Categoria: Práticas

  • Vania Toledo

    Com olhar libertário a fotógrafa deixou sua marca na cultura brasileira. 

    Vania Toledo (1945-2020) foi uma fotógrafa brasileira que nasceu em Paracatu, Minas Gerais. Ela começou a fotografar de forma amadora em 1961, na cidade de São Paulo enquanto cursava Ciências Sociais na USP. Entretanto, o que era para ser apenas um hobby acabou se tornando uma profissão que lhe trouxe destaque por  registros ímpares da noite paulistana e de muitos artistas nacionais. Sendo muito querida nesse meio, ela é lembrada por imagens de Cazuza, Ney Matogrosso, Fernanda Montenegro e muitos outros artistas.
    Foto da atriz Fernanda Montenegro em preto e branco. Ela está sentada numa cadeira de madeira com estofado. O encosto tem imagens de folhas e flores. O fundo é esfumado e a atriz está de perfil, olhando para a câmera. Esboça um sorriso e arqueia as sobrancelhas.
    Vania Toledo

    Suas obras em preto e branco possuem as pessoas como os elementos centrais. Sobre esse último detalhe, Vania declarou em 2018: “Meu vício é gente. Gente atuante, libertária, gente que produz e faz arte, que gosta de viver como eu. Por isso ou por aquilo, sempre fotografei pessoas assim, com esse perfil.”
    Fotografia das atrizes em preto e branco. Nicete Bruno está sentada e coberta dos pés à cabeça por tecidos, remetendo aos tempos bíblicos. Ela segura Beth Goulart nua numa posição semelhante à Pietà de Michelangelo. Ao fundo, também esfumado, nota-se a sombra das duas.
    Vania Toledo
    Foto em preto e branco de Cazuza. Veste calça branca e sem camisa. Seus braços vão em direção à câmera e as mãos estão entreabertas. O fundo é branco levemente esfumado com cinza. Nele, vemos algumas bolinhas em preto e branco, dispostas de forma uniforme no fundo.
    Vania Toledo

    Foto em preto e branco de Marília Pera. Elegantemente vestida, com um colar e brincos de brilhante. Na frente dela, está um microfone antigo que remete aos anos 50. O fundo está desfocado.
    Vania Toledo

    Foto em preto e branco da atriz Regina Casé. Ela veste roupas simples e está com uma trouxa de tecido na cabeça remetendo a uma lavadeira. Suas mãos estão apoiadas na cintura, sendo que sua mão direita segura um objeto semelhante a uma escova de lavar e uma flanela. Ela olha para a câmera.
    Vania Toledo

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.


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    MAIA, Amanda. Vania Toledo. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/07/VaniaToledo.html>. Publicado em: {colar data de publicação}. Acessado em: [informar data].
  • Palhaço triste?

    O estranhamento ao ver o símbolo do riso infeliz


    Quando pensamos em palhaços, ideias como circo, risadas, crianças e diversão são rapidamente associadas à personagem. A persona ‘Palhaço’ é símbolo de riso e felicidade. Afinal, na arte circense, é papel do palhaço produzir sorrisos e risadas do público. Porém, a foto abaixo retrata o palhaço de modo diferente do comum ao mostrá-lo de fisionomia triste, com um cigarro e numa foto sem coloração.


    A fotografia em preto e branco mostra um homem branco fantasiado de palhaço bem ao centro, em sua mão esquerda ele segura um cigarro, na direita com filhote de cachorro preto. Ele usa uma camiseta listrada com uma camisa xadrez por cima, gravata borboleta, chapéu e maquiagem. Ao fundo podemos ver um trailer e o céu nublado.
    Imogen Cunningham

    A fotografia de autoria de Imogen Cunningham, fotógrafa estadunidense do início dos anos 90, faz parte de um álbum chamado On the Street, “na rua” em tradução direta. Dentre as dezenas de imagens que compõem o álbum, esta foi uma que me chamou a atenção devido a este estranhamento que acontece ao serem colocados símbolos contrastantes na mesma fotografia. Pensar que um personagem que simboliza risadas se encontra infeliz gera uma certa inquietação, um sentimento de que algo está errado. Ao mesmo tempo, sabemos que o palhaço é um papel interpretado, desse modo a pessoa que o representa está tão sujeita a sentimentos infelizes quanto qualquer um. Este tipo de dualidade sempre me agrada na fotografia devido a não ser comum, ou ao menos incentivado na maioria das vezes, é algo que foge ao padrão. Imogen possui diversas imagens nesse estilo, com contrastes explícitos e também alguns mais interpretativos, tornando-se uma de minhas fotógrafas preferidas.


