Categoria: Cultura Fotográfica

– Conteúdo Institucional

  • Ética

    Ética

    Fotografia em preto e branco com livros de filosofia empilhados de diversos autores.
    Livros de Filosofia | João Marcos Maciel Luiz

    A palavra ética é originária da palavra grega éthos, que pode significar costumes, mas pode, em outros casos, significar caráter, índole natural, temperamento, conjunto de disposições físicas e psíquicas (desejos e paixões) de uma pessoa. A ética surgiu quando um ou mais indivíduos se perguntaram o que são os costumes, de onde vêm e o que eles valem. Além disso, a filosofia moral, como ela também é conhecida,  visa compreender o caráter de cada pessoa, a saber, sobre o seu senso e sua consciência moral em uma sociedade.

    Ética, cultura fotográfica e olhares das comunidades

    Ética não é tabela de regras prontas porque necessita a reflexão constante em uma convivência. No convívio com pessoas pode surgir diferenças de valores e impedimentos. Cada pessoa é capaz de usar a própria razão e dizer que “uma coisa é melhor que outra” e estabelecer uma ação (práxis) acima do desejo (orexis) e das paixões (pathos) individuais para a convivência fluir bem. A razão auxilia nas escolhas dos valores a compartilhar. Esses valores são características humanas que distinguem o bom e o mal (virtude moral) e o verdadeiro e o falso (prudência). Veja alguns exemplos.

    Mulheres e homens jovens sob a rampa de acesso ao restaurante universitário. Muitos usam roupas de frio como moletons, jaquetas e calças. Ao lado da rampa tem uma grade de ferro e duas pilastras azuis. O chão é liso da cor cinza amarronzado.
    Fila do Restaurante Universitário UFOP | João Marcos Maciel Luiz

    Intervalo das aulas. Você está com desejo (orexis) de lanchar, depois, interagir com os colegas, apesar do tempo curto e fila grande. O desejo controla sua razão e você desconsidera todos os colegas na fila sobrepondo sua vontade à liberdade dos colegas que esperavam a vez de pegar a merenda. Talvez você pense: “meus colegas fazem o mesmo!” Reflita se isso é bom ou mal para a convivência, porque cada ação (práxis) tem efeitos profundos e imperceptíveis. Pergunte-se: o que você valoriza?

    Fotografia colorida mostrando veículos estacionados em lugar proibido. Nela, há muitos carros e motocicletas estacionados em uma área de convergência e próximo da parada de ônibus.
    ICEB-UFOP | João Marcos Maciel Luiz

    Seu pai precisa estacionar o carro. A rua que escolheu estacionar tem apenas vagas para carga e descarga de mercadorias, para deficientes e a parada de ônibus. As normas de trânsito permitem somente veículos específicos pararem nesses lugares. Equivocado, seu pai usa da razão e decide estacionar o carro em uma das vagas dizendo que será rápido. Em qualquer uma das vagas que estacionar, apenas atenderá o desejo (orexis) dele ultrapassando os limites e afetando a liberdade de outras pessoas.

    Fotografia colorida em que um homem vestindo um moletom marrom estende sua mão direita para a câmera a fim de se defender da foto. Atrás dele tem uma estante com livros.
    Homem se defendendo da câmera | João Marcos Maciel Luiz

    Uma pessoa está compondo um cenário que você quer fotografar. Você decide pedir permissão para ela, mas acaba tendo seu pedido negado. Movido pelo desejo (orexis) de ter aquela imagem com a pessoa e pela raiva (pathos) da negação que recebeu, acaba ultrapassando os limites. Você, no entanto, pensa equivocadamente que não terá problema em tirar a fotografia mesmo assim. Simplesmente deixou o desejo e a paixão comandar sua razão e ultrapassou a liberdade do outro em não ser fotografado.

    Fotografia colorida. Nela há um braço de mulher segurando uma máquina fotográfica como se estivesse roubando de uma mochila preta. A mulher usa uma blusa de manga comprida preta e uma calça colorida. A mochila está sobre uma mesa branca com três cadeiras pretas ao lado da mesa.
    Simbolizando um furto de máquina fotográfica | João Marcos Maciel Luiz

    Ao fotografar com câmera, aparece o desejo (orexis) de ter uma igual, sabendo que não tem o dinheiro para comprar uma. Decide roubá-la.  Uso incorreto da razão afetou a liberdade de outros terem a câmara. Talvez pense: “sou pobre, não tenho dinheiro para conseguir uma igual”, ou ainda: “pessoas roubam”. Primeiro, você duvida da própria capacidade de raciocinar e encontrar a forma correta de conseguir dinheiro sem prejudicar alguém. Segundo, a cobiça, uma paixão (pathos), o fez praticar má ação.

    A ética, portanto, é o questionar sobre os costumes e a compreender o caráter humano. É uma forma de observarmos nosso senso e consciência moral e na sociedade. Nossas ações devem ser guiadas pela nossa razão para que nossos desejos e paixões não nos faça cometer desagrados individuais e coletivos. Devemos usar a razão para investigar o que valorizamos em um relacionamento e se correspondem ao que é bom e verdadeiro e ao que é mal e falso. Precisamos ser sinceros, transparentes e fiéis às nossas escolhas, boas ou más, e conduzi-las para uma bela convivência.

    REFERÊNCIAS CONSULTADAS NA PRODUÇÃO DESTE CONTEÚDO

    BARROS FILHO, Clóvis de. A Ética é a Arte da Convivência. São Paulo: TEDx|São Paulo, 2018.

    CANTO-SPERBER, Monique et alDicionário de Ética e Filosofia Moral: Aristóteles. São Leopoldo: Unisinos, 2013. Tradução de Ana Maria Ribeiro-Althoff.

    _______________. Dicionário de Ética e Filosofia Moral: Ética. São Leopoldo: Unisinos, 2013. Tradução de Ana Maria Ribeiro-Althoff.

    KENNY, Anthony. Uma Nova História da Filosofia Ocidental: filosofia antiga. São Paulo: Edições Loyola Jesuítas, 2011.

    OLIVEIRA, Raimundo Nonato Nogueira de. Filosofia: investigando a ética e a sexualidade. Fortaleza: Edjovem, 2011.

    COMO CITAR ESTE CONTEÚDO

    LUIZ, João Marcos Maciel. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: https://culturafotografica.com.br/etica/. Publicado em: 18 set. 2023. Acessado em: [informar data]. 

  • Bibliografia Colaborativa: O Brasil oitoscentista visto pela fotografia colonial*

    Colabore com nossa pesquisa sobre a construção da imagem do Império do Brasil com base na abordagem colonialista da fotografia.
    Logo após o anúncio de seu desenvolvimento, a tecnologia fotográfica foi incorporada ao aparelho de expansão colonial das nações europeias. Neste contexto, ao longo do período da história do Brasil, conhecido como Segundo Reinado, diversos fotógrafos europeus ou educados na Europa documentaram as populações e o território brasileiro. Com isso, ao mesmo tempo em que construíram uma imagem para o império a partir de seus esquemas estéticos importados, educaram o olhar nacional para observar o país e seus cidadãos com base nestas mesmas convenções do olhar.


    A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial segue sendo debatida no IV Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica. Inscreva-se!

    O levantamento bibliográfico inicial que apresentamos abaixo foi organizado em torno de três palavras-chave principais, Império do Brasil, Fotografia oitocentista e Colonialismo(Imperialismo) europeu, e está aberto a contribuições. Envie-nos suas sugestões por meio da seção de comentários no final desta postagem.

