Ano: 2020

  • Pássaro do Oriente

    Um filme misterioso e que usa sua fotografia para criar uma atmosfera única.

    Todo mês diversos filmes entram na plataforma da Netflix, e em meio a dezenas de lançamentos, algumas boas produções passam um pouco despercebidas. É o caso de Pássaro do Oriente, lançado em 2019, dirigido por Wash Westmoreland e baseado no livro homônimo da britânica Susanna Jones. O filme conta a história de Lucy, uma mulher sueca que tem uma vida solitária no Japão, até conhecer um fotógrafo e uma americana recém-chegada.
    Legenda: pôster do filme (2019)
    Descrição: montagem que mostra três pessoas dentro de um círculo em posições diferentes, com as informações sobre o filme escritos ao redor.
    A primeira cena do filme já nos revela algo chocante: um desses personagens está desaparecido e um corpo semelhante ao dessa pessoa foi encontrado. A partir disso a história é contada em flashbacks, acumulando situações aparentemente cotidianas, em que os personagens revelam um comportamento cada vez mais estranho, trabalhando temas como culpa e obsessão. O elenco transmite muito bem essa sensação de intriga e de falso conforto.
    O longa não tem uma narrativa muito convencional, e o ritmo é um pouco lento, mas mesmo com cenas mais “calmas”, ele consegue criar uma atmosfera de suspense incrível, principalmente graças a sua cinematografia. O diretor de fotografia Chung-Hoon Chung usa cores lavadas, pálidas, e em quase todos os momentos há pouca luz em cena. Há uma escuridão constante, o que faz com que o espectador fique sempre esperando algo ruim acontecer. Esse é um dos filmes que vi em que a fotografia mais contribui para contar a história.
    Legenda: cena do filme Pássaro do Oriente (2019)
    Descrição: dois homens encaram uma mulher em um interrogatório. As cores das roupas que as pessoas usam e do ambiente ao redor são tons frios.
    Aliás, a fotografia não está presente somente na parte técnica, sendo também um ponto fundamental da trama. O relacionamento entre a protagonista e o fotógrafo japonês é construído através de uma foto que ele faz dela enquanto ela passa na rua. A partir desse momento, ele cria uma fixação pela imagem da protagonista, que só vamos entendendo a medida que o filme caminha.
    Legenda: cena do filme Pássaro do Oriente (2019)
    Descrição: um homem segurando uma câmera observa algo fora do enquadramento em que um parque. 
    Pássaro do Oriente é um filme único da Netflix, um suspense intrigante e bem-construído, e que aborda diversas temáticas interessantes. Outro ponto interessante é que, por se passar no Japão, o filme explora uma língua, uma cultura e cenários diferentes dos filmes ocidentais. Mesmo se a história não te interessar, vale a pena conferir para ver como a direção de fotografia tem um papel fundamental na construção de atmosfera e suspense.
    Já assistiu ao filme? Comente suas impressões aqui embaixo com a gente! E para mais conteúdos sobre fotografia, siga nosso perfil no Instagram.

    Links, Referências e Créditos

  • Nan Goldin

    Nan Goldin

    Autorretratos chocantes; registros do universo sexual underground; memórias de uma juventude transviada. Conheça o mundo intenso da polêmica Nan Goldin!

    Conheci Nan Goldin em uma aula de fotojornalismo. Na ocasião, não estávamos ocupando-nos com conceitos ou técnicas de nossa área de atuação, apenas compartilhando obras de fotógrafos que gostávamos; imagens que nos moviam e inspiravam. A primeira imagem, que reproduzo logo no começo desta galeria, me deixou completamente fascinado.

    Nan Goldin. Nan e Brian na Cama, Nova York, 1983

    Havia algo ali, algo não visto; algo na forma como aquele casal se portava na cena; algo no jogo entre a forte luz alaranjada que iluminava o homem, tranquilamente fumando um cigarro, e a escuridão cobrindo aquela mulher – a própria fotógrafa – com um olhar que de início não pude decifrar, mas logo compreendi como medo/apreensão quando a segunda foto foi mostrada: ela, com o rosto coberto de hematomas e um olho completamente vermelho, tirada dias depois de ter sido violentamente agredida por aquele homem aparentemente tranquilo da imagem anterior, explicitando assim a violência que era antes apenas sugerida. 

