Categoria: Fotógrafas e Fotógrafos

* Categoria de hierarquia superior.

  • Visages, Villages

    Em Visages, Villages, a cineasta Agnés Varda e o fotógrafo JR se aventuram pela França em um caminhão adaptado com uma cabine fotográfica onde eles transformam e ressignificam locais, muitas das vezes já esquecidos. Durante a viagem são feitas algumas paradas em pequenos vilarejos e lugares diversos onde o acaso coloca a dupla em contato com diferentes pessoas. O documentário tem uma grande carga sentimental, que chega até a despertar uma vontade de sair e conhecer pessoas novas.
    Na foto Jr e Agnes Varda atravessam uma rua. Ele veste um tênis branco, uma calça jeans uma blusa de frio preta e também usa um óculos e chapéu como acessórios. Agnes está na sua frente e usa uma calça cor vinho, sapatos pretos e uma blusa preta com bolas vermelha. Seu cabelo é branco com as pontas ruivas. No fundo é possível observar a caçamba de um caminhão com um lambe de um olho.
    Foto divulgação – autor não identificado
    Casas, containers, bunkers, fábricas, trens e ruínas são alguns dos cenários em que os artistas fazem algum tipo de intervenção. Através do contato com esse “outro desconhecido’’, que geralmente mantém ligações sentimentais com os locais, são pensadas fotografias que viram lambes (posters que variam de tamanho e são colados em espaço público), assim, participam da ornamentação desses espaços. Quando questionados o motivo das fotografias os artistas respondem que a imaginação é o limite. 
    Em uma parte de uma praia está um bunker abandonado e nele tem um lambe de uma menino. Ele está sentado com as pernas espichadas e as mãos sobre os joelhos.  Ele usa uma calça e uma blusa listrada. Ao lado do bunker é possível ver uma pessoa de calça e blusa preta.
    Cena de Visages, Villages
    O filme é gravado durante 18 meses e é possível ver que a relação harmônica de Varda e JR  não acontece somente através dos gostos em comum, mas sim pela diferença de idade, que é o que realmente parece deixar a viagem  com o ar de cumplicidade e afeto. Através de visitas a personagens íntimos para os dois como a avó de JR,  ao amigo de Varda, Jean-Luc Godard, e ao túmulo de Henri Cartier-Bresson os dois destrincham mais ainda essa viagem de autoconhecimento.
    Além de ter sido indicado ao Oscar, o filme ganhou o prêmio de melhor documentário no festival de Cannes em 2017. Visages, Villages nos mostra o processo de criação de importantes artistas e a importância do contato com o outro para suas criações.
    Quer saber mais sobre o processo criativo de grandes fotógrafos? A gente tem uma #dicade documentário! 
  • Chico

    Francisco José Silva Neto é um jovem fotógrafo, mas, com uma vasta experiência de vida. Hoje, ele viaja pelo mundo levando sua arte através da fotografia. Se você gosta de conhecer novos fotógrafos, não pode perder a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre ele.

    Francisco José Silva Neto nasceu no ano de 1995 em Maceió-AL, onde que viveu com sua família até meados de 2015. Foi neste ano que decidiu ir para SP atrás do seu grande amor, a Sthefany sua atual companheira. No meio do caos da mudança, sem querer, acabou descobrindo uma nova paixão: a fotografia. 
    Uma mulher branca com um vestido longo vermelho e um chapéu preto. no fundo uma paisagem com grama verde.
    Francisco Neto
    Chico, como é conhecido por todos, tem uma fotografia leve e encantadora, mas usa e abusa das cores e da criatividade. No seu portfólio fotográfico tem diversas experimentações de ângulos, efeitos e estilos. Ele passou por alguns lugares no Brasil, mas foi em Buenos Aires, capital da Argentina, que decidiu ficar. Ele deixa claro sua admiração e amor pela fotografia, que, para ele, é uma forma de poética de congelar o tempo e de mostrar o mundo através do seu olhar. Atualmente, ele concentra seu trabalho em portrait (retratos), passando pela moda e o turismo.
    Francisco usa as redes para divulgar seu trabalho, mais exatamente o instagram, lugar onde alcançou reconhecimento por registrar momentos únicos e mágicos. Quando navegamos pelo seu feed, podemos imergir dentro as fotos, sentindo um pouco do gostinho daquele momento. Chico também gosta de escrever e relata, sempre que possível, o que se passou naquele espaço de tempo. Isso, faz com que parte da experiência seja passada ao seus seguidores.