    ALENCASTRO, Luiz Felipe (org.). História da vida privada no Brasil. Império: a corte e a modernidade nacional. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2019.
     
    ARAGO, Dominique François. Relatório. In: TRACGHTENBERG, Alan. Ensaios sobre fotografia: de Niépce a Krauss. Lisboa: Orfeu Negro, 2013, p. 35 – 44.
    ARRUDA, Rogério Pereira. A expansão da fotografia em Minas Gerais: um estudo por meio da imprensa, 1845-1889. Varia história, v.30, n.52, pp. 231-256, 2014. ISSN: 1982-4343. Disponível  em:  <https://www.scielo.br/j/vh/a/RkFCKjZbjsnthf3cwzdQ9Xs/>
    _______. O ofício da fotografia em Minas Gerais no século XIX, 1845-1900. Belo Horizonte: Edição do autor, 2013
    BASTOS, Mônica Rugai. Retratos do poder imperial no Brasil. Facom, n. 19, p. 42-51, 2008. ISSN: 1676-8221. Disponível em: <http://mirror.faap.br/revista_faap/revista_facom/facom_19/monicabastos.pdf>
    BENJAMIN, Walter. Estética e sociologia da arte. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
    BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Ciclo de palestras: A coleção do Imperador. Fotografia Brasileira e Estrangeira no século XIX. Anais da Biblioteca Nacional, v. 117, p. 7 – 77, 1997. ISSN: 0100-1922. Disponível em: <https://www.bn.gov.br/producao/publicacoes/anais-biblioteca-nacional-vol117>
     


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    Natalia Brizuela / Companhia das Letras / Instituto Moreira Salles
    BRIZUELA, Natalia. Fotografia e império: paisagens para um Brasil moderno. São Paulo: Companhia das Letras; Instituto Moreira Salles, 2012.
     
    CASTRO, Hebe Maria Mattos; SCHNOOR, Eduardo (orgs.). Resgate: uma janela para o Oitocentos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995.
    ERMAKOFF, George. O negro na fotografia brasileira do século XIX. Rio de Janeiro: George Ermakoff, 2004.
    FABRIS, Annateresa. Fotografia: usos e funções no século XIX. São Paulo: Edusp, 1998.
    _______. Identidades virtuais: uma leitura do retrato fotográfico. Belo Horizonte: UFMG, 2004.
    _______. A fotografia oitocentista ou a ilusão da objetividade. PORTO ARTE: Revista de Artes Visuais, v. 5, n. 8, p. 7 – 16, abr. 2012. ISSN 2179-8001. Disponível em: <https://seer.ufrgs.br/PortoArte/article/view/27523>
     
    FERREZ, Gilberto. A fotografia no Brasil: 1840 – 1900. Rio de Janeiro: Funarte, 1985.
     
    _______. Vida social no Brasil nos meados do século XIX. São Paulo: Global, 2013.
     
    _______. O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX. São Paulo: Global, 2012.

    _______. Casa Grande & Senzala. São Paulo: Global, 2003
    FREYRE, Gilberto; PONCE DE LEON, Fernando; VASQUEZ, Pedro. O retrato brasileiro: fotografias da Coleção Francisco Rodrigues 1840 – 1920. Rio de Janeiro: Funarte / Fundação Joaquim Nabuco, 1983.
     
    GRAHAM, Richard. Construindo uma nação no Brasil do século XIX: visões novas e antigas sobre classe, cultura e estado. Diálogos, v. 5, n. 1, p. 11 – 47, 17 jun. 2017. Disponível em: <https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Dialogos/article/view/37703>
    _______. Cor e cidadania no Brasil escravocrata. Revista Maracanan, v. 1, n. 1, p. 31-55, dez. 2014. ISSN 2359-0092. Disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/maracanan/article/view/13243>.
    KOSSOY, Boris. Fotografia e História: as tramas da representação fotográfica. Projeto História, v. 70, pp. 9-35, Jan.-Abr., 2021.  Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/52357>
     
    _______. A fotografia além da Corte: expansão da fotografia no Brasil Império. Acervo: revista do Arquivo Nacional, v. 22, n. 1, p. 109-122, nov. 2011. ISSN: 2237-8723. Disponível em: <https://revista.an.gov.br/index.php/revistaacervo/article/view/103>
    _______. Realidades e ficções na trama fotográfica. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002, p. 73 – 123.
    _______. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.
    KOSSOY, Boris; CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. O olhar europeu: o negro na iconografia brasileira do século XIX. São Paulo: Edusp, 2002. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=x9VAjl1vC9MC&lpg=PP8&hl=pt-BR&pg=PP8#v=onepage&q&f=false>
    KOUTSOUKOS, Sandra Sofia Machado. “O aprendizado da técnica fotográfica por meio dos periódicos e manuais – segunda metade do século XIX”. Fênix (UFU), v. 6, p. 0-0, 2009. Disponível em: <https://revistafenix.emnuvens.com.br/revistafenix/article/view/64>
     
    _______.”‘Amas mercenárias’: o discurso dos doutores em medicina e os retratos de amas – Brasil, segunda metade do século XIX”. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 16, p. 305-324, 2009. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-59702009000200002>
    _______. “‘Typos de negros no estúdio do photographo. Brasil, segunda metade do século XIX”.. Anais do Museu Histórico Nacional, v. 39, p. 1-25, 2007.Disponível em: <https://anaismhn.museus.gov.br/index.php/amhn/issue/view/49/>
    _______. “No estúdio do photographo, o rito da pose. Brasil, segunda metade do século XIX”. Revista Ágora (Rio de Janeiro), v. 5, p. 1-25, 2007. Disponível em: <https://periodicos.ufes.br/agora/article/view/1904>
     
    _______. Na “galeria dos condenados”: o aprendizado de um photographo. Studium, n. 15, p. 50 – 94, 2004. ISSN: 1519-4388. Disponível em: <https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/studium/article/view/11767>
     
     _______. “No estúdio do fotógrafo. Um estudo da (auto-)representação de negros livres e escravos no Brasil da segunda metade do século XIX”. Studium, Campinas, v. 9, p. 1, 2002. Disponível em: <https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/studium/article/view/10110>
    LAGO, Bia Corrêa; LAGO, Pedro Corrêa. Os fotógrafos do império: a fotografia brasileira do século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2005.
    LAGO, Pedro Corrêa; FERNANDES JUNIOR, Rubens. O século XIX na fotografia brasileira. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 2000.