    Nan Goldin é assim. Logo que começou a fotografar aos 15 anos de idade, usou a câmera como meio para a auto-expressão e registro do estilo de vida que levava na Nova York das décadas de 1970 e 1980, revelando tanto sua própria  intimidade como a daqueles que a cercavam. Assim, acabou mostrando questões que eram silenciadas na época, como a subcultura gay e transsexual, a epidemia do vírus HIV e o vício em drogas, especialmente a heroína.

    Sua série de slides exibidos de forma independente em 1985, The Ballad of Sexual Dependency (A Balada da Dependência Sexual), transformada depois em um livro de fotografias, sintetiza muito do que é o estilo de Goldin e o teor de suas imagens, sobretudo nesse começo de carreira que a consagrou: Autorretratos sem retoques, casais em momentos de intimidade sexual, travestis se maquiando, jovens divertindo-se na vida noturna sem pudores (e sem prudência), além de sua já citada relação abusiva com  o namorado, Brian Burchill.

    Confira abaixo algumas dessas fotografias íntimas, intensas e polêmicas, que já renderam até censura a uma exposição de Goldin no Brasil em 2011. 

    Uma mulher (Nan Goldin) é vista encarando diretamente a câmera. Possui hematomas ao redor dos olhos e nariz, com o olho esquerdo totalmente vermelho.
    Nan Goldin. Nan um mês depois de ser agredida, 1984
    Duas drag queens são vistas em um banheiro, uma negra de costas para a câmera, olhando-se em um espelho com um colar chamativo no pescoço e uma branca, que olha para a câmera com o rosto maquiado com batom vermelho, sombra de olho e pó facial branco.
    Nan Goldin. Jimmy Paulette e Tabboo! No Banheiro, 1991
    Duas drag queens são vistas em um táxi, olhando diretamente para a câmera. Ao lado esquerdo, Misty usa uma roupa escura justa ao corpo, brincos chamativos, maquiagem carregada e peruca azul. Ao lado direito, Jimmy Paulette usa um cropped dourado, maquiagem carregada e peruca loira. 
    Nan Goldin. Misty e Jimmy Paulette em um Táxi, 1991
    Um grupo de jovens é visto em um cômodo de uma casa. À frente, um garoto de costas usando blusa branca e calça jeans dança acompanhando uma garota usando vestido preto. Ao fundo, dois rapazes são vistos comendo, e ao lado deles, Nan Goldin aparece fumando um cigarro e olhando em direção à câmera. Há uma grande quantidade de objetos no cômodo, como pilhas de caixas e pôsteres colados nas paredes.
    Nan Goldin. Dançando na minha festa de aniversário, Nova York, 1980
    Um casal homossexual masculino é visto em uma banheira. Os dois rapazes estão nus e Um repousado sobre o corpo do outro, que lhe afaga os cabelos e lhe dá um beijo na bochecha.
    Nan Goldin. Matt e Lewis na banheira, Cambridge, 1988
    Nan Goldin. Matt e Lewis na Cama, Cambridge 1988

    Descrição: O casal homosexual é visto na cama.  Os rapazes aparecem abraçados e sorrindo, um sem camisa sobre o outro, que usa uma camisa escura.

    Nan Goldin. Rise e Monty se Beijando, Nova York, 1980

    Descrição: Um casal heterossexual é visto se beijando. O rapaz está sentado em uma poltrona branca e a moça está sentada em seu colo, com as mãos em volta de seu rosto e sobre seu cabelo.

    Uma garota usando um vestido branco com saia semi-transparente e fita no cabelo aparece fumando solitária sentada sobre uma cama de lona, lembrando as macas usadas por socorristas. Objetos como uma revista, um copo e uma lata de cerveja também estão presentes no ambiente.

    Nan Goldin. Trixie numa Cama de Lona, Nova York, 1979
    Um rapaz é visto deitado sobre o capô de um carro conversível. Seus olhos estão fechados e sua camisa branca está desabotoada até abaixo do umbigo, revelando seu peito e barriga.
    Nan Goldin. French Chris no Conversível, Nova York, 1979
    Jovens são vistos em um carro. De perfil, sentados nos bancos, há uma moça e um garoto. Um outro rapaz é visto deitado sobre o capô do carro, com a cabeça apoiada por uma das mãos e uma lata de cerveja em sua frente.
    Nan Goldin. French Chris no drive-in, Nova Jersey, 1979
    Dois homens são vistos. Um deles está deitado em uma cama de hospital, visivelmente magro e debilitado. Trata-se de uma vítima de HIV/ AIDS. O outro, saudável, está de pé ao seu lado e dá-lhe um beijo sobre o nariz.
    Nan Goldin. Gotscho Beijando Gilles, Paris, 1993
    Um rapaz sem camisa é visto submerso em uma banheira cheia de água. Seus olhos estão fechados e suas mãos cobrem seu nariz. 
    Nan Goldin. Clemens Debaixo D’água, Sag Harbor, Nova York
    O reflexo de Nan Goldin é visto em um pequeno espelho pendurado em uma das paredes de um banheiro. Uma banheira é vista parcialmente.
    Nan Goldin. Autorretrato no banheiro azul, Londres, 1980