    Redes do Chico:

    Chicografia
    Chicografandobsas



    Siga também o nosso instagram: D-76_cultfoto

  • Light Painting

    O light painting é uma técnica que utiliza a luz para pintar e criar formas em diversos ambientes. Para conhecer um pouco mais e descobrir como se faz esse procedimento, basta ler esse post.


    Quando vemos uma foto com a técnica do light painting (pintura com a luz) surge varias duvidas a respeito de como é feito. Parece algo de outro mundo, porém, com algumas dicas, você também consegue.

    Foto do Hannu Huhtamo em um fundo azul escuro praticando a técnica do light painting com luzes brancas em formatos retangulares e retos
    Hannu Huhtamo

    Pintando com a luz

    Para realizar essa proeza com a fotografia precisamos focar no ISO, abertura e na velocidade . É importante lembrar-se de deixar seu aparelho já programado para fazer a foto em um lugar fixo, seja um tripé ou algo que lhe dê estabilidade. E claro, seu ponto de luz, esse fica a seu critério, pode ser lanterna, vela, diferentes estilos de fonte de luz.

    É possível realizar essa arte tanto com as câmeras profissionais, quanto com seu aparelho celular. Hoje temos infinidades de opções de configurações no modo manual dos smartphones. Para que tenhamos a luminância correta é imprescindível nos lembrarmos de três importantes parâmetros: ISO, abertura do diafragma e a velocidade do obturador. A fim de realizar o light painting é necessário ajustar a exposição para 4 pontos abaixo do necessário para captar a quantidade de luz normalmente adequada. Dessa forma, a imagem ficará totalmente escura. Mas, ao realizar esse ajuste na exposição é fundamental que ocorra uma longa duração, já que para produzir os desenhos requer um certo tempo.

    Hannu Huhtamo hoje mostra para o mundo suas obras de artes feitas com a luz. O finlandês aproveita as noites amenas do seu país para realizar suas façanhas. O fotógrafo gosta de chamar a escuridão de sua tela e a luz de seu pincel, dessa forma transforma as noites longas de verão em projeções surreais. Ele usa diversas variações de fontes luminosas, tais como: lanternas com variações de luz e cores, bastões com luminescência diversa e muitos outros instrumentos que sua criatividade permite imaginar.

    Imagem de uma das fotografias do Hannu Huhtamo em tons azuis, com formatos quadrados e triangulares
    Hannu Huhtamo – Waiting to be found

    Nessa foto é possível observar as diferentes nuances de luz, logo se entende que Hannu optou por mesclar ferramentas de luminosas. Vemos também como ele utilizou das técnicas descritas acima. Usou um local escuro e focou em seus pontos de luz para criar esse efeito, pintando tanto a escultura quanto o ambiente com a luz.


    Agora é sua vez de mostrar levar luz para todos os cantos. Tire suas fotos e aproveite de elementos como as luzes ao seu redor, como faróis, lanternas ou isqueiros. Nos marque através da hashtag (#Fotografetododia) ou do nosso instagram: D76_cultfoto.


    Referências:
    https://lightroombrasil.com.br/dicas-para-tecnica-de-pintura-com-luz-light-painting/
    https://www.hierophant.com.br/arcano/posts/view/Strength/4323
    https://www.flickr.com/photos/hhuhtamo/
    http://www.hannuhuhtamo.com/

  • Eduardo Trópia

    Filho de Milton Trópia, reconhecido retratista ouro-pretano, Eduardo Trópia possui a fotografia em seu sangue. Autor de diversas fotografias de Ouro Preto, o fotógrafo mineiro encanta e indaga a todos com a sua visão sobre a cidade.

    Filho de Milton Trópia, reconhecido retratista ouro-pretano, Eduardo Trópia possui a fotografia em seu sangue. Autor de diversas fotografias de Ouro Preto, o fotógrafo mineiro encanta e indaga a todos com a sua visão sobre a cidade.

    Nascido em 1956, Eduardo é filho do retratista Milton Trópia e da farmacêutica Maria José Trópia. Possui mais de 45 anos de experiência com fotografia. Começou a fotografar profissionalmente no início da década de 1980, em Ouro Preto. Mudou-se para Belo Horizonte no final da década de 1980, e a partir dessa data passou a trabalhar demasiadamente para agências de publicidade da capital mineira e de todo Brasil. Além disso, Eduardo Trópia foi repórter fotográfico da revista IstoÉ e do Jornal o Tempo. Seus trabalhos como freelancer foram publicados em diversas revistas como Los Angeles Time Magazine, National Geographic e Casa Cláudia.