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    Capa do livro Escravos brasileiros do século XIX na fotografia de Christiano Jr.
    Mauricio Lissovsky e Paulo Cesar Azevedo / Ex Libris

     

    LISSOVSKY, Mauricio; AZEVEDO, Paulo Cesar (orgs.).  Escravos brasileiros do século XIX na fotografia de Christiano Jr.. São Paulo: Ex Libris, 1988 
     
    MAIO, Marcos Chor; SANTOS, Ricardo Ventura (orgs.). Raça, ciência e sociedade. Rio de Janeiro: Fiocruz / CCBB, 1996. Disponível em: <https://books.scielo.org/id/djnty>
     
    MARCH DE SOUZA, Patricia. Aos olhos do observador estrangeiro: a roupa na construção da escravidão no Rio de Janeiro. Acervo: revista do Arquivo Nacional, v. 31, n. 2, p. 49-66, ago. 2018. ISSN: 2237-8723. Disponível em: <https://revista.an.gov.br/index.php/revistaacervo/article/view/938>
    MAUAD, Ana Maria. Entre retratos e paisagens: modos de ver e representar no Brasil oitocentista. Studium, n. 15, p. 4 – 43, 2004. ISSN: 1519-4388. Disponível em:  <https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/studium/article/view/11764>
    _______. “As Fronteiras Da Cor: Imagem E representação Social Na Sociedade Escravista Imperial”. Locus: Revista De História, v. 6, n. 2, p. 83 – 98, 2000. ISSN: 2594-8296. Disponível em: <https://periodicos.ufjf.br/index.php/locus/article/view/20515>
    _______. Imagem e auto-imagem do Segundo Reinado. In: ALENCASTRO, Luiz Felipe. História da vida privada no Brasil: Império. — São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 181 – 231.
    MAUAD, Ana Maria; RAMOS, Itan Cruz. Fotografias de família e os itinerários da intimidade na história. Acervo: revista do Arquivo Nacional, v. 30, n. 1, p. 155-178, jun. 2017. ISSN: 2237-8723. Disponível em: <https://revista.an.gov.br/index.php/revistaacervo/article/view/795>
    MOREL, Marco. A saga dos botocudos: guerra, imagens e resistência indígena. São Paulo: Hucitec, 2018, p. 285 – 327. ISSN: 2237-8723. 
    _______. Imagens aprisionadas e resistência indígena : os daguerreótipos de 1844. Studium, n. 10, p. 87–92, 2002. ISSN: 1519-4388 Disponível em:<https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/studium/article/view/10152>
     
    _______. Cinco imagens e múltiplos olhares: as descobertas entre os índios e a fotografia no Brasil do século XIX. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. VIII, n.Suplemento, p. 1039-1057, 2001. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-59702001000500013
    MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Arquivos da polícia sob o foco da história. Revista do Arquivo Público Mineiro, v. 49, n. 1, p. 58 – 77,  jan. – dez., 2013. ISSN: Disponível em: <http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/acervo/rapm_pdf/2013A07.pdf>
    MUAZE, Mariana de Aguiar Ferreira. Violência apaziguada: escravidão e cultivo do café nas fotografias de Marc Ferrez (1882-1885). Revista Brasileira de História [online]. 2017, v. 37, n. 74. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1806-93472017v37n74-02>
     
    _______. O império do retrato: fotografia e poder na sociedade oitocentista. Projeto História, n.34, p. 169-188 , jun. 2007. ISSN: Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/2472>
     
    NARANJO, Juan. Fotografía, antropología y colonialismo (1845 – 2006). Barcelona (ES): Gustavo Gili, 2006.
    QUINTAS, Georgia. Os álbuns de família em Pernambuco: relíquia da memória visual e filtro da cultura. Studium, n. 37, p. 4–30, 2015. ISSN: 1519-4388. Disponível em: <https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/studium/article/view/12546>
     
    _______. Amas-de-Leite e suas representações visuais: símbolos sócioculturais e narrativos da vida privada do Nordeste patriarcal-escrevacrata na imagem fotográfica. Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, v. 8, p. 11-44, 2009.  Disponível em: <http://www.cchla.ufpb.br/rbse/QuintasArt.pdf>


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    André Rouillé / Senac São Paulo

    ROUILLÉ, André. A Fotografia: entre documento e arte contemporânea. São Paulo: Senac, 2009.
    RYAN, James. Introdução: Fotografia colonial. In: VICENTE, Filipa Lowndes. O império da visão: a fotografia no contexto colonial português. Lisboa (PT): Edições 70, 2014, p. 31 – 42.
     
    SALLES, Ricardo. Nostalgia Imperial: escravidão e formação da identidade nacional no Brasil do Segundo Reinado. Rio de Janeiro : Ponteio, 2013. 
     
    _______. Guerra do Paraguai: escravidão e cidadania na formação do exército. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. 
    SALLES, Ricardo; GRINBERG, Keila (orgs.). O Brasil Imperial, volume II: 1831 – 1870. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
    _______. O Brasil Imperial, volume III: 1870 – 1889. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
    SALLES, Ricardo; MARQUESE, Rafael (orgs.). Escravidão e capitalismo histórico no século XIX: Cuba, Brasil e Estados Unidos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
    SCHWARCZ, Lilia Moritz. Lendo e agenciando imagens: O rei, a natureza e seus belos naturais. Sociologia & Antropologia, v. 4, n. 2, p. 391 – 431, out. 2014. ISSN: 2238-3875. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/sant/a/XSKfP5J5QypfvMqdfssR6Jg/>
     
    _______. Nem preto nem branco. muito pelo contrário: cor e raça na sociedade brasileira. São Paulo, Claro Enigma, 2012.
     
    _______. De olho em D. Pedro II e seu reino tropical. São Paulo, Claro Enigma, 2009.
    _______. O império em procissão: ritos e símbolos do Segundo Reinado. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
     
    _______. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo : Companhia das Letras, 1998.
    _______. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão

    racial no Brasil – 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

     
    SCHWARCZ, Lilia Moritz; DANTAS, Regina . O Museu do Imperador: quando colecionar é representar a nação. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, v. 46, p. 123-164, 2008. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/34602/37340>
     
    SCHWARCZ, Lilia Moritz; GOMES, Flávio dos Santos (orgs.). Dicionário da escravidão e liberdade.
     
    SCHWARCZ, Lilia Moritz. ; PEDROSA, Adriano (orgs.). Histórias Mestiças: antologia de textos. Rio de Janeiro: Cobogó, 2014. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
    SEGALA, Lygia. O retrato, a letra e a história: notas a partir da trajetória social e do enredo biográfico de um fotógrafo oitocentista. Revista Brasileira de Ciências Sociais [online]. 1999, v. 14, n. 41. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-69091999000300010>
     
    _______. Itinerância fotográfica e o Brasil pitoresco. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n. 27, p. 62 – 85, 1998. ISSN: 0102-2571. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/RevPat27.pdf>
    SEYFERTH, Giralda. A invenção da raça e o poder discricionário dos estereótipos. Anuário Antropológico, Rio de Janeiro, v. 93, p. 175-203, 1995. Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=7410192>
    SODRÉ, Nelson Werneck. Panorama do Segundo Império. Rio de Janeiro: Graphia, 1998.
     
    _______. A ideologia do colonialismo: seus reflexos no pensamento brasileiro. Petrópolis (RJ): Vozes, 1984.
    _______. Síntese da História da Cultura Brasileira. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1981.
     
    SICARD, Monique. A fábrica do olhar: imagens de ciência e aparelhos de visão (século XV – XX). Lisboa: Edições 70, 2006, 105 – 204.
     