    Gostou da galeria? A minha foto favorita é a do Matt e Lewis na banheira. Gosto do romantismo nela por transparecer realidade, longe da pieguice dos ensaios de casal.

    Qual é a sua? Conta pra gente qual você gostou mais nos comentários!

    Referências:

    LARRAT-SMITH, Philip; GOLDIN, Nan. Embalos Noturnos. Revista Zum 8, 2017. Disponível em <https://revistazum.com.br/revista-zum-8/embalos-noturnos/> Acesso em 29 de Jun. de 2020

    Links:

  • Filmes Fotográficos

    Filmes Fotográficos

    No mercado atual os sensores digitais predominam, mas muitos ainda utilizam o filme e continuam essa importante parte da história da fotografia.

    O daguerreótipo foi uma das primeiras tecnologias fotográficas desenvolvidas, ela conseguia fixar imagens de maneira até então nunca vista. Porém ainda era uma tecnologia cara, o procedimento para sua preparação era complexo e os equipamentos necessários eram pesados. Isso motivou inventores como Richard Maddox e George Eastman a desenvolverem o que hoje chamamos de filme fotográfico.

    A imagem consiste em três pedaços de filme dispostos em uma superfície branca.
    moritz320 | Pixabay

    Foi em 1871 que o físico Richard Maddox expos no British Journal of Photography sua ideia de utilizar placas de vidro revestidas com gelatina misturada com brometo de cádmio e nitrato de prata para fixar imagens. Sua invenção possibilitou que o tempo de exposição necessário para captar a imagem ficasse mais rápido e as câmeras menores.

    Os rolos de filme que conhecemos hoje foram inventados por George Eastman em 1889, eles eram feitos de nitrocelulose coberta com uma mistura de gelatina e cristais de halogeneto de prata. Com o intuito de comercializar sua invenção Eastman fundou a empresa Kodak, que foi pioneira na criação de câmeras cada vez menores e mais fáceis de usar.

    Atualmente é possível encontrar uma grande variedade de filmes fotográficos. É importante entender as propriedades de um filme antes de utilizá-lo. Eles podem ter vários tamanhos diferentes, sendo o de 35mm o mais comum deles. Outro fator importante de se observar é a composição, os filmes podem ser feitos de vários elementos químicos e, por isso, proporcionam pigmentações diferentes.

    Mas o elemento mais importante a ser observado é o ISO, que na fotografia química recebe o nome de ASA. Nas câmeras digitais podemos alterar o ISO a qualquer momento, mas nas câmeras analogicas é preciso trocar o filme, o que só pode ser feito depois de ter usado todas as poses, então é preciso pensar antes de sair fotografando.  Os filmes podem variar de ASA 32 a 3200, e vale lembrar que quanto maior a ASA maior o granulação das fotos.

    Muitos pessoas consideram as películas fotossensíveis ultrapassadas, porém ainda existem muitos fotógrafos que preferem fotografar com elas, seja pelo saudosismo, pelo mistério de não saber o resultado final da foto, ou pela materialidade da fotografia analógica. Esse é o caso do britânico Lewis Khan, fotógrafo emergente no mundo da fotografia e do documentário, vencedor do Shuffle Film Festival em 2016.

    No centro da foto vemos um garoto de cabelos loiros e olhos azuis encarando a câmera. Do seu pescoço para baixo ele está enrolado em um tecido branco, que dá a entender que alguém estava cortando seu cabelo. O fundo da foto está desfocado mas é possível perceber uma parede de tijolos a esquerda, e uma árvore com folhas verdes à direita.
    Foto de Lewis Khan; sem título; 2017

    A foto acima, que integra o projeto Fictions, foi feita por Khan quando ele estava em Cuba fotografando um festival de fogos de artifício. Todas as fotos foram feitas com filme, já que o fotógrafo diz se dar  melhor com as câmeras analógicas, pois, segundo ele, elas exigem que se tenham mais cuidado na hora de fotografar, já que você terá um número limitado de “cliks”, e não vai poder ver o resultado imediatamente.

