Categoria: Colunas

* Categoria de hierarquia superior.

  • Melissa Spitz

    Melissa Spitz encontrou na fotografia a oportunidade de “pausar o caos”, registrando a doença mental de sua mãe.
    Fotografia de uma mulher loira de meia idade tomando sol na parte rasa da piscina. A mulher veste um maiô rosa e óculos escuros.


    Melissa Spitz encontrou na fotografia a oportunidade de “pausar o caos”, registrando a doença mental de sua mãe.
    Fotografia de uma mulher loira de meia idade tomando sol na parte rasa da piscina. A mulher veste um maiô rosa e óculos escuros.
    Melissa Spitz – Pool Day (Dia na piscina), 2015

    “Pausar o caos”, foi como Melissa Spitz, fotógrafa americana nascida no Missouri em 1988, definiu o ato de fotografar a sua mãe na sua conferência no TEDxIndianopolisWomen. Desde a infância Melissa conviveu com os altos e baixos da genitora, diagnosticada com esquizofrenia paranoide, depressão e transtorno bipolar. Ela se acostumou ao fato de que algumas vezes sua mãe iria comprar cigarros para que ela parecesse legal entre os amigos, outras vezes a tentaria apunhalar com uma tesoura por ter contado para a mãe de uma amiga que seus pais brigavam muito.

    Melissa começou a fotografar no Ensino Médio. “Eu sempre matava aulas e gostava da detenção porque pelo menos eu não precisava ir para casa. Mas logo eu encontrei uma aula que eu não queria matar e ela oferecia atividades extra curriculares: Fotografia. Eu tinha sido exposta a fotos através do meu avô, que tinha uma câmara escura em seu porão, e minha avó frequentemente me mostrava fotos da parte da família de Viena que não escapou (dos campos de concentração). Então eu sabia que esse veículo tinha essa maravilhosa capacidade de misturar o presente e o passado. Aos dezesseis anos eu entrei de cabeça. Eu fui a todas as aulas de fotografia que minha escola oferecia. Eu frequentemente continuava na escola depois das aulas”, contou Melissa Spitz no TED.

    Apesar das dificuldades em casa por conta do comportamento instável da mãe, Melissa sabia que a vida podia ser pior. Ainda na sua conferência para o TED, ela contou que: “Eu não havia nascido na época da minha avó. Eu não era uma mulher nascida em uma sociedade misógina, uma refugiada separada dos meus pais ou uma adolescente crescendo em uma América em guerra. Eu era uma garota branca judia de classe média, com um carro, uma terapista. Eu tinha minha liberdade de expressão. Minha avó tinha tido a capacidade de manter a cabeça dela erguida quando ela tinha muito com o que se preocupar. Por que eu não poderia?”.

    E não é a toa que ela ficou famosa com um ensaio chamado “You Have Nothing to Worry About”, ou Você não Precisa se Preocupar com Nada. O ensaio teve início em 2009, quando um professor da universidade passou um trabalho que requeria tirar fotos de algo privado. No começo, Melissa chegou a se perguntar se tirar as fotos era correto, mas os anos de abusos  sofridos a deram confiança para continuar.

    Segundo Melissa, o ensaio não só permitiu que ela se graduasse com honras e fizesse seu mestrado, como lhe ensinou sobre empatia. Com as fotos ela teve oportunidade de “pausar todo o caos”, de olhar para o passado e para o presente, de entender como era lidar com uma doença mental e de descobrir mais sobre a mulher que lhe deu a luz.

    Confira algumas fotos do ensaio “You Have Nothing to Worry About”:
    Fotografia de uma mulher loira em frente a um lago usando um casaco até aos pés.
    Melissa Spitz – Mom at the lake Creeve (Mamãe no lago Creeve), 2016

    Fotografia de uma mulher loira de perfil. Seu maxilar tem contusões e há um pequeno corte na sua testa.
    Melissa Spitz – “I fell down and broke my jaw” (“Eu caí e quebrei o meu maxilar), 2012
    Fotografia de uma mulher loira, de olhos fechados e com um pequeno sorriso segurando uma máscara com uma expressão parecida com a sua.
    Melissa Spitz – Mom’s mask, part 1 (A máscara da mamãe, parte 1), 2011

    Fotografia de duas mulheres em frente ao espelho. A mulher da frente é loira e idosa, usa bobs nos cabelos e está passando creme no rostoa de trás é morena e jovem e segura a câmera para tirar a foto.
    Melissa Spitz – Mom’s mask, part 2 (A máscara da mamãe, parte 2), 2016

    Retrato de uma mulher loira idosa.
    Melissa Spitz – St Augustine, 2016

    Referências


  • Pôr do sol

    Pôr do sol

    Quantas vezes estamos passando pelo nosso feed nas redes sociais e nos deparamos com uma fotografia de nascer ou pôr do sol? Fazer uma foto dessa não é tão fácil quanto imaginamos. Por muitas vezes, ao disparar a câmera e ver o resultado, nos decepcionamos com a imagem captada pela lente.

    Mateus França, 2020.

    Essas fotos são feitas geralmente em lugares onde consegue-se ver o sol se pôr inteiramente, e também, onde possa haver oportunidades de tirar fotografias que incluam elementos para composição, pois ajuda a dar destaque ao objeto fotografado.

