Categoria: Colunas

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  • Proximidades: pelo olhar Alice Martins

    Entre Síria e Turquia, Alice Martins fotografou cenas cotidianas das pessoas atingidas pelos conflitos armados.
     
    A mãe com a criança no colo me remeteu a algumas das representações ocidentais de mães com filhos no colo, como a Madonna e a Pietá. Meu olhar direcionado pelo arquétipo ocidental de interpretação de imagem é o  que também me faz escolher essas fotografias para aqui refleti-las. Abaixo, observamos uma mulher com um bebê no colo em uma sala que não parece ser habitada.
     

     

    Mulher tenta acalmar uma criança em uma escola em Hasaka,/Síria, A. Martins, 2019.  


    Os tons de marrom e branco no ambiente, assim como a paisagem deturpada pela janela, me proporcionam as sensações de frio e abandono, aliás o lugar me soa abandonado. Então o colo da mulher se torna muito acolhedor e amável, quase não notamos uma terceira pessoa ali: Alice. Porém a legenda da foto nos diz o contrário do que penso. Como interpretaríamos essa imagem sem legenda?
     
    Mesmo que o trabalho da Alice tenha sido desenvolvido no Oriente Médio, códigos e semelhanças sociais nos fazem aproximar das suas fotografias, de acordo com o que apresentam. Considero persistente entender que o nosso olhar é direcionado pela nossa cultura, então a partir de onde pensar essa proximidade de sentidos e sentimentos?

     

    Cena de praia em Casablanca/ Marrocos. A Martins, 2020.


    O que me chama atenção nessa fotografia é que um lugar que habita o meu imaginário catastroficamente, também oferece lazer, risos e brincadeiras. Nos é comum neste momento as lembranças de idas à praia. Essa serenidade em Marrocos vai além das notícias de telejornais e rede sociais, por exemplo, ela nos remete a descontração do cotidiano.
     
    Da sala à praia, o que nos aproxima dessas fotografias são as relações de afetos demonstradas pelas pessoas nesse momento capturado. Ambos os ambientes, tornam-se à extensão do lar, seja pelo acolhimento, pela descontração e de certo pelo afeto demonstrado, etc. 
     
    Quando escrevo sobre outros lugares que não o Brasil, eu sempre penso no que me levou até lá. Acredito que o “ouvi falar” e a vontade de conhecer o lugar, sustentem essa viajem que acontece por meio das leituras. Que bom descobrir que o comum é extraordinário quado o caos circunscreve as notícias. 
     
     #leitura é uma coluna de caráter reflexivo. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, histórica, política, social. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor as postagens de coluna? É só seguir este link.
     

    Links, Referências e Créditos

  • Helen Levitt: Semblantes de Nova York

    Helen Levitt: Semblantes de Nova York

    Obra mostra o drama diário de nova iorquinos.

    Helen Levitt nasceu na cidade de Nova York em 31 de agosto de 1913. Aprendeu o básico de uma câmera fotográfica enquanto trabalhava para J. Florian Mitchell, um fotógrafo comercial no Bronx. Entretanto, sua grande inspiração para seguir na carreira de fotografia foi o trabalho de Henri Cartier- Bresson. Helen ficou extasiada com suas imagens e, pela primeira vez, percebeu que o que via era arte.

    Helen Levitt

    Com sua câmera Leica, Helen fotografava as ruas de Nova York, ou melhor, o cotidiano das crianças, mulheres e homens de lá. Um de seus objetivos ao captar um pouco da vida dessas pessoas era capturar o momento em que os indivíduos desconhecem a presença da fotógrafa.

    Outro ponto interessante é que Helen é considerada uma das pioneiras da fotografia colorida, mas possui um grande acervo de imagens em preto e branco também. A primeira grande exposição de Levitt foi no Museu de Arte Moderna de Nova York em 1943, e em 2007, ”Helen Levitt: Un Art de l’accident poétique” estreou na Fundação Henri Cartier-Bresson em Paris.

    Helen Levitt
    Helen Levitt
    Helen Levitt
    Helen Levitt

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

    Como citar essa postagem

    HELENA, Beatriz. Helen Levitt: Semblantes de Nova York. Cultura Fotográfica. Publicado em: 12 de jul. de 2021. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/helen-levitt-semblantes-de-nova-york/. Acessado em: [informar data].

  • Abordagem Referencial

    Abordagem Referencial será tema de Ciclo de Encontros do Grupo de Estudos do Cultura Fotográfica.

