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Daniel Arroyo |
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Daniel Arroyo
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Daniel Arroyo
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Daniel Arroyo
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Daniel Arroyo
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A maneira com que uma única fotografia consegue retratar a iconografia fascistas presente em um governo.
A imagem abaixo foi feita pelo fotojornalista Pedro Ladeira, no dia 31 de maio de 2020, nesta data o presidente havia participado de manifestações em apoio ao seu governo e aos atos antidemocráticos como a intervenção militar e o fechamento do congresso nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF)
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Pedro Ladeira |
Quando foi publicada, a foto recebeu grande repercussão nas redes sociais, boa parte delas foram de pessoas contra o governo de Bolsonaro, mas também muitos a utilizam para exaltar a força do presidente e escreveram mensagens de apoio. O que é interessante de se notar é que a foto possui vários aspectos que podem ser diretamente relacionados às fotografias de propagandas de governos de extrema direita durante a história.
A maioria desses aspectos são utilizados para enaltecer a figura do grande comandante. Na iconografia fascista é muito comum que o líder seja representado como um homem capaz de guiar exércitos de seu país contra seus “inimigos” e levar seu povo à salvação. Por essa razão, era comum que os líderes de extrema direita sempre aparecem rodeados por seu exército, assim como na foto a baixo. A foto de Ladeira mostra muito bem esse aspecto, já que logo no primeiro plano podemos ver a polícia militar além de vários agentes ao lado do presidente.
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Autor Desconhecido |
Além do exército, o fato do líder estar em cima de um cavalo também remonta diretamente a iconografia fascista, que por sua vez se apropria da iconografia medieval, já que nesta, o cavalo era comumente utilizado para representar a nação, logo um bom cavaleiro era relacionado a um bom governante. Nesse caso específico, além do cavalo também é possível ver um cassetete preso à sela, o que também contribui para a afirmação de virilidade do líder, já que armas como espadas, pistolas e fuzis que são objetos amplamente utilizados como ferramentas de repressão, aparecendo fartamente nos retratos de governos fascistas como validação de força. Na imagem abaixo vemos uma pintura de Adolf Hitler que traz os mesmos elementos.
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Pintura de Hubert Lanzinger |
Além do líder viril cercado por seu imponente exército, essa fotografia ainda apresenta mais um fator comum entre o Bolsonarismo e os governos de extrema direita antes deles. Ao fundo, podemos ver a bandeira do Brasil tremulando, logo ao lado da cabeça do presidente, isso remete ao ultranacionalismo, característica primordial de ideologias fascistas e muito presente nos discursos de Jair. Na foto de Plínio Salgado, que está logo abaixo, é um outro exemplo da utilização do nacionalismo na iconografia fascista.
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Autor Desconhecido |
A fotografia capta desde o forte apoio aos militares, a fixação bélica que ecoa em seus discursos em favor do afrouxamento das leis de restrição ao porte de armas, a idealização de uma masculinidade nociva focada em discursos cis heteronormativos, misóginos e homofóbicos e é claro o ultranacionalismo, figurinha repetida em todos os discursos do presidente que retratam uma pátria devastada que precisa ser salva independentemente de como.
#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.
CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. A Iconografia Fascista. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/a-iconografia-fascista/>. Publicado em: . Acessado em: [informar data].
Jesus Cristo foi encontrado estirado em uma calçada em São Paulo e estava com sede.
Esta é a legenda da fotografia abaixo, de autoria do fotógrafo Daniel Kfouri, postada pelo padre Julio Lancellotti em suas redes sociais no dia 3 de outubro de 2021. A imagem mostra um homem deitado na calçada, de corpo coberto mas com os pés expostos, encolhido para o lado do muro enquanto o padre abaixa-se e toca seu ombro.
Esta fotografia expressa a contradição entre o claro e o escuro, entre as luzes e as trevas, entre o abandono e o acolhimento. O homem, morador de rua, possui o chão como seu anteparo, dali ele não passa. Excluído da vida social, após infringidos seus direitos, o homem parece alheio à sua própria situação, como em um gesto de conformismo. Daí, surge o padre, com um jaleco branco resplandecente que ilumina o ambiente, estende seu braço até o homem e, ao encostar nele, o retira da indiferença. Naquele homem que ninguém vê nada, o padre vê Jesus e, após um breve diálogo, descobre que ele tem sede.
Então o padre entrega um copo d’água ao Jesus sedento.
A fome, a sede e a marginalização são um calvário que Jesus carrega hoje. Há outros desertos e outras cruzes, atravessados de solidão. Da mesma forma, ainda existem os soldados romanos, agora eles colocam pregos e pedras embaixo de viadutos e em cima de bancos. Mais de 2000 anos se passaram, mas todo dia nasce e morre um Cristo no mundo, sem que ninguém perceba.