    Apesar da iluminação disponível para fazer esse tipo de foto não ser muito intensa, porque o sol ainda não nasceu ou já se pôs, muitos fotógrafos optam por manter o ISO em valores baixos para melhor captarem a variedade de cores que tomam conta do céu. Essa configuração somada a pequena abertura do diafragma, utilizada para manter grandes áreas em foco, exige que eles façam longas exposições e consequentemente posicionem suas câmeras em superfícies estáveis para evitar que as fotografias saiam tremidas. Disso, decorre o efeito borrado que costumamos ver nas nuvens que aparecem nessas fotos.

    Mateus França é um fotógrafo ouro-pretano que, apesar da pouca idade, vem fazendo grandes trabalhos de fotografia, captando imagens e momentos únicos com o seu jovem olhar.

    Mateus França, 2020.

    Podemos observar na fotografia a utilização das técnicas descritas acima. Houve movimentação das nuvens durante a exposição, sugerindo que ela foi longa. No entanto, a foto não está tremida,  podendo supor que a câmera estava apoiada em uma superfície estável. O ISO se manifesta de maneira bem sutil, no baixo contraste das cores, expressado no degradê de laranjas e azuis, ou seja, pela transição suave de cores. A regra dos terços aparece com no posicionamento da linha do horizonte e, neste caso, a área ocupada pela silhueta. Conseguiu capturar o pôr do sol do outono de Ouro Preto, com suas cores douradas que inundam o céu todo fim de tarde.

    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

    #fotografetododia Agora é com você! Faça sua fotografia de pôr do sol, compartilhe no Instagram utilizando a nossa hashtag e marque nosso perfil !!! 

    Links, referências e créditos:

    https://www.zoom.com.br/camera-digital/deumzoom/5-dicas-de-como-fotografar-paisagens
    https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2011/09/como-fotografar-o-por-do-sol.html
    https://fotodicasbrasil.com.br/14-dicas-para-fotografar-um-por-do-sol-impressionante/

    Pôr do sol é um tipo de fotografia clássica. Porém, um cenário perfeito pode virar uma imagem escura ou muito clara. Saiba um pouco mais sobre esse tipo de fotografia aqui!

  • Windows of the World

    O projeto Windows of the World vale muito a pena de ser conferido pela sua mistura de multiculturalismo, arquitetura e fotografia.

    O projeto Windows of the World (traduzindo, Janelas do Mundo) criado pelo português André Vicente Gonçalves, reúne fotografias de janelas por várias cidades. A iniciativa, que surgiu há doze anos enquanto André tirava fotos de janelas na cidade italiana de Trento, mistura arquitetura e multiculturalismo em uma série de montagens que reúnem as janelas de cada cidade.
    Montagem com várias janelas brancas em paredes coloridas estilo tijolinho.
    André Vicente Gonçalves – Porto, Portugal
    A escolha das janelas não é por acaso. No seu site André conta as janelas são uma ligação entre a natureza exterior e o interior do edifício, além de representarem a identidade arquitetônica do local. Ao longo de seus estudos, o fotógrafo percebeu como essas janelas representam a identidade não só de prédios separados, mas de toda a cidade. O projeto já reúne fotografias de mais de quarenta cidades, e a meta é que cada país do mundo tenha pelo menos um espaço na coleção.
    Montagem mostrando várias janelas, de estilo sóbrio em paredes de tijolinhos.
    André Vicente Gonçalves – Londres, Inglaterra
    Windows of the World parte de um conceito muito simples. Fotografar janelas. Todas as fotos tem um objeto semelhante, mas isso não quer dizer que elas são iguais. Os materiais, as cores, formas e os detalhes de cada janela reforçam uma identidade cultural, criando montagens diferentes e únicas para cada cidade. Muitas vezes, é possível adivinhar o país mostrado na foto, sem nem mesmo olhar a legenda, o que se torna uma diversão a mais.
    As coleções estão expostas no site oficial de André de maneira organizada, legendadas e com imagem de bom tamanho, tudo de fácil visualização, e com um pequeno texto em inglês explicando a iniciativa. Para acessar clique aqui. No site existem também várias coleções de fotografias de cidades ao redor do mundo, que certamente te deixarão com vontade de viajar quando a pandemia passar. 
    Experimente fotografar sua cidade e descobrir quais detalhes mostram sua identidade visual. Compartilhe seus resultados com a gente nos comentários!

    Referências



  • Annie Leibovitz

    Annie Leibovitz

    Responsável por criar o estilo visual da revista Rolling Stones, Annie é considerada uma das mais ilustres fotógrafas de celebridades.

    Anna-Lou “Annie” Leibovitz nasceu no dia 2 de outubro de 1949 em Waterbury, Connecticut. Sua mãe era dançarina e sempre tentava mostrar o mundo das artes para a filha , que desde de pequena era apaixonada por música e pintura. Ela chegou a estudar pintura no Instituto de Artes de São Francisco, mas lá descobriu uma outra paixão: a fotografia.

    Annie começou sua carreira em 1969 quando começou a trabalhar na revista Rolling Stones, que na época ainda estava em seus primeiros números. Não demorou para ela ganhar destaque e em 1973 já tinha sido nomeada fotógrafa chefe, posição que ela manteve por dez anos sendo importantíssima na criação do estilo imagético da revista.