    Neste segundo semestre de 2021, o Grupo de Estudos do Cultura Fotográfica se dedicará ao debate da Abordagem Referencial. Esta perspectiva define a imagem como um meio de informação sobre o mundo que se funda sobre uma relação mimética estabelecida a partir de seu uso como ferramenta figurativa. Essa abordagem comporta uma variante negativa conhecida como: ilusionismo da imagem.
    Capas das obras que serão discutidas neste ciclo de encontros.

    Abaixo, apresentamos um cronograma com as datas em que serão os encontros deste ciclo serão realizados e os temas que serão trabalhados em cada um deles.

    Data*

    Horário**

    Tema

    1

    22/07/2021

    17h – 19h

    Apresentação do Grupo de Estudos

    2

    19/08/2021

    17h – 19h

    Imagem e Ilusão

    3

    23/09/2021

    17h – 19h

    Ilusão Especular

    4

    21/10/2021

    17h – 19h

    Imagem e Espetáculo

    5

    18/11/2021

    17h – 19h

    Evidência e testemunho

    * As datas e os horários podem sofrer alterações justificadas, desde que comunicadas com antecedência mínima de 15 dias.

    ** O ambiente virtual em que ocorrerão os encontros do grupo será aberto 15 minutos antes de cada reunião para que os participantes se acomodem.

    Você pode colaborar com o Grupo de Estudos do Cultura Fotográfica de três maneiras diferentes:
    1. Participando sincronicamente dos encontros via Streamyard como apresentadores ou debatedores.
    2. Acompanhando sincronicamente os encontros via Youtube como ouvintes.
    3. Assistindo assincronicamente as gravações dos encontros publicadas no Youtube.
    Inscreva-se no Grupo de Estudos do Cultura Fotográfica

  • A Memória da Fotografia: Como olhar as imagens fotográficas no contexto do “Pós”

    Artigo publicado na Revista Texto Digital.

    O fazer fotográfico converteu-se, nas últimas décadas, em um emaranhado de práticas, técnicas e modos de circulação, de maneira a tornar cada vez mais difícil a definição sobre o que é, afinal, uma fotografia. Propomos, neste texto, uma reflexão sobre a forma de olhar as imagens fotográficas da contemporaneidade através dos conceitos de fotografia de interface e teia de imaginário. Assim, enfatiza-se uma abordagem que não observa somente as superfícies das imagens, mas também considera o seu arredor que a elas se integra, auxiliando no desenterrar de outras imagens-memória que delas fazem parte. Complementarmente, reflete-se sobre o papel do meio – a plataforma de compartilhamento de imagens Instagram – como dispositivo que condiciona e promove o agenciamento de relações memoriais e estéticas entre imagens fotográficas circulantes em rede.

    Autores

    Rodrigo Mattos (Lattes: http://lattes.cnpq.br/2863678887059357, Instagram: @rodrigomttos)

    Tiago Lopes (Lattes: http://lattes.cnpq.br/5596822950536203, Instagram: @tiagorclopes)

    Orientador

    Tiago Lopes (Lattes: http://lattes.cnpq.br/5596822950536203, Instagram: @tiagorclopes)

    Local de publicação

    Revista Texto Digital

    Acesse a publicação completa em https://periodicos.ufsc.br/index.php/textodigital/article/view/76476/45071.


    Esta postagem foi elaborada com base nas informações prestadas por Rodrigo Mattos, através do formulário Divulgue suas publicações!. Resposta número 2.

  • O exército patrulhando as ruas

    O exército patrulhando as ruas

    A fotografia de Koen Wessing pode causar diversas sensações com o contraste encontrado em seu interior.

    Em 1979, Koen Wessing registrou, na Nicarágua, a contrastante fotografia intitulada “O exército patrulhando as ruas”. A imagem de três soldados em patrulha e o caminhar de duas freiras no período da Revolução Sandinista é de uma dualidade notória.

    Koen Wessing

    Koen Wessing nasceu em Amsterdã no ano de 1942. Apaixonado por fotografia e com uma alma viajante, visitou vários lugares do mundo e, por causa disso, registrou muitos acontecimentos em diversos países. Em 1978, Wessing viajou até a Nicarágua para fotografar a família Somoza, cujo regime ditatorial começava a ruir, por causa da Revolução Sandinista que dava seus primeiros passos na época. Um ano depois, voltou ao país para documentar a mudança ocorrida em virtude dos conflitos civis.

