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Dulce Soares |
Ano: 2022
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Dulce Soares
Fotografias que através da repetição das imagens mostram um contexto que não seria visto de outra forma.Dulce Soares é uma fotógrafa brasileira nascida no Rio de Janeiro. Ela começou a atuar na fotografia em 1970 fazendo ensaios paisagísticos, sendo a maioria deles urbanos. Seu trabalho se caracteriza pela crônica visual e pelas sequências e séries de imagens que ampliam o contexto sobre o local que fotografa, através também da alternância de planos e detalhes capturados.A autora cria narrativas visuais dos lugares que fotografa, mostrando a alma dos locais por meio de séries de fotografias. Com esses retratos, Dulce examina aspectos da vida cotidiana das paisagens que captura.As duas principais exposições da fotógrafa foram: “Esquinas, fachadas e interiores” e “Vestidos de noiva”. No primeiro ensaio, ela realizou uma documentação da arquitetura do antigo bairro da Barra Funda, mostrando a importância arquitetônica da região. No segundo, foi feito um ensaio mostrando as lojas e ateliês de vestidos de noivas na rua São Caetano, onde através da repetição das imagens ela expunha a relação da mulher com o sonho do casamento.#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.PAES, Nathália. Dulce Soares. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/07/dulce-soares.html>. Publicado em: 06 de jun. de 2022. Acessado em: [informar data]. -
Monóculo só se for aqui! Na minha terra é binóculo
Livro de Elinaldo da Silva Meira publicado em Edição de Autor/Perse.
BINOCLINHO, MONOCLINHO… O visor monocular para imagens de meio quadro fotográfico, ou simplesmente, o “binoclinho”, como carinhosamente ficou conhecido, foi um procedimento que por cerca de 40 anos esteve presente nas famílias brasileiras. Eles registraram cenas familiares, momentos de lazer, e estiveram presentes em todo o Brasil. Melhor, estiveram presentes além do Brasil, na Argentina, Uruguai, Colombia… O livro, em forma de ensaio, busca fazer um pequeno registro histórico do procedimento. Não traz respostas definitivas quanto à questão, e se consolida enquanto uma pesquisa em andamento, aberta a colaborações. O trabalho contou com atualizações em artigos publicados posteriormente.
Autor(a/es/as)
Elinaldo da Silva Meira (http://lattes.cnpq.br/0816849762400016, @cangucu.de.fuzue)
Local de publicação
Acesse a publicação completa em https://tinyurl.com/85zxpr5w
Esta publicação foi elaborada com base nas informações prestadas por Elinaldo S. Meira, através do formulário Divulgue suas publicações!.
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Resgate da ancestralidade negra
A fotografia abaixo foi retratada pela artista visual Aline Motta, durante uma residência artística na Nigéria. Lá, desenvolveu o trabalho audiovisual chamado de “(Outros) Fundamentos”. Este projeto teve como objetivo desenvolver conexões entre o país africano e o Brasil, utilizando da água para realizar esta união.Aline Motta A imagem mostra uma mulher feliz remando numa canoa. Ela não parece fazer o mínimo esforço ao remar, está tranquila e mantém seu olhar no horizonte. Suas roupas coloridas contrastam com o cinza das águas, trazendo mais vida à si e aumentando o foco sobre sua figura. No fundo da fotografia encontra-se uma vila com casas de palafitas que se ligam por pontes. A vila parece ser bem simples, aparentando pertencer a uma sociedade que se mantém através da atividade pesqueira.A água aparenta ser um importante fator na vivência dessa comunidade. Eles demonstram terem se adaptado a ela e aproveitado de seus benefícios para obter prosperidade. O oceano que permeia a vila sempre esteve ali, fornecendo alimentos para sua sobrevivência. Essas águas que ali se encontram rumam em outras direções levando as histórias daquele povo consigo, mantendo viva a cultura.Por meio das águas, povos foram retirados de seus países de origem e trazidos à força para serem escravizados no Brasil. Apesar de toda a violência cometida contra eles, as suas culturas persistiram. Mesmo que muitas vezes apagadas, elas se mantiveram resistentes como a água.Por meio dos trajes da mulher, é possível ver elementos da cultura africana que chegaram até o Brasil e que permanecem como símbolos de resistência ao longo da história. Esses elementos ainda necessitam ser resgatados para que não se perca as origens desses povos, bem como toda a história de luta que se encontra por trás desses símbolos.O fluxo da água move os olhos para as casas, para o que está ficando para trás, as memórias, as lembranças de um povo vão se revolvendo com as marés. A água em seu ciclo infinito leva as tradições para todos os cantos e retorna ao seu local de origem. Para mim, a água sempre esteve presente, a cada copo d’água tomado, a cada mergulho, a cada banho quente, sempre renovando a vida, fui crescendo com sua força transmitida a mim, enquanto ela observava tudo fazendo parte quase inteiramente do meu corpo. Minha história está nela e sua história está em mim.#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.Links, Referências e Créditos
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PAES, Nathalia. Resgate da ancestralidade negra. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/04/resgate-da-ancestralidade-negra.html>. Publicado em: 1 de jun. de 2022 Acessado em: [informar data]. -
Joan E. Biren
Nascida no ano de 1944, em Washington, Joan – também conhecida como JEB – é uma profissional com uma vasta carreira acadêmica. Estudou ciência política em Massachusetts, onde realizou seu bacharelado em 1966. Anos mais tarde fez mestrado em comunicação em sua cidade natal e, após finalizar 0 doutorado em Oxford, Biren fez um curso de fotografia por correspondência e começou a trabalhar em uma loja de câmeras. Com este emprego, JEB tinha o objetivo de aprender a fotografar e retratar, com veracidade, o cotidiano de casais lésbicos.
