Ano: 2022

  • Imogen Cunningham

    Imogen Cunningham

    Botânica, nudez, paisagens e retratos são alguns dos temas fotografados pela fotógrafa 

    Imogen Cunningham nasceu em Portland, Estados Unidos, em abril de 1883. Seu interesse pela fotografia surgiu aos 18 anos, após a compra de sua primeira câmera. Imogen produziu diversos retratos, estudos sobre a nudez, street photography (fotografia de rua), imagens botânicas e de sua família, além de autorretratos. Durante os 70 anos em que produziu centenas de fotos preto e branco, poucos temas não foram abordados pela artista.

    A fotografia em preto e branco é composta por uma mulher branca, nua, de costas e com os cabelos presos num coque baixo, apoiada numa grande pedra que ocupa todo o fundo da foto.
    Imogen Cunningham

    A foto em preto e branco mostra um homem nu de costas, ele possui pele branca e cabelos escuros, e está tentando subir uma pedra, que ocupa todo o fundo da fotografia.
    Imogen Cunningham

    Ainda jovem, Imogen frequentou a Universidade de Washington, onde teve seu primeiro contato com a fotografia botânica. Entre 1907 e 1909, a artista trabalhou no estúdio de Edward Curtis, aprendendo diversas técnicas sobre impressão e retoque de negativos. Em 1910, abriu seu próprio estúdio de retratos em Seattle.

    Em 1915, a fotógrafa produziu fotografias de modelos nus que foram expostas em diversas galerias dos Estados Unidos, aumentando sua popularidade. Nesse mesmo ano, Imogen se casou e teve seu primeiro filho. No final de 1917, Imogen fechou seu estúdio em Seattle e se mudou para Califórnia, onde nasceram seus dois filhos gêmeos.

    Com filhos pequenos e reclusa à vida domiciliar, Cunningham se aprofundou no estudo da fotografia botânica por meio das plantas de seu quintal. Nos anos seguintes, também produziu um extenso ensaio fotográfico de seus três filhos e marido.

    A foto em preto e branco mostra três garotos, brancos e de cabelos curtos e escuros brincando na praia. Eles usam shorts, camisetas brancas e estão descalços. Um deles está sentado na areia, um segundo está de pé ao seu lado, e o terceiro está de pé com o tronco abaixado, pegando pedras no córrego que cobre seus pés, em frente aos outros dois.
    Imogen Cunningham

    Dos anos 20 a 40, Imogen conheceu fotógrafos famosos e fez diversas exposições nacionais e internacionais, além de produzir retratos de artistas como Frida Kahlo e Martha Graham. Mais adiante em sua carreira a fotógrafa participou do Grupo f/64, um coletivo de fotógrafos que produzia imagens extremamente focadas, detalhadas e com grande contraste, boa parte dessas fotografias retratavam paisagens em preto e branco. No site em que são expostas suas fotografias, uma seção que me chamou atenção foi “Hands”, uma série de fotografias que exibem, como o próprio nome explica, as mãos de diversas pessoas, realizando atividades diferentes. Diria que é um foco de trabalho um tanto incomum, porém que muito me interessou.

    A fotografia em preto e branco mostra um par de mãos, há um anel no dedo mindinho da mão direita. As mãos são refletidas na superfície de um grande balde de água.
    Imogen Cunningham

    Em fevereiro de 1975 Imogen fundou o Imogen Cunningham Trust a fim de exibir, preservar e promover seu trabalho fotográfico. A artista faleceu em 1976, aos 93 anos, em São Francisco, Califórnia.

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

     

    Links, Referências e Créditos

    Como citar esta publicação

    COUTO, Sarah. Imogen Cunningham. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em <https://culturafotografica.com.br/imogen-cunningham/>. Publicado em: 18/10/2022. Acessado em: [informar data].

  • A dor de uma família em extrema pobreza

    A dor de uma família em extrema pobreza

    A imagem, tirada por Andy Goldstein, em São Paulo, é resultado de um trabalho que o fotógrafo realizou em 14 países da América Latina. Goldstein desejava captar os impactos da pobreza nas diferentes regiões.