    A fotografia “o exército patrulhando as ruas” mostra um cenário em ruínas. As casas parecem desabitadas e a superfície da rua está destruída, consequência dos combates e dos bombardeamentos que aconteceram na tentativa de conter a Revolução. O sistema ditatorial de Somoza foi repulsivo e violento. Por causa desta ditadura, a realidade social da Nicarágua era crítica, já que a maioria da população vivia em uma situação de extrema miséria. É um cenário doloroso, mas que resiste à brutalidade que está presente na fotografia.

    Além do local danificado, a fotografia também carrega uma dualidade evidente, pois é mostrado duas freiras passando por três soldados em patrulha. Por fazerem parte da Guarda Nacional de Anastasio Somoza, a imagem dos militares, a meu ver, carrega uma violência exacerbada causada por um governo repressivo.

    Em contraste com os soldados, a imagética da freira, na minha perspectiva, remete à tranquilidade e paz. Por causa disto, vê-las em um cenário bélico me causou estranheza na primeira vez que observei a fotografia. Entretanto, percebi um certo cansaço e uma certa preocupação com um passado doloroso, um presente duro e um futuro incerto no olhar de uma das freiras. Com isso, penso que elas podem ser um símbolo de resistência.

    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

    Lins, Referências e Créditos

    • ROLAND Barthes. A câmara clara. 7 ed. Rio de Janeiro: Nova fronteira. 2018.

    Como citar essa postagem

    HELENA, Beatriz. O exército patrulhando as ruas. Cultura Fotográfica. Publicado em: 7 de jul. de 2021. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/o-exercito-patrulhando-as-ruas/. Acessado em: [informar data].

  • Ansel Adams

    Ansel Adams

    Famoso por suas fotografias de paisagens grandiosas e pelo rigor na execução de procedimentos técnicos.

    Ansel Adams nasceu em 20 de Fevereiro de 1902, em São Francisco, Califórnia. Na sua adolescência sempre foi fascinado por parques naturais, em especial pelo de Yosemite, famoso por suas sequoias gigantescas. A pulsão por capturar as belezas do parque foi o principal motivo para ele ganhar sua primeira câmera e começar sua carreira na fotografia.

    Mount Clarence King, Southern Sierra, Ansel Adams, 1924

    Seus primeiros trabalhos como fotógrafo  foram para o Sierra Club, uma organização não governamental que visava a preservação ambiental. Por causa do clube, Adams conseguiu expor suas primeiras obras, o que o ajudou a criar uma reputação no meio fotográfico.

    Em 1941, Ansel desenvolveu seu famoso Sistema de Zonas, visando obter o melhor resultado entre a exposição e o processamento de um filme fotográfico. Além de sua técnica impecável, que envolvia sempre uma profundidade de campo enorme, ele também ficou conhecido por sua militância pelas causas ambientais e por ter sido responsável pela criação do primeiro departamento de fotografia do Museu de Arte Moderna de Nova  York.

    Ansel Adams, Austrália, 1960
    Ansel Adams, Great Smoky Mountain Natural Park, 1948
    Ansel Adams, El Capitan, 1916
    Ansel Adams, Vale de Yosemite, 1937

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

    Links, Referências e créditos

    Como citar esta postagem

    CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Ansel Adams. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/ansel-adams/>. Publicado em: 05 de jul. de 2021. Acessado em: [informar data].

  • Atrás da Estação de Saint-Lazare

    Atrás da Estação de Saint-Lazare

    Fotografia de Cartier-Bresson é uma síntese do “momento decisivo”.

    A fotografia “Atrás da Estação de Saint-Lazare” tomada por Henri Cartier-Bresson é considerada uma de suas obras mais importantes. Ela retrata o momento em que um homem, saltando sobre uma poça, tem seus pés a prestes a tocar na água.

    Henri Cartier-Bresson, Paris, 1932

    Além do homem saltando, a composição da foto mostra vários elementos interessantes. A começar pelo reflexo da água parada, um importante fator para compor o ar misterioso da foto. Um pouco mais atrás, podemos ver o cartaz de um circo e nele o desenho de um dançarino, que parece mimetizar o movimento do homem em uma direção contrária e isso parece complementar o reflexo na água. Além de formas geométricas que trazem a foto um caráter surrealista, como os círculos em primeiro plano e as formas triangulares formadas pelos telhados ao fundo.

