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Sebastião Salgado |
Links, Referências e Créditos
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Sebastião Salgado |
Hoje, Sebastião Salgado vive em Paris, mas ele é natural da cidade de Aimorés, interior de Minas Gerais e nasceu no dia 8 de fevereiro de 1944. Além de ser um grande fotógrafo, ele é formado no curso de Economia pela Faculdade de Economia de Vitória (ES).
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Autor(a) desconhecido |
Salgado não se destaca apenas por ser um excelente fotógrafo, mas também pelo seu ativismo ambiental. Sebastião e sua esposa, Lélia Wanick, trabalham desde os anos 90 na recuperação de uma pequena parte da Mata Atlântica. Juntos, eles reflorestaram uma parcela de terra que possuíam e, em 1998, ela foi transformada numa Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). No mesmo ano, eles criaram o Instituto Terra que tem como missão reconstituir o ecossistema florestal da região de Aimorés, através de diferentes formas de intervenção, recuperando os processos ecológicos e contribuindo para a manutenção da biodiversidade local.
Ele também fez diversos registros fotográficos com essa temática. O projeto fotográfico “Amazônia”, por exemplo, mostra a importância da preservação da floresta e da demarcação de terras indígenas.
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Sebastião Salgado |
Chamada para ação
#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.
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Como citar esta postagem
Fotografia que mostrou para todos o maior garimpo a céu aberto do mundo.
Essa foto, realizada pelo fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado em 1986, revela a grande corrida do ouro que levou milhares de pessoas à Serra Pelada, no Pará, em busca de enriquecer. A imagem mostra uma cratera de 24 mil m2, de onde esses homens extraíram toneladas de ouro.
A imagem simboliza grande parte da história do Brasil, pois a busca pelo ouro gerou um processo de transformação no país, como por exemplo, o deslocamento do eixo político-econômico da colônia para sul-sudeste e a mudança da capital para o Rio de Janeiro. Além disso, o ciclo do ouro também está ligado com a exploração de pessoas pobres e pretas que eram a maioria nesses garimpos e no fim das contas não obtiveram qualquer benefício, história essa que se repete do Brasil colônia até a república.
Pensando na fotografia em si, esse formigueiro de homens afobados pelo enriquecimento, me causa uma sensação de desespero e agonia. A grande quantidade de pessoas aglomeradas nesse local aparenta desconforto. Sinto que eles realizam um trabalho extremamente desgastante tanto físico quanto mental. A cratera também pode retratar a assimetria entre os donos dos garimpos e os homens que garimpavam, em que os donos eram quem realmente ficavam com o ouro e os outros eram somente explorados nessa cratera subindo e descendo as escadas carregando sacos pesados, ou seja, a parte de cima, plana, seria o local do explorador e, o fundo do buraco, o dos explorados. Essa desigualdade na imagem representa a mesma que existe entre ricos e pobres no país.
Uma importante característica da foto é a escolha pelo preto e branco, estilo característico de Sebastião, que proporciona uma percepção mais profunda do que se fosse colorida. Essa junção de cores gera de forma intensa uma sensação de tristeza, acredito que o autor não queria retratar o ambiente precário das pessoas que estavam no garimpo de forma positiva, então, se a fotografia fosse colorida poderia diminuir o impacto dela. Essa escolha cria uma dramaticidade necessária para a cena, porque envolve também uma crítica social da corrida do ouro que também foi uma forma de escravização na época.
Na foto, a maior parte das pessoas são negras e isso mostra como a população preta de nosso país sempre esteve na base da pirâmide, sendo explorada de todas as formas possíveis, e, no fim, dificilmente são beneficiadas. Nesse contexto, foram usadas somente como mão de obra análoga à escrava, sem qualquer direito básico, como por exemplo, equipamentos de proteção individual, e no fim quem ficou com a maior parte do ouro foram os donos dos garimpos.