     

    Há quatro crianças sentadas em uma beliche e uma mulher encostada na cama. Eles estão em uma casa simples, de estrutura bastante precária.
    Andy Goldstein

    A foto mostra a doméstica Débora de Jesus da Silva, de 28 anos, e seus filhos, sentados em uma beliche humilde. A jovem mãe encontra-se escorada na cama, com um semblante pensativo e preocupado.

    Ao visualizar esse cenário, reflito sobre o sofrimento dessa família. Débora, com 21 anos, teve sua primeira filha, hoje com 9. Seu bebê mais novo, com apenas 11 meses, já vive em uma realidade na qual seus direitos básicos são negados; o de brincar, de ter um sistema de saúde eficiente, uma escola e uma alimentação de qualidade. Daí surge o questionamento: como essas crianças poderão mudar essa realidade de pobreza se não recebem o devido suporte para ascender socialmente?

    É por essa falta de assistência que muitas famílias continuam vivendo à margem da sociedade ao passar das gerações, porque falta apoio para essas pessoas crescerem, seja de forma econômica ou social. É aí que eu me pergunto: Cadê o governo para garantir os direitos dos cidadãos? Onde está o Estado que assegura o bem-estar da população?

    É comum escutarmos um discurso meritocrático que diz “Fulano nasceu na favela, sem privilégios e hoje é um médico/jogador de futebol/juiz (ou qualquer outra profissão de prestígio social) bem-sucedido”. Discurso este que tenta isentar a culpa do abandono do governo, como se por falta de força de vontade, as outras pessoas no mesmo caso do exemplo citado não conseguissem atingir tal êxito.

    Também é importante frisar que, devido à situação de vulnerabilidade, milhões de brasileiros sujeitam-se, por necessidade, a trabalhos informais que os exploram até a exaustão e, paradoxalmente, não recebem o suficiente para manter uma vida minimamente digna.

    O que essa fala completamente equivocada não divulga, é que as pessoas que conseguem ascender socialmente em condições precárias, sem o devido auxílio, são exceções. Por isso, reproduzir esse tipo de discurso é problemático, porque pode gerar frustração e depreciar os indivíduos que, por falta de estrutura e suporte, não alcançam este lugar de prestígio.

    Na imagem posta, me pego imaginando a dor dessa mãe ao, muitas vezes, não ter o que dar de comer a suas crianças ou a si mesma. Penso sobre sua revolta de residir em um país tão desigual, onde uns desfrutam dos melhores e mais caros alimentos, enquanto outros não têm nenhum. Em que algumas crianças têm o privilégio (que, na realidade, deveria ser garantido a todas) de só estudar e aproveitar a infância, enquanto outras têm que abandonar a escola para trabalhar em empregos informais e ajudar a família.

    Até quando o Brasil terá sua renda tão mal distribuída entre os cidadãos? Até quando o país terá 24% de sua população vivendo em situação de pobreza? Sendo mulheres e negros – grupos históricamente marginalizados – a maior parte dessa revoltante porcentagem. São questionamentos que faço, mas, infelizmente, não encontro respostas.

    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

    Soares, Maria Clara. A dor de uma família em extrema pobreza. Cultura Fotográfica (blog).

    Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/a-dor-de-uma-familia-em-extrema-pobreza/>. Publicado em: 13 de out. de 2022 . Acessado em: [informar data].

  • Andy Goldstein

    Andy Goldstein

    Nascido em Buenos Aires, Andy Goldstein – hoje com 79 anos – é um fotógrafo argentino. Sua obra mais famosa, intitulada como “Vivir en la Tierra”, conta, por meio do retrato, a vivência de famílias em condição de vulnerabilidade socioeconômica.