    Um de seus primeiros trabalhos para a revista, foi acompanhar a banda Rolling Stones durante uma turnê em 1971. Depois disso, ela ficou famosa produzindo fotos icônicas de celebridades como John Lennon, Leonardo diCaprio, Angelina Jolie entre outras. Com isso ela também se tornou uma das mais importantes fotógrafas de moda dos EUA. Mas sua carreira não se resumiu apenas a moda e celebridades, ela também chegou a ser fotógrafa de guerra e cobriu os conflitos em Sarajevo e Ruanda.

     
    Foto da Atriz Anne Hathaway para a revista Vogue
    Foto da Atriz Anne Hathaway para a revista Vogue
    Leonardo DiCaprio com um cisne
    Leonardo DiCaprio com um cisne
    Bicicleta caída de um garoto morto a tiros. Sarajevo 1994
    Bicicleta caída de um garoto morto a tiros. Sarajevo 1994
    Foto de John Lennon e Yoko Ono momentos antes do assassinato de John em 1980
    Foto de John Lennon e Yoko Ono momentos antes do assassinato de John em 1980
    Atriz Meryl Streep
    Atriz Meryl Streep
    Foto da Banda The Rolling Stones no palco na turnê de 1971
     

    E então você gostou da obra dessa artista ? Você pode saber mais sobre ela através dos livros Annie Leibovitz at Work, A Photographer’s Life e vários outros,  não se esqueça de comentar sua opinião sobre sua obra no nosso grupo do Facebook!

    Links, Referências e Créditos

    Como citar esta postagem

    CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Annie Leibovitz. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/galeria-annie-leibovitz/>. Publicado em: 08 de jul. de 2020. Acessado em: [informar data].

  • Usando a potência do flash

    Usando a potência do flash

    Na continuação da série sobre o flash, vamos entender sobre a potência e sua influência na iluminação das trabalhos fotográficos.

    Usar um flash externo pode parecer algo complicado e desafiador, mas desde que haja familiaridade com as suas funções e um olhar atento para as situações em que será utilizado pode-se obter resultados muito bons. Na continuação da série sobre o flash, vamos nos concentrar em uma dessas configurações: a potência.

    Usar um flash externo pode parecer algo complicado e desafiador, mas desde que haja familiaridade com as suas funções e um olhar atento para as situações em que será utilizado pode-se obter resultados muito bons. Na continuação da série sobre o flash, vamos nos concentrar em uma dessas configurações: a potência.

    Um homem negro é visto no primeiro plano olhando diretamente para  a câmera. Está iluminado por um flash do lado esquerdo da imagem. Aparece trajando uma blusa branca e pulseiras no braço direito. Ao redor do pescoço há um tecido verde  esvoaçando-se  ao lado direito do corpo do homem e cobrindo o ombro esquerdo. O fundo é escuro, tornado difícil a visão da pessoa e do veículo ao fundo.
    Bárbara Wagner. Sem título I (da série Jogo de Classe), 2013

    A potência do flash é indicada por uma numeração conhecida como “número-guia” que indica a distância máxima que a luz produzida por aquele flash irá alcançar. Devemos ter em mente que o que irá determinar diversas características da foto, inclusive o quão longe essa luz irá alcançar, não dependerá apenas do flash e sua potência, mas dos demais fatores que deverão ser pensados e ajustados. A abertura do diafragma da lente da câmera e a velocidade do disparo do flash são extremamente importantes para isso, como mostram os exemplos mostrados neste artigo.

    É importante lembrar que, quando usado no modo automático, a velocidade do disparo do flash será suficiente para iluminar apenas o primeiro plano da foto e não o fundo. Dificilmente um flash, por maior que seja a sua potência e por mais que se façam demais ajustes consegue iluminar objetos a grandes distâncias. Na tentativa de fazer isso no modo manual, o que pode acabar acontecendo é uma superexposição do primeiro plano, aparecendo como costumamos dizer, “estourado”.

    Para obter um resultado em que ambos os planos apareçam de forma harmoniosa, é necessário usar os controles do diafragma para que haja uma maior captação de luz pela lente da câmera, já que assim será garantida a iluminação dos planos posteriores pela luz ambiente. Além disso, a velocidade do disparo do flash também influencia na captação da luz, sendo importante ajustá-la para conciliar essa captação de luz ambiente com a luz do flash.

    Caso contrário, o primeiro plano aparecerá totalmente iluminado e até mesmo superexposto e o segundo plano, excessivamente escuro, quando não totalmente anulado. Isso acontece porque o tempo de disparo irá definir até onde a luz irá alcançar, de forma que com um flash muito rápido (como 1/40.000 segundos) apenas o primeiro plano será iluminado, enquanto, tendo em mãos um flash com grande potência e um tempo de disparo mais longo (como 1/1.000 segundos), os demais planos poderão também ser iluminados.

    A imagem que abre esse #fotografetododia, assim como as demais apresentadas abaixo, são de autoria de Bárbara Wagner, fotógrafa brasileira original de Brasília que vive e trabalha em Recife e tem uma obra voltada principalmente à cultura popular e tradicional, participou de diversos projetos e bienais ao redor do mundo, tendo inclusive obras no acervo permanente dos museus MASP e MAM em São Paulo.

    Analisando a primeira imagem, aparentemente tirada no período noturno, percebemos que a luz é dura e lateral, o que indica que um flash externo foi usado, localizado ao lado esquerdo da imagem. Sabemos que a combinação de flash com alta potência e diafragma aberto resulta em uma iluminação de grande alcance, o que não é o caso da foto em questão em que temos um primeiro plano bastante destacado do segundo.