    Se você se interessa em fotografar com filme não é difícil encontrar eles a venda em sites como eBAY ou mercado livre. A empresa Kodak mantém até hoje sua produção de filmes, e devido a uma considerável  aumenta na demanda, a produção dobrou desde 2015. E para ter informações sobre tipos específicos de filme vale a pena checar o site Filmtypes.

    Deixe seu comentário aqui embaixo sobre o que você achou da história dos filmes e desse excelente fotógrafo! E não se esqueça de nos seguir no Instagram para ficar por dentro de todas as nossas postagens e ver os conteúdos exclusivos que temos lá!

    Fontes, Links e referências 

    Como citar esta postagem

    CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Filmes Fotográficos. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/fotografetododia-filmes-fotograficos/>. Publicado em: 19 de out. de 2020. Acessado em: [informar data].

  • Era Uma Vez No Oeste: Fotografia e Música

    Era Uma Vez No Oeste: Fotografia e Música

    Nesta obra de Sergio Leone a fotografia se encontra com a música de Ennio Morricone para criar um dos mais icônicos westerns já feito.

    Era Uma Vez No Oeste é um filme do gênero Spaghetti Western, dirigido Sergio Leone e lançado em 1968. Por buscar fugir dos clichês dos filmes de sua época e por ter um ritmo muito lento, ele foi mais um dos filmes que no lançamento foram fracassos de bilheteria e crítica, mas que no decorrer de vários anos passou a ser visto como revolucionário, e hoje, ele é considerado como o ápice dos filmes de velho-oeste.

    No pôster do filme vemos os rostos dos três protagonistas e do vilão no canto inferior direito, e logo ao lado um desenho de uma das cenas de tiroteio do filme.
    Pôster do Filme

    O filme tem como protagonistas três personagens: Cheyenne, um chefe de gangue. Jill, uma prostituta de Nova Orleans que se casa e vai para o oeste viver com seu marido. E por último Harmônica, um homem misterioso que busca vingança contra um pistoleiro chamado Frank.

    Quando Jill chega em sua nova casa descobre que seu marido foi morto, o assassino é Frank, que tenta forjar evidências para culpar Cheyenne, com isso os caminhos dos protagonistas se entrelaçam e eles partem em busca de vingança.

    Por mais que o enredo  pareça um clichê de heróis vingativos, a progressão da história mostra que os personagens são bem mais complexos do que aparentam, demonstrado uma quebra das convenções do seu gênero.

    Não é só na narrativa que ele foi contra as convenções de sua época. Para esse projeto, Sergio Leone, Pediu que o compositor Ennio Morricone compusesse a trilha sonora antes mesmo de começar as filmagens, assim toda a direção de fotografia teve como base a trilha sonora. Por isso, movimentação de câmera, iluminação, saturação das cores e posição dos personagens conversam perfeitamente com a música. 

    Um bom exemplo é a cena na qual os três personagens principais se encontram pela primeira vez. Ela acontece dentro de um bar escuro, Jill e todos presentes no local estão tensos com a chegada de Cheyenne, o silêncio predomina enquanto ele abre uma garrafa de bebida, mas é interrompido pela música de uma gaita, a música é aguda, áspera e muito misteriosa, combina perfeitamente com a atmosfera do lugar. Cheyenne olha para o lado onde está sentado um homem imerso em sombras, a música começa a ficar mais alta e Chayene joga um lampião em direção a figura misteriosa e nos revela Harmônica.

    A maneira como Leone usa as sombras, e planos detalhes nos personagens para compor o sentimento de suspense e perigo é complementada, com maestria, pela trilha sonora, resultando em uma das melhores introduções de personagens do cinema. Esse elo entre a fotografia e música é revolucionário, não somente por criar uma atmosfera de suspense na cena, mas também por contar a história sem  a necessidade de falas.

    Hoje temos uma famoso diretor de cinema que se inspira muito nesse filme e que ficou famoso por usar essa mesma técnica! Você sabe quem é? Deixe a resposta aqui nos comentários! E não se esqueça de nos seguir no Instagram para ficar por dentro das novas postagens, e ver os conteúdos exclusivos que publicamos por lá!

    Fontes, Links e referências.