    Andy em um cenário que aparenta ser uma galeria de fotos. Ele veste uma camisa preta e está centralizado na imagem, olhando diretamente para a câmera.
    Andy Goldstein

    Criado em uma família de ópticos, teve acesso ao mundo da fotografia desde criança, mas, não via o trabalho como uma profissão. Então, ingressou na faculdade de biologia, quando, por acaso, após realizar um ensaio para um amigo, ganhou visibilidade e começou a receber propostas de trabalho.

    Em 1968, abriu seu primeiro estúdio fotográfico na avenida de Las Heras de Buenos Aires. Já na próxima década, Andy fundou a Escola de Fotografia Criativa, objetivando impulsionar a formação profissional que era pouco desenvolvida na cidade. Goldstein conta, em uma entrevista dada ao canal Fotógrafxs Argentinxs, sua relação de respeito com seu processo de inspiração. Quando está sem criatividade, ele afirma que concentra-se em si mesmo e foca em seu processo interno, para que consiga ter êxito no trabalho.

    Menina de pele clara e cabelos loiros com a mão no nariz. Ela usa uma camisa de botão e manga longa, e encontra-se em um cenário pobre. Ao fundo, há latões e outros objetos metálicos.
    Andy Goldstein
    Há cinco pessoas na foto, dois homens, duas mulheres e um bebê. Aparentemente, são da mesma família, visto que se parecem fisicamente uns com os outros. Estão em cima de uma cama e em um cenário de pobreza e caos. Em torno, há várias outras camas, roupas e diversos pertences amontoados.
    Andy Goldstein
    Há quatro pessoas na foto, todas escoradas em uma poltrona. Encontram-se em uma casa humilde, com móveis simples e um buraco nítido no teto.
    Andy Goldstein
    Foto em preto e branco de uma menina em uma cozinha simples e deteriorada. Ela veste uma camisa branca, uma saia xadrez, e parece assustada. No cenário, há um fogão antigo, algumas panelas, um bujão de gás e uma mesinha.
    Andy Goldstein


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    SOARES, Maria Clara.Andy Goldstein. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/andy-goldstein/>. Publicado em: 11 de out. de 2022 . Acessado em: [informar data].

  • Céu e mar: do infinito e além

    Leitura com destino às terras férteis da imaginação


    O que se vê, em primeiro plano, é um barquinho navegando no mar. Em segundo, quase imperceptível, há outro barco. Atrás dele, escondido sob uma espessa neblina, há prédios. Em terceiro e último plano, minuciosamente, é possível ver uma rocha. Sem mais perspectivas de vermos qualquer coisa, no entanto, nos deparamos com uma espessa camada de nuvem, de onde surge o emblemático Cristo Redentor. 


    Em primeiro plano, há um barco velejando no mar. Em segundo plano, esmaecida pela neblina, está a cidade do Rio. No céu, há uma espessa camada de nuvens, de onde surge o Cristo Redentor.
    Luiz Bhering

    A neblina, de certo modo, produziu um efeito de descontinuidade aos elementos da foto, separando o barco no primeiro plano e o Cristo Redentor, no céu, enquanto que a cidade e seu relevo tornaram-se secundários, despercebidos em um primeiro olhar. Ao menos, essa foi minha experiência.

    Por causa deste efeito, céu e mar se confundem até que, inesperadamente, há uma ruptura, seja pelo barco no mar, seja pelo Cristo sobre as nuvens. Me parece uma imagem do além, onde um navegante conduz as almas protegidas por Deus. Aliás, a cidade embaçada parece ser fantasmagórica, aparecendo e sumindo.

    Quando analisei essa imagem pela primeira vez, me lembrei do bordão do personagem Buzz Lightyear, da franquia Toy Story, “ao infinito e além”. É lógico que, ao pé da letra, esse bordão é mera redundância, no entanto, com a devida licença poética, seu uso parece assertivo, porque reforça a ideia de tempo e espaço infindáveis. 

    Essa é uma fotografia “do infinito e além”. Apesar de ser uma fotografia feita no tempo e no espaço do Planeta Terra, em nossa abstração ela pode parecer domínio de outros lugares, de outros tempos, universos que só existem graças à nossa imaginação e criatividade. 