Isso que ocorreu em Serra Pelada não é uma história única. É a história do Brasil, que foi construído com o sangue da população preta, que desde a colônia mantém uma sociedade escravocrata. Portanto, o garimpo de Serra Pelada diz muito sobre o Brasil do passado e também sobre o do presente.
CALIXTO, Vitória. O formigueiro humano em Serra Pelada. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/o-formigueiro-humano-em-serra-pelada/>. Publicado em: 02/02/2022. Acessado em: [informar data]
Em sua última obra publicada, o fotógrafo Sebastião Salgado evidencia a opressão sofrida por trabalhadores do Garimpo de Serra Pelada.
Essa foto foi tomada no ano de 1986, quando Sebastião Salgado visitou o garimpo de Serra Pelada, no sudeste do Pará, enquanto produzia imagens para seu livro “Trabalhadores”, publicado em 1996. Mais de 30 anos depois, em 2019, o fotógrafo mineiro publica uma nova obra, chamada Gold com esta e outras fotografias, algumas já publicadas e umas inéditas.
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Foto de Sebastião Salgado, Sem Título, Garimpo de Serra Pelada, 1986 |
Sebastião não foi o primeiro a retratar o garimpo de Serra Pelada, o pioneirismo foi do fotojornalista português naturalizado brasileiro, Juca Martins, que conseguiu acesso alguns anos antes. Talvez o que difere o trabalho de um e de outro, seja o fato de Salgado não ver o local apenas como um fotógrafo ou jornalista, mas como um economista que possui um olhar treinado para perceber como o capitalismo explora a força de trabalho.
Esse seu modo de retratar as pessoas já rendeu a ele algumas críticas, como as da escritora Susan Sontag que o acusou de estetizar a miséria. No entanto, nessa imagem, e em toda a série de fotos, por mais que seja mostrada a miséria de muitos, é possível observar como o fotógrafo busca mostrar a força e empoderar o trabalhador através de pequenas nuances.
Não se pode afirmar, se foi proposital, ou apenas obra do acaso, mas o fotógrafo está em uma posição abaixo das pessoas fotografadas, captando-as em um ângulo conhecido como contra-plongée. Assim, o garimpeiro, que já parecia enorme em comparação com o guarda, toma uma dimensão ainda mais grandiosa. Além do ângulo de visão, também existem alguns outros detalhes técnicos pensados para dar ainda mais magnitude ao trabalhador.
Através de uma fotometria muito bem calculada, uma luz suave e com o uso do preto e branco, que é excelente para realçar textura, temos uma foto com contraste muito suave, realçando a musculatura do trabalhador fazendo com que ele pareça ainda mais forte. Tudo isso se complementa com o ato de rebeldia feito por ele.
Na foto vemos um dos trabalhadores desafiar a ordem imposta pelo estado segurando o cano da arma do policial. Vista de maneira subjetiva, nessa imagem percebe-se a força dos trabalhadores como um todo, a capacidade que eles possuem para desafiar o sistema que os oprime. O que fica ainda mais interessante pelo fato de Sebastião a compor em um plano médio com uma grande profundidade de campo, mostrando os rostos dos trabalhadores que estão ao redor, captando uma enorme gama de emoções em seus rostos.
Como Sebastião narra no texto de introdução do livro Gold, existiam postos da polícia militar espalhados por todo garimpo. Os agentes do estado eram colocados lá para manter a ordem e proteger os interesses da Companhia Vale do Rio Doce, que exercia enorme influência econômica e política no estado do Pará.
Por fim vemos uma foto, feita por um fotógrafo que sabe muito bem como utilizar elementos compositivos, tanto quanto técnicos, que é capaz de perceber a força e a esperança em meio a miséria e o caos e que consegue transformar alguns milésimos de segundo em uma forte crítica a todo um sistema e a sociedade que o sustenta.
Gostou da foto? Você tem uma interpretação diferente? Conta pra gente aqui nos comentários! E não se esqueça de nos seguir no Instagram para ficar por dentro de todo o nosso conteúdo!
CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Gold: Sebastião Salgado. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/leitura-gold-sebastiao-salgado/>. Publicado em: 25 de maio .
Já ficou em dúvida na hora de optar por fotos a cores ou em preto e branco? O texto de hoje é para você!
Os primeiros filmes fotográficos coloridos a serem comercializados foram os autocromos dos irmãos Lumiére que suurgiram em 1907, mas a fotografia colorida só começou a fazer mais sucesso com o grande público em 1942 com o lançamento do Kodacolor. Muitos fotógrafos se recusaram a fotografar com filmes coloridos em um primeiro momento. Henri Cartier Bresson foi um deles. Ele escreveu em seu livro “O Momento Decisivo” (1952) que filmes coloridos não deveriam ser usados devido aos tempos de exposição mais longos que eram necessários. Hoje, com a tecnologia digital, o sensor capta as informações de cor que podem ou não ser desprezadas caso deseje-se que a fotografia seja em PB. O próprio Bresson acabou cedendo e fotografou em cores posteriormente.
As fotos em cores caíram no gosto popular, e ao longo da década de 70 a maioria esmagadora das revistas publicaram fotos coloridas em suas capas e fotorreportagens, já que elas eram mais atrativas para o público e a tecnologia avançou e permitiu a impressão de fotos em alta definição. Com isso, o preto e branco passou a ser considerado obsoleto. Ainda assim, a fotografia em P&B não foi totalmente abandonada. Hoje, a decisão de se produzir uma imagem com cores ou sem elas não implica necessariamente uma limitação tecnológica. Ao contrário, princípios de composição e sentidos estéticos as tornam distintas da fotografia em cores.
Talvez você já tenha ouvido falar em cores primárias e secundárias, em tons quentes e tons frios e até mesmo na psicologia das cores. É possível começar a perceber que a composição visual e as cores presentes na foto podem fazer toda a diferença no resultado final. As fotos coloridas são ideais caso deseje-se passar sensações térmicas como calor e frio, sendo responsáveis pela sugestão de sensações que podem dizer tanto de um horário ou localidade geográfica, clima e até mesmo emoções humanas. Uma foto tirada durante o dia, em uma praia, mostrando uma família brincando feliz, usualmente trará a presença de cores quentes, como o laranja e o amarelo, enquanto uma foto mostrando uma pessoa em estado introspectivo, lendo um livro em um dia frio e chuvoso provavelmente terá cores frias, como tons de azul.
Ainda nesse sentido, as cores podem auxiliar na produção de uma narrativa fotográfica, já que as cores carregam significados, sendo cores quentes usualmente ligadas à sentimentos alegres, festivos e apaixonantes, enquanto as cores frias estão ligadas à tranquilidade, à introspecção ou à tristeza. Em geral, as fotos coloridas também prendem a atenção, em especial quando são trabalhados os contrastes e harmonias entre as cores.
Um exemplo de fotógrafo que trabalha bastante com a cor é o norte-americano David LaChapelle, que vem trabalhando com fotografia desde a década de 80 e tem um trabalho que mistura referências da arte clássica, barroca e elementos da cultura pop. LaChapelle trabalha sobretudo com fotos com cenários montados e muita pós produção, com tratamento de imagem e um uso de contraste forte, brilhante e chamativo nas cores, o que as dá ares de fantasia.
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David LaChapelle. This is My House. 1977. |
Na fotografia “This is My House”, é possível notar como a cor é um elemento chamativo e importante. Há uma harmonia nos tons pastéis do ambiente, como nas três casas vistas ao fundo, mas o tom de rosa elétrico presente nos trajes das modelos, uma mulher adulta e uma menina, ambas negras, também presente na casa na extremidade direita da imagem, roubam a cena e fazem com que a atenção concentre-se sobretudo nelas, permitindo também compreender que a casa, aparentemente envolta por completo em um tecido cor de rosa, é provavelmente a mencionada no título da obra. A casa onde residem as personagens retratadas, que posam para a câmera com atitude.
