Hoje é o dia Mundial da Fotografia, e também completamos 100 publicações, por isso o Cultura Fotográfica, preparou uma #galeria um pouco diferente, com fotos que nos inspiram. Confira!
Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851). Litografia / Acervo da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos
No dia 19 de agosto comemora-se em todo o mundo, o dia mundial da fotografia. A escolha da data, para celebrar as diversas possibilidades de concepção dessa arte, é uma homenagem à invenção do daguerreótipo. Aparelho precursor das câmeras fotográficas, desenvolvido pelo francês Louis Daguerre, em 1837, tendo como base os estudos de Joseph Niépce, criador do héliographie, anos antes. O motivo de escolha desta data, é que em 19 de agosto de 1839, a Academia Francesa de Ciências patenteou e noticiou em todo o mundo esta nova invenção. No mesmo ano em que o daguerreótipo ganhou fama, foi desenvolvido o calótipo, uma outra técnica de captura de imagens, elaborado por William Fox Talbot. E devido às notáveis invenções, o ano de 1839 foi aclamado como o ano referência da invenção da fotografia.
Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851). Litografia / Acervo da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos
E é por isso, que hoje decidimos homenagear esse dia de um modo bastante subjetivo. Todo mundo já se viu, impressionado ou impactado por uma imagem, não é mesmo? Afinal, pela fotografia contamos histórias, paralisamos um breve momento e internalizamos nela a arte. Por isso, nossa equipe optou em realizar essa manifestação em conjunto. Foi proposto a nossa equipe, que cada um escolhesse uma fotografia que de algum modo lhe cause algum sentimento e fizesse um pequeno relato sobre a importância ou significado da imagem para ela.
E então, sem mais delongas, confira essa seleção de imagens!
Marc Ferrez, escravos em mina subterrânea,1888
Tenho uma forte ligação afetiva e familiar com Passagem de Mariana, um dos distritos da cidade de Mariana, Minas Gerais. Nele, existe a Mina da Passagem, uma das maiores minas subterrâneas abertas a visitação no estado, local onde foi tirada a fotografia. Fico imaginando quem seriam esses escravizados trabalhando na mina. Será que eram meus antepassados? Perguntas que permeiam por minha mente e trazem um misto de sensações. (Marcelo Gonçalves)
Nickolas Murray – Soldiers of the Sky, 1940
Comprei recentemente o livro “The Photography Book” e fiquei fascinada por esta fotografia de Nickolas Murray cujos aviões inicialmente me roubaram a atenção por seu aspecto irreal, como se eles, as nuvens e tudo acima da mulher tivessem sido pintados no teto de um estúdio. A quantidade e a altura a que voam pode ser inimaginável para quem nunca viveu o contexto de guerra. Depois de alguns dias voltando ao livro, porém, comecei a reparar na aviadora que, com sua maquiagem intacta em uma beleza e juventude eternizadas, me remeteu ao glamour hollywoodiano da época. Assim, objetos tão diferentes como os aviões e o batom vermelho da aviadora passaram a ter uma conexão na minha mente, porque separados eles comporiam apenas uma fotografia de guerra ou uma fotografia de moda, respectivamente, mas juntos eles se tornaram uma propaganda irrefutável do heroísmo simulado do American Way of Life, me lembrando de que as fotografias transformam realidades em conceitos. (Daiane Maciel)
Eugène Atget, Vieille Cour, 22 rue Quincampoix, 1908
Não sei se é o fim da pequena ruela, que parece acabar em um infinito, ou se são os olhares curiosos das duas mulheres no segundo andar, mas essa foto me fascina, quando olho para ela me vem na cabeça uma jornada na qual não sei para onde vou, ou algo que contemplo, sem saber ao certo o que é. (Pedro Olavo)
María Paz Morales – Bailarina em frente a carros da policia. Marcha no Chile, 25 de outubro.