    Assim como Alexandre Martins, fotógrafo que pode ser conhecido aqui, Eduardo Trópia também é participante do Coletivo Olho de Vidro na cidade de Ouro Preto. Nos dias atuais, trabalha também usando o artifício de sobreposições e outros recursos de montagem de imagens, muitas vezes fazendo releitura de antigos arquivos guardados pelo fotógrafo. Além de produzir outras séries de fotografia sempre tentando mostrar a cidade por outros ângulos e perspectivas, Eduardo mantém uma galeria de arte permanente e dá oficinas anuais de fotografias na cidade de Ouro Preto. 

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

    Filho de Milton Trópia, reconhecido retratista ouro-pretano, Eduardo Trópia possui a fotografia em seu sangue. Autor de diversas fotografias de Ouro Preto, o fotógrafo mineiro encanta e indaga a todos com a sua visão sobre a cidade.
    Filho de Milton Trópia, reconhecido retratista ouro-pretano, Eduardo Trópia possui a fotografia em seu sangue. Autor de diversas fotografias de Ouro Preto, o fotógrafo mineiro encanta e indaga a todos com a sua visão sobre a cidade.
  • Peter Lik

    Até a presente data, Peter Lik é o autor da fotografia mais cara da história. Sua obra Phantom foi vendida por US$6,5 milhões e remete a uma imagem fantasmagórica, tirada no Antelope Canyon, EUA.


    Até a presente data, Peter Lik é o autor da fotografia mais cara da história. Sua obra Phantom foi vendida por US$6,5 milhões e remete a uma imagem fantasmagórica, tirada no Antelope Canyon, EUA.

    O australiano, natural de Melbourne, é especialista em fotografia de paisagens. Tornou-se sinônimo de imagens de cachoeiras, picos de montanhas e desfiladeiros. Uma de suas marcas registradas é o formato “panorama”. Em solo norte-americano, criou um projeto chamado Spirit of America (Espírito da América) no qual saiu para capturar imagens de todos os 50 estados do país. Além disso, já teve obras em exibição no Museu Nacional de História Natural de Washington DC e até estreou uma série da NBC chamada From the Edge. 
    Contando com Phantom, Lik tem quatro fotos entre as 20 mais caras já vendidas. Suas obras já arrecadaram mais de US$700 milhões e são colecionados pela realeza, presidentes e celebridades.

    Referências

  • Splashes

    Splashes podem resultar em fotos incríveis. A imprevisibilidade de como as gotas irão se comportar é capaz de gerar fotos únicas a cada disparo. Fotógrafos que gostam desse tema são verdadeiros artistas pois é preciso muita criatividade, inspiração e paciência para conseguir a “gota perfeita”.


    Splashes podem resultar em fotos incríveis. A imprevisibilidade de como as gotas irão se comportar é capaz de gerar fotos únicas a cada disparo. Fotógrafos que gostam desse tema são verdadeiros artistas pois é preciso muita criatividade, inspiração e paciência para conseguir a “gota perfeita”.

    Uma imagem em dois tons: amarelo na esquerda e azul na direita. Mostra um splash centralizado que remete à figura de uma pessoa usando chapéu na cabeça, com o resto do corpo coberto por uma espécie de guarda chuva
    Twins | Markus Reugels

    Boa parte dos fotógrafos prefere utilizar um estúdio. Assim, podem regular o cenário de acordo com o desejado e ter mais controle sobre todo o processo. É importante ressaltar que tudo faz diferença: o recipiente para o líquido; o tipo, a cor e a espessura do líquido; o tamanho da gota e a altura de onde ela vai cair…

    Não há uma forma única para fotografias de splash, mas algumas dicas podem ser úteis. Usar uma velocidade rápida do obturador, uma abertura grande do diafragma, iluminação artificial colorida, lentes macro e pós-processamento são fatores que podem otimizar sua foto.

    Martin Waugh é físico, formado na universidade de Oregon, EUA. Ele tem um projeto chamado Liquid Sculpture (Escultura Líquida), em que ele fotografa gotas de água e splashes. Para tal, precisa utilizar velocidades muito rápidas para capturar as gotículas com nitidez. O resultado final de suas fotos é fascinante.