    Por que essa fotografia é tão cultuada como sendo a síntese do pensamento de Bresson em relação ao momento decisivo? Em “O Momento Decisivo”, ele diz “Tinha, sobretudo, o desejo de captar numa única imagem o essencial de uma cena que emergia” (BRESSON, 1952, p. 147), ou seja, para ele o momento decisivo seria um exato ponto de uma cena, capaz de resumi-la como um todo, momento esse que só poderia ser captado por puro instinto do fotógrafo, quase que como uma premonição.

    Na foto, o homem está eternamente preso no meio de seu salto, fadado a estar a milímetros do chão sem nunca tocar a água, porém, quem a olha consegue com clareza “ver” seus pés encontrando a água e a deixando turva. Confesso que, depois de tanto tempo olhando para ela, já consigo até ouvir o som da água respingando por todos os lados. É a isso que Bresson se refere ao dizer “uma cena que emerge”.

    Outro ponto importante, cuja existência reforça ainda mais a ideia do momento decisivo, é o fato de a foto ter sido feita através de um buraco em uma cerca, isto sugere que Bresson não utilizou nada além de instinto para captar a cena. Além disso, ao analisar os detalhes das formas e do desenho do dançarino ao fundo, que casam perfeitamente na composição da foto, fica impossível não relacionar diretamente essa fotografia ao seguinte trecho:

    Para mim, uma fotografia é o reconhecimento simultâneo, numa fração de segundo, tanto do significado de um fato quanto de uma organização rigorosa das formas, percebidas visualmente, que exprimem esse fato. (BRESSON, 1952, p. 153)

    Talvez o único detalhe presente nessa fotografia que a distancie de uma síntese do momento decisivo seja o fato de que Bresson precisou cortá-la, ato raríssimo em todo seu trabalho, já que em muitos textos e entrevistas ele deixa claro seu repúdio por qualquer alteração da fotografia original. Segundo ele, a foto foi feita através de um buraco em uma cerca, que não era aberto o suficiente, por isso boa parte da foto não tinha nenhuma informação.

    Não obstante, vemos uma fotografia capaz de resumir toda uma cena em apenas alguns milésimos de segundo, com uma composição tão rigorosa que parece ter sido montada, vemos um universo de possibilidades e conexões, capturado em um pequeno retângulo de 36x24mm.

    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

    Links, Referências e Créditos

    Como citar esta postagem

    CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Atrás da Estação de Saint-Lazare. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/atras-da-estacao-de-saint-lazare/>. Publicado em: 30 de jun. de 2021. Acessado em: [informar data].

  • Gabriela Biló

    Gabriela Biló

    Mesmo que o mercado de trabalho do fotojornalismo seja dominado por homens, ela se mantém na linha de frente, produzindo excelentes fotografias!

    Gabriela Biló nasceu em São Paulo no ano de 1989, começou sua carreira na fotografia aos 21 anos, quando trabalhou como freelancer para a agência Futura. Hoje, ela é fotógrafa do jornal Estadão, com base em Brasília, onde acompanha a rotina do presidente da república, Jair Bolsonaro.

     Ex ministro da saúde Eduardo Pazuello depõe na CPI da COVID no Senado,
    Gabriela Biló, 2021

    Sua paixão por imagens e seu incessante impulso por contar histórias foram os principais fatores para a escolha da carreira. Elementos que, mesmo com o ambiente de trabalho tóxico causado pela misoginia e pela baixa remuneração, falam mais alto até hoje.

    Em sua trajetória cobriu vários momentos importantes para a história do país. Em 2013 fotografou as manifestações do movimento Passe Livre, um pouco depois, em 2015, fez a cobertura do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais, em que acompanhou a lama até o oceano. No ano de 2020, com seus retratos do presidente Jair Bolsonaro venceu o troféu Mulher Imprensa na categoria de fotojornalismo, e concorreu ao prêmio Vladimir Herzog na categoria de fotografia. 

    A tosse Atroz, Gabriela Biló, 2020
    Líder indígena Antônio Tenharim nas cinzas de uma queimada na floresta Amazônica,
    Gabriela Biló, 2019
    O presidente Jair Bolsonaro em inauguração de usina de energia fotovoltaica,
    Gabriela Biló, 2020
    Jair Bolsonaro aponta o dedo em forma de arma para a cabeça de Sérgio Moro,
    Gabriela Biló, 2019
    Ato do Movimento Passe Livre contra o Aumento da Tarifa, Gabriela Biló, 2013

    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

    Como citar esta postagem

    CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Gabriela Biló. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/gabriela-bilo/>. Publicado em: 07 de jun. de 2021. Acessado em: [informar data].