Essa foto foi tirada durante os protestos que aconteceram no Chile em Outubro de 2019, quando o povo chileno foi às ruas para cobrar melhores condições de vida. A fotógrafa María Paz Morales fotografou Catalina Duarte, uma bailarina do Teatro Municipal de Santiago que, portando uma bandeira chilena, dançou em frente aos carros da polícia no ponto de encontro dos manifestantes. Essa foto me impactou desde o primeiro momento em que a vi, pois mostra a arte como meio de comunicação, de protesto e sensibilização. (Kaio Veloso)
Harry Benson, 1964
Essa foto dos Beatles foi tirada por Harry Benson, um famoso fotógrafo de celebridades, durante uma guerra de travesseiros da banda em um hotel de Paris. Não sei dizer o que exatamente me comove nessa imagem. Se é a simplicidade do momento em si, ou se é ver essa banda, que foi um fenômeno mundial, em um momento tão familiar e amigável. Como uma grande fã do trabalho dos Beatles, acho sempre muito bacana poder ver os músicos em momentos tão descontraídos, diferente da foto da capa do Abbey Road, por exemplo, que é uma foto muito marcante, mas não espontânea. (Clara)
Capa do álbum “Abbey Road” (1969) do fotógrafo Iain Macmillan
Essa capa é uma das fotos mais icônicas do século. Eu adoro a estética retrô das roupas e dos carros e o fato de que é muito fácil recriá-la com seus amigos. E os fãs terem feito teorias da conspiração sobre se Paul McCartney estaria morto e encontrado simbolismos nas roupas que Os Beatles estavam usando só torna a foto mais fascinante para mim. (Ana Carolina)
Joaquim Riachão, o Contador do Sertão, Chapada da Diamantina, Igatu BA. Zé de Boni, 1988
Entre registro do instante e a história por trás dos momentos, a fotografia torna-se uma arte que eterniza, registra situações que diz muito sobre a visão do fotógrafo sobre o mundo. Fotografia é arte, mas também um ato político, ela é capaz de recriar experiências vividas e reconta-las a quem as observa. Essa fotográfica ao meu ver tem um ar de abstrato, e ao mesmo tempo te leva imergir na cena. (Joana Rosário)
Agora é com você! Poste no seu instagram uma fotografia com a tag #fotografiaqueinspiradia19 e vamos eternizar juntos mais um aniversário da fotografia.
MENINO e Rodinha. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020.
ISBN: 978-85-7979-060-7 Acesso em: 18 de Ago. 2020. Verbete da Enciclopédia. Disponível em <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra65453/menino-e-rodinha>.
Conheça o trabalho documental e social “Bits of Borno” (Pedaços de bordo) da fotógrafa Fati Abubakar!
Nascida em Maiduguri, estado de Bordo, Nigéria, a assistente social e fotógrafa documentarista Fati Abubakar, concentra seu trabalho no registro de cidades e vilas a partir da perspectiva de saúde. Destacando o que há de negativo e positivo nas diferentes comunidades.
Suas fotografias têm como foco documentar culturas, tradições, conflitos, pobreza, e desenvolvimento urbano. Mas para além disso, é notável um interesse especial: o de desenvolver contra narrativas para as comunidades sub representadas. Em entrevista a CNN em 2016, Abubakar ela diz que “Embora eu encontre muitas histórias tristes, acho que você ainda pode encontrar muitas narrativas diferentes”.
E foi nesse contexto, que em 2015, Abubakar, criou seu projeto de maior ênfase, intitulado “Bits of Borno” (Pedaços de bordo), publicado em meios de comunicação de destaque como New York Times, BBC, Reuters, CNN, Voice of America. No qual a fotógrafa nigeriana percorre sua cidade natal, afetada pelo grupo extremista islâmico Boko Haram, que causou milhares de mortes, para documentar histórias de resiliência.
Agora é com você! Nos conte suas impressões sobre o trabalho documental realizado por Abubakar. Se gostou deixe um comentário, curta ou compartilhe. Ah, e antes que me esqueça, confira nossa página no Instagram. e fique por dentro dos melhores conteúdos sobre fotografia.
Um clássico brasileiro, Cidade de Deus, é um filme que vale a pena ser visto e revisto. Te convido a assisti-lo pelo ângulo da fotografia, vamos?
Cena do filme: Cidade de Deus “Em uma tacada, eu descolei uma câmera e uma chance de virar fotógrafo” (Busacapé).
De fato, “Cidade de Deus” é um clássico brasileiro. Muitos já assistiram ou pelo menos ouviram falar. Mas te convido a velo-lo sobre uma nova perspectiva: a fotografia.