    Uma imagem basicamente em azul, mas é possível ver tons de vermelho, amarelo e verde na região central. Mostra um splash centralizado que remete à figura de um dinossauro saindo de dentro da água
    Gooseasaurus 2 | Martin Waugh
    No registro acima,chamado Gooseasaurus 2, é possível ver as ondas que se formam após um splash. Aqui, Martin se preocupou também com a iluminação, adicionando uma espécie de arco-íris à imagem. É interessante ver como o líquido se comporta após o impacto, dando realmente a impressão de que é dinossauro saindo da água. Uma gotinha que se desprendeu em pleno ar também chama a atenção. São detalhes que o olho humano não seria capaz de ver na velocidade real.

    Que tal praticar? Utilize alguns objetos acessíveis que você tenha em casa, como copo e uma lanterna para testar o efeito. Use a tag #fotografetododia e compartilhe com a gente!
  • Pierre Verger

    Nascido na França, em 1902, Pierre Edouard Léopold Verger foi um fotógrafo de grande relevância cultural que baseou inicialmente suas pesquisas e obras fotográficas nas análises étnicas culturais dos cinco continentes.

    Nascido na França, em 1902, Pierre Edouard Léopold Verger foi um fotógrafo de grande relevância cultural que baseou inicialmente suas pesquisas e obras fotográficas nas análises étnicas culturais dos cinco continentes e mais tarde compôs seu trabalho de maior destaque, voltado para a religião e a cultura afro-baiana diaspórica. 

    Registro fotográfico do artista. Um dia de sol na praia, ao fundo da imagem é perceptível barcos parados. Na imagem, dois homens negros jogando capoeira, um está curvado com um das mãos aberta, o outro a sua frente, está com as mãos no chão e o corpo ao ar, pés para cima. Ambos estão de shorts brancos.
    Capoeira (Salvador, BA), 1955, Pierre Verger 

    No contexto de pós guerra na Europa, em 1946, Verger mudou-se para Salvador, onde viveu a maior parte de sua vida. Encantado pela riqueza cultural da Bahia, ele produziu seu trabalho de maior ênfase, que concentra suas pesquisas culturais africanas, nos aspectos religiosos do candomblé, mais precisamente o Iorubá. Seu interesse pela religião lhe proporcionou uma bolsa de estudos sobre rituais na África. Pierre Verger converteu-se ao candomblé e, em 1953, renasceu como Fatumbi, fato que intensificou seu contato com a cultura africana. No campo da etnografia religiosa, Pierre Fatumbi Verger refletiu em seus trabalhos a história e a herança cultural dos negros e suas diásporas dispersas no mundo. Frente a seu tempo, atribuiu a seu ofício uma tarefa difícil, a de documentar uma cultura distanciada  pelos preconceitos estéticos e culturais da época.

    Imagem representativa do artigo. Pierre Verger está em um cômodo com parede branca e uma porta verde ao fundo. Está sentado de pernas cruzadas.  As mão sobrepostas estão apoiadas na perna. Na mão esquerda ele segura uma bengala de madeira. Seu óculos com armadura preta está repousado na altura da testa. Pierre usa uma camisa com estampa étnica em tons verdes e uma calça tom grafite. No braço direito um relógio de couro.
    Pierre Verger, 1990 , Juan Esteves


    Oito anos, antes de sua morte Verger, inaugura,  em sua própria casa, a Fundação Pierre Verger (FPV) que abriga um centro de pesquisa acerca de sua obra e da cultura negra diaspórica. Em reconhecimento e memorial pelas contribuições fotográficas culturais e baiana, o estado da Bahia promove o concurso nacional que leva seu nome. Em 1996, ele faleceu, deixando um importante  legado como antropólogo e fotógrafo itinerante.

    Confira algumas das produções de Pierre Verger!