    Apesar de não ter como saber ao certo o quão potente é o flash utilizado, podemos observar que sombras duras são projetadas do lado oposto ao que é iluminado, cobrindo metade do rosto do modelo enquanto o segundo plano aparece muito escuro (subexposto) a ponto de não revelar quase nada dos demais elementos – uma pessoa parada, sem que seja possível identificar identidade ou gênero, e um veículo. Essas características podem indicar um tempo de disparo do flash mais rápido, iluminado com grande incidência apenas o primeiro plano.

    É interessante notar também que os riscos luminosos ao canto inferior direito na imagem indicam que houve uma longa exposição do registro da lente, logo, o modelo foi congelado na foto pelo flash em velocidade de disparo alta. Nada disso, no entanto, indica falha ou má escolha por parte da fotógrafa, uma vez que tais características trazem dramaticidade ao registro, sendo este justamente o objetivo do ensaio chamado “Jogo de Classe”, que busca uma teatralidade de cena, representando visualmente as classes sociais a que os fotografados pertencem.

    Nas imagens a seguir, temos mais uma fotografia para análise. Desta vez a imagem é fruto do projeto Offside Brazil em que fotógrafos estrangeiros e brasileiros buscaram registrar as cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, realizada no país, revelando os entornos do evento marcado por manifestações e desigualdades sociais e assim, fazendo uma cobertura paralela às atenções voltadas aos jogos.

    Uma mulher negra de pele clara é vista em pé com um bebê ao colo, olhando diretamente para a câmera com uma expressão séria. Ambos estão iluminados por flash direto. A mulher está descalça e traja shorts, uma camiseta laranja e uma touca rosa na cabeça. Segura o bebê enrolado em uma manta com o braço esquerdo e um guarda-sol com o braço direito. O chão é de terra; há um cão preto parcialmente ao lado esquerdo da imagem e  há vegetação e cabos de energia elétrica ao fundo.
    Bárbara Wagner. Quilombo Castainho, Brasil. Offside Brazil, 2014

    Enquanto a primeira imagem mostrada, do ensaio “Jogo de Classe”, traz um flash iluminando o personagem de forma intensa e com um segundo plano praticamente nulo, a segunda apresenta um uso muito mais sutil. Tirada no Quilombo Castainho, visivelmente durante o dia e a céu aberto, o uso do flash dá destaque à mãe e à criança fotografada, sendo perceptível o seu uso pelas sombras que se projetam de forma dura/marcada no corpo da mulher, diferente das sombras muito mais suaves/difusas a seus pés, provenientes da luz natural. Aqui, talvez coubesse o uso de um flash com potência menor ou um tempo de disparo da luz reduzido para suavizar a formação das sombras, mas não podemos deixar de levar em consideração a potência discursiva das escolhas, que tem muito a ver com revelar uma realidade que muitos não veem ou não conhecem.

    Assim, chegamos ao fim de mais um #fotografetododia , segundo da série sobre flash, aprendendo mais sobre a potência e seus usos. É importante lembrar que quanto mais potente for o flash, maior a área que poderá ser iluminada, mas também, mais marcadas serão as sombras e maior será a diferença entre os planos. Daí a importância de equilibrar não apenas as configurações da velocidade de disparo do flash, mas também as da câmera, como a abertura do diafragma, a velocidade do obturador e o ISO, a fim de controlar até onde esta luz irá incidir e quanto da luz ambiente será registrada pela lente nos planos secundários.

    Está gostando da série de #fotografetododia sobre flash? Não deixe de compartilhar com todo mundo que gosta de fotografia! Ah! E se tiver alguma dúvida ou dica, mande lá no nosso grupo de discussão no Facebook! Até semana que vem!

    Dificuldade 4: Você vai precisar de uma boa câmera e alguns conhecimentos.

    Referências:

    HEDGECOE, John. O Novo Manual de Fotografia. 2ª ed. São paulo: Editora Senac, 2005. p. 168-169.

    CUNHA, Juliana. Bárbara Wagner entre Deus e Estelita: dois ensaios para o OFFSIDE BRAZIL. Revista ZUM. Disponível em<https://revistazum.com.br/offsidebrazil/barbara-wagner/> Acesso em 28 de abr. de 2020

    Links:

    Site de Bárbara Wagner
    Tumblr do Projeto Offside Brazil

    Na continuação da série sobre o flash, vamos entender sobre a potência e sua influência nos resultados na iluminação das trabalhos fotográficos.
  • Dupla Exposição

    Dupla Exposição

    O #dicade dessa semana é sobre um livro que une a linguagem verbal e a visual em uma narrativa sensível e nostálgica.

    Dupla Exposição é um livro que adquiri por acaso. Encontrei-o em uma livraria na minha cidade natal meio largado em um canto.  A capa me chamou a atenção por ser uma daquelas edições cobertas por uma película semi-transparente (que guardei separada em casa com medo de estragá-la), mas foi só quando o abri para folheá-lo e li o texto de apresentação, escrito por Maria Esther Maciel, escritora e professora de Teoria da Literatura e Literatura Comparada da UFMG, que senti que precisava mergulhar naquela leitura.