Joan E. Biren O interesse pela temática surgiu pela falta de representatividade de mulheres lésbicas reais nas fotografias, nos livros e filmes. Joan, como integrante da comunidade LGBTQIA+, sentia-se incomodada por não se enxergar propriamente em nenhum espaço. Com isso, começou um trabalho revolucionário: mudar o olhar da sociedade em relação às mulheres homossexuais.
A fim de atingir sua meta com êxito, Biren lançou seu primeiro livro, em 1979, nomeado: Eye to Eye: Portraits of Lesbians. Nele, foram retratadas famílias lésbicas em sua rotina diária: os olhares apaixonados, o carinho com os filhos e os afazeres domésticos. Segundo as palavras da própria JEB, ela “tornou visível o que era invisível”. Ou seja, trouxe representatividade e acolhimento para pessoas que são colocadas à margem da sociedade.
Joan E. Biren Joan E. Biren Joan E. Biren JEB nunca teve apoio institucional. Em razão de sua orientação sexual, sofreu homofobia na pele: não era devidamente valorizada como pessoa e profissional, nem recebia bolsas ou prêmios. Seu trabalho era todo auto-atribuído e auto-financiado. Por isso, Joan realizava apresentações pelos Estados Unidos, nas quais mostrava suas fotos, livros e filmes. Não recebia patrocínio, mas teve o apoio financeiro da comunidade lésbica com a compra de suas obras, o que a ajudou a sobreviver.
Joan e as mulheres fotografadas se mostraram muito corajosas, pois aceitaram o risco de se expor publicamente diante de uma sociedade que era ainda mais machista e homofóbica que nos dias atuais. Afinal, na década de 70, ser identificada como lésbica poderia colocá-las em diversos riscos: perder o emprego, os filhos, ser deserdada e até deportada. Ativistas na causa como Joan trazem esperança de que, em um futuro, todas possamos ser livres e respeitadas.
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SOARES, Maria Clara. Joan E. Biren. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/joan-e-biren/>. Publicado em: 30 de mai. de 2022. Acessado em: [informar data]. -
Pequena história de um pequeno dispositivo de ver imagem: monóculos
Capítulo de livro de Elinaldo da Silva Meira publicado em EDUEPB – Editora da Universidade Estadual da Paraíba.
Elinaldo Meira A história da Fotografia também se faz pela oralidade, pelos meios de produção de imagens e pelo trabalho de empreendedores ousados. A pequena história dos monóculos de meio quadro fotográfico é marcada pela memória dos que guardam este registro, pelos que produziram e comercializaram o produto e por conexões que estabelecemos com autores que tratam dos processos de criação, da velhice e da história corrente da Fotografia. Propõe-se uma metodologia da escuta de profissionais para a investigação da face brasileira da história dos meios populares de produção e propagação fotográfica. (A publicação encontra-se no e-book “Cartografia da Folkcomunicação” – p. 415 e seguintes)
Autor(a/es/as)
Elinaldo da Silva Meira (http://lattes.cnpq.br/0816849762400016, @cangucu.de.fuzue)
Local de publicação
EDUEPB – Editora da Universidade Estadual da Paraíba
Acesse a publicação completa em Procurar por “Cartografia da Folkcomunicação”
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Shomei Tomatsu e a Globalização
Foto expressa críticas à invasão da cultura norte-americana no Japão.