    Registro Fotográfico do artista. No centro da foto, um homem negro está dançando com vestes sagradas que o envolve e dá o  movimento de um giro. Na roupa há pedras brancas e retalhos, seu rosto na altura dos olhos, está pintado. No plano de fundo no lado direito dois homens que parecem participar do ritual, no lado esquerdo, um homem encostado na pilastra branca, o outro logo atrás do foco principal também dança.
    Xangô – Ifanhin (Benin), 1950, Pierre Verger
    Registro Fotográfico do artista. Um homem negro com vestes brancas, segurando um pedaço de pau. Ele está centralizado um pouco para direita, ao chão de terra algumas madeiras. Ele está com a feição séria e dirige o olhar para frente.
    Sem título (Mali), 1936, Pierre Verger

    Reprodução fotográfica do artista. Imagem representativa de um culto de iniciação a religião de matriz africana. O personagem negro em foco, está sentado com olhos fechados, seu corpo está envolvido por um pano branco. Um homem à sua esquerda, segura sua cabeça, enquanto o outro posicionado à sua direita, segura uma galinha preta na direção de sua boca. É possível ver manchas de sangue.
    Iniciação – Ifanhin (Benin), 1950, Pierre Verger
    Registro Fotográfico do artista. Silhueta, duas paredes de pedras que compõe toda a imagem. No centro, uma pedra menor, ao lado direito duas mulheres paradas, uma árvore com poucas folhas na esquerda.  A foto está em preto e branco.
    Sikasso – (Malin), 1936, Pierre Verger 
    A imagem mostra um homem da altura de seus ombros a cabeça. Ele porta um adereços carnavalescos com referências ao México. O personagem, está com um grande chapéu que contém franjas na borda, que reflete sombras de linhas verticais no rosto. A camisa de manga branca, com gravata borboleta também branca, há detalhes pretos tanto na gola quanto na manga da camisa.
    Carnaval, Embaixada Mexicana (Salvador, BA), 1950, Pierre Verger  
    Reprodução fotográfica do artista. Um porto de barcos. Alguns barcos espalhados pela imagem, o foco está nas velas.
    Rampa do mercado (Salvador, BA), 1955, Pierre Verger 
    O que acharam de Pierre Verger? Publique em nossas redes!
  • Regra dos terços

    Regra dos terços

    Fotografar é compartilhar sentidos, e para isso saber compor uma fotografia torna-se essencial. Assim, um dos mais conhecidos e importantes artifícios técnicos de composição fotográfica, é a regra dos terços que tem como finalidade favorecer a captura de uma imagem coerente e natural de se ver.
    Fotografar é compartilhar sentidos, e para isso saber compor uma fotografia torna-se essencial. Assim, um dos mais conhecidos e importantes artifícios técnicos de composição fotográfica, é a regra dos terços que tem como finalidade favorecer a captura de uma imagem coerente e natural de se ver.
    Registro fotográfico do artista. O céu é bastante azul, contrasta com algumas nuvens brancas e coqueiros no plano de fundo. No plano em foco, está um jovem negro, recuado à direita. Ele usa um short preto e um chapéu de palha. Uma corda atravessa seus ombros, e ele a segura com as mãos.
    Walter Firmo – Praia Grande e Senzala.

    A regra dos terços consiste em um exercício visual onde o fotógrafo posicionará o elemento mais atraente nos pontos privilegiados localizados nas intersecções das linhas imaginárias verticais e horizontais que se cruzam e dividem o quadro fotográfico em 9 seções retangulares iguais. Esse artifício técnico tem como finalidade trazer o equilíbrio para fotografia uma vez que o elemento principal a ser destacado não estará centralizado. Dessa forma, este enquadramento resulta em uma imagem contrabalançada e harmônica.

    linhas verticais e horizontais que se cruzam e dividem o quadro fotográfico em 9 seções retangulares iguais. Nas intersecções centrais, há pontos azuis, que indicam os locais privilégiados da fotografia.
    Registro visual da Regra dos terços

    Walter Firmo renomado fotógrafo brasileiro, conhecido pelo gosto por temáticas que envolvem a figura humana, é adepto ao uso desta técnica. Em algumas de suas fotografias, ele explora visualmente a harmonia natural de uma composição não centralizada.

    Reprodução fotográfica do artista. O cantor Pixinguinha está sentado, inclinado  em uma cadeira de balanço. Nas mãos ele segura um saxofone dourado. O ambiente é o  quintal de sua casa, onde há uma árvore na direita, com um pequeno muro em volta. No plano de fundo, há um vaso azul com planta. Há ainda algumas poucas folhas secas no chão espalhadas.
    Walter Firmo – Maestro Pinxiguinha, Ramos Rio de Janeiro, 1968

    Firmo em 1968, compõe uma de suas fotografias mais clássicas retratando o músico Pixinguinha no quintal de sua casa em Olaria, onde o cantor e instrumentista aparece sentado na cadeira de balanço segurando um saxofone. Esta fotografia nos remete a uma tarde de repouso e tranquilidade. Perceba o visual de uma composição em que Pixinguinha aparece mais a esquerda em um segundo plano enquanto no primeiro plano há uma árvore que ambientaliza a cena.