    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

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  • Imogen Cunningham

    Imogen Cunningham

    Botânica, nudez, paisagens e retratos são alguns dos temas fotografados pela fotógrafa 

    Imogen Cunningham nasceu em Portland, Estados Unidos, em abril de 1883. Seu interesse pela fotografia surgiu aos 18 anos, após a compra de sua primeira câmera. Imogen produziu diversos retratos, estudos sobre a nudez, street photography (fotografia de rua), imagens botânicas e de sua família, além de autorretratos. Durante os 70 anos em que produziu centenas de fotos preto e branco, poucos temas não foram abordados pela artista.

    A fotografia em preto e branco é composta por uma mulher branca, nua, de costas e com os cabelos presos num coque baixo, apoiada numa grande pedra que ocupa todo o fundo da foto.
    Imogen Cunningham

    A foto em preto e branco mostra um homem nu de costas, ele possui pele branca e cabelos escuros, e está tentando subir uma pedra, que ocupa todo o fundo da fotografia.
    Imogen Cunningham

    Ainda jovem, Imogen frequentou a Universidade de Washington, onde teve seu primeiro contato com a fotografia botânica. Entre 1907 e 1909, a artista trabalhou no estúdio de Edward Curtis, aprendendo diversas técnicas sobre impressão e retoque de negativos. Em 1910, abriu seu próprio estúdio de retratos em Seattle.

    Em 1915, a fotógrafa produziu fotografias de modelos nus que foram expostas em diversas galerias dos Estados Unidos, aumentando sua popularidade. Nesse mesmo ano, Imogen se casou e teve seu primeiro filho. No final de 1917, Imogen fechou seu estúdio em Seattle e se mudou para Califórnia, onde nasceram seus dois filhos gêmeos.

    Com filhos pequenos e reclusa à vida domiciliar, Cunningham se aprofundou no estudo da fotografia botânica por meio das plantas de seu quintal. Nos anos seguintes, também produziu um extenso ensaio fotográfico de seus três filhos e marido.

    A foto em preto e branco mostra três garotos, brancos e de cabelos curtos e escuros brincando na praia. Eles usam shorts, camisetas brancas e estão descalços. Um deles está sentado na areia, um segundo está de pé ao seu lado, e o terceiro está de pé com o tronco abaixado, pegando pedras no córrego que cobre seus pés, em frente aos outros dois.
    Imogen Cunningham

    Dos anos 20 a 40, Imogen conheceu fotógrafos famosos e fez diversas exposições nacionais e internacionais, além de produzir retratos de artistas como Frida Kahlo e Martha Graham. Mais adiante em sua carreira a fotógrafa participou do Grupo f/64, um coletivo de fotógrafos que produzia imagens extremamente focadas, detalhadas e com grande contraste, boa parte dessas fotografias retratavam paisagens em preto e branco. No site em que são expostas suas fotografias, uma seção que me chamou atenção foi “Hands”, uma série de fotografias que exibem, como o próprio nome explica, as mãos de diversas pessoas, realizando atividades diferentes. Diria que é um foco de trabalho um tanto incomum, porém que muito me interessou.

    A fotografia em preto e branco mostra um par de mãos, há um anel no dedo mindinho da mão direita. As mãos são refletidas na superfície de um grande balde de água.
    Imogen Cunningham

    Em fevereiro de 1975 Imogen fundou o Imogen Cunningham Trust a fim de exibir, preservar e promover seu trabalho fotográfico. A artista faleceu em 1976, aos 93 anos, em São Francisco, Califórnia.

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    Como citar esta publicação

    COUTO, Sarah. Imogen Cunningham. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em <https://culturafotografica.com.br/imogen-cunningham/>. Publicado em: 18/10/2022. Acessado em: [informar data].

  • Otto Stupakoff

    Pioneiro na fotografia de moda no Brasil.