    Como citar esta postagem

    CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Era Uma Vez No Oeste: Fotografia e Música. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/era-uma-vez-no-oeste-fotografia-e-musica/>. Publicado em: 16 de out. de 2020. Acessado em: [informar data].

  • Paula Sampaio

    Paula Sampaio concilia sua visão subjetiva com denúncias sociais. Confira um pouco de sua história e seu projeto de maior destaque, o Fronteiras!

    Com tradições marcadas pela fotografia documental, Paula Sampaio, compõe belas imagens a partir de pontos de vistas diversificados, em que evidencia sua sensibilidade e interação com os retratados. Natural de Belo Horizonte, MG,  Paula Gomes Sampaio (1965), muda-se para Belém em 1982, onde passa a praticar aulas de fotografia na Oficina Fotoativa. Em 1987, começa a trabalhar como fotógrafa nos jornais Diário do Pará e O Liberal. 
    Forma-se em Comunicação pela Universidade Federal do Pará – UFPA, em 1990.  No mesmo ano, Sampaio dedica-se a documentação das comunidades que vivem a margem das rodovias Belém-Brasília e Transamazônica, a série recebe o nome de Fronteiras, sendo seu projeto de maior destaque. Neste trabalho, as fotografias retratam as condições precárias das pessoas que moram nessas regiões e ainda, aborda alguns aspectos da cultura local e memórias orais do dia-a-dia. 

    Rodovia Belém- Brasília: Porto Franco, MA, Paula Sampaio, 1997
    Rodovia Belém- Brasília: Porto Franco, MA, Paula Sampaio, 1997
    Com o ensaio Fronteiras, a fotógrafa recebe, em 1993, o 4º Prêmio Marc Ferrez de Fotografia da Fundação Nacional de Arte (Funarte). Especializa-se em Comunicação e Semiótica pela PUC–MG. E em 1997, conquista uma bolsa do Mother Jones International Fund for Documentary Photography, nos Estados Unidos. 
    No início dos anos 2000, torna-se editora assistente do jornal O liberal e fotógrafa do Instituto  de Artes do Pará. Em 2004, dá continuidade ao registro da colonização na Amazônia. Em 2005, publicou o livro Paula Sampaio, da Coleção Senac de Fotografia. Foi responsável pelo Núcleo de Fotografia do Centro Cultural SESC Boulevard, de Belém/PA(2009–2018). Atualmente, ela continua desenvolvendo ensaios e projetos de teor social e conta com um vasto catálogo fotográfico. 

    Confira agora, uma seleção de imagens, da fotojornalista, Paula Sampaio!

    Rodovia Belém/Brasília, Município de Divinópolis/MA, Paula Sampaio, 1998
    Acauândia, Belém-Brasília, Paula Sampaio, 1998
    Rodovia Belém- Brasília: Carvoaria, Paraçominas, PA, Paula Sampaio, 1997
    Sem- Terra Urbanos; Invasão Riacho Doce, Bairro do Guamá, Belém, Paula Sampaio, 1995
    Sem Título, Paula Sampaio, 1997 

    E aí o que acharam da #Galeria de hoje? Um belo trabalho não é mesmo? Deixe suas impressões e comentários aqui, ou no nosso Instagram! Te aguardamos. 

    Referências

  • Usando o flash com criatividade

    Usando o flash com criatividade

     No encerramento da série, conheça algumas possibilidades criativas do flash!

    Ao longo das últimas semanas, publicamos uma série de textos na seção #fotografetododia sobre os usos do flash, passando desde as diferenças entre flash embutido e dedicado nos resultados que proporcionam nas fotos até por noções quanto ao uso da potência e do zoom ao usar o speedlight. Hoje, para encerrar, traremos alguns exemplos de usos criativos do flash, permitindo efeitos bem interessantes.

    É possível alterar completamente a cor e temperatura de uma imagem ao aliar o flash de forma indireta e alguma superfície da coloração desejada, como um tecido, por exemplo. Para isso o flash deve estar voltado para tal superfície, que ficará fora do campo que será fotografado pela câmera. Esse truque funciona melhor em ambientes com menor incidência de luz para que o flash possa colorir o primeiro plano de forma mais intensa.

    Na imagem de Peter Kaaden feitas para um editorial de moda da revista INDIE Magazine, é possível notar a coloração avermelhada sobre a modelo. Esse efeito pode ser alcançado com mais de uma maneira, mas uma delas é o uso do flash associado a uma superfície vermelha ou um filtro utilizado acoplado ao flash.

