Ano: 2022

  • Prabuddha Dasgupta

    Conheça  um dos grandes fotógrafos da Índia no século XX.


    Conhecido por suas imagens em preto e branco, Prabuddha Dasgupta (1956- 2012), trabalhou como fotógrafo de moda por mais de três décadas. Ele começou sua carreira como redator na agência de publicidade Everest, antes de se dedicar à fotografia em tempo integral no final da década de 1980.


    Homem saindo do mar, com uma sunga que deixa os pelos de sua virilha aparente. Ele segura um anzol do lado do corpo com peixes pendurados.
    Prabuddha Dasgupta

    Durante sua carreira como fotógrafo comercial, Dasgupta trabalhou com a primeira geração de supermodelos indianas e foi considerado o fotógrafo que intensificou  o “Glamour da Índia”, aliás ele trabalhou para diversas revistas globais  como Vogue, Elle, Harper’s Bazaar e GQ.


    Foi professor de fotografia e também publicou vários livros de arte de suas fotografias, incluindo Mulheres (1996), paisagens da cidade de Ladakh (2000) e  Borda da Fé (2009) em parceria com William Dalrymple.



    Ao centro da fotografia há uma mesa com um vaso de flor. Pouco mais ao fundo duas mulheres estão sentadas, uma do lado direito da mesa e a outra do lado esquerdo. Mais ao fundo temos uma porta, e em outro plano mais fundo uma janela, ambas com cortinas amarradas.
    Prabuddha Dasgupta

    Dois homens sentados na cama de um quarto, encarando fixamente a câmera. Ao lado direto deles há uma porta que mostra parte dos outros cômodos da casa.
    Prabuddha Dasgupta

    Pessoa coberta de preto, caminha por uma região onde o solo é arenoso e tem pequenas rochas ao fundo.
    Prabuddha Dasgupta


    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.


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  • Ricardo Stuckert

    Ricardo Stuckert

    O fotógrafo oficial do ex-presidente Lula

    Ricardo atua como fotógrafo oficial do ex-presidente Lula desde 2003. Antes ficou conhecido por suas fotografias dos indígenas Yanomanis em 1997. Foi diretor de fotografia e autor de imagens exclusivas do filme Democracia em Vertigem.

    a imagem mostra o Lula, um homem branco, de cabelos brancos e com uma camisa verde sendo acariciado por um menino negro sem camisa, enquanto aperta a mão de outras pessoas que estão na multidão.
    Ricardo Stuckert

    Ele está envolvido com a fotografia desde muito cedo, influenciado pelo seu pai Roberto Stuckert, que foi fotógrafo oficial do general João Figueiredo, quando Ricardo ainda tinha 12 anos. Passou pelo jornal O Globo e a revista Isto É, até ser reconhecido pelo seu trabalho e ser convidado, em 2002, pelo assessor de imprensa de Lula, José Chrispiniano, para ser fotógrafo oficial do candidato, caso ele fosse eleito. Desde então, acompanha o ex-presidente em todo seu percurso político, registrando momentos que ficarão para sempre na história do Brasil.

    a foto mostra Lula, um homem branco de camiseta preta, pendurado no pescoço de outro homem que o carrega e com uma multidão de pessoas em torno dele com câmeras e celulares.
    Ricardo Stuckert
    a foto em preto e branco mostra o Lula sendo abraçado por várias pessoas diferentes.
    Ricardo Stuckert
    : a imagem mostra a mão de Lula sem o dedinho, com uma aliança no dedo anelar e um relógio no pulso. A mão acena para uma multidão de pessoas.
    Ricardo Stuckert
    o ex-presidente Lula dando um aperto de mão no ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama, os dois estão sentados e de terno.
    Ricardo Stuckert

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link

    Como citar esta postagem

    CALIXTO, Vitória. Ricardo Stuckert. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/ricardo-stuckert/>. Publicado em: 14/03/2022. Acessado em: [informar data].

  • I Ciclo de Apoio a Percursos Autodirigidos sobre Fotografia

    Participe de nossos encontros de apresentação e apreciação de explorações, práticas e teóricas, no campo da fotografia.

    Uma etapa fundamental de qualquer percurso autodirigido, prático ou teórico, sobre fotografia é a avaliação do trabalho produzido. No entanto, para examinar a própria obra é preciso estabelecer um distanciamento crítico, ou seja, afastar-se subjetivamente dela para ser capaz de abordá-la de maneira objetiva. Em razão de essa não ser uma tarefa fácil, muit_s fotógraf_s e pesquisador_s recorrem à apreciação de colegas. 
    Nesse sentido, nós do Cultura Fotográfica oferecemos para você que está, por sua própria conta, explorando alguma questão, prática ou teórica, relacionada à fotografia a oportunidade de participar de um momento estruturado para apresentar e apreciar suas descobertas e as de colegas que estão na mesma situação.
    Homem conversa remotamente com outras quatro pessoas via webconferência.
    Surface | Unsplash

    Por um lado, a apresentação de suas descobertas permitirá que você discuta e explore seus processos cognitivos e criativos e o incentivará à reflexão dos aspectos conceituais, estéticos e técnicos da exploração que você vem desenvolvendo. Por outro, a apreciação dos colegas permitirá a você compreender como os outros observam o seu trabalho. Na mesma medida, a exposição de sua apreciação dos trabalhos dos colegas o engajará num processo de leitura crítica da fotografia.