    Otto nasceu em 1935, em São Paulo. Em 1943, ganhou uma máquina fotográfica do pai. Por falta de perspectivas profissionais no Brasil, mudou-se para os Estados Unidos e ingressou na Art Center College of Design, onde iniciou sua carreira como fotógrafo de moda. 


    A fotografia, em preto e branco, mostra em primeiro plano uma mulher de traços caucasianos, trajando chapéu, regata, saia longa, camisa social  sobreposta aos ombros, sapato de salto e acessórios. Ela mira com olhar de espanto para trás, onde tem dois garotos sem sapatos carregando caixotes e uma caixa de madeira no ombro. Apesar disso, ela não parece estar olhando para os meninos, e sim para algo além, que não foi captado pela fotografia. Em segundo plano, em uma esquina, um grupo de pessoas observam com curiosidade a mulher.
    Otto Stupakoff


    No Brasil, Otto trabalhou como fotógrafo para agências e para a gravadora Odeon, onde desenvolveu capas de álbuns de músicos renomados, como Dorival Caymmi e Luiz Bonfá. Ainda, firmou parceria com Oscar Niemeyer e foi retratista de celebridades, como Pelé e Tom Jobim.

    Nos Estados Unidos, Otto conheceu pessoas como Carmen Miranda e Coco Chanel, e trabalhou para a revista de moda Harper ‘s Bazaar. O fotógrafo desenvolveu um estilo único, marcado por fotos em preto e branco e muita ousadia. Em 1973, mudou-se para Paris, onde trabalhou para a Vogue. 

    Apesar de ser reconhecido como fotógrafo de moda e retratista, seu trabalho não foi dedicado exclusivamente a isso, formando um acervo diverso.


    Na fotografia em preto e branco, uma mulher de cabelo cacheado e sobretudo encara um gorila, que está dentro de uma jaula de vidro. O gorila está de boca aberta, e a mulher imita o movimento, dando a impressão de que está sonolenta. Um de seus cotovelos está apoiado no vidro, e o outro braço está apoiado em sua cintura.
    Otto Stupakoff

    A fotografia, em preto e branco, foi feita em uma praia, e  a única pessoa que aparece é Tom Jobim. Ele é jovem, tem cabelo liso, olha sorridente para a câmera, está vestido de camisa social e suéter, e seus braços estão postos para trás.
    Otto Stupakoff


    A fotografia, em preto e branco, mostra uma mulher que usa chapéu, vestido, sapato de salto e maquiagem, caindo sobre uma cerca. Ela está deitada no chão, com uma das pernas levantadas, e olha sorridente para a câmera.
    Otto Stupakoff

    A fotografia, em preto e branco, mostra uma mulher, na frente de um prédio, beijando um homem no rosto enquanto segura a coleira de três cachorros. Ela está bem penteada e vestida, e o homem também. Trata-se da atriz norte-americana Lois Chilez.
    Otto Stupakoff

    A fotografia, em preto e branco, mostra uma mulher branca e magra deitada nua sobre uma cama. Ela tapa seus olhos com o cotovelo, e traz as pernas juntas, escondendo as entranhas.
    Otto Stupakoff

    A fotografia mostra, em primeiro plano, uma mulher jovem, de cabelo curto, trajando chapéu, blusa estampada e saia rodada, de braços abertos, curvada e sorrindo, tentando se equilibrar numa superfície rochosa. Do outro lado dela, em outra superfície rochosa, um casal de homem e mulher, vestidos de bermuda e blusa social, calçando botas, apontam para a jovem, rindo.
    Otto Stupakoff

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  • Ordem e progresso

    Ordem e progresso

    Lembranças de um passado ditatorial nem tão distante.

    A imagem abaixo foi fotografada por Orlando Brito em 1991, em Brasília, e mostra soldados militares marchando em frente a bandeira do Brasil. As fotografias do autor retratam momentos e personagens marcantes da história brasileira, narrando temas como política, sociedade e cultura.

     

    Fotografia em preto e branco de soldados militares fardados e em filas segurando armas apontadas para cima, ao fundo encontra-se a bandeira do Brasil.
    Orlando Brito

    A bandeira do Brasil possui uma frase, com conotação positivista, que clama por ordem e progresso. Sempre ao olhar para a bandeira, essa frase me vem à mente, sem mesmo a ler, ela já é um elemento associado. Policiais e soldados são outros objetos que constantemente também são associados à ordem. A fotografia de Orlando Brito faz uma combinação dos dois objetos na fotografia, ligando-os por esse elemento em comum: a ordem.