    SKIDMORE, Thomas. Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
    TORAL, André Amaral. Imagens em desordem: a iconografia da Guerra do Paraguai. São Paulo: Humanitas, 2001, p. 77 – 97.
    _______. Entre retratos e cadáveres: a fotografia na Guerra do Paraguai. Revista Brasileira de História, v. 19, n. 38, p. 283 – 310, 1999. ISSN: 1806-9347. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbh/a/Cqb8HxV6pcyn8QxvGrtGnzw/>
    TURAZZI, Maria Inez. Retratos da “multidão faminta”: pobreza, visualidade e semântica das desigualdades. Artefacto Visual: Revista de Estudios Visuales Latinoamericanos, v. 6, n. 12, p. 86 – 108, dez. 2021. ISSN: 2530-4119. Disponível em: <https://www.revlat.com/_files/ugd/5373fb_daff619448484f5d9fbf33bf72375822.pdf#page=86>
    _______. A Viagem do Oriental-Hydrographe (1839-1840) e a introdução da daguerreotipia no Brasil. Acervo: revista do Arquivo Nacional, v. 23, n. 1, p. 45-62, out. 2011. ISSN: 2237-8723. Disponível em: <https://revista.an.gov.br/index.php/revistaacervo/article/view/40>
     
    _______. O ‘homem de invenções’ e as ‘recompensas nacionais’: notas sobre H. Florence e L. J. M. Daguerre. Anais do Museu Paulista (Impresso), v. 16, p. 11-46, 2008. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/5492>
    _______. Quadros de História Pátria: Fotografia e Cultura Histórica Oitocentista. In: FABRIS, Annateresa; KERN, Maria Lúcia Bastos. Imagem e Conhecimento. São Paulo: Edusp, 2006.
    _______. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo (1839 – 1889). Rio de Janeiro: Rocco, 1995, p. 93-163.
    _______. “Missão fotográfica”: documentação e memória das obras públicas no século XIX. Cadernos de Antropologia e Imagem, n. 8, p. 37 – 63, 1995. ISSN: 0104-9658. Disponível em: <http://ppcis.com.br/wp-content/uploads/2018/09/Cadernos-de-Antropologia-e-Imagem-8.-Acervos-de-imagens.pdf>
    _______. Imagens da cidade colonial nas imagens do século XIX. Acervo: revista do Arquivo Nacional, v. 6, n. 1 / 2, jan. / dez., 1993. ISSN: 0102-700X. Disponível em: <http://www.arquivonacional.gov.br/media/v6_n1_2_jan_dez_1993.pdf>


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    Pedro Karp Vasquez / Metalivros

    VASQUEZ, Pedro Karp. O Brasil na fotografia oitocentista. São Paulo: Metalivros, 2003.
     
    _______. A fotografia no império. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
     
    _______. Dom Pedro II e a fotografia no Brasil. Rio de Janeiro: Index, 1986.

    VICENTE, Filipa Lowndes. O império da visão: a fotografia no contexto colonial português. Lisboa (PT): Edições 70, 2014.

    WATRISS, Wendy; ZAMORA, Lois Parkinson (eds.).  Image and memory : photography from Latin America, 1866-1994. Austin (US): FotoFest / University of Texas Press. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=GW9CdXDSKWEC&lpg=PP1&hl=pt-BR&pg=PT35#v=onepage&q&f=false>


    A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial segue sendo debatida no IV Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica. Inscreva-se!

    Notas

    * Atualizada em setembro de 2022. Originalmente postada em março de 2022.
     
  • A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial*

    A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial*

    A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial segue sendo debatida em nosso Grupo de Estudos. Inscreva-se!
    Os meios de comunicação carregam traços de sua época e de seu lugar. Nesse sentido, André Rouillé (2009), em um estudo onde reconstitui o percurso da fotografia em sua migração do campo do útil para o do belo, comenta que esta nova tecnologia de fazer visível se desenvolveu em estreita ligação com alguns processos em curso na Europa durante o século XIX: a democratização, a monetarização, a industrialização, a urbanização, a expansão das metrópoles e a modificação na percepção de tempo e de espaço.
    Por sua vez, James Ryan (2014), em uma revisão de literatura sobre a fotografia colonial, observa que o desenvolvimento da fotografia ocorreu em paralelo à expansão do império europeu na segunda metade do século XIX. Por isso, tão logo os procedimentos para a produção de imagens fotográficas foram publicados, eles foram incorporados ao aparato de compilação de informações que permitia às autoridades coloniais exercer controle – real e simbólico – sobre populações e territórios distantes dos centros de decisão das metrópoles.
    Dominique François Arago (1839) em relatório acerca do Daguerreótio, solicita aos colegas deputados que imaginem a contribuição que esta nova tecnologia produção de imagens poderia ter oferecido a França se já fosse conhecida durante a expedição napoleônica ao Egito, entre os anos de 1798 e 1801.
    Plano aberto, em primeiro plano se vê a esfinge e ao fundo as pirâmides, no Egito.
    Maxime Du Camp
    A fotografia acima foi produzida por Maxime du Camp durante a expedição, patrocinada pelo governo francês, que realizou ao Egito, a Núbia e a Síria, entre os anos de 1849 e 1850, a respeito da qual ele comenta que fotografia desenterrou o país das  necrópoles e o expôs numa enciclopedia.
    Às imagens fotográficas foi atribuída a função mediadora de fazer presente o que é ausente e de trazer para próximo o que é distante (ROUILLÉ, 2009). Nesse sentido, Juan Naranjo (2006), em uma revisão do papel que a fotografia desempenhou como instrumento para o estudo do outro, acrescenta que, reconhecida como uma imagem que supostamente apagaria a fronteira entre realidade e representação, a ela foi atribuída a capacidade de substituir a experiência direta pela observação virtual.
    A fotografia não apenas estava inscrita nas experiências coloniais como também era constituidora delas (RYAN, 2014; VICENTE, 2014). As imagens fotográficas eram produzidas por e para colonizadores e tendiam a atender os interesses e as prioridades de quem as produzia e as consumia. Disso decorre que elas não apenas refletiam as paisagens, os povos e a vida colonial, mas, sobretudo, as construíam. Nesse sentido, Filipa Vicente (2014), em uma pesquisa acerca do uso da fotografia no contexto colonial português, destaca que as imagens fotográficas não apenas reproduziam as hierarquias de gênero, classe e raça latentes na sociedade colonial, como também as reificavam.
    A indústria de álbuns de vistas, a de cartões de visita e, posteriormente, a de postais aumentou a atividade fotográfica comercial. Colecionar fotografias tornou-se um fenômeno de massa em escala global. A partir da ação de alguns fotógrafos, lugares distantes e exóticos tornaram-se próximos e familiares mediante a representação de suas paisagens, seus povos e seus costumes segundo esquemas estéticos convencionais (RYAN, 2014; VICENTE, 2014). Nessa perspectiva, Naranjo (2006) acrescenta que o aumento na circulação de imagens impressas promoveu uma homogenização da informação visual e uma estereotipificação do outro.

    A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial segue sendo debatida no IV Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica. Inscreva-se!