Ambientado, no bairro Cidade de Deus, zona oeste do Rio de Janeiro, em decorrência de um processo de remoção de favelas situadas na zona sul da cidade, o filme retrata o desenvolvimento do crime organizado no período entre o final dos anos 60 e o começo dos 80.
A narrativa é constituída sob a perspectiva do jovem narrador e protagonista Buscapé, Alexandre Rodrigues, que em meio ao ambiente de crime e tráfico no qual estava inserido, encontra uma oportunidade, quase acidental, de virar fotógrafo. (Digo, se não fosse também pelo seu sonho de ser fotógrafo.)
A história relaciona o contexto de vida na favela: o conflito entre policiais, criminosos e a população que se tornava vítima desta violência. Essa relação é evidenciada em cenas que mostram, de um modo geral, o descaso do Estado quanto a população. Na trama, as várias histórias se fundem, e dentre as quais a de ascensão e queda de um dos traficantes mais perigosos da Cidade de Deus, que quando criança era conhecido como Dadinho e após alguns anos passou a ser Zé Pequeno (Leandro Firmino).
Pôster: Cidade de Deus
Vale ressaltar que a obra está inserida em um contexto de redemocratização do audiovisual brasileiro (pós ditadura), no qual, temas como violência e tráfico nas favelas eram mostrados exaustivamente. A construção do filme é posta, entre os momentos de ação, drama e as cenas de humor ácido. A crítica social é evocada em toda narrativa, trazendo a tona imaginários sobre a pobreza e violência no Brasil, o que dá margem para estigmatização social, racial, sobre violência nas comunidades brasileiras.
Sobretudo, Cidade de Deus se tornou um clássico do cinema nacional, evoca questões latentes em nossa sociedade, principalmente no que diz respeito à políticas falhas do Estado. Ainda hoje, no Brasil a concentração de renda nas mãos de um pequeno grupo, reforça sistemas desiguais de oportunidades para muitos jovens. No enredo, Buscapé, encontra uma possibilidade (quase acidental) de escapar, desse sistema imperfeito, pela fotografia. O filme te trará muitas sensações e poderá levantar questões até mesmo sobre o nosso papel de luta por novas políticas justas e igualitárias. Agora, se tratando de imagens, pode ser que em meio a tantas dificuldades, a fotografia pode vir a ser um escape para novas realidades seja como instrumento de ação, denúncia ou resistência.
Cidade de Deus é uma produção de 2002, baseado no romance homônimo do escritor Paulo Lins. Com direção de Fernando Meirelles e Kátia Lund, e roteiro de Bráulio Mantovani.
“Uma fotografia podia mudar a minha vida, mas na Cidade de Deus, se correr o bicho pega, e se ficar, o bicho come.” (Buscapé)
Confira o trailer!
E aí, o que achou do #dicadefilme dessa semana? Compartilhe em nossas redes e nos conte sua experiência, no nosso Instagram!
De placas de prata a sensores eletrônicos, passando pelos filmes, a tecnologia fotográfica, ao longo de sua história, desenvolveu-se continuamente. E hoje, podemos apontar questões, como: Qual é a diferença entre uma fotografia colorida e outra preto-e-branco? Bom, aparentemente a pergunta é simples, no entanto demanda uma resposta um pouco completa e neste texto, trataremos sobre a escolha do gênero fotográfico preto-e-branco.
Sabemos que a fotografia é o registro do momento, feito por um suporte físico, onde uma única cena,permite obter diferentes “retratos” se evidenciarmos bem as gradações de cores ou os contrastes de preto e branco. De certo, na fotografia, cor e luz desempenham funções diversificadas. Enquanto a cor se manifesta por matizes complementares e distintas. A luz evidencia padrões opostos: escuridão e claridade. A foto em preto-e-branco, cria um efeito de estranhamento que direciona o imaginário para a essência do real. Em contrapartida, as imagens coloridas reproduzem a aparência em sua forma mais precisa, como um retrato objetivo e neutro da realidade.
No ensaio “Filosofia da caixa preta”, o filósofo Vilém Flusser, escreve, sobre o assunto supracitado, e para ele, o preto-e-branco opera em uma imagem como uma abstração do mundo, e assim, ele aponta: “As fotografias preto e branco são a magia do pensamento teórico, conceitual, e é precisamente nisso que reside seu fascínio. Revelam a beleza do pensamento conceitual abstrato. Muitos fotógrafos preferem fotografar em preto e branco porque tais fotografias mostram o verdadeiro significado dos símbolos fotográficos: o universo dos conceitos”.