    Para sentir essa fotografia é preciso entrar em estado contemplativo. Ela é potente por ser lúdica e encantadora. Ela te estende as mãos e te convida para um passeio que, se feito com sensibilidade, extrapola os limites da realidade. O que era para ser um dia nublado no Rio de Janeiro pode tomar outras formas, evocar fantasias, aguçar a imaginação.


    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.


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  • 10° Salão Nacional de Arte Fotográfica

    O Fotoclube ABCclick realizará o 10° Salão Nacional de Arte Fotográfica. 


    Divulgação 

    O clube de fotógrafos do interior paulista, Fotoclube ABCclick, irá realizar mais uma edição do concurso de fotografias. Os interessados em participar do concurso poderão submeter quatro fotografias coloridas, com tema livre até o dia 12 de outubro de 2022. A comissão de análise das fotografias será composta por voto popular e júri técnico.

    Nesta edição, além das medalhas de ouro, prata, bronze e menção honrosa, o Foto Clube anuncia uma novidade: as 15 melhores fotografias serão convertidas em NFT e colocadas à venda. Metade do valor arrecadado em vendas será entregue ao autor da imagem. 

    Mais informações sobre o pagamento da taxa de inscrição, contato do Fotoclube e a realização do evento podem ser consultadas no site http://www.abcclick.com.br/index1.asp 

    #divulgação é uma coluna de divulgação científica e cultural. Utilize nossos formulários para divulgar seu trabalho em nossas mídias.

    #divulgação, evento


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    {SOBRENOME, Nome do Autor(a)}. {Título da postagem}. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<{colar link da postagem}>. Publicado em: {colar data de publicação}. Acessado em: [informar data].

  • Rio de Janeiro por Luiz Bhering

    Fotógrafo e artista visual carioca. 


    Como muitos fotógrafos brasileiros, Luiz Bhering estudou Fotografia no exterior, no City Polytechnic of Arts and Design, em Londres. No Brasil, ele exerce as profissões de fotógrafo e printer de Fine Art. Carioca da “gema do ovo”, a cidade do Rio é o cenário principal de suas fotografias.   


    A fotografia mostra o pôr do sol em uma praia no Rio de Janeiro. Em primeiro plano, é possível ver a silhueta de oito pessoas brincando no mar. No fundo, morros característicos da paisagem carioca compõem a cena.
    Luiz Bhering

    O artista participa ativamente de exposições de fotografia no Rio e em São Paulo. Ele já expôs em universidades, centros culturais, na Bienal Brasileira de Artes Plásticas, além de ter sua própria exposição, a Fábrica Bhering – Circuito Interno Bhering. 

    Além disso, em 2018, suas fotos participaram do programa “Encontro com Fátima Bernardes”. Entre os anos de 1994 e 1997, Bhering realizou projetos para a editora espanhola HOLA, onde também publicou uma reportagem fotográfica. Em 2018, publicou na revista francesa AM Magazine Mensuel Avril.

    O fotógrafo possui premiações em concursos e exposições. Em 2020, expôs “Território de Pesca e Poesia”, “Rio 50 graus” e “Lugar de Afetos”, todos no Rio.


    A fotografia retrata a Ilha Fiscal, na zona portuária do Rio de Janeiro, no exato instante em que um avião passa no centro da torre principal do palacete, criando a percepção de que o prédio o sustenta.
    Luiz Bhering

    A fotografia mostra o anoitecer em uma praia carioca. Em primeiro plano, há uma canoa com dois homens atracada na areia. Como se estivesse saindo da canoa, há um coqueiro. Atrás, avista-se o mar e parte da cidade, respectivamente.
    Luiz Bhering

    A foto retrata uma praia, a partir da areia inundada pela maré. Há uma vara de pesca firmada na areia. Os morros circundam a paisagem, entre eles, o Morro do Sumaré, com suas torres, e o Morro do Corcovado, com o Cristo Redentor.
    Luiz Bhering