Ao ver as duas fotos, sinto, ao mesmo tempo, tristeza e esperança. Lembro-me dos moradores de rua que enxerguei da janela do ônibus em Belo Horizonte, carregando seus carrinhos, sujos, maltrapilhos, abandonados. E nós sendo meros espectadores daquela desgraça. É difícil alguém enxergar quem está excluído, é mais fácil fingir que não vê, que não é problema nosso, isso é o que muitas pessoas fazem. Então acho bonito e reconfortante que alguém consiga ver Jesus em um morador de rua. Que possamos fazer o mesmo.
#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.
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Fotógrafo registra o trabalho do padre Julio Lancellotti em prol dos moradores de rua, na capital paulista.
Nascido em São Paulo, em 1975, Daniel Kfouri é filho de Juca Kfouri, jornalista esportivo brasileiro. Enquanto fotojornalista, recebeu o prêmio World Press Photo de Esportes de Ação em 2010. No ano seguinte, ganhou o Picture of the Year Latin America.
Atualmente, o fotojornalista tem se destacado no audiovisual com a produção de documentários que tratam de problemáticas sociais, como o rompimento da barragem de Brumadinho.
Em parceria com o padre Julio Lancellotti – da paróquia de São Miguel Arcanjo, na Mooca, em São Paulo – o fotógrafo registra o cotidiano da obra social. O padre Julio é conhecido no país por seu trabalho em favor dos moradores de rua da capital paulista. Inspirado pela Teologia da Libertação, o presbítero presta serviço aos marginalizados, denunciando o que ele chama de “crise humanitária em São Paulo”. Além de ser um registro, esse trabalho fotográfico é capaz de dar visibilidade a realidade miserável e desumana em que se encontra a população de rua da maior cidade brasileira.
Daniel Kfouri
#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.
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Fotografia que retrata um importante protesto contra a ditadura militar brasileira.
A fotografia tirada por Evandro Teixeira mostra a passeata dos cem mil, uma manifestação contra a ditadura militar, que aconteceu no Rio de Janeiro no dia vinte e seis de junho de 1968.
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Evandro Teixeira |
No dia 28 de março de 1968, a polícia militar (PM) invadiu o restaurante universitário Calabouço, onde estudantes protestavam contra o preço das refeições. No confronto, o comandante da PM, Aloísio Raposo, matou o estudante Edson Luís com um tiro no peito. Por causa desse chocante assassinato, o movimento estudantil começou a organizar mais manifestações.
Outro cruel acontecimento que ocorreu vinte dias depois do assassinato de Edson Luís foi a chamada “sexta- feira sangrenta”, na qual ocorreu um protesto estudantil contra o sucateamento de verbas do ensino superior da época, que também foi movido pelo descontentamento com a repressão dos militares, a PM prendeu muitos manifestantes e matou vinte e oito pessoas.
Devido a esses acontecimentos foi marcado para o dia vinte e seis de junho de 1968 a passeata que reuniu mais de cem mil pessoas, dentre elas estavam estudantes, artistas e trabalhadores. Nesse dia, o fotógrafo Evandro Teixeira retratou o momento em que Vladimir Palmeira, líder do movimento estudantil, fazia um discurso contra a repressão sofrida pelo governo ditatorial da época e a favor da volta da democracia brasileira.
O mais impressionante da fotografia é a quantidade de pessoas retratadas, principalmente porque mesmo que a foto seja feita em plano aberto, toda a sua composição está preenchida pelos manifestantes, o que pode ser um indicativo da opinião popular que na época já estava farta do regime ditatorial. Esse entendimento é reforçado pelo o cartaz onde se lê “abaixo a ditadura, povo no poder”. Me emociona ver essa quantidade gigantesca de pessoas lutando pela democracia e pela liberdade de expressão.
Vivendo em um momento no qual muitos falam que a ditadura militar foi uma época boa, o registro de tantas pessoas lutando contra esse regime ditatorial é muito necessário para que fique claro o quão horrível foi esse período de repressão. Acredito que esta fotografia seja de extrema importância, pois marca o repúdio do povo aos atos hediondos da ditadura militar, além de deixar gravado na história um momento de união entre milhares de pessoas na luta pelos seus direitos. Assim, deixo aqui parte de uma canção, cantada por Geraldo Vandré, que representa o sentimento de coletividade que é essencial para continuar com a luta por nossos direitos e contra o governo atual que fere a democracia brasileira:
(VANDRÉ, 1979)
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Fotografia que mostrou para todos o maior garimpo a céu aberto do mundo.