    A fotografia desembarca no Brasil

    Expedições de diferentes tipos, apoiadas por associações comerciais, organismos governamentais e sociedades científicas, promoveram a documentação fotográfica de distintas regiões do planeta. Apenas 5 meses após o anúncio da invenção do daguerreótipo, o abade Louis Compte, que integrava a tripulação do navio-escola L’Oriental-Hydrographe da marinha mercante francesa em sua expedição ao redor do globo, desembarcou no Rio de Janeiro e, no dia 16 de janeiro de 1840, produziu a primeira fotografia tomada em território brasileiro, uma vista do Largo do Paço.
    Recorte da edição de 17 de janeiro de 1840 do Jornal do Commercio, onde, sob a etiqueta "Noticias Scientificas", se lê: Photographia: Finalmente passou o daguerrotypo para cá os mares, e a photographia, que até agora só era conhecida no Rio de Janeiro por theoria, he-o actualmente tambem pelos factos que excedem quanto se tem lido pelos jornaes tanto quanto vai do vivo ao pintado. Hoje de manhã teve lugar na hospedaria Pharoux hum ensaio photographico tanto mais interessante, quanto he a primeira vez que a nova maravilha se apresenta aos olhos dos Brazileiros. Foi o abbade Comte quem fez a experiencia: he hum dos viajantes que se acha a bordo da corveta franceza L'Orientale, o qual trouxe  consigo o engenhoso instrumento de Daguerre, por causa da facilidade com que por meio delle se obtem a representação dos objectos de que se deseja conservar a imagem. He preciso ter visto a cousa com os seus proprios olhos para se poder fazer ideia da rapidez e do resultado da operação. Em menos de nove minutos o Chafariz do Largo do Paço, a Praça do Peixe, o Mosteiro de S. Bento, e todos os outros objectos circumstantes se acharão reproduzidos com tal fidelidade, precisão e minuciosidade, que bem se via que a cousa tinha sido feita pela propria mão da natureza, e quasi sem intevenção do artista. Inutil he encarecer a improtancia da descoberta de que já por vezes temos ocupado os leitores; a exposição simples do facto diz mais do que todos os encarecimentos.
    Recorte da edição de 17 de janeiro de 1840 do Jornal do Commercio
    A chegada da fotografia ao Brasil, em 1840, coincide com o fim do Período Regencial e o início do Segundo Reinado. É importante destacarmos que havia 18 anos que o país deixara de ser uma colônia de Portugal. Nesse sentido, pode parecer inadequado o uso da expressão “fotografia colonial” para caracterizar a fotografia oitoscentista no Brasil. No entanto, optamos por sua utilização porque entendemos que o colonialismo não é apenas um sistema administrativo, mas é sobretudo uma ideologia que orienta discursos e práticas e que permaneceu atuante no país após sua independência política.
    Como um entusiasta da nova tecnologia, o imperador D. Pedro II atribuiu legitimidade à fotografia. Ele não apenas realizou tomadas fotográficas, como também se deixou fotografar em diversas ocasiões. Além disso, atuou como um mecenas, financiando e fomentando o ofício no país, e criou, segundo critéros próprios, uma coleção de imagens produzidas com a nova tecnologia de gestão do visível. Em um artigo sobre o agenciamento da fotografia pelo Imperador, Lilia Moritz Schwarcz (2014) destaca que o patrocínio do monarca tinha o objetivo de controlar a imagem de seu Império.
    Grupo de trabalhadores negros escravizados, composto por homens e mulheres e adultos e crianças, posam a frente do complexo cafeiro. Sobre o carro de boi, encontram-se alguns homens brancos.
    Marc Ferrez / Instituto Moreira Salles
    A imagem acima integra a série de 65 fotografias de fazendas de café do Vale do Paraíba produzida por Marc Ferrez entre os anos de 1882 e 1885. Nelas, é possível observar que as escolhas estéticas e técnicas feitas por seu autor valorizam o complexo cafeeiro e apaziguam as marcas da escravização dos trabalhadores.
    Naquilo que lhe concerne, Lygia Segala (1997, p. 59), em um debate sobre a construção social do ofício fotográfico no Brasil oitoscentista, destaca que, na época, um dos modos de reconhecimento profissional era a realização, sob os auspícios de notáveis, de expedições “interessadas no registro valorativo, factual e pitoresco da paisagem e do povo, pontos de aplicação de um olhar que se refaz pela crença no testemunho iconográfico”. A historiadora acrescenta que a documentação do trabalho nas fazendas e o anúncio de territórios promissores e vazios inseria esses empreendimentos em um projeto maior, o da nova colonização.


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    A conquista do território e do visível

    Assumindo, por princípio, que toda técnica de produção de imagens funda um regime de visibilidade que lhe é próprio, Maurício Lissovsky (1997, p. 29), em uma palestra sobre a Coleção Teresa Cristina, de fotografias reunidas por D. Pedro II, comenta que ela testemunha que, sob o olhar do monarca, “o visível aparece como um império”. O historiador destaca que, logo após sua invenção, a fotografia foi utilizada como um “instrumento de conquista e ocupação dos territórios invisíveis” (LISSOVSKY, 1997, p. 36).

    Schwarcz (1997, p. 75), por sua vez, ressalta que a coleção elaborada por D. Pedro II “revela uma representação do país ou uma representação do se quer ver nesse país e do que se quer do Segundo Reinado”. No entanto, apesar do esforço do Imperador para projetar a imagem de uma nação semelhante às da Europa, o Império, a partir de uma perspectiva eurocêntrica compartilhada pelo próprio monarca, fez-se notar, sobretudo, por aquilo que tinha de exótico.

    Lissovsky (1997) pondera que a cada regime de visibilidade corresponde um de invisibilidade. No invisível da coleção Teresa Cristina estão sobretudo, os negros e os indígenas. É verdade que os encontramos em algumas fotografias. Nelas, Schwarcz (2014) observa que, enquanto os primeiros aparecem como meros figurantes sem identidades, os segundos aparecem estilizados de acordo um esquema estético já convencionado na literatura e na pintura nacional, o indigenismo romântico.

    Ao contrário das fotografias do sistema escravocrata, legalmente em vigor no país, que, excluídas do discurso visual oficial, permaneceram dispersas em vistas, cartes de visite, tipologias produzidas para o exterior, estudos pseudocientíficos e documentos administrativos. Nessa perspectiva, a historiadora (SCHWARCZ, 2014, p. 397) destaca que “o escravismo representava o oposto da imagem civilizada e progressista que o país procurava veicular”.


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    Olhar estrangeiro sobre o Brasil

    Em um artigo sobre a representação do Brasil na fotografia oitocentista, Ana Maria Mauad (2004) observa que esta nova tecnologia de gestão do visível foi empregada na construção da imagem e da auto-imagem da nação. A historiadora pondera que essa representação foi produzida por fotógrafos estrangeiros ou educados no estrangeiro que, ao mesmo tempo em que mostravam as populações e o território brasileiro ao país e ao mundo, educaram o olhar nacional para observar e representar o Brasil e os brasileiros a partir de esquemas estéticos exóticos e colonialistas.

    Urge, portanto, desconfiar das aparências convencionadas e dos modos de ver propostos nestas imagens fotográficas. Nesse sentido, compreender os agenciamentos da e na fotografia na construção da imagem do Brasil no período do Segundo Reinado constitui-se como uma tarefa de grande relevância. Para tanto, faz-se necessário a realização de pesquisas que, articulando perspectivas formalistas, voltadas para o estudo de gêneros e estilos artísticos, e historicistas, voltadas para a interpretação de contextos e de fatos históricos, apreenda a historicidade das imagens e das práticas fotográficas.


    #artigos é uma coluna de caráter ensaístico e teórico. Trata-se de uma série de textos dissertativos por meio do qual o autor propõe uma reflexão fundamentada acerca de um ou mais elementos que constituem a cultura fotográfica. Quer conhecer melhor a coluna #artigos? É só seguir este link.

    Notas

    * Este artigo é uma atualização do artigo O império do olhar: o Brasil oitocentista visto pela fotografia colonial e propõe apresentar a síntese de algumas das reflexões desenvolvidas ao longo do III Ciclo de Debates de nosso Grupo de Estudos, composto por quatro encontros realizados no período entre março e junho de 2022. Abaixo, você poderá assistir as gravações dos debates realizados neste ciclo.

     


    A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial segue sendo debatida no IV Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica. Inscreva-se!