    A ligação entre esses dois elementos pode ser percebida facilmente ao olhar a imagem, a forma como os soldados estão alinhados com suas armas apontadas para cima e no fundo a bandeira gigante em comparação com eles. Em primeiro plano, as sombras se destacam mais, sombreando o rosto dos soldados, e ao fundo, a bandeira se ilumina, em contraste.

    Essa imagem me faz refletir sobre como não estamos distantes desse passado, onde a ordem estava acima dos direitos civis. A cada dia que passa, a democracia que se diz ter no país é mais uma vez agredida por políticos e policiais que passam por cima da população para garantirem os seus próprios benefícios. A ordem que muitos políticos dizem que é necessária se instaurar no país é apenas uma forma de calar novamente a sociedade que clama por seus direitos.

    Diante da ordem em favor do progresso, muitos se veem sem saída ou como reclamar de sua situação, pois o que o país está passando, segundo a classe dominante, é em benefício de algo maior. Os direitos vão sendo revogados, assim como a liberdade de expressão e a liberdade de fazer questionamentos. Ao mínimo sinal de revolta a polícia é acionada para deter os protestos de uma população oprimida. 

    Ao olhar os jornais é possível ver que não estamos tão distantes dessa realidade, pessoas são agredidas, presas e mortas, pois estavam violando a ordem estipulada pelas atuais políticas. Tudo o que se vê, não é ordem, mas sim uma dissimulação da palavra que é usada contra o povo.

    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

     

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  • Orlando Brito

    Orlando Brito

    Fotógrafo que documentou o passado ditatorial brasileiro.

     
    Orlando Brito é um artista visual nascido em Minas Gerais, em 1950. Ele começou seus trabalhos na fotografia de modo autodidata, iniciando na profissão em 1965, no jornal Última Hora de Brasília. Entre seus objetos de estudo, o fotógrafo abordava temas como política, economia e questões sociais, como a vida urbana e do interior, além de retratar os indígenas. 

    Fotógrafo Orlando Brito segurando uma câmera na frente de um dos olhos, ele se encontra na vertical na frente de um fundo branco. Seus cabelos são grisalhos e ele veste uma roupa azul.
    Orlando Brito

    Orlando Brito iniciou seus trabalhos durante os primeiros momentos da ditadura, onde retratou importantes momentos da história brasileira, acompanhando as personalidades políticas e fotografando os bastidores do Palácio do Planalto. Ele retratava os presidentes em situações não protocolares, em momentos de distração, em que era possível ver o indivíduo longe de sua personagem pública. Seus retratos mostram, de forma alegórica, as relações políticas e sociais no Brasil, tornando-se comentários críticos. Brito trabalhou em importantes veículos como o jornal O Globo e na revista Veja, onde publicou um total de 113 fotografias de capa. Em 1979, o fotógrafo ganhou o prêmio World Press, concedido pelo Museu Van Gogh, na Holanda, e recebeu o Prêmio Abril de Fotografia por onze vezes, além de outros prêmios.

    Imagem de uma  passeata, no meio da rua se encontra um homem que posa em cima de um carro e acena para as pessoas em volta, no carro há também três militares. Ao redor do carro, uma multidão se reúne para ver o homem passar.  O primeiro plano da fotografia contem um homem com trajes militares de costa, ele parece olhar em direção ao carro.
    Orlando Brito

    Militares se reúnem em fileira, enquanto um homem de terno acompanhado de mais dois militares passam. Um coturno preenche o primeiro plano da fotografia.
    Orlando Brito

    Cinco silhuetas de homens fardados, no escuro, um deles segura um rádio comunicador. Ao fundo o Congresso Nacional iluminado.
    Orlando Brito

    Militares fardados, em fileira, aparentemente recitando algo. No meio deles há um homem com terno que também parece declamar.
    Orlando Brito

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  • “Limpeza” na Praça

    Operação policial expulsa dependentes químicos da Praça Princesa Isabel, São Paulo, mostrando que ainda temos muito que evoluir no combate às drogas.