Já as fotos em preto e branco não transmitem a temperatura de uma cena, mas elas tem suas vantagens. Cores podem desviar a atenção do objeto principal da foto, mas isso não acontece no caso das fotos em preto e branco. Muitos fotógrafos preferem a ausência de cores na hora de fazer retratos, pois assim, há destaque para as expressões faciais ou padrões e formas geométricas.
Outra vantagem da ausência de cores nas fotos é que o contraste entre os locais iluminados e escuros fica muito mais claro. Por isso, fotos em preto e branco são excelentes quando o objetivo principal é retratar como a luz está se comportando. Do ponto de vista técnico, o preto e branco tem a vantagem de apresentar menos ruído que as fotos coloridas, além de ser uma escolha interessante para fotógrafos que pretendem usar a técnica do High Dynamic Range nos softwares de edição, já que o resultado da mesclagem de fotos em preto e branco tende a ser mais sutil que o das fotos coloridas.
O famoso fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado é um dos principais nomes da fotografia em preto e branco da atualidade. Todos os seus fotolivros publicados até hoje são compostos inteiramente de imagens em P&B. Segundo ele, esse tipo de fotografia faz com que o espectador tenha uma conexão maior com o objeto fotografado, seja ele uma pessoa, um animal ou uma paisagem. Muitos ainda consideram Salgado como sendo o responsável por reviver a fotografia em preto e branco depois que as coloridas tomaram conta dos jornais e revistas.
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Sebastião Salgado, Serra Pelada, 1986 |
Nessa foto, podemos ver várias das mais importantes características das fotos em preto e branco. O olhar do homem é o que mais chama a atenção devido ao grande contraste entre o branco da esclera e todo o ambiente à sua volta. A textura de suas roupas também é muito importante para a composição da foto, pois mostra bem como o homem está coberto de lama e isso ajuda a perceber as difíceis condições de trabalho em Serra Pelada.
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Sebastião Ribeiro Salgado nasceu em Aimorés, Minas Gerais, no dia 8 de fevereiro de 1944. Graduou-se em Economia, em Vitória, Espírito Santo, e fez pós-graduação na USP. Trabalhou como economista por alguns anos e, devido às perseguições da ditadura civil militar, se auto exilou em Paris.
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Autor desconhecido – Sebastião Salgado |
Em Paris, completou seu doutorado em economia e, entre 1971 e 1973, trabalhou para a Organização Internacional do Café, em Londres. Durante uma viagem para a África, realizou sua primeira sessão de fotos, com uma câmera emprestada pela esposa, Léila Wanick Salgado, e assim se encantou pela fotografia. A partir de 1974, volta a morar em Paris e trabalha como fotojornalista independente para agências como Sygma, Gamma e Magnum.
Em 30 de março de 1981, estava em Washington, Estados Unidos, capturando imagens para uma matéria que seria lançada pelo New York Times. Enquanto esperava a saída do presidente Ronald Reagan na porta do hotel, viu antes que seus colegas que John Hinckley Jr. erguera uma arma. Salgado realizou as melhores imagens do atentado contra o presidente norte-americano. Essas imagens rodaram o mundo, fazendo com que ele conseguisse atingir a independência financeira para investir em seus projetos.
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Segundos após tentativa de assassinato de Ronald Reagan, 1981, Sebastião Salgado |
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Kuwait, 1991, Sebastião Salgado |
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Serra Pelada (Man against Post), 1986, Sebastião Salgado |
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Estação de trem lotada em Bombaim, 1995, Sebastião Salgado |
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Filhotes de elefante-marinho-do-sul, 2009, Sebastião Salgado |
#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.
COSTA, Clara. Sebastião Salgado. Cultura Fotográfica. Publicado em: 27 de mai. de 2020. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/galeria-sebastiao-salgado/. Acessado em: [informar data].