A fotografia foi feita no ano de 1959. Nela é possível perceber vários elementos que são metáforas para o ressentimento que muitos japoneses, incluindo o autor da foto, tiveram após os ataques nucleares nas cidades de Hiroshima e de Nagasaki e a ocupação dos Estados Unidos.Shomei Tomatsu Após os Estados Unidos lançarem bombas atômicas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, matando mais de 100 mil pessoas, o Japão assinou sua rendição no dia 2 de setembro de 1945. Com isso, os EUA iniciaram a ocupação da ilha que durou até 1951. O intuito da ocupação era certificar-se de que o Japão não iria voltar a pôr em prática sua política expansionista e impedir que países soviéticos pudessem passar a exercer influência sobre a população e os governantes.
Durante o período da ocupação, os EUA se prontificaram a ajudar financeiramente o Japão, que estava em uma terrível crise econômica devido às exorbitantes perdas ocasionadas pela Segunda Guerra Mundial. Nesse tempo em que os Estados Unidos exerceram forte influência no país, muito da cultura e dos costumes americanos foram inseridos no cotidiano japonês. Com isso, o Japão entrou em uma fase na qual boa parte de seus habitantes passaram a consumir a cultura norte-americana, além de reproduzirem os hábitos característicos de países capitalistas, como por exemplo o consumismo desenfreado.
Muitos japoneses passaram a se ressentir ainda mais com os Estados Unidos, país que não somente foi responsável pela morte de centenas de pessoas , mas também pelo apagamento da cultura japonesa.
E é esse sentimento que Shomei Tomatsu expressa em sua fotografia. Ao fundo podemos ver vários indícios da cultura norte-americana no país. Todos os letreiros estão escritos em inglês, sendo possível identificar palavras como “bar”, “oásis”, “welcome”, “club” e “jazz”. E claro, também podemos ver um marinheiro americano uniformizado parado logo abaixo dos letreiros.
Em contraponto a isso, vemos uma garotinha japonesa em primeiro plano. Ela está inflando uma bolha de sabão, que cresce ao ponto de cobrir boa parte de seu corpo, dando a impressão de que ela está dentro de algum tipo de “redoma protetora”. Além disso, podemos ver também que atrás dela há vários ideogramas do alfabeto japonês escritos em um cartaz, eles também parecem estar envoltos nessa “redoma” metafórica criada pela bolha.
Através dessa análise, podemos traçar grandes paralelos com o ressentimento dos japoneses. Na foto, a cultura norte-americana está cercando a cultura japonesa por todos os lados, ocupando um maior espaço. O ressentimento é representado na imagem, justamente pela posição de todos os elementos, que deixam os ícones referentes aos americanos ocuparem a maior parte da composição, enquanto o que resta da cultura do Japão está reduzido a apenas um pequeno círculo. A cultura do país retratada na fotografia está encolhendo e sumindo, dela resta apenas uma bolha, que assim como na fotografia está prestes a estourar.
#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.
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CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Shomei Tomatsu e a Globalização. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/shomei-tomatsu-e-a-globalizacao/>. Publicado em: 25 de maio de 2022. Acessado em: [informar data].
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Shomei Tomatsu
Retratou o Japão pós guerra, abordando temas que vão desde os ataques a Nagasaki e Hiroshima até a invasão da cultura estadunidense em seu país
Tomatsu, iniciou sua carreira na fotografia enquanto estava no curso de economia da universidade de Aichi, onde foi responsável por fotografar os protestos estudantis, os quais ele era um grande apoiador. Seu primeiro trabalho de importância foi a exposição “Jünin no me” (Olhos de Dez), ocorrida em 1957.
Shomei Tomatsu Juntamente com os outros fotógrafos que participaram da Jünin no me, foi fundador da cooperativa Vivo, que mesmo tendo existido apenas de 1959 a 1961 teve um grande impacto na fotografia japonesa da época, já que abordou temas extremamente pertinentes, como os ataques nucleares às cidade de Hiroshima e Nagasaki, a ascensão de partidos de extrema direita e a invasão da cultura estadunidense, que gerou no Japão pós-guerra uma cultura de consumismo desenfreado.
Porém, Tomatsu não se destacou apenas por ter abordado esses temas, mas sim pela maneira que o fez. Diferentemente dos fotógrafos ocidentais da época, ele fugia da objetividade, já que suas fotografias focam em temas sensíveis de maneira extremamente sutil e subjetiva. Um bom exemplo disso é a foto que abre essa publicação, pois ao se referir aos ataques nucleares Tomatsu foge do olhar ocidental que buscava mostrar pessoas mutiladas e doentes devido à radiação. Em vez disso, ele consegue causar no espectador muito mais desconforto e repulsa pelas bombas nucleares apenas com uma garrafa plástica.