    A fotografia mostra um homem negro tocando saxofone em uma praia carioca. Ele está em primeiro plano. Ao fundo, um recorte da cidade, o Morro Dois Irmãos e a Pedra da Gávea.
    Luiz Bhering

    A fotografia mostra o céu do Rio de Janeiro, no exato instante em que um avião passa pelo Cristo Redentor. O sol aparece na foto.
    Luiz Bhering

    A fotografia mostra o crepúsculo na cidade de Niterói. No primeiro plano, o mar. Em segundo, o Museu de Arte Contemporânea. Atrás, é possível ver a cidade.
    Luiz Bhering

    A foto retrata duas pessoas com roupas de Carnaval em cima de duas estátuas. Uma delas, aparentemente uma mulher, beija um dos anjos. O homem, em pé nas costas da mesma estátua, olha a cena rindo.
    Luiz Bhering


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  • A aventura vai começar

    A aventura vai começar

    Um garoto sozinho sai para visitar o mundo real e suas dificuldades

     

    Em Seul, crianças brincam no conforto de seus quartos acarpetados, numa casa com as melhores tecnologias da terceira década do século 21. Enquanto em Jakarta uma criança exemplifica a realidade de inúmeras outras ao redor do globo. Esse menino é um herói em sua própria fantasia, erguendo sua capa contra a tirania de um mundo cruel e austero que seus olhos não são capazes de identificar verdadeiramente.

    Um menino gira sua camisa acima de sua cabeça em primeiro plano. Ele está imerso até os joelhos numa rua inundada em Jakarta. Ao seu redor, diversos estabelecimentos comerciais se estendem numa foto em preto em branco destacando o céu carregado.
    Fanny Octavianus

     

    Esse menino não tem nenhuma proteção contra possíveis doenças que a água suja de uma inundação possa lhe causar. Sua bermuda não lhe traz segurança e seu tórax está exposto. Ele se diverte sem o auxílio de qualquer responsável e parece resoluto em sua caminhada naquela rua inundada.

    A fotografia em preto e branco realça um centro comercial fantasmagórico. Não é possível identificar nenhuma pessoa ou vida além das paredes de concreto que formam um corredor único, ladeando o garoto. O próprio céu com nuvens carregadas criam uma espécie de teto acima da cabeça do menino, como se o mundo estivesse lhe dizendo para onde ir e por onde ir.

    A falta de escolha e oportunidades na vida não me escapam aos olhos. E isso é o que acontece com muitas crianças pobres no mundo. São essas crianças, desprovidas de iphones e coleções de brinquedos que estimulam a criatividade e as atividades físicas para se divertirem com o pouco ou com o nada que têm.

    Além da diversão, essas crianças crescem sem as mesmas ferramentas, oportunidades, educação ou acesso à meios que possibilitem, futuramente, uma inserção num mercado de trabalho com a mesma facilidade que as crianças ricas possuem.

    Na cena, o que era uma fantasia infantil, vira um meio de tornar a realidade mais palatável. Brincar com o caos ao seu redor, uma solução temporária para suportar o peso da vida, mas que pode ser letal.

    É claro, uma criança jamais veria perigo numa rua inundada; seus olhos são infantis e ingênuos. Uma criança pobre, talvez enxergasse menos perigo ainda. Me colocando no lugar daquele menino, uma rua inundada seria pura diversão e possibilidades de explorar o mundo, de experimentar a sensação de suas canelas tocando a água, e tornar a travessia uma jornada admirável e tão fantasiosa quanto Papai Noel para crianças ricas ocidentais.

    O garoto estando no meio da rua demonstra sua posição heroica e desbravadora. Ele aparenta até mesmo possuir uma estatura muito maior do que a que de fato possui. Pois, está tão centralizado na fotografia que de certo modo o centro comercial se torna achatado e o céu compactado.

    Ainda que ele seja um herói em sua própria fantasia, aquele menino é só mais uma vítima de um mundo desumano e desigual. Essa aventura fantasiosa que o menino traça naquela rua me parece previsão duma árdua jornada futura. Jornada esta que remete a vida real, hoje, 12 anos após ter sido fotografado.