    Era para ser mais um Domingo naquela São Paulo de 2017, se não fosse uma operação policial. A mando dos governos municipal e estadual, funcionários expulsavam dependentes químicos da Praça Princesa Isabel, no centro da cidade. Mais uma vez, nos deparamos com a triste realidade dos usuários. E cruzamos os braços diante da ação do estado para “limpar” o ambiente, ignorando esforços para ajudar efetivamente os dependentes químicos a viver longe do vício.
    Praça ocupada por pertences dos dependentes. Em primeiro plano, há uma placa com os dizeres “Afaste-se à direita: homens trabalhando”. Ao fundo, vemos um grupo de funcionários municipais encarregados da “limpeza” do local. A maioria veste coletes alaranjados e roupas de proteção. Ao redor, vemos as árvores da praça que fazem sombra em quase todo local e um caminhão de lixo ao fundo. Neste mesmo plano, há  prédios da cidade.
     Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo

    A imagem é do fotojornalista Daniel Arroyo em sua cobertura para o portal Ponte Jornalismo. No dia do ocorrido, o então governador e o prefeito de São Paulo acompanhavam a ação enquanto policiais impediam os antigos moradores de retornar ao local. O que fez com que estes dependentes ocupassem outros pontos na cidade.
    Na foto, a placa à esquerda com os dizeres “AFASTE-SE à Direita | homens trabalhando” nos convida a observar a cena do “trabalho” executado pelos funcionários. Com isso, o olhar segue o caminho que os pertences dos usuários fazem no chão até chegarmos aos trabalhadores.
    Os objetos estão misturados e foram queimados pelos donos como uma forma de defesa contra a polícia que chegava para expulsá-los. Agora, eles perdem o significado de antes. São colocados em sacolas e considerados lixo.  Não são mais artigos pessoais, e sim “apenas sujeira que essas pessoas acumularam.”
    Vendo a imagem, é impossível não fazer uma conexão com as ações higienistas na cidade do Rio de Janeiro no início do século XX. Em que o governo municipal da época promoveu uma série de reformas que excluiu as populações mais pobres que, sendo expulsas de suas moradias no centro da cidade, ocuparam os morros, originaram as favelas cariocas. Obviamente, com suas ressalvas, observamos a ação excludente se repetir. O problema não é solucionado e os alvos mudam dessa vez.
    De tantas conexões e mensagens que podemos tirar da fotografia de Daniel, está a do governo que não chega a um planejamento e solução efetiva para avançar no combate às drogas. E que, ao invés de chegar a um resultado para esta questão, escolhe amenizar o problema expulsando “os usuários problemáticos” para que não incomodem os moradores dali.
    Mas de nada adianta varrer a poeira para debaixo do tapete. Uma prova disso é que, cinco dias depois do ocorrido, os usuários que ocupavam a Praça Princesa Isabel retornaram para a cracolândia. Dando continuidade ao ciclo da dependência e vivendo na vulnerabilidade das ruas. E assim o problema daquele Domingo de 2017 continua na grande São Paulo.
    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

    Como citar esta postagem

    MAIA, Amanda. “Limpeza” na Praça. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/06/Limpeza na Praca.html>. Publicado em: 6 de jul. de 2022. Acessado em: [informar data].
  • Daniel Arroyo

    De cenas cotidianas no ambiente urbano a registros em ambientes hostis: o cru e singular trabalho do fotojornalista Daniel Arroyo.

    Daniel Arroyo é fotojornalista no portal Ponte Jornalismo, organização criada para falar de direitos humanos através do jornalismo. Entre as suas publicações, estão matérias relacionadas a minorias; Daniel coleciona registros de cenas fortes caracterizadas por protestos, pessoas em situação de rua e violência. 
    Além disso, ele também retrata momentos singulares do cotidiano que passariam despercebidos. Como exemplo, temos a primeira e a quinta imagem desta postagem, que retratam um salto protagonizado por três meninos jogando bola num dia ensolarado e a identificação de mãe e filha com um grafite de pessoas negras, respectivamente.
    Três meninos jogam futebol num espaço urbano. A foto registra dois meninos num pulo, enquanto outro está com os dois pés no chão. Há casas atrás do  campinho, que é de terra. Há um homem observando a ação um pouco mais afastado, à direita, e um menino numa bicicleta à esquerda.
    Daniel Arroyo

    O nome de Daniel Arroyo ganhou destaque nacional em 2019 quando foi atingido com uma bala de borracha disparada pela PM durante uma manifestação em São Paulo. O jornalista estava cobrindo os protestos feitos pelo Movimento Passe Livre (MPL) quando o fato ocorreu. Segundo o colega de Daniel, que também cobria as manifestações,  o clima estava tenso principalmente em relação aos jornalistas.
    Uma mulher ensina outras a fazer exercícios físicos numa laje. Elas vestem roupas apropriadas para a ação e estão com os braços abertos, o corpo levemente inclinado para o lado esquerdo e uma perna se apoia à outra.