    A imagem mostra o livro Dupla Exposição sobre uma mesa branca ao lado de uma xícara de porcelana. Na fotografia da capa, uma mulher de costas usando blusa larga e branca é vista de costas. Sobre ela é projetada uma imagem com uma mulher em pé em um campo aberto.
    Capa do livro Dupla Exposição, Editora Rocco. Imagem de capa por Elisa Pessoa, 2016.

    No tal texto, Maciel começa falando sobre como o livro não cabe em classificações, com textos e imagens mantendo uma relação instável, ora afastando-se, ora aproximando-se. Desejei ver de perto como funcionaria uma obra em que texto e imagem se comunicam, não com as imagens servindo ao texto como ilustração nem mesmo como complemento, mas como parte integrante e igualmente relevante dos caminhos narrativos.  Além disso, é anunciada a ideia de mistura entre real e ficção, que é algo que já me chama a atenção a bastante tempo em obras literárias.

    O livro é composto por diversos textos curtos, escritos por Paloma Vidal, escritora e professora de Teoria Literária na UNIFESP, nascida em Buenos Aires e residente do Brasil desde os dois anos de idade. São eles: Please Come Flying; EFA; Sun In An Empty Room; Sempre a Partida; Venice; Tavistock Square; 10 Exercícios Para; Un Petit Noir Comme Celui-Là; Melancolia: Modo de Usar. Cada um deles escrito em primeira pessoa, revelando os pensamentos da narradora-personagem e promovendo uma sensação de intimidade por parecerem ter saído de cartas, diários e anotações pessoais.

    Enquanto isso, as imagens são obra de Elisa Pessoa, brasileira que, em Paris, formou-se em Artes Plásticas e começou seu trabalho com a fotografia e o vídeo, continuados após o retorno para o Brasil com produções em forma de vídeo-instalações e intervenções urbanas. Distribuídas ao longo das páginas, seja dividindo espaço com os textos, seja ganhando destaque sozinhas, as fotos apresentam personagens femininas com ares de mistério, utilizando os efeitos de dupla exposição e hologramas, assemelhando-se em muitos momentos a uma performance, em que a mulher vista em muitas das imagens movimenta-se frente a projeções de cidades e fotos antigas.

    O livro é visto aberto sobre uma mesa branca, onde há também um arranjo de flores e uma xícara de porcelana. Uma mão segura o livro do lado esquerdo. Na página esquerda há uma fotografia mostrando a silhueta de uma mulher em movimento. Sobre ela, é projetada uma imagem de prédios urbanos com arquitetura européia.
    Visão interna do livro Dupla Exposição, Editora Rocco. Foto de Elisa Pessoa, 2016.

    É curiosa a forma como os temas são trabalhados nos textos e nas imagens, evocando a ideia de uma dupla exposição fotográfica em ambos os casos. Já no primeiro texto esse aspecto é revelado, baseando-se em um ensaio da escritora e poetisa Elizabeth Bishop sobre sua relação com a também poeta Marianne Moore. Em uma mistura de recorte do texto da autora e observações de uma leitora desejosa por mostrar o seu fascínio por ele, há a formação de um “dupla exposição textual” revelando que o título do livro não justifica-se apenas pela estética do conteúdo visual. É ainda mais fascinante notar os diferentes artifícios usados para evocar tal ideia, utilizando tempos diferentes (passado e presente), diálogos e pensamentos, além de fluxos mentais.

    As fotografias revelam muito da nostalgia que os textos carregam. Quando a narradora lembra suas passagens por Paris ou Alemanha e os acontecimentos que a deixaram de alguma forma marcada, há imagens em que são projetadas cenas urbanas que lembram a arquitetura européia. A narradora deixa claro ao longo de todo o livro como arquivos pessoais são importantes para ela. Fotografias, cartas e diários são constantemente evocados e vemos imagens que parecem ter sido retiradas de um álbum de família empoeirado.

    Assim, Dupla Exposição, fruto desta parceria entre artistas de duas áreas distintas, consegue funcionar quando lidos apenas os textos; apenas as imagens ou, como proposto, ambos juntos, sem perder a aura nostálgica e a ideia de uma viagem temporal em pensamento, como o sentimento que toma conta da mente ao observar nossas fotos antigas e lembranças carregadas de afetos.

    Se interessou pelo livro? No site da Editora Rocco tem a lista de lojas on-line em que você pode comprá-lo: https://www.rocco.com.br/livro/?cod=2803 

    Referência:

    VIDAL, Paloma; PESSOA, Elisa. Dupla Exposição. 1ª ed. Rio de Janeiro: Anfiteatro – Editora Rocco, 2016.
  • Jimmy Nelson

    Jimmy Nelson é um fotógrafo britânico, famoso por retratos de tribos e povos indígenas. Ele elaborou um projeto chamado “Before they pass away”, em que escolheu 35 povos ao redor do mundo para fotografar, entre os anos de 2010 e 2013.