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Links, Referências e Créditos:
- ANG, Tom. Fotografia: O Guia Visual Definitivo do Século XIX a Era Digital. [tradução Thaïs Costa]. São Paulo, Publifolha, 2015
- MIchael Hoppen Gallery
- Oscar en Fotos
Como citar esta postagem
OLAVO, Pedro. Shomei Tomatsu. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/shomei-tomatsu/>. Publicado em: 23 de mai. de 2022. Acessado em: [informar data]. -
Lugares de passagem
Livro de Elinaldo da Silva Meira publicado em Editora Bluecom/São José do Rio Preto (SP)
Capa e fotografia: Elinaldo Meira “Lugares de passagem” é um inventário fotopoético nascido do contato de retorno aos sertões nordestinos a partir de 2011. A obra é composta por fotografias entre 2011 a 2015. O prefácio do livro foi realizado pela Profa. Heloisa Buarque de Holanda. Teve tiragem de 200 exemplares.
Autor(a/es/as)
Elinaldo da Silva Meira (http://lattes.cnpq.br/0816849762400016 | @cangucu.de.fuzue)
Local de publicação
Editora Bluecom/São José do Rio Preto (SP) (Editora Bluecom/São José do Rio Preto (SP)
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Orgulho e Paixão
A imagem, tirada pela fotógrafa lésbica e ativista Joan E. Biren (JEB), representa um marco: a luta por visibilidade e respeito das mulheres homossexuais. A foto foi capa do livro “Eye to Eye: Portraits of Lesbians” em uma época na qual a discriminação e o preconceito eram ainda mais acentuados que nos dias atuais.
Joan E. Biren As mulheres da imagem são Pagã e Katie, um casal lésbico que foi fotografado por Joan. Na figura, Pagã, a senhora de cabelos curtos e escuros, segura firmemente o rosto de sua amada e olha profundamente seus olhos. Katie, a mulher posicionada na esquerda, tem o cabelo longo e grisalho, o qual está trançado em volta de seu pescoço. Ela corresponde ao olhar apaixonado de sua companheira e esboça um sorriso singelo e delicado.
A foto me faz sentir paz e tranquilidade. O olhar das modelos me remete a lembrança de quando eu admirava assim alguém que amo, com aconchego e carinho. Me pego refletindo sobre o quanto elas devem se amar. Expressar publicamente um carinho que incomoda a tantos, em uma sociedade tão preconceituosa… acredito que é um símbolo de luta e enfrentamento da opressão.
Ambas as mulheres tinham o desejo de ter seu amor fotografado e registrado, uma vez que não se enxergavam representadas em nenhum espaço. Então, Joan – que também é uma mulher lésbica que se sentia excluída socialmente – teve a ideia de criar um livro com imagens de mulheres homossexuais reais. O álbum foi intitulado como “Eye to Eye: Portraits of Lesbians” e retratava o cotidiano dos casais. Mas, por essa época se caracterizar por ser extremamente homofóbica e preconceituosa, a fotógrafa e as modelos corriam muitos riscos: desde perder a guarda dos filhos a serem deportadas do país.
Nesse contexto, o livro torna-se ainda mais lindo e emocionante para mim, porque mesmo diante do perigo, as modelos assumiram o risco em prol de validar suas existências. Ou seja, perante tanta discriminação e discurso de ódio; o respeito, o carinho e o afeto prevaleceram.
O ensaio fotográfico, feito na década de 70, segundo JEB, tinha o objetivo de mudar como a sociedade enxergava as lésbicas. Lendo este livro, me peguei refletindo se hoje – Abril de 2022 – a sociedade teve ou não uma evolução considerável em relação àquela época. Afinal, ainda nos dias atuais, o Brasil é o país que mais mata homossexuais no mundo. Não nos sentimos livres nem para amar. Não nos sentimos livres para viver, porque temos que estar atentos para sobreviver.
Além disso, a representação do grupo LGBTQIA + é limitada. Falando estritamente do recorte lésbico, há poucos romances sáficos, por exemplo. A maior parte é clichê heteronormativo, que restringe-se a abordar a vivência de apenas uma parcela da população. Enquanto as outras, são excluídas socialmente de diversas maneiras. Filmes também são em sua maioria heterossexuais. Os poucos que abrangem a comunidade queer, trazem uma visão pejorativa, mais voltada para o sentido da libertinagem.
Por isso, ativistas como Joan E. Biren exercem um trabalho tão importante: o de promover o respeito na sociedade. Movimentos acolhedores como esse trazem esperança de um futuro livre e com muito amor.
#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.
Links, Referências e Créditos
Como citar esta postagem
SOARES, Maria Clara. Orgulho e Paixão. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/orgulho-e-paixao/>. Publicado em: 18 de mai. de 2022. Acessado em: [informar data].