    Uma mulher é vista com os cotovelos apoiados sobre uma superfície e as mãos cobrindo parcialmente nariz e boca. Usa óculos escuros e tem a cabeça coberta por um casaco escuro. 
    Peter Kaaden. 2017

    Já o fotógrafo francês Francis Giacobetti possui uma série de fotografias chamadas Zebras – Listras Ópticas, que apresenta corpos nus vestidos unicamente com listras feitas a partir de sombras. As fotos possuem visivelmente um trabalho de pós produção a fim de atingir os tons de preto e branco desejados, com um forte contraste na relação entre a luz e as sombras. Esse tipo de efeito que pode ser construído com a utilização de flash e objetos que possam projetar sombras nas formas desejadas.

    Uma mulher nua aparece deitada com os braços estendidas acima da cabeça e as pernas cruzadas. Sombras em forma de listras cobrem seu corpo, escondendo seus olhos, mamilos e sexo. 
     Francis Giacobetti. Zebras – Optic Stripes, 2012.

    É também possível usar o flash aliado à outras técnicas para conseguir efeitos diversos. É o caso do uso da longa exposição, em que os movimentos diante da câmera são capturados e surgem borrados. Ao usar o flash , é possível congelar o primeiro plano e preservar o efeito da longa exposição no restante da foto, como pode ser visto na série de fotografias feitas por Gjon Mili com a participação de Pablo Picasso para a revista Life em 1949. Para conseguir tal efeito, foi usada a técnica de longa exposição para capturar os movimentos que Picasso fazia ao “desenhar com a luz” em um quarto escuro. Picasso aparece em várias posições ao mesmo tempo devido aos vários disparos do flash durante o registro. Porém, é preciso ter em mente que os resultados ao aliar técnicas como essa podem ser diversos, podendo ser ou não satisfatórios. O melhor é testar, fazendo experimentos e ajustes para conseguir os efeitos desejados. 

    Pablo Picasso é visto em pé usando uma luz elétrica para desenhar formas do ar que são capturadas pela técnica de longa exposição. É possível vê-lo borrado em outras posições. 
    Gjon Mili. Pablo Picasso, South of France, 1949.

    E aí? O que achou da nossa série sobre os usos do flash? Esperamos que tenha entendido melhor os usos desse equipamento e que essa conclusão possa ser um incentivo a experimentar ideias usando ele. Conta pra gente as suas opiniões, dúvidas e dicas aqui nos comentários! Vamos adorar ver o debate se expandindo. Aproveite também para acompanhar o projeto no instagram e assine a nossa newsletter para ficar por dentro do universo da cultura fotográfica. 

    Até semana que vem com mais um #fotografetododia!

    Links, Referências e Créditos

  • Retratos de Uma Obsessão

    Nessa história, acompanhamos Seymour Parrish (Robin Williams), um homem pacato, que trabalha no guichê de revelação fotográfica de um supermercado. O filme é contado em uma narrativa em flashback, onde conhecemos a história da família Yorkin que foi alvo da obsessão de Sy.

    O filme retrata a vida solitária de Seymour Parrish, um revelador de fotos, que se torna obcecado por uma família que revela fotos em sua loja.

    Vemos um homem com uma câmera vermelha em direção ao rosto no centro da imagem, com o nome do filme logo embaixo e um homem de costas.
    Capa do filme Retratos de Uma Obsessão

    Através dos filmes que os Yorkins levam para serem revelados, Sy se torna obcecado pela família e passa a acompanhar bem de perto a vida deles. Essa família sequer imagina que Sy conhece os principais momentos registrados na vida deles. Ele revela fotos a anos e conhece várias pessoas pelas imagens, mas é no material da família Yorkin que ele projeta seus desejos diante de uma vida chata. É através dessas fotos que ele cria em sua cabeça uma história por trás do que está retratado, criando uma ideia de que tudo é perfeito.

    A família perfeita e o indivíduo solitário são os elementos usados pelo diretor Mark Romanek para criar esse drama. A Iluminação serve para enfatizar a diferença entre os três mundos mostrados na tela, o da imaginação de Sy e os da vida real. A loja Savmart tem um colorido quase hiper-realista. Sua casa é toda branca, fria. E a casa dos Yorkins é cheia de cores quentes, aconchegante.