    Referências bibliográficas

    ARAGO, Dominique François. Relatório. In: TRACHTENBERG, Alan. Ensaios sobre fotografia: de Niépce a Krauss. Lisboa (PT) : Orfeu Negro, 2013, p. 35-44.
    LISSOVSKY, Maurício. O olho-rei e o imério do vísivel. In: BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Ciclo de palestras: A coleção do Imperador. Fotografia Brasileira e Estrangeira no século XIX. Anais da Biblioteca Nacional, v. 117, p. 7 – 77, 1997. ISSN: 0100-1922. Disponível em: <https://www.bn.gov.br/producao/publicacoes/anais-biblioteca-nacional-vol117>
    MAUAD, Ana Maria. Entre retratos e paisagens: modos de ver e representar no Brasil oitocentista. Studium, n. 15, p. 4 – 43, 2004. ISSN: 1519-4388. Disponível em: <https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/studium/article/view/11764>
    NARANJO, Juan. Fotografía, antropología y colonialismo (1845 – 2006). Barcelona (ES): Gustavo Gili, 2006.
    ROUILLÉ, André. A Fotografia: entre documento e arte contemporânea. São Paulo: Senac, 2009, p. 29 – 134.
    RYAN, James. Introdução: Fotografia colonial. In: VICENTE, Filipa Lowndes. O império da visão: a fotografia no contexto colonial português. Lisboa (PT): Edições 70, 2014, p. 31 – 42.
    SCHWARCZ, Lilia Moritz. Lendo e agenciando imagens: O rei, a natureza e seus belos naturais. Sociologia & Antropologia, v. 4, n. 2, p. 391 – 431, out. 2014. ISSN: 2238-3875. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/sant/a/XSKfP5J5QypfvMqdfssR6Jg/>
    _______. As barbas do Imperador entre os Trópicos e a Modernidade. In: BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Ciclo de palestras: A coleção do Imperador. Fotografia Brasileira e Estrangeira no século XIX. Anais da Biblioteca Nacional, v. 117, p. 7 – 77, 1997. ISSN: 0100-1922. Disponível em: <https://www.bn.gov.br/producao/publicacoes/anais-biblioteca-nacional-vol117>
    SEGALA, Lygia. O espaço de produção social da fotografia no Rio de Janeiro nos anos 1850. In: BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Ciclo de palestras: A coleção do Imperador. Fotografia Brasileira e Estrangeira no século XIX. Anais da Biblioteca Nacional, v. 117, p. 7 – 77, 1997. ISSN: 0100-1922. Disponível em: <https://www.bn.gov.br/producao/publicacoes/anais-biblioteca-nacional-vol117>
    VICENTE, Filipa Lowndes. O império da visão: a fotografia no contexto colonial português. Lisboa (PT): Edições 70, 2014.

    Como citar esta postagem

    VALLE, Flávio Pinto. A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/a-construcao-da-imagem-do-segundo-reinado-pela-fotografia-colonial/>. Publicado em: 5 de set. de 2022. Acessado em: [informar data].
  • O império do olhar: o Brasil oitocentista visto pela fotografia colonial

    O império do olhar: o Brasil oitocentista visto pela fotografia colonial

    A fotografia colonial e sua contribuição para a construção da imagem do império brasileiro.
    Os meios de comunicação carregam traços de sua época e lugar. André Rouillé (2009), em um estudo onde reconstitui o percurso da fotografia em sua migração do campo do útil para o do belo, comenta que a esta nova tecnologia de fazer visível se desenvolveu em estreita ligação com alguns processos em curso na Europa durante o século XIX: a democratização, a monetarização, a industrialização, a urbanização, a expansão das metrópoles e a modificação na percepção de tempo e de espaço.
    Por sua vez, James Ryan (2014), em uma revisão de literatura sobre a fotografia colonial, observa que o desenvolvimento da fotografia ocorreu em paralelo à expansão do império europeu na segunda metade do século XIX. Por isso, tão logo os procedimentos para a produção de imagens fotográficas foram tornados públicos, eles foram incorporados ao aparato de compilação de informações que permitia às autoridades coloniais exercer controle – real e simbólico – sobre populações e territórios distantes dos centros de decisão das metrópoles.
    Às imagens fotográficas foi atribuída a função mediadora de fazer presente o que é ausente e de trazer para próximo o que é distante (ROUILLÉ, 2009). Nesse sentido, Juan Naranjo (2006), em uma revisão do papel que a fotografia desempenhou como instrumento para o estudo do outro, acrescenta que, reconhecida como uma imagem que supostamente apagaria a fronteira entre realidade e representação, a ela foi atribuída a capacidade de substituir a experiência direta pela observação virtual.
    Louis Compte

    Expedições de diferentes tipos, apoiadas por associações comerciais, organismos governamentais e sociedades científicas, promoveram a documentação fotográfica de distintas regiões do planeta. Apenas 5 meses após o anúncio da invenção do daguerreótipo, o abade Louis Compte, que integrava a tripulação do navio-escola Oriental-Hydrographe da marinha mercante francesa em sua expedição ao redor do globo, desembarcou no Rio de Janeiro e no dia 17 de janeiro de  1840, produziu a primeira fotografia tomada em território brasileiro, uma vista do Largo do Paço (ver fotografia acima).
    A indústria de álbuns, cartões de visita e postais aumentou a atividade fotográfica comercial. Colecionar fotografias tornou-se um fenômeno de massa em escala global. Aventurando-se por lugares remotos, os fotógrafos europeus tornavam-nos acessíveis mediante a representação de suas paisagens, seus povos e seus costumes através de esquemas estéticos convencionais (RYAN, 2014; VICENTE, 2014). Naranjo (2006) acrescenta que o aumento na circulação de imagens impressas promoveu uma homogenização da informação visual e uma estereotipificação do outro.
    A fotografia não apenas estava inscrita nas experiências coloniais como também era constituidora delas (VICENTE, 2014; RYAN, 2014). As imagens fotográficas eram produzidas por e para colonizadores e tendia a atender os interesses e as prioridades de quem as produzia e as consumia. Disso decorre que elas não apenas refletiam as paisagens, os povos e a vida colonial, mas,  sobretudo, as construíam. Nesse sentido, Filipa Vicente (2014), en uma pesquisa acerca do uso da fotografia no contexto colonial português, destaca que as imagens fotográficas não apenas reproduziam as hierarquias de gênero, classe e raça latentes na sociedade colonial, como também as reificavam.

    A abordagem colonialista da fotografia será debatida no III Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica. Para saber mais, clique aqui.

    A construção da imagem e da auto-imagem da nação brasileira

    A chegada da fotografia ao Brasil, em 1840, coincide com o fim do Período Regencial e o início do Segundo Reinado do Império do Brasil. O Imperador D. Pedro II não apenas foi o primeiro brasileiro a tirar uma fotografia como também um entusiasta da nova tecnologia. Na época, a produção fotográfica foi organizada em torno de dois produtos e de seus respectivos gêneros: a carte de visite e o álbum de vistas, o retrato e a paisagem.
    Havia 18 anos que o país deixara de ser uma colônia de Portugal e tornara-se um país independente. As preocupações das autoridades nacionais consistiam na consolidação do território nacional e no reconhecimento internacional do país. Ana Maria Mauad (2004), em um artigo sobre a representação do Brasil oitocentista, destaca que a nova tecnologia contribuiu para a construção da imagem e da auto-imagem da nação brasileira.
    Indígena vestido com indumentárias típicas e segurando uma lança posa em estúdio.
    Marc Ferrez / IMS
    Entre as fotografias produzidas por Marc Ferrez para serem vendidas, principalmente, a viajantes estrangeiros, destacam-se os retratos de negros e de índios. Em seu estúdio, o fotógrafo, educado na tradição europeia das artes visuais, montou cenários para melhor ambientar os fotografados. Na fotografia acima, é visível o artificialismo da montagem e o empenho do fotografado em manter sua pose.
    Mauad ressalva que a imagem do Império do Brasil foi produzida por fotógrafos estrangeiros ou educados no estrangeiro que, ao mesmo tempo em que mostravam as populações e o território brasileiro ao país e ao mundo, educavam o olhar nacional para observar o Brasil e os brasileiros a partir dos esquemas estéticos importados. Com isso, apesar do esforço para  projetar a imagem de uma nação semelhante às da Europa, o império fez-se notar sobretudo por aquilo que tinha de diferente.