    Sem as tecnologias de uma casa acolhedora e segura da terceira década do século 21 e sem um adulto o supervisionando, esse menino está exposto três vezes, desfavorecido três vezes: pelo governo que deveria cuidar de questões de saneamento básico, pelos responsáveis legais que deveriam cuidar de sua integridade e saúde física e pela sua própria ingenuidade.

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    Como citar esta postagem 

    BRITO, C. S. A aventura vai começar. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: https://culturafotografica.com.br/a-aventura-vai-comecar/ Publicado em: 29 de Set. 2022. Acessado em: [informar data].
  • II Prêmio PHOTOIMAGE 2022

    A Revista PHOTOIMAGE anuncia o concurso “Um olhar por uma Lente Fotográfica”.
    O II Prêmio PHOTOIMAGE 2022 abre inscrições para submissão de fotografias, com tema livre, para concorrerem à seleção. As fotografias serão utilizadas como parte da homenagem ao diretor de fotografia Andrew Lesnie. Além de terem como objetivo “divulgar obras fotográficas, exóticas, de paisagem, arte de rua, natureza em si, arquitetura, cidades, e o ser humano e tradições culturais como indígenas, por exemplo.”
    Os interessados poderão enviar no máximo três fotos para concorrerem ao prêmio. As fotos selecionadas serão disponibilizadas no blog e no twitter da Revista PHOTOIMAGE, em uma exposição virtual nomeada de “Olhar por uma Lente”. Os ganhadores também receberão prêmios que vão de câmeras fotográficas a medalhas personalizadas de participação.
    Endereço da Chamada de Trabalho: www.revista-photoimage.org
    Endereço para envio de inscrições: https://630fc412d9479.site123.me/
    Prazo para envio de inscrições: 01/09/2022 até 01/12/2022
    Valor da inscrição: R$25,00

    Como citar esta postagem

    PAES, Nathália. II Prêmio PHOTOIMAGE 2022. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/09/ii-premio-photoimage-2022.html>. Publicado em: 28 de set. de 2022. Acessado em: [informar data].
  • Clark Little

    Clark Little

    Surfista e fotógrafo apaixonado pela água do mar

     

    Clark Little, 54 anos, é um renomado fotógrafo e surfista, nascido em Napa, Califórnia, em 1968. Viciado em arrebentações perigosas, estar no mar é estar numa zona de conforto. “É sempre diferente. As luzes, as cores, a água, a areia e o que acontece com ela. E estar lá para capturar isso e compartilhar com o mundo… que sonho!”.

    Clark Little fazendo hang loose no mar. Atrás dele uma costa rochosa e um arco-íris.
    Clark Little

    Em 2007, Clark descobriu sua paixão pela fotografia e pelo hobby de surfar e fotografar imagens de tubos, ondas e das belezas dos mares. Sendo um experiente surfista, conseguiu fotografar imagens inalcançáveis para outras pessoas aquém de suas habilidades sob o mar. E por conta disso, ganhou notoriedade internacional, inclusive no Brasil. Tendo sido publicado em jornais e revistas como: National Geographic, The New York Times, The Surfer’s Journal, entre outras. Ele também trabalhou para diversas empresas correlacionadas, como: Nike, Nikon, Facebook, Starbucks Coffee, Toyota, entre outras.

    Fotografia de Clark Little fotografando uma onda de aproximadamente quatro metros de altura.
    Clark Little

    Tartaruga nadando em destaque. Acima da superfície é possível ver coqueiros e outras árvores.
    Clark Little

    Imagem de onda espumante em contraste com um céu nublado ao pôr-do-sol.
    Clark Little

     

    Imagem submersa de uma onda se quebrando. As cores são vivas e intensas e é possível enxergar um contraste muito vivo de luz e sombras na areia do mar.
    Clark Little    

    Arrebentação se formando com um contraste único de cores. A areia tem tons esverdeados e o mar é azul translúcido.
    Clark Little

     

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.
     

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