma masculinidade nociva focada em discursos cis heteronormativos, misóginos e homofóbicos e é claro o ultranacionalismo, figurinha repetida em todos os discursos do presidente que retratam uma pátria devastada que precisa ser salva independentemente de como. 

    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

    Links Referências e Créditos

    CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. A Iconografia Fascista. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/a-iconografia-fascista/>. Publicado em: . Acessado em: [informar data].