    A construção da imagem do Império do Brasil com base na abordagem colonialista da fotografia será debatida no III Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica. Para saber mais, clique aqui.

    Referências bibliográficas

    MAUAD, Ana Maria. Entre retratos e paisagens: modos de ver e representar no Brasil oitocentista. Studium, n. 15, p. 4 – 43, 2004. ISSN: 1519-4388. Disponível em:  <https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/studium/article/view/11764>

    NARANJO, Juan. Fotografía, antropología y colonialismo (1845 – 2006). Barcelona (ES): Gustavo Gili, 2006.

    ROUILLÉ, André. A Fotografia: entre documento e arte contemporânea. São Paulo: Senac, 2009, p. 29 – 134.
    RYAN, James. Introdução: Fotografia colonial. In: VICENTE, Filipa Lowndes. O império da visão: a fotografia no contexto colonial português. Lisboa (PT): Edições 70, 2014, p. 31 – 42.
    VICENTE, Filipa Lowndes. O império da visão: a fotografia no contexto colonial português. Lisboa (PT): Edições 70, 2014.

    Como citar este artigo

    VALLE, Flávio Pinto. O império do olhar: o Brasil oitocentista visto pela fotografia colonial.  Cultura Fotográfica (Blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/o-imperio-do-olhar-o-brasil-oitocentista-visto-pela-fotografia-colonial/>. Publicado em: 25 fev. 2022. Acessado em: [informar data].
  • O Cultura Fotográfica

    O Cultura Fotográfica

    O Cultura Fotográfica é um desdobramento de um projeto pessoal que iniciei em 2016. Na época, eu cursava o doutorado no Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (PPGCOM) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e atuava profissionalmente como fotógrafo, produtor cultural e professor autônomo. Por isso, decidi criar um blog, inicialmente chamado de Estudos Fotográficos, para divulgar meus serviços no campo da fotografia a partir da publicação de conteúdo crítico, formativo e informativo.
    Infelizmente,  em fevereiro de 2017, a produção de conteúdo para este blog foi temporariamente interrompida em razão de minha dificuldade em conciliá-la com a atuação como professor substituto no Departamento de Jornalismo (DEJOR) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), iniciada em outubro de 2016, e a redação da tese “Caminhar Imagens: Visualidades de São Paulo”, defendida em maio de 2018.
    Somente em julho de 2019, já como professor adjunto da UFOP, retomei o trabalho com o blog. Não mais como um projeto pessoal, mas como um projeto de extensão, agora chamado Cultura Fotográfica. Não mais como produtor de conteúdo, mas como orientador de um grupo de estudantes extensionistas. Não mais para divulgar meus serviços, mas para oferecer uma contribuição, ainda que pequena, para a formação destes estudantes e para a desenvolvimento da cadeia produtiva da fotografia.

    O Cultura Fotográfica

    O contínuo e acelerado desenvolvimento das tecnologias digitais de comunicação e informação promoveu a incorporação da imagem fotográfica a diversos domínios da vida social, desde conversas pessoais em aplicativos de mensagens até o desempenho de atividades profissionais. Nessa perspectiva, chamamos de cultura fotográfica a rede de práticas socioculturais que se organiza em torno da produção, da circulação e do consumo de imagens fotográficas.
    Apesar dessa integração da imagem fotográfica a diversos campos da vida cotidiana, observamos a ausência de um debate amplo e qualificado a respeito destas práticas fotográficas e de seus referenciais históricos. De maneira geral, a crítica cultural acerca da fotografia tem oscilado entre a superficialidade de resenhas publicadas nos meios de comunicação de massa e a profundidade de artigos publicados nas revistas acadêmicas especializadas.
    Sendo assim, por meio do Cultura Fotográfica temos o objetivo de ocupar esta lacuna entre o jornalismo e a academia mediante o desenvolvimento de um programa articulado de atividades de formação continuada, de publicação de conteúdo crítico, formativo e informativo sobre fotografia e de divulgação das ações científicas e culturais empreendidas pelos diversos atores que compõem a cadeia produtiva da fotografia.

    Revelar e fixar

    Reveladores e fixadores são as principais soluções químicas utilizadas no processamento de fotografias analógicas. Deles depende, quase que exclusivamente, a qualidade e a duração da cópia e do negativo. Às soluções reveladoras cabe converter a imagem latente em imagem visível e às fixadoras estabilizá-las. Tal como essas soluções químicas, nós, por meio do desenvolvimento do Cultura Fotográfica pretendemos produzir e difundir conhecimentos sobre aspectos do campo da fotografia que são desconhecidos pela maioria das pessoas.
    Em junho de 2021, nós encerramos um primeiro ciclo de trabalho. Neste período, iniciado 2 anos antes, em julho de 2019, nós consolidamos e ampliamos nossas atividades.  Transformamos o blog na principal mídia de nossa plataforma de produção, distribuição e consumo de conteúdo fotográfico e sobre fotografia, composta também por um perfil do Instagram e uma newsletter mensal, publicamos conteúdos de colaboradores externos, estruturamos um percurso de aprendizagem autodirigida em fotografia, inauguramos um serviço de divulgação científica e cultural e abrimos nosso grupo de estudos para a participação de tod_s _s interessad_s.
    Em julho de 2021, nós iniciamos uma nova etapa de trabalho. Formalmente, deixamos de ser um projeto isolado de extensão universitária para nos tornarmos um programa de extensão composto por quatro projetos vinculados e que em concordância com os Planos Nacionais de Cultura (PNC) e de Educação (PNE), busca, no interior do campo da fotografia, contribuir para o mapeamento de ações científicas e culturais, o aperfeiçoamento profissional de professores da educação básica e de agentes do setor artístico e cultural, a pesquisa científica em arte e cultura, a valorização de grupos artísticos e culturais, a formação de público para arte e cultura, o acesso de pessoas com deficiência a bens culturais e a promoção da comunicação com um aspecto que diz respeito à arte e a cultura.
    Queremos consolidar o Cultura Fotográfica como um espaço de diálogo aberto à diversidade de pensamentos acerca da fotografia. Acreditamos que, reconhecendo o trabalho de todas as pessoas envolvidas no processo de produção e consumo de cultura, é possível promover a construção coletiva de novos saberes e de novas formas de comunicá-los. Por isso, nos colocamos a disposição de todos os atores que compõem a cadeia produtiva da fotografia para apoiá-los no desenvolvimento de seus projetos e lhes pedimos que colaborem conosco, participando das ações que realizamos.
    O que você nos diz?
  • Ajude a desenvolver o Cultura Fotográfica

    Querid_ leitor(a), queremos te fazer um pedido que, caso você aceite, nos ajudará a melhorar os serviços que oferecemos.
    Kat Stokes | Unsplash