As composições em preto e branco possibilitam não só uma qualidade estética, mas também permite uma ampliação dos sentidos, caracterizando-as também como atemporal e contrastantes. Uma vez que elas salientam a estrutura formal da cena, orientada pela lógica dos opostos, ao passo que, as fotos com cor, destacam a matéria do objeto, obtendo características de algo mais concreto.
No que diz respeito à composição, fotos em tons cinzas, viabiliza que o fotógrafo se concentre, no abstrato: na forma, textura, e padrão, realçando assim qualidades que, em geral, se perdem com a fotografia colorida. Ao escolher utilizar o preto-e-branco será importante voltar sua atenção a iluminação, pois o balanceamento de contrastes, tons claros e escuros, permitirá enfatizar tais aspectos. De modo geral, uma dica importante para composição preto e branco é criar sombras, seja frontais ou laterais no objeto, assim reforçará as abstrações pretendidas, dando vida a imagem.
A escolha pela fotografia em tom cinza deve ser pautada pelo objetivo que você deseja alcançar com a imagem. O artista visual, Mario Cravo Neto (Salvador BA 1947 – 2009), cuja obra transitou pelo imaginário religioso e místico, foi adepto ao uso da fotografia em preto-e-branco. Ele expressa sua sensibilidade ao utilizar jogos de luz e sombra, que trazem uma sensação tátil, nas composições. Em muitas de suas obras, ele recorreu ao recurso de baixa luz, a enquadramentos fechados e explorou diferentes texturas com um foco crítico, dando ênfase ao volume.
Na composição “Odé” de 1989, Cravo Neto, enfoca em um enquadramento fechado a imagem de uma menino segurando uma ave pelo bico, repare o realce dado a ela pelo jogo de luz. O foco da imagem se dá na associação do fragmento do corpo do menino (olho) com o posicionamento do olhar da ave. A fotografia além de evocar aspectos ritualísticos, causa uma certa sensação de estranhamento, dada pela relação inesperada de oposição entre o corpo e o animal.
E aí, como você utiliza o formato preto e branco em suas fotos? Conte-nos a suas experiências, deixe seus comentários. E faça o exercício de escolher um ambiente com luzes fortes e sombras para fazer fotos incríveis.
Referências
_____, John. O novo manual de fotografia: guia completo para todos os formatos. Assef Nagib Kfouri et al. (trad). São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2005.
FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro, RJ: Relume Dumará, 2002.
MARIO Cravo Neto. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa2620/mario-cravo-neto>. Acesso em: 21 de Jun. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
A fotomontagem é resultado de uma expressão artística, da arte moderna. O gênero fotográfico gerou críticas sobre a arte e a cultura.
Grande série do Horizonte de Nova York
Com o objetivo de criar uma nova imagem, a fotomontagem consiste na combinação de duas ou mais imagens sobrepostas. O gênero fotográfico surge na década de 1850. O sueco Oscar Rejlander, em 1857, apresentou em uma exposição, a alegoria ‘Two Way of Life’ (Duas maneiras de vida), resultado da produção de trinta negativos, em papel fotográfico, que foi combinado em uma única impressão. Semelhantemente, em 1901, Valério Vieiro, torna-se o marco da fotografia, no Brasil, com a composição de “Os Trinta Valérios”, em que o autor combina também, dois gêneros, retrato e fotomontagem.
O que conhecemos hoje como Fotomontagem é resultado de anos de exploração técnica de processos químicos e físicos, além de novas invenções tecnológicas. Atualmente, com o emprego de novas tecnologias, a técnica de associar fragmentos de imagens, com o intuito de gerar uma nova imagem, pode ser realizada por diferentes processos, veja algumas dessas maneiras de produzir à fotomontagem:
Colagem: Um dos processos mais simples, consiste em elaborar uma composição tendo como base imagens positivas sobre um suporte, neste caso, papéis, que podem ser apresentados exatamente desta forma, assim como os artistas dadaístas. Outra variante para técnica é a reprodução realizada para gerar negativos, que a partir deles pode-se produzir ampliações.