  • A Mãe Migrante

    A Mãe Migrante

    A história por trás da mais famosa foto de Dorothea Lange.

    A fotografia Mãe Migrante foi feita em Março de 1936 pela fotojornalista Dorothea Lange enquanto ela cobria a migração de trabalhadores rurais que estavam indo para o leste dos Estados Unidos em busca de emprego. Ela retrata Florence Thompson, que só foi identificada anos após a foto ser publicada.

    A Mãe Migrante, Dorothea Lange, Nipomo, California, EUA, 1936

    Lange havia sido contratada pela Resettlement Administration (RA), agência criada pelo governo dos Estados Unidos em 1935 para reassentar familias carentes de zonas urbanas e rurais e que posteriormente integraria a Farm Security Administration (FSA), por. A cobertura tinha o objetivo de comover a população e incentivar políticas de amparo para essas famílias. A foto cumpriu bem seu papel, pouco depois de sua publicação, o governo americano enviou ajuda médica e alimentos para os acampamentos dos Pea Peckers, como eram conhecidos esses trabalhadores rurais.

    Mesmo que muitas outras fotos tenham sido feitas na campanha, esta foi a que mais se destacou. Provavelmente, devido ao olhar distante da mãe, que nos sugere que ela está perdida em seus pensamentos. Seus três filhos se apoiam sobre seu corpo.  A despeito de sua expressão cansada, temos a impressão de que essa mulher não irá desistir.

    Graças a essa mistura de empoderamento e sofrimento, muitos dos americanos passaram a ver nesse rosto uma representação do povo estadunidense, que enfrentava uma das maiores crises econômicas da história do país. Por isso, a fotografia de Lange passou a ser um dos maiores símbolos de sua época.

    Em 1975,  Florence Owens Thompson finalmente se identificou como sendo a “Mãe Migrante” da fotografia de Dorothea. Ela entrou em contato com a Associated Press, concedendo uma entrevista sobre o seu lado da história. Segundo ela, a história sobre sua vida havia sido contada de maneira errada. Ela diz que não era uma Pea Pecker e que passou anos envergonhada por ter sua imagem associada a uma situação de pobreza extrema. Em sua versão, ela estava viajando com o marido e seus 6 filhos quando o carro quebrou na beira da estrada. Enquanto, seu esposo foi até a cidade mais próxima para comprar uma peça de reposição, ela montou uma tenda e preparou o almoço.Foi nesse momento que Lange apareceu e tirou a foto.

    Com esse novo depoimento, muitas pessoas passaram a criticar o posicionamento ético de Lange. Acusaram-na de não ter coletado informações suficientes sobre a mulher e de ter orquestrado as poses da foto. Infelizmente, a fotógrafa já havia falecido há 10 anos e nunca pôde rebater as críticas.

    Pensando na ética envolvida na produção desta fotografia e utilizando os depoimentos que temos junto às seis fotos feitas no encontro de Lange e Thompson, fica difícil apoiar apenas um lado como sendo o correto. Mesmo que Lange não tenha necessariamente contado a história exata, ela fez uma foto que serviu como simulacro para todo um grupo que acabou se beneficiando da repercussão da imagem. Florence, que mesmo tendo se sentindo envergonhada por causa da foto por um longo período de sua vida, também se beneficia dela, já que, nos anos 80, ela precisou se submeter a uma cirurgia que somente através da venda de cópias da foto foi possível de ser paga. No final, a foto carrega duas histórias, a de um povo sofredor, que conseguiu passar por um dos mais terríveis períodos da história dos Estados Unidos e a de uma mulher, que sem querer virou um símbolo de luta depois de um encontro de 15 minutos com uma fotógrafa.

    Dorothea Lange, Nipomo, California, EUA, 1936
    Dorothea Lange, Nipomo, California, EUA, 1936
    Dorothea Lange, Nipomo, California, EUA, 1936
    Dorothea Lange, Nipomo, California, EUA, 1936
    Dorothea Lange, Nipomo, California, EUA, 1936

    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

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    Como citar uma postagem

    CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. A Mãe Migrante. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/a-mae-migrante/>. Publicado em: 02 de jun. de 2021. Acessado em: [informar data].