    Jimmy Nelson é um fotógrafo britânico, famoso por retratos de tribos e povos indígenas. Nasceu em Sevenoaks, sudeste da Inglaterra, em 1967. Ele sofreu de alopecia e perdeu todo seu cabelo ainda jovem, fato que o levou ao Tibet em 1986 para “viver entre os monges carecas”. Sua viagem gerou histórias e fotos que foram publicadas na revista da Royal Geographic Society.
    Passou 6 anos fotografando tribos por hobby, até que, aos 24 anos, precisou ingressar na carreira comercial para “pagar as contas”. Em 1994, junto de sua esposa, produziu um projeto de retratos na China que durou 30 meses. As imagens desse trabalho foram exibidas no Palácio do Povo na Praça da Paz Celestial, em Pequim, e depois seguidas por uma turnê mundial.
    Em 2010, Jimmy passou por um momento de reflexão. Com a fotografia digital se estabelecendo como uma norma, ele sentiu que sua carreira estava em perigo e decidiu arriscar e se especializar em algo que ele sabia: culturas em extinção e tribos. Então, elaborou um projeto chamado “Before they pass away”, em que escolheu 35 povos para fotografar.
    Entre 2010 e 2013, o fotógrafo realizou 16 viagens, que duraram de 1 a 2 meses cada. Em entrevista à BBC, ele contou sobre as dificuldades enfrentadas até chegar ao local onde as tribos vivem, além da questão do idioma. Era raro compreender os dialetos, mesmo com um tradutor presente. Apesar dessas adversidades, Jimmy dava um jeito de se comunicar e ajudava nas necessidades do dia-a-dia como moeda de troca para conseguir suas fotos.
    Para esse trabalho, Jimmy utilizou uma câmera de grande formato, com exposição de 4 a 5 segundos em sua maioria. Segundo ele, “quando você processa essas imagens e as imprime, o granulado é fantástico comparado à fotografia digital. O digital se torna muito plástico. Tudo acaba parecendo o mesmo.”
    Um senhor com cerca de 60 anos, branco, está sentado. Ele usa botas, uma calça preta, camisa vermelha, um lenço no pescoço, uma boina. Para o frio, tem algo feito de algodão ao redor do pescoço. Segura um chicote e parece beber algo alcóolico.
    Requelme, Gaucho, Estancia Anita, El Calafate, Patagonia, Argentina, Jimmy Nelson, November 2011 | Jimmy Nelson

    Um homem negro segura uma espécie de fuzil. Seu corpo tem pinturas na cor branca e, em sua cabeça, usa argolas na orelha e dentes pendurados.
    Mursi, Hilao Moyizo Village, Omo Valley Ethiopia, 2011 | Jimmy Nelson

    Um homem negro, cerca de 60 anos cheio de acessórios pelo corpo. Tem uma espécie de osso atravessando seu nariz, utiliza várias penas na cabeça, no braço. Também tem vários acessórios pendurados no pescoço.
    Batu Logo, Dani tribal leader Asumpaima Village, Baliem Valley, Papua, Jimmy Nelson, August 2010 | Jimmy Nelson

    Um aborígene negro, cerca de 50 anos. Tem algumas linhas em branco pintadas em seu corpo. Segura algo na altura do peito. Usa uma faixa na testa, com espécie de galhos e penas presos na parte de trás da cabeça.
    Duane Ahchoo, Bardi, One Arm Point, Dampier Peninsula, The Kimberley, Australia, 2018 | Jimmy Nelson

    Uma mulher negra, nua acima da cintura. Em seu pescoço, utiliza um colar e mais objetos. Seu rosto está pintado em vermelho e branco. Tem penas presas em seu braço. Na testa, também tem penas vermelhas presas
    Goroka, Eastern Highlands, Papua New Guinea, 2010 | Jimmy Nelson

    Um homem negro, cerca de 60 anos. Seu rosto está pintado de amarelo e tem uma espécie de espeto atravessando seu nariz.Usa uma espécie de chapéu incomum na cabeça, enfeitado com penas e flores.Está sem camisa, tem o peito peludo e folhas de árvores amarradas nos braços.
    Hangu Ibamuali, Huli Wigmen, Ambua Falls, Tari Valley, Papua New Guinea, 2010 | Jimmy Nelson

    Um homem ou mulher peruano(a). Tem a pele parda, olhos ligeiramente puxados e usa vestimentas predominantemente rosas. Sua roupa tem desenhos geométricos, usa touca na cabeça, além de um chapéu.
    Hatun Q’eros, Andes, Peru, 2018 | Jimmy Nelson

    Homem sem camisa, pardo. Tem uma faixa preta pintada na altura dos olhos. Na cabeça, tem penas presas na testa com uma espécie de corda. Usa colares grandes, com chifres e penas.
    Hiva Oa, Marquesas Islands, 2016 | Jimmy Nelson

    Uma mulher negra, de olhos castanho claro e cabelo cacheado. Na cabeça, tem um arco formado por penas brancas, vermelhas e amarelas. Em seu corpo, ao invés de roupa, ela usa folhas de plantas.
    Korafe, Amunioan, Tufi, Oro province, Papua New Guinea, 2017 | Jimmy Nelson

    Três moças brancas, chinesas. Utilizam batom, brincos e colares enormes. Vestem um roupão azul, com detalhes em verde e vermelho. Na cabeça, algo como uma coroa gigante na cor dourada.
    Langde Shang Miao Village, Kaili, Qiandongnan, Guizhou, China, 2016 | Jimmy Nelson

    Um homem pardo, de uns 50 anos. Está sem camisa, e tem linhas pintadas no rosto em vermelho e preto. Ao invés de roupas, utiliza uma peça feita de penas e uma carcaça de lobo. Na cabeça, algo feito com uma águia aparentemente entalhada.
    Miguel Martinez Lopez, Chichimeca Jonaz, Misión de Chichimecas, Guanajuato, Mexico, 2017 | Jimmy Nelson

    três meninas indianas. Todas utilizam vestidos que cobrem o corpo inteiro e são bastante coloridos. Elas usam brincos, piercings no nariz, colares e acessórios na cabeça.
    Mir, Dasada, Gujarat state, India, 2016 | Jimmy Nelson