    Utilize essa  regra para enfatizar diferentes elementos de um mesmo ambiente ou uma mesma cena.  Publique em nosso grupo com a tag #fotografetododia!

  • O que é fotojornalismo?

    O que é fotojornalismo?

    Fotos são registros do mundo real dotados de informações visuais a respeito do que foi registrado. Possuem possibilidades praticamente inesgotáveis, indo de ensaios artísticos a registros de festas de casamento ou aniversários, além de momentos importantes para a história da humanidade como guerras e manifestações. As fotos registram tais eventos no momento em que eles acontecem, permitindo que possamos revisitá-los através das imagens produzidas. Mas, o que diferencia uma fotografia do cotidiano tirada despretensiosamente de um trabalho fotojornalístico?

    Na imagem, policiais uniformizados, com capacetes e cassetetes fazem uma abordagem truculenta frente a um homem, no meio de uma rua e em plena luz do dia. Pessoas são vistas ao fundo, algumas assistem a cena e outras parecem correr. O homem abordado é visto no primeiro plano e cai na tentativa de fugir.
    Esta fotografia de Evandro Teixeira é um dos grandes registros da ditadura militar no Brasil. Na época, opositores ao governo eram perseguidos, presos, interrogados e muitas das vezes torturados e mortos.

    O professor e pesquisador Jorge Pedro Sousa (2002) escreveu muito a respeito do fotojornalismo e o define como uma atividade fotográfica em que há por fim a documentação ou a informação. Ele ainda diferencia fotojornalismo de fotodocumentarismo, sendo o tempo dedicado a cada atividade, atrelado às diferentes metodologias de trabalho, o que delimita essa diferença. Enquanto o fotodocumentarista tende a trabalhar por projeto, se dedicando por mais tempo ao tema, escolhendo métodos de elaboração e abordagem; o fotojornalista, por sua vez, lida com acontecimentos imprevistos, fatos cotidianos e ainda deve atender às demandas da empresa na qual trabalha.

    Os três artistas aparecem deitados em mesas de um bar, durante a comemoração do aniversário de Vinicius de Moraes.
    Nesta foto, Evandro Teixeira registrou um momento de descontração entre Chico Buarque de Hollanda, Tom Jobim e Vinícius de Moraes, grandes nomes da música, composição e literatura brasileiras, respectivamente. A ocasião tratava-se do aniversário de Morais.

    Nesse sentido, Angie Biondi (2014), professora e pesquisadora, no capítulo “Fotojornalismo: um campo, uma atividade ou um objeto”, do livro “Para entender o jornalismo”, deixa demarcados dois gêneros para compreender as relações que se desenvolvem entre o fotojornalista e os fatos registrados. São eles spot news e feature photos. O primeiro se refere aos flagrantes, quando o fotojornalista presencia o fato e rapidamente precisa registrá-lo no momento em que ele se desenrola, não tendo assim muito controle sobre a foto. Já o segundo é mais aplicado às reportagens, onde as imagens produzidas servem mais como modo de “ilustrar, exemplificar ou comprovar” o ocorrido, passando por uma elaboração prévia, como explica Biondi. De certo, a ideia de feature photos parece se mesclar à de fotodocumentarismo, mas é importante lembrar que tais divisões não constituem um conceito fechado, e sim, como apontado pela própria autora, servem para “orientar o entendimento sobre a produção fotojornalística”.

    Jorge Pedro Sousa (2002) coloca como questão em um de seus livros se todas as fotografias publicadas em jornais e revistas seriam de fato fotojornalísticas, e esclarece que, para ser considerada como tal, a fotografia precisa possuir valor jornalístico, ou, valor-notícia, levando informações de relevância junto ao texto que constitui. Então, não basta que a foto seja um registro de um acontecimento do cotidiano, até porque, todos os dias, milhares de eventos ocorrem em todos os cantos do mundo, e não são todos que se tornam notícia, principalmente ao se fazer delimitações de relevância, como o impacto regional, nacional ou mundial. Para que a foto seja jornalística, ela precisa possuir um caráter informativo e, em geral, estar acompanhada por uma notícia ou reportagem, uma vez que não é possível passar muitas informações importantes apenas através da linguagem visual. 