    Cena do filme “Retratos de Uma Obsessão”

    No decorrer do filme, Sy observa a família amadurecer por meio das fotografias, mas como elas são suas únicas fontes de informação, ele acaba percebendo que aquelas pessoas não são exatamente quem ele imaginava. Depois de receber uma série de fotos que ele julga inapropriadas, sua obsessão ganha novos rumos, e vai se tornando cada vez mais perigosa. Na minha opinião, o filme cria um grande paralelo com a nossa vida atual, onde a gente acompanha a vida de muitas pessoas pelas redes sociais e se baseia só nisso quando diz que a vida de alguém é perfeita.

    Tem uma hora no filme que Sy fala que “Ninguém tira fotos das pequenas coisas, mas são elas que fazem a vida”. No final, nós espectadores somos lembrados disso de um modo devastador.

    Durante todo o filme, Sy mantém uma relação profunda com a fotografia, uma relação de respeito, afeto e admiração. O que é uma coisa muito compreensível se olharmos como sua vida é, porque ele se apega na ideia de que somente registramos momentos felizes, que não queremos esquecer.

    Agora é a sua vez, assista ao filme Retratos de uma obsessão e conta pra gente qual a sua opinião sobre Sy e a maneira como ele leva sua vida.

    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

     

    Links, Referências e Créditos

    Como citar essa postagem

    COSTA, Clara. Retratos de uma obsessão. Cultura Fotográfica. Publicado em: 9 de out. de 2020. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/retratos-de-uma-obsessao/. Acessado em: [informar data].

  • Araquém Alcântara e o programa Mais Médicos

    Araquém Alcântara e o programa Mais Médicos

    Araquém visitou 38 cidades de 20 estados para fotografar o dia a dia de médicos e pacientes do programa Mais Médicos.

    Araquém Alcântara é um jornalista que ficou famoso por ser um dos pioneiros na fotografia de natureza no brasil. Ele já produziu mais de 70 livros, 80 exposições e já recebeu mais de 30 prêmios por seu trabalho.

    Médico Cubano Sael no sertão Sergipano
    Médico Cubano Sael no sertão Sergipano
     

    Foi devido a sugestão de um amigo que Araquém decidiu viajar pelo país passando por várias cidades e estados para fotografar o programa Mais Médicos. O resultado de suas viagens foi publicado no livro “Mais Médicos”, onde Araquém conta histórias dos médicos e médicas, em sua maioria cubanos, e dos pacientes das regiões atendidas pelo programa.

    Em muitos dos locais em que Araquém visitou, os médicos do programa eram os primeiros profissionais da saúde entrarem em contato com os moradores da região, e o fotógrafo conseguiu captar nas fotografias tanto a alegria das pessoas ao serem atendidas pelos médicos,  quanto também o amor que esses profissionais têm por sua profissão e a maneira humana e carinhosa com que eles buscavam atender seus pacientes.

     
    Médico Cubano Dr. Alberto Aquilino atendendo a uma criança em Igreja Nova AL
    Médico Cubano Dr. Alberto Aquilino atendendo a uma criança em Igreja Nova AL
    Médico albanês Dr. Artan Cekaj atendendo na zona rural de Maquiné RS
    Médico albanês Dr. Artan Cekaj atendendo na zona rural de Maquiné RS
    Médica Cubana Dr. Aimée Pérez em Igreja Nova AL
    Médica Cubana Dr. Aimée Pérez em Igreja Nova AL
    Médico cubano Dr. Jaroslav Fleites Martinez que atende moradores do Bairro Aparecida, no município de Antônio Prado RS
    Médico cubano Dr. Jaroslav Fleites Martinez que atende moradores do Bairro Aparecida, no município de Antônio Prado RS
    Médico cubano Dr. Jean-Gardy Merceus que atende moradores de comunidades ribeirinhas no município de Manacapuru AM
    Médico cubano Dr. Jean-Gardy Merceus que atende moradores de comunidades ribeirinhas no município de Manacapuru AM

    Eae, gostou das fotos desse excelente artista? Você pode comentar suas impressões com outros aficionados pela fotografia no nosso grupo do Facebook!

    Como citar esta postagem

    CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Araquém Alcântara e o programa Mais Médicos. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/galeria-araquem-alcantara-e-o-programa-mais-medicos/>. Publicado em: 07 de out. de 2020. Acessado em: [informar data].

  • A estética fine art de “O ano passado em Marienbad”

    Já ouviram falar em  Fine art? O filme “O ano passado em Marienbad” é referência conceitual e estética dessa técnica.