    Daniel Arroyo

    Um policial armado segura uma mulher pelos cabelos. Ela está agachada e ao redor, nota-se outros policiais.
    Daniel Arroyo

    Um pai e seu filho, uma criança pequena, sobem as escadas de uma viela. Ele guia a criança segurando-a por uma mão e segura uma bíblia com a outra. Está de noite e as luzes das casas iluminam a cena.

    Daniel Arroyo

    Uma mãe segura a filha no colo diante de um grafite com pessoas negras no desenho. Elas também são negras e sorriem para a câmera.
    Daniel Arroyo

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    Como citar esta postagem

    MAIA, Amanda. Daniel Arroyo. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/06/Daniel Arroyo.html>. Publicado em: 27 de jun. de 2022. Acessado em: [informar data].

  • Virginia de Medeiros

    Artista que utiliza da fotografia documental para produzir novos sentidos.
    Virginia de Medeiros, nascida em 1973, em Feira de Santana, Bahia, vive em São Paulo. Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), ela concentra seu trabalho na fotografia documental, extrapolando sua característica meramente testemunhal para criar novos significados da realidade.
    A imagem apresenta a composição de fotos da performance da obra “Jardim das torturas”. Sequencialmente, é possível visualizar diversas partes do corpo de uma mulher que é dominada em uma prática sexual sadomasoquista. A mulher possui suas mãos e seus pés atados na maioria das fotos, e sua face é envolvida por uma mordaça.
    Virginia de Medeiros

    A artista já participou de bienais e residências artísticas e já recebeu prêmios no Brasil e no exterior. O documentário “Sérgio e Simone” (2009) foi agraciado com o Prêmio de Residência ICCo no 18º Festival de Arte Contemporânea Videobrasil. Em 2006, sua obra “Studio Butterfly” participou da 27a Bienal de São Paulo e do Programa Rumos Itaú Cultural. A profissional também ganhou o Prêmio Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2009 com a vídeo-instalação “Fala dos Confins”. 

    Virginia fez residências em Timor-Leste, no Canadá e nos Estados Unidos, onde ganhou o Prêmio de Residência ICCo – Instituto de Cultura Contemporânea no Residency Unlimited. Também participou da 2ª Trienal de Luanda “Geografias Emocionais, Arte e Afectos”. 


    A fotografia, pintada digitalmente, representa uma mulher negra, de cabelo liso e preso para trás com um laço azul de bolinhas brancas. Ela está maquiada, com sombra azul, blush rosa e batom alaranjado, e sorri olhando para seu lado direito. Sua roupa possui a mesma estampa do laço, e em seu lado esquerdo, na altura dos seios, há um broche de rosa vermelho.
    Virginia de Medeiros | Júlio Santos

    A foto, em preto e branco, representa uma mulher negra, de tranças, que olha projetando um sorriso para seu lado direito, enquanto segura uma bandeira do Movimento Sem Teto do Centro. Ela está em um ambiente aberto, com uma árvore e um prédio por detrás dela.
    Virginia de Medeiros


    A imagem , em preto e branco, retrata uma mulher negra em uma cozinha, atrás de uma mesa que possui 5 bolos postos. Ela não olha diretamente para a câmera nem sorri.
    Virginia de Medeiros

    A fotografia representa a vídeo-instalação “Studio Butterfly”, na qual há diversos porta-retratos pendurados na parede, ao redor de um espelho que reflete a imagem de uma mulher que aparenta ser negra e que está com os seios à mostra.
    Virginia de Medeiros


    Esta fotografia é da vídeo-instalação “Fala dos Confins”. Nela, há uma Kombi dentro de um galpão, localizada no centro da imagem. O veículo é branco com azul, e dentro dele, há duas pessoas, sendo uma mulher e um homem.
    Virginia de Medeiros

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