    Em 2021, o Cultura Fotográfica consolidou e ampliou suas atividades. Continuamos a publicação periódica de postagens no blog e no perfil do instagram, publicamos conteúdos de colaboradores externos, estruturamos um percurso de aprendizagem autodirigida em fotografia, iniciamos a publicação de uma newsletter mensal, inauguramos um serviço de divulgação científica e cultural e abrimos nosso grupo de estudos para a participação de todos os interessados. Formalmente, deixamos de ser um projeto isolado de extensão universitária para nos tornarmos um programa de extensão composto por quatro projetos vinculados.
    Durante esta expansão, algumas falhas foram identificadas e corrigidas. Por outro lado, reconhecemos que ainda podemos aperfeiçoar nossos processos e melhorar os serviços que prestamos.
    Queremos que você nos diga como que podemos melhorar sua experiência com nosso projeto. Sendo assim, o pedido que te fazemos é que responda a pesquisa de opinião abaixo. O que você nos diz?
    Abraço,
    Prof. Dr. Flávio Valle
    Coordenador do Cultura Fotográfica
    http://lattes.cnpq.br/9224069355818051
  • Chamada de Conteúdos de Colaboradores¹

    Chamada de Conteúdos de Colaboradores¹

    O principal objetivo que pretendemos alcançar por meio da publicação das mídias do Cultura Fotográfica é fomentar a cultura da fotografia mediante a produção, a distribuição, o consumo e o debate de conteúdos fotográficos e sobre fotografia. Sabemos que não estamos sozinhos nesta missão e acreditamos que podemos ser mais eficazes e eficientes se somarmos nossos esforços aos de outros agentes da cadeia produtiva da fotografia.
    Por essa razão, convidamos tod_s autor_s que atuam no campo da fotografia a colaborar conosco, enviando-nos, por meio do formulário anexado ao final desta chamada, conteúdos para serem publicados em nossas mídias, conforme os termos a seguir:
    1.1. A presente chamada visa receber conteúdos originais para serem publicados no blog do Cultura Fotográfica.
    1.2. Os conteúdos dos colaboradores deverão estar em conformidade com uma das colunas listadas abaixo:
    1.2.1. #ensaiofotografico é uma coluna de ensaios compostos por um conjunto coerente e coeso de imagens fotográficas, acompanhadas ou não de legendas e textos, por meio do qual o autor expressa sua perspectiva acerca de um determinado assunto.
    1.2.2. #artigos é uma coluna de textos dissertativos por meio do qual o(a) autor(a) propõe uma reflexão fundamentada acerca de um ou mais elementos que constituem a cultura fotográfica.

    1.3. As orientações e o modelo de produção de conteúdo para cada uma das colunas estão disponíveis nos anexos desta chamada.

    2. Políticas editoriais
    2.1. Política de Acessibilidade: Adotamos dois recursos de acessibilidade: a Audiodescrição, que consiste na tradução de imagens em palavras por meio de uma descrição objetiva, e o Sistema de leitura de tela, que consiste na locução, por meio de uma voz sintetizada, de todas as informações verbais exibidas na tela.
    2.2. Política de Direitos Autorais: A utilização de obras intelectuais é feita sem fins comerciais ou lucrativos e com propósitos de crítica, de ensino e de pesquisa. Por isso, não constitui ofensa aos direitos patrimoniais de seus autores, conforme previsões contidas na legislação brasileira e internacional (mais informações).
    3. Envio de conteúdos
    3.1. O envio de conteúdos deverá ser feito exclusivamente pelo formulário disponível no seguinte endereço eletrônico: https://forms.gle/z8TiLPr7hPvrGdoM6
    3.2. Os documentos a serem anexados deverão ser salvos no formato .docx, quando se tratar de arquivo de texto, no .pptx, quando se tratar de arquivo de apresentação, e no .jpg, quando se tratar de arquivo de imagem.
    4. Seleção de conteúdos para publicação
    4.1. A seleção de conteúdos para publicação será realizada pelo Prof. Dr. Flávio Valle, coordenador do Cultura Fotográfica.
    4.1.1. Serão observados os seguintes critérios de seleção:
    a. Adequação do conteúdo a coluna em que será publicado.
    b. Qualidade técnica do conteúdo.
    c. Qualidade da redação do conteúdo.
    4.2. O resultado da seleção será comunicado ao autor do conteúdo pelo email informado no ato de inscrição.
    5. Disposições gerais
    5.1. Dúvidas a respeito desta convocatória devem ser encaminhadas para o e-mail culturafotografica@ufop.edu.br. No campo assunto, coloque Dúvida – Chamada de Colaboradores – Cultura Fotográfica
    6.2. O ato de envio de conteúdo implica em plena concordância com os termos aqui estabelecidos.
  • Utilização razoável de obras intelectuais

    Estantes abarrotadas de livros.
    Existem algumas circunstâncias em que a utilização de obras intelectuais, com ou sem autorização de seu autor, pode se realizar de maneira justa. Nesses casos, a utilização razoável não constitui uma ofensa aos direitos patrimoniais do autor da obra. De maneira geral, trata-se de situações em que o interesse público e social se sobrepõe ao interesse privado e particular.

    Fotografia: Alfons Morales | Unsplash

    Na legislação brasileira, esses casos estão relacionados taxativamente no artigo 46 da Lei 9.610/98. Entre as situações listadas, destacamos o inciso III que assegura o direito de citação, com propósitos de crítica, ensino ou pesquisa, de trechos de uma obra, na medida justificada para o fim a atingir. No entanto, o direito de citação somente pode ser exercido quando mencionados o nome do autor e a origem da obra e quando utilizada para fins argumentativos ou exemplificativos, nunca como o objeto principal da nova obra.

    Na legislação internacional, essas circunstâncias estão previstas na Convenção de Berna, que determina o reconhecimento dos direitos de autor pelos países signatários. O acordo firmado em 1886, estabelece, no artigo 10, o uso razoável como condição para o exercício do direito de citação, na medida justificada pela finalidade a ser alcançada. Assim como previsto na legislação brasileira, destaca-se a exigência de menção ao nome do autor e a origem da obra citada. Desde 1975, o Brasil integra a União de países para a proteção dos direitos de autor instituída pela convenção.

    Ainda em âmbito internacional, essas situações também são reguladas pelo conceito de “uso razoável”, baseado na doutrina do “Fair use”, presente na legislação estadunidense. Para determinar se a utilização de uma obra intelectual constitui um caso particular de “uso razoável” é preciso considerar alguns critérios: a finalidade e o caráter da utilização; a natureza da obra intelectual utilizada; a extensão e a substancialidade do trecho utilizado em relação a integralidade da obra de onde ele foi retirado; e o efeito da utilização sobre a exploração econômica da obra.

    Com o objetivo de facilitar e estimular o uso razoável dos conteúdos que publicamos aqui, reservamos para nós apenas alguns direitos autorais. Por isso, todas as postagens feitas no blog Estudos Fotográficos são reguladas pela licença Creative Commons que permite a criação de obras derivadas, desde que para fins não comerciais, que sejam distribuídas sob a mesma licença e que nos seja atribuído o crédito devido.

    Se você acredita que estamos utilizando alguma obra intelectual de maneira incorreta, escreva para  nós. Mande-nos uma mensagem por meio de nossa página de contato ou envie um email para estudosfotograficos@gmail.com. Ajude-nos a tornar a internet um ambiente mais justo.