    Uma butanesa branca, aparentemente jovem adulta. Tem cabelos pretos compridos. Na sua cabeça, uma espécie de chapéu enfeitado com flores brancas e pequenas. Pouco abaixo dos ombros, ela segura duas esculturas de cabeças de dragão.
    Sonam Choden, Sharchop, Gangtey, Bhutan, 2016 | Jimmy Nelson

    Uma mulher morena, com o rosto pintado como uma caveira. Usa um cordão e brincos dourados. Na cabeça, flores presas em seu cabelo. Sua roupa e cenário também é composto por flores amarelas, rosas e vermelhas.
    Zapoteca, Oaxaca, Mexico, 2017 | Jimmy Nelson

    Marken, the Netherlands, 2014 | Jimmy Nelson

    Referências

  • Reflexos

    Usar reflexos nas fotos é uma técnica relativamente simples e traz resultados surpreendentes.

    O uso de superfícies reflexivas  pode ser muito útil na hora de compor a fotografia, elas permitem enquadrar pessoas e locais de maneiras diferentes, além de serem muito usadas na criação de fotografias abstratas criando padrões geométricos ou deformando objetos fotografados.

    Pescador Pirarucu
    Araquém Alcântara, Pescador Pirarucu

    Uma das maneiras mais comuns de fazer fotografias com reflexo é usando um espelho plano, já que ele reflete nitidamente a luz, e isso é bom para compor fotos com objetos iguais em duas posições diferentes do enquadramento que conversam entre si. É possível usar espelhos de várias outras maneiras, espelhos quebrados por exemplo podem dar composições interessantes.

    A água também é muito utilizada para esse tipo de fotografia. Sair de casa para fotografar depois de chuvas, quando existem muitas poças d’água espalhadas, pode proporcionar fotos inovadoras dos mesmos locais que você já viu várias vezes. Lembrando que a água não precisa estar parada ou ser límpida, a ondulação da água e sua turbidez pode funcionar muito bem para criar fotografias abstratas por exemplo.

    Existem incontáveis outra superfícies reflexivas. Quando você sair para fotografar busque ter um olhar atento a elas, carros por exemplo proporcionam várias superfícies diferentes que podem resultar em uma boa foto, espelhos retrovisores, rodas e parachoques cromados, vidros escuros e até mesmo a própria pintura, que na maioria dos carros é brilhante e reflete bem a luz, além de que os diferente formatos dos carros produzem várias deformações diferentes nas imagens.

    A técnica do reflexo aparece muito nas obras de Araquém Alcântara, fotógrafo Brasileiro conhecido por ser um dos precursores da fotografia ecológica no Brasil.  Um de seus principais trabalhos foi seu ensaio sobre os ecossistemas e as unidades de conservação brasileira, que ele demorou 22 anos para concluir. Em abril de 2019 ele em conjunto com o fotógrafo Sebastião Salgado produziu uma exposição sobre o pantanal, um ecossistema repleto de corpos d’água que permitiram fotos incríveis com o uso dos reflexos.

    Serra do Amolar
    Araquém Alcântara; Serra do Amolar

    Essa é uma das fotos desta exposição. Ela foi tirada na serra do Amolar, e é um bom exemplo de fotografia com reflexo. A linha que divide a imagem real e a refletida é bem nítida colocada na foto de maneira horizontal e respeitando a regra dos terços. Mesmo que o reflexo seja turvo, o resultado cria várias formas diferentes o que fica visualmente interessante e complementa muito a composição.

    Agora é sua vez! Pegue a câmera ou o celular e saia procurando ver os mesmos lugares de perspectivas diferentes! E não se esqueça de mostrar os resultados no nosso grupo do Facebook!

  • A better camera

    A Better Camera promete deixar a câmera do seu celular com características de câmera profissional. Será que dá certo?

    A Better Camera promete deixar a câmera do seu celular com características de câmera profissional. Será que dá certo?
    Imagem promocional que mostra o aplicativo sendo rodado em um smartphone e todas as funções que ele oferece.
    Foto promocional. Créditos: A Better Camera.
    Apesar de adorar fotografia, eu preciso ser sincera: eu nunca compraria um celular baseado em sua câmera. Na minha opinião, grande parte da graça das fotografias mobile é usar a criatividade para superar as desvantagens da câmera do celular em relação as DRLS e colocar a composição em evidência. Mas às vezes eu gostaria que a câmera do meu celular tivesse algumas funções a mais. Por isso, resolvi testar o aplicativo “A Better Camera” e comparar as fotos tiradas com ele com as da câmera do meu celular sem utilizar nenhum aplicativo.