Negativos: Técnica pioneira da fotomontagem. Utiliza-se originais em transparência. Consiste na sobreposição de negativos ou diapositivos, que integra duas ou mais imagens para produzir uma terceira. Essa técnica pode ser projetada, utilizando slides, por exemplo, ou empregada para conceber ampliações positivas sobre papéis, como é o caso do negativo.
Dupla ou Múltipla Exposição: Este processo pode ser realizado na própria câmera. O efeito consiste em sobrepor duas ou mais imagens no mesmo frame, a câmera fundirá as partes claras da imagem, o que for escuro irá sobressair na imagem final. Para melhor resultado da imagem é importante manter o mesmo enquadramento em todos os cliques. Utilizando uma superfície fixa ou tripé.
Confira um exercício, passo a passo:
Posicione um objeto ou modelo no ambiente;
Selecione o modo de múltiplas exposições da câmera e configure a quantidade de cliques que você quer sobrepor;
Faça uma fotometria, observe a exposição e configure para exata exposição;
Tire a primeira foto, reposicione o objeto e faça a segunda foto. E assim sucessivamente, caso opte por múltipla exposição;
Após à execução de todos os cliques, a própria câmera processará o arquivo e exibirá a imagem finalizada.
Embora a técnica seja conhecida desde a segunda metade do séc. XIX. Foram as vanguardas modernistas que mais fizeram uso, deixando um legado como gênero fotográfico. Muitos artistas aderiram a técnica e agregaram a ela diferentes características. Anita Steckel (1930–2012) foi uma dessas artista. A feminista americana, de estilo irreverente e ousada ficou conhecida por suas fotomontagens e pinturas com imagens eróticas. Em suas composições, ela explorou temas como sexismo, racismo, e questões sócio-políticas.
Mulher Gigante no Empire State Building
Na série de obras “mulheres gigantes”, Steckel produz a composição “mulher gigante no Empire State Building” em que ela sobrepõe na fotografia da cidade de Nova York, pinturas e fragmentos de um auto retrato, ela como uma gigante mulher nua pendurada no edifício Empire State. Essa fotomontagem remete ao movimento de reivindicação das mulheres, ela explora ideais de feminismo, urbanismo, sexismo, racismo e história.
E aí o que achou sobre a fotomontagem? Inspire-se com Anita steckel ou teste umas das técnicas apresentadas. Publique o resultado em nossas redes ou deixe seu comentário no nosso grupo de discussão.
Referências
FOTOMONTAGEM . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3870/fotomontagem>. Acesso em: 14 de Jun. 2020. Verbete da Enciclopédia. Fineman, Mia. Faking It: Manipulated Photography Before Photoshop. New York: The Metropolitan Museum of Art, 2012. no. 51, pp. 74, 220.
Eustáquio Neves é um fotógrafo brasileiro que ao longo de 30 anos produziu obras étnico-culturais icônicas, utilizando técnicas de sobreposição de imagem.
No dia 10 de fevereiro de 1955, em Juatuba, Minas Gerais, nasceu José Eustáquio Neves de Paula. Fotógrafo autodidata e artista multimídia. Formou-se em Química Industrial pela Escola Politécnica de Minas Gerais, em 1980. Logo após, mudou-se para Goiás, e exerceu a profissão até meados de 1984. Um ano depois, sua paixão pela fotografia toma fôlego e à partir desta época, passou a se dedicar exclusivamente à fotografia de caráter étnico-cultural.
Com uma carga de experiências advindas da química, e criatividade, Eustáquio cria uma linguagem ousada para os temas que focaliza. Resgata elementos e técnicas do precursor da fotografia criativa Valério Vieira e compõe realidades à partir de fragmentos, utilizando-se da fotomontagem. Nos últimos 30 anos, compôs obras icônicas, tendo como base experimentos feitos com negativos no momento das ampliações fotográficas. Conquistou em sua carreira nove prêmios, com destaque para o 7º Prêmio Marc Ferrez de Fotografia 1994), o Prêmio Nacional de Fotografia do Ministério da Cultura e Funarte (1997) e o Prêmio Especial Porto Seguro de Fotografia (2004). Em 1999, foi prestigiado com a Residência na Gasworks Studios and Triangle Arts Trust, com apoio da Autograph (Associação dos Fotógrafos Negros) em Londres. Realizou mais de 30 exposições individuais em diversas cidades brasileiras, nos EUA, Cuba, Mali , França, Moçambique e na Finlândia, e participou de mais de 40 exposições coletivas, destacando-se sua participação na Coleção Pirelli/MASP de Fotografia (1996), na 6º Bienal de Havana (1997) e na Bienal de São Paulo/Valência (2007).