Essa foto, realizada pelo fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado em 1986, revela a grande corrida do ouro que levou milhares de pessoas à Serra Pelada, no Pará, em busca de enriquecer. A imagem mostra uma cratera de 24 mil m2, de onde esses homens extraíram toneladas de ouro.
A imagem simboliza grande parte da história do Brasil, pois a busca pelo ouro gerou um processo de transformação no país, como por exemplo, o deslocamento do eixo político-econômico da colônia para sul-sudeste e a mudança da capital para o Rio de Janeiro. Além disso, o ciclo do ouro também está ligado com a exploração de pessoas pobres e pretas que eram a maioria nesses garimpos e no fim das contas não obtiveram qualquer benefício, história essa que se repete do Brasil colônia até a república.
Pensando na fotografia em si, esse formigueiro de homens afobados pelo enriquecimento, me causa uma sensação de desespero e agonia. A grande quantidade de pessoas aglomeradas nesse local aparenta desconforto. Sinto que eles realizam um trabalho extremamente desgastante tanto físico quanto mental. A cratera também pode retratar a assimetria entre os donos dos garimpos e os homens que garimpavam, em que os donos eram quem realmente ficavam com o ouro e os outros eram somente explorados nessa cratera subindo e descendo as escadas carregando sacos pesados, ou seja, a parte de cima, plana, seria o local do explorador e, o fundo do buraco, o dos explorados. Essa desigualdade na imagem representa a mesma que existe entre ricos e pobres no país.
Uma importante característica da foto é a escolha pelo preto e branco, estilo característico de Sebastião, que proporciona uma percepção mais profunda do que se fosse colorida. Essa junção de cores gera de forma intensa uma sensação de tristeza, acredito que o autor não queria retratar o ambiente precário das pessoas que estavam no garimpo de forma positiva, então, se a fotografia fosse colorida poderia diminuir o impacto dela. Essa escolha cria uma dramaticidade necessária para a cena, porque envolve também uma crítica social da corrida do ouro que também foi uma forma de escravização na época.
Na foto, a maior parte das pessoas são negras e isso mostra como a população preta de nosso país sempre esteve na base da pirâmide, sendo explorada de todas as formas possíveis, e, no fim, dificilmente são beneficiadas. Nesse contexto, foram usadas somente como mão de obra análoga à escrava, sem qualquer direito básico, como por exemplo, equipamentos de proteção individual, e no fim quem ficou com a maior parte do ouro foram os donos dos garimpos.
Isso que ocorreu em Serra Pelada não é uma história única. É a história do Brasil, que foi construído com o sangue da população preta, que desde a colônia mantém uma sociedade escravocrata. Portanto, o garimpo de Serra Pelada diz muito sobre o Brasil do passado e também sobre o do presente.
CALIXTO, Vitória. O formigueiro humano em Serra Pelada. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/o-formigueiro-humano-em-serra-pelada/>. Publicado em: 02/02/2022. Acessado em: [informar data]
Série de fotografias mostram a busca por um olhar delicado e carinhoso sobre a vivência preta
Consuelo Kanaga |
Consuelo Kanaga |
Descrição: retrato de jovem mulher com o rosto apoiado sobre a parede, lábios cerrados em uma expressão séria
Consuelo Kanaga |
Descrição: retrato de mãe e filho, a mãe com a cabeça inclinada para baixo com uma expressão séria, o filho, localizado mais a baixo da imagem, a olha com uma expressão pensativa
Consuelo Kanaga |
Descrição: retrato de garota de frente, com o rosto virado para o lado e uma expressão pensativa
Consuelo Kanaga |
Consuelo Kanaga |
Descrição: fotografia de uma mãe segurando a filha no colo enquanto sorri e a menina olha para o alto
A imagem a seguir foi registrada por Mustafa Hassona na Faixa de Gaza no ano de 2018. Os conflitos que até hoje não cessaram, fazem parte da vida de Palestinos e Israelenses, que disputam o território no Oriente Médio. Na imagem observamos um homem segurando uma bandeira palestina e girando uma funda.
Mustafa Hassona |
Delacroix. A liberdade guiando o povo, 1830. |
https://www.artequeacontece.com.br/fotografia-e-pintura-da-rivalidade-ao-entrosamento/
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A “luz à pino” é o destaque em obras do fotojornalista palestino que registra conflitos na faixa de gaza.
Mustafa Hassona. |
A luz de Pino é uma posição da fonte de luz em relação à cena fotografada. Hassana utiliza esse método de iluminação para direcionar o nosso olhar a experiências específicas de reivindicação na Faixa de Gaza, dentre outras. Dessa maneira, ele revela experiências específicas em meio a um cenário.Importante ressaltar que o autor usa a luz a pino de modo artificial, após realizar o registro, mediante a aplicação de recursos de pós-produção.
Mustafa Hassona |
Mustafa Hassona
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