    Resultado de um impulso artístico e estético, pautado nas abordagens pessoais do autor, que reflete seus desejos, ou inquietações em um formato fantasioso ou crítico. A fotografia “Fine Art” ou “arte fina”, em tradução literal, é um recurso amplamente usado no mundo fotográfico, que abrange diferentes aspectos do processo fotográfico. 
    Cena do filme “O ano passado em Marienbad”| Captura de tela

    Para compreender a fotografia fine art é necessário levar em consideração, aspectos referentes ao objetivo da criação, assunto, e as técnicas utilizadas durante o  processo. Entende-se que este recurso deve-se ser pautado no simples objetivo de se criar uma obra de arte, ou seja transpor a aparência literal da cena ou do assunto escolhido. Em outras palavras constituir uma imagem que partilhe uma visão própria, uma representação metafórica da imagem.  Vale ressaltar, que este modo de fotografar surge com um discurso de enaltecimento do único e do original. Desse modo, a fotografia composta sob tais características será um produto exclusivo, e de luxo. Como consequência o uso o rótulo “fine art” está intrinsecamente ligado a valorização financeira do trabalho produzido. 
    Para esse tipo de fotografia, não basta a fotografia ser considerada bonita, deve-se levar em conta o conteúdo emocional da fotografia. Para esse fim, o assunto da imagem deve ser uma resposta da expressão emocional do artista que deverá se manifestar através da composição da cena,  escolha do ângulo, exposição, enquadramento, o uso de curvas, linhas, elementos visuais, entre outros. 
    O foco de uma fotografia “fine art” é qualitativo e não quantitativo. Desse modo é importante destacar que não se trata de uma produção de viés publicitário ou comercial, mas sim, de viés artístico. Vale ressaltar a existência de um processo de impressão “fine art”, no entanto, apenas a utilização desse processo não garante a configuração conceitual da fotografia “fine art”. 
    No longa metragem “O ano passado em Marienbad” (1961) o diretor de fotografia  Sacha Vierny, realizou belas composições em “fine art”. Elucida-se que a cinematografia ou fotografia no cinema é recurso que diz respeito a captação das imagens, à impressão do que será visto pelo espectador. Em que se transforma o texto em imagem. Nesse panorama, nasce o projeto conceitual do filme considerado um clássico do cinema francês. 
    Cena do filme “O ano passado em Marienbad”| Captura de telaAdicionar legenda

    A fotografia, em tons preto e branco permitem uma abstração do real. A linha vertical traçada à partir do horizonte, remete ao perspectivismo italiano,  a partir da ideia de ponto de fuga, uma técnica bastante utilizada na pintura, constroi-se um cenário retilinio, que remete a ideia de  um tabuleiro de jogo, com peças espalhadas.   

    Cena do filme “O ano passado em Marienbad”| Captura de tela
     


     Além de belos cenários, o filme é torneado por um exagero estético. A protagonista exibe um luxuoso vestido feito com penas negras, e no rosto carrega uma expressão atordoada.

    Cena do filme “O ano passado em Marienbad”| Captura de tela

    Nessa cena, temos uma fotografia construída em um jogo de luz e sombra, sob um cenário de escadaria, levando a um ar de abstração. Destaque para as sombras. 

    Cena do filme “O ano passado em Marienbad”| Captura de tela

    Enquadramento sobreposto. Jogo de reflexos, composição intimista. 

    Cena do filme “O ano passado em Marienbad”| Captura de tela

    Uso de poses, novamente uma composição intimista, escapam a imagem a estética do belo, do luxuoso.
    “O ano passado em Marienbad” aborda de modo ímpar e não convencional questões relativas a tempo e memória. Sob a história de um amor extraconjugal que se prescreve a partir de um diálogo por lembranças com a outra parte que mostra-se não lembrar da história. Neste panorama a significância emocional criada pela fotografia está no uso de planos com poses e olhares bem marcados, a escolha de extremos de iluminação, claro e escuro. Em tons preto e branco que delineiam a abstração proposta no filme. 

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    Referências

    • Portal Intercom. ALMEIDA, Alves. M. Fotografia fine art (belas artes) – conceituação, linguagens e processos de produção. 2018. 15. Universidade Paranaense, Cascavel, XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Cascavel – PR. 2018. 
    • Cinema em cena.
    • HACER.
     Já ouviram falar em  Fine art? O filme “O ano passado em Marienbad” é referência conceitual e estética dessa técnica.