Dono de um currículo extenso, Eustáquio Neves configura-se como um fotógrafo ímpar que rompe com o padrão convencional da fotografia. Ele nos convida à uma viagem construída por fragmentos visuais diante do seu olhar subjetivo sobre sua vivência e percepção de mundo a partir da imagem. Atualmente, ele vive e trabalha em Diamantina – MG.
O que achou das técnicas fotográficas de Eustáquio Neves? Comente e acesse também nosso conteúdo sobre Fotomontagem para aprender mais sobre a técnica muito utilizada pelo fotógrafo.
Está procurando um documentário interessante que una fotografia e intervenção social? Temos um dicade certo para você, a produção Born into brothels: Calcutta’s red light kids. Confira!
Born into brothels, 2004
Born into brothels: Calcutta’s red light kids (Nascidos em bordéis: as crianças da luz vermelha de Calcutá) é um documentário de 2004, dirigido por Zana Briski e Ross Kauffman que ilustra bem o sentido de intervenção social. Ganhador do Oscar de 2005, a produção retrata a vida a margem das crianças, nascidas no ambiente de prostituição, no distrito Vermelho, em Calcutá – Índia.
O foco do documentário, que antes era, o de retratar a vida das prostitutas e condições de trabalho no distrito, toma novos rumos, quando Briski nota a realidade marginalizada das crianças, que crescem esquecidas nos guetos/bordéis da zona vermelha e inicia o projeto fotográfico.
Com cenas marcantes, Born into brothels busca narrar o engajamento da fotógrafa ao mostrar uma nova realidade as crianças. Os pequenos, assim, aprendem a olhar suas vidas sob um novo foco, ao vivenciarem e registrarem à partir da arte da fotografia, a beleza ignorada de suas realidades.
Para além do entretenimento, Born into brothels, trará uma narrativa que te convida a refletir sobre intenção, ética, e o impacto da fotografia no meio em que vivemos. Para quem gosta de documentário, ao longo dos oitenta e seis minutos, o longa metragem permitirá uma imersão pela imagem, podendo inspirar e/ ou emocionar o telespectador.
O documentário transita entre drama e aventura, mostrando uma realidade pouco desconhecida da Índia. Para alguns, a iniciativa da fotógrafa pode parecer uma autopromoção. No entanto, o documentário não perde a capacidade de levar a reflexão sobre a importância de uma boa iniciativa para além do ato de documentar histórias.
O que acharam do #dicade dessa semana? Compartilha com a gente, comente, ou se preferir acesse nosso grupo de discussão e deixe suas impressões. Até logo!
A coluna dessa semana, traz um fotógrafo das ruas e do cotidiano!
A coluna #1min1foto é inspirada no projeto “Une minute pour une image” de Agnes Varda. Aqui, o participante é desafiado a olhar para uma foto, de escolha da editoria, durante um minuto e depois escrever suas impressões.
A fotografia neste caso assume à qualidade de espontaneidade. Uma captura de um detalhe da vida de tantos corpos inseridos na imagem mas que não tem intenção quanto as ações dele. O foco da imagem parece estar apenas no olhar vago e fixado da mulher de blusa azul marinho. Em direção ao olhar da personagem, há algumas flores amarelas, e interessante pensar neste contexto a simbologia em torno da cor. Que remete ao vibrante e é constantemente associada a alegria e energia, símbolo de agradecimento, lealdade para com o outro.
Não há vestígios de semelhança entre o significado da cor e a fisionomia da personagem, que carrega em sua feição sentimentos vagos, e difíceis de decifrar. O enquadramento é recluso mas alguns detalhes trazem aspectos de ambientação para imagem. Os corpos de modo geral, estão voltados para o horizonte, como se estivessem contemplando o momento.