    No texto “Usos Jornalísticos da Fotografia”, a autora Dulcilia Buitoni (2011), usando como referência o pesquisador espanhol Pepe Baeza, explica que, para ser considerada fotojornalística, a foto tem que ter sido planejada pelo corpo editorial da mídia na qual é veiculada, seja a imagem produzida pelos jornalistas da empresa ou comprada, diferenciando-se assim das fotografias publicitárias, que também são veiculadas por esses meios.

    Um bom exemplo de fotojornalista é o baiano Evandro Teixeira, que possui trabalhos diversificados na área, tendo registrado momentos marcantes da história do Brasil a partir da década de 60. As fotografias que aparecem ao longo deste artigo são de sua autoria, sendo possível notar a variedade de temas possíveis de serem trabalhados. Como última imagem, destaco este retrato feito na comunidade Vila do João, no Rio de Janeiro, em 1988. Construído como conjunto habitacional pelo Governo Federal em 1982, a comunidade tornou-se uma das favelas que compõem o Complexo da Maré, onde questões envolvendo a violência e o crime organizado são presentes até hoje. Trata-se de uma construção do fotógrafo, com o cadáver ao fundo e um menino sorrindo à frente da câmera, sendo uma representação do contraste entre a inocência das crianças que lá vivem e a realidade que as cerca.

    Um menino negro, de cabelos crespos e sem camisa sorri para a câmera em primeiro plano. Ao fundo, no chão, é possível ver o cadáver ensanguentado de um homem. Ao lado do menino, uma pessoa observa a cena com os braços cruzados, e outras são vistas fazendo o mesmo, sentadas no meio-fio da calçada do outro lado da rua
    Evandro Teixeira fez um registro perturbador na comunidade Vila do João, no Rio de Janeiro, em 1988. Nela, um menino sorri para a câmera enquanto um cadáver é visto no chão ao fundo.

    Assim, o fotojornalismo pode ser entendido como sobretudo, imagens produzidas a fins de registro de acontecimentos em diálogo com os critérios de noticiabilidade jornalísticos, também atendendo aos propósitos editoriais da empresa que a irá publicar. Os temas possíveis de serem trabalhados são tão diversos como as múltiplas possibilidades da vida cotidiana. Muitas vezes, algo sutil pode se transformar em um grande registro, e imagens que de início destinam-se a circulação por meio de jornais, revistas e demais meios jornalísticos podem um dia serem vistas expostas em museus ou livros próprios à memória, crítica, análise e apreciação de imagens fotográficas, destacando tanto o momento histórico congelado ali quanto as características técnicas e subjetivas trabalhadas pelo fotógrafo.

    Referências: 

    BIONDI, Angie. Fotojornalismo: um campo, uma atividade ou um objeto. In: LEAL, Bruno; ANTUNES, Elton; VAZ, Paulo Bernardo. Para entender o jornalismo. 1ª ed. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2014, p. 171-178.

    SOUSA, Jorge Pedro. Fotojornalismo: Uma introdução à história, às técnicas e à linguagem da fotografia na imprensa. 1ª ed. Porto: Editora Letras Contemporâneas, 2002

    BUITONI, Dulcilia. Usos Jornalísticos Da Fotografia: Informação, Ilustração. Expressão. In: Fotografia e Jornalismo: a informação pela imagem. São Paulo: Editora Saraiva, 2011
    GUERRA de Tóxico – Vila do João, Rio de Janeiro RJ. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: 23 de Fev. de 2017. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra28762/guerra-de-toxico-vila-do-joao-rio-de-janeiro-rj>. Acesso em: 24 de Out. de 2019.
    SANTORO, Giovanna; PELLUSO, Tayana. “O pintor cria a própria arte; o fotógrafo conta com os fatos”. Portal PUC Rio Digital. Rio de Janeiro: 26 de Nov. de 2015. Disponível em: <http://puc-riodigital.com.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=27091&sid=55> Acesso em: 24 de Out. de 2019
    FOTOS de Evandro Teixeira ao longo de 50 anos de carreira. In: O Globo. São Paulo: 24 de Set. de 2014. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/cultura/fotos-de-evandro-teixeira-ao-longo-dos-50-anos-de-carreira-14033861> Acesso em 24 de Out. de 2019.