    A Better Camera

    A Better Camera é um aplicativo somente para Android que, como a tradução do seu nome diz, te oferece “uma câmera melhor”. O aplicativo é grátis, mas certos recursos são pagos e os preços variam de R$ 0,99 a R$ 3,99. Sua versão grátis possui:
    • 4 modos de medição de luz (automático, matrix, balanceado ou pontual);
    • 8 tipos de balanço de branco (automático, incandescente, fluorescente, fluorescente quente, luz do dia, dia nublado, crepúsculo e sombra);
    • 5 modos de foco (automático, infinito, macro, contínuo e trava de foco);
    • 3 tipos de flash (auto, manual, tocha);
    • 8 efeitos de cor (monocromático, negativo, ensolarado, sépia, posterização, whiteboard, blackboard e água);
    • compensação de exposição;
    • ISO até 1600;
    • DRO;
    • ferramenta de grid;
    • ferramenta de histograma;
    • ferramenta de nivelamento;
    • modo noturno;
    • best shot;
    Além disso, na versão grátis é possível tirar uma quantidade limitada de fotos utilizando os modos HDR, panorama e multidisparo inteligente. Dentro do multidisparo inteligente existem as opções remoção de objetos, foto de grupo e sequência.
    A câmera do meu celular tem ISO (se não sabe o que é, descubra aqui) máximo 800, controle de exposição, três modos de medição (centro ponderado, matricial e ponto) e cinco tipos de balanço de branco (auto, luz do dia, nublado, incandescente e fluorescente).

    Primeiras impressões

    Confesso que a interface me deixou um pouco confusa. O menu (que fica na parte de cima) possui uma seta para baixo paa acessar as configurações, porém, em determinado momento, o grid e o histograma saíram da tela e eu só descobri que para colocá-los de volta eu deveria deslizar a tela para o lado dias depois (e por acaso). Esse aspecto do aplicativo é pouco intuitivo.
    A primeira coisa que resolvi testar foi uma comparação do modo automático do meu celular e do aplicativo. E, como você pode ver abaixo, não há diferença entre o modo automático de um e de outro.
    Fotos tiradas com todas as configurações no automático: à esquerda foto da câmera do meu celular; à direita, do aplicativo.
    Duas fotografias de uma capela branca à noite. As fotografias parecem iguais.
    Fotos tiradas com todas as configurações no automático: à esquerda foto da câmera do meu celular; à direita, do aplicativo.

    Foco

    O que mais me impressionou foram os focos. Meu celular só consegue focar objetos que estão a aproximadamente 20 centímetros de distância da câmera. Utilizando o aplicativo e configurando o foco para o modo macro eu consegui focar objetos a um mínimo de 6 centímetros de distância.
    Fotografia de uma flor cor-de-rosa.
    Fotografia com foco macro.
    O foco infinito não fez nada de especial. Na verdade, em algumas fotos utilizando o foco infinito, a imagem nem parece estar focada. O modo contínuo e a trava de foco, porém, funcionam muito bem.
    A razão pela qual eu gostei tanto dos focos é que, independente de qual eu escolhesse, os focos reduzem a profundidade de campo, deixando apenas um plano em foco e resto embaçado. A profundidade não é reduzida drasticamente, mas é mais do que já consegui fazer com a câmera do meu celular. Gosto de como o efeito enfatiza aspecto do que está sendo fotografado como a textura.
    Fotografia de algo que parece grades ou metais amarelos paralelos ao chão, que está ligeiramente desfocado.
    Fotografia utilizando trava de foco para reduzir ligeiramente a profundidade de campo.
    Foto utilizando trava de foco para reduzir ligeiramente a profundidade de campo.

    DRO, HDR e Best Shot

    As funções mais interessantes do aplicativo me pareciam ser o DRO, Dynamic Range Optimization (Otimização do Alcance Dinâmico), e o HDR, High Dynamic Range (Altíssimo Alcance Dinâmico). Ambos são tecnologias para ajustar a exposição quando uma parte da fotografia possui muita sombra e a outra muita luz. A diferença entre os dois é que o DRO faz o balanço diretamente na foto, enquanto o HDR tira duas fotos com exposição calculada para áreas diferentes e as junta em uma única foto. Além disso, no aplicativo, o DRO é grátis, enquanto o HDR é limitado a cinco fotografias.
    Minha experiência com ambos, porém foi insatisfatória. O DRO baixava a qualidade da fotografia, a deixando granulada. O HDR, por sua vez, dava a aparência de uma pintura às fotos, o que pode ser legal quando proposital, mas não era a minha intenção.
    Além desses dois elementos, o aplicativo possui um terceiro muito parecido: o “Best Shot”. Essa configuração faz várias fotos após o obturador ser pressionado, mas processa apenas a que tiver o melhor foco e nitidez. Para mim, o recurso cumpriu a mesma função do automático, porém demorando mais tempo para processar a imagem e impossibilitando que outras fotos fossem tiradas até lá.

    Considerações finais

    Ainda que o aplicativo tenha muitas configurações que a câmera do meu celular não oferece, a maioria delas não é necessária na maior parte do tempo ou não funcionam, se mostrando um excesso de funções. Elas servem para chamar atenção para o aplicativo, mas, na prática, poucas seriam usadas.
    Para uma pessoa que busca apenas deixar fotografias mais nítidas ou corrigir problemas de exposição, as funções úteis se tornam ainda mais escassas, já que o DRO e HDR não funcionam bem. O aplicativo também pode ser difícil para alguém que não conhece termos como ISO ou exposição, porque o aplicativo só oferece manual para as funções originais.
    Eu, porém, gostei muito da experiência criativa que o aplicativo proporciona. Mesmo utilizando poucas funções, as opções de balanço de branco, foco e flash aumentaram imensamente as minhas opções criativas para produzir uma foto.