Cartiê Bressão, Copacabana, 2016
A fotografia parece remeter ao culto a Rainha dos oceanos, Iemanjá. Esta divindade, que no Brasil, anualmente recebe uma procissão até seu templo, o mar. Os devotos usam branco e azul em sua homenagem, e a ela levam oferendas como flores, sabonetes, bijuterias. A imagem te leva a devaneios contém poucos detalhes mas sugere a sensação de que mais coisas acontecem fora do que está registrado. O horizonte é um destes detalhes, é uma mistura de contrastes, pouco se vê o mar, mas muito o céu. E numa linha tênue eles se fundem. No entanto, a mulher não se mostra apreciadora do fenômeno como os outros, algo preenche seu olhar, mas em contrapartida sua feição fechada não diz muito sobre o quê se passa em sua vida.
Bom, à título de curiosidade, após a experiência de analisar, durante 1 minuto, a fotografia. Dediquei-me a uma rápida pesquisa sobre o autor da imagem. Cartiê Bressão é pseudônimo do fotógrafo carioca Pedro Garcia de Moura, o nome é uma homenagem antropofágica ao também fotógrafo de rua do século xx, o francês Henri-Cartier Bresson. Em suas composições, o artista brasileiro tenta retratar o cotidiano carioca de uma maneira leve, como uma captura do momento. A imagem analisada foi retirada de sua página no Instagram, “cartiêbressão” . A legenda que acompanha a fotografia é um trecho de um poema do escritor Vinicius de Moraes que diz: “Uma beleza que vem da tristeza. De se saber mulher. Feita apenas para amar. Para sofrer pelo seu amor. E pra ser só perdão”. A fotografia foi tirada na praia de Copacabana em 2016.
E aí, o que acharam da fotografia? Façam esse exercício de observar uma foto por um minuto e compartilhe o resultado em nossas redes!!
Somos bombardeados por imagens a todo momento. A coluna #1min1foto dessa semana, traz um fotógrafo das ruas e do cotidiano, não deixe de ler!
Patrick Demarchelier é destaque na fotografia de moda contemporânea. Conhecido por muitos como mestre, tem como marca composições com aspectos espontâneos e realistas.
Patrick Demarchelier é um renomado fotógrafo de moda e publicidade contemporânea. Suas fotografias são marcadas por um senso estético espontâneo, onde a naturalidade e a emoção são postas em cena.
Shalom Harlow, Paris, 1996, Patrick Dem
Natural da França, Demarchelier, nasceu na cidade de Le Havre, em 21 de agosto de 1943. Aos 17 anos, ganhou sua primeira Kodak e interessa-se por fotografia. No início da década de 60, mudou-se para Paris, aprimorou suas técnicas e conheceu o suíço Hans Feurer, fotógrafo da Vogue. Em 1975 partiu para Nova York , onde trabalhou para Vogue e assume uma carreira à nível internacional. Em 1989, Demarchelier, torna-se o primeiro fotógrafo estrangeiro oficial da família real, fotografando à princesa Diana e os príncipes William e Harry.
Com uma estética perfeita e técnicas ambientadas em luz natural, é referência em fotografias em preto e branco e nus artísticos, sem vulgaridade. Autor de numerosas imagens icônicas criadas para as publicações das revistas Vogue e Harper’s Bazaar, criou também campanhas para marcas como Chanel, Dior, Ralph Lauren, Yves Saint Laurent, entre outras.Devido à forte influência que exerce no mundo da moda, seu nome é citado no filme “O Diabo Veste Prada”. Aos 76 anos, Demarchelier vive em Nova York e continua sendo um dos fotógrafos mais requisitados na moda e publicidade.
Confira algumas das produções de Demarchelier!
Nude St Barthelemy, 1989, Patrick Demarchelier
Princesa Diana Londres, 1990, Patrick Demarchelier
Aniversário da moda, 1992, Patrick Demarchelier
Nadja Auermann, Paris 1994, Patrick Demarchelier
Naomi, 1991, Patrick Demarchelier
Nude, St Barthelemy, 1994, Patrick Demarchelier
Nude, St Barthelemy, 1997, Patrick Demarchelier
Diamonds, Patrick Demarchelier
Christy Turlington, Nova York, 1990, Patrick Demarchelier