    Inscrições

    O período de inscrições para participar dos encontros de apresentação e apreciação de percursos autodirigidos sobre fotografia vai até o dia 25 de março de 2022. Nesta primeira edição do ciclo, serão apenas 6 vagas. Por isso, caso recebamos mais inscrições que a quantidade de vagas disponíveis, realizaremos um processo seletivo com base nos seguintes critérios:
    – Originalidade e relevância da proposta;
    – Clareza na apresentação da proposta.
    O resultado da seleção será comunicado aos inscritos no dia 31 de março de 2022 pelo email informado no ato de inscrição.


    Funcionamento

    Os participantes selecionados terão aproximadamente 2 meses para desenvolverem suas explorações antes de realizarem a primeira entrega de suas descobertas, cujo prazo é o dia 27 de maio de 2022. Por entrega de descobertas, entendemos a evidência, a prova ou o testemunho do que você descobriu em sua exploração no campo da fotografia. Essa entrega pode ser feita em diferentes formatos: artigo, diaporama, ensaio, filme, fotografia individual ou conjunto de fotografias, livro, podcast, relatório, dentre tantos outros possíveis.
    Nas duas semanas seguintes, nos dias  2 e 9 de junho de 2022, no horário de 19h às 21h, realizaremos encontros via Google Meet para a apresentação das descobertas dos participantes e das apreciações dos colegas. Cada um desses encontros serão divididos em 3 sessões de apresentação e apreciação com a seguinte estrutura: primeiro, um participante terá 6 minutos para apresentar suas descobertas, na sequência, um colega, escolhido e comunicado previamente pela organização, terá 9 minutos para relatar sua apreciação e, por fim, todos terão 15 minutos para conversar a respeito do trabalho apresentado.
    Os encontros de apresentações e apreciações serão gravados e suas gravações serão publicadas no Canal do Cultura Fotográfica no Youtube. Após sua realização, os participantes terão cerca de 1 mês para finalizar suas descobertas conforme as contribuições dos colegas que acharem pertinentes e entregá-las, até o dia 8 de julho, para serem publicadas no blog do Cultura Fotográfica. Aos participantes que cumprirem todo o processo será entregue um Certificado de Participação.


    Datas importantes

    Período de Inscrições: até 25 de março de 2022;
    Quantidade de vagas: 6;
    Resultado da seleção: 31 de março de 2022;
    Primeira entrega de descobertas: 27 de maio de 2022;
    Encontros de apresentação e apreciação: 2 e 9 de junho de 2022, de 19h às 21h;
    Entrega de descobertas para publicação: 8 de julho de 2022.
  • Espelho: reflexivo e refletido

    Espelha-se em imagens o que se pode ser. Sendo assim, a reflexão da imagem transforma o indivíduo?


    A fotografia a seguir espelha um espelho. Duas pessoas se fitam e ao mesmo tempo se maquiam. Para mim, o ângulo do registro é a cereja do bolo para que esse jogo de reflexos aconteça. Por isso as experiências vivenciadas e compartilhadas  pelas atrizes da fotografia, são refletidas e reflexivas acerca do processo de maquiagem. 



    Duas Drag queens de frente para a outra se maquiando.
    Madalena Schwartz

    Estamos diante de duas personagens que estão se produzindo para um espetáculo. A maquiagem que elas usam é típica dos anos 80, percebemos isso pelo formato usado nas sobrancelhas, os cílios postiços e o contorno do rosto, por exemplo. Outra característica muito forte é a presença do preto na composição, que inclusive apareceu muito nas maquiagens de Ney Matogrosso.


    Drag Queen se maquiando de frente para um espelho.
    Madalena Schwartz

    Diferente da primeira fotografia, nesta de fato, a personagem, está diante de um espelho. Esse espelho traz à tona a representação dramática de uma cena da qual a individualidade toma conta, ao mesmo tempo que abre um feixe de possibilidades interpretativas em relação à atuação e à cenografia. No mais a imagem também pode ser entendida como um espelho.


    Andrade Liomar Quinto (2000, p. 53), ao descrever o trabalho de uma artista, conta que percebeu a importância das imagens, pois elas “viriam antes das palavras, por serem mais diretas e inteiras; completas,” e que seu conteúdo, por meio de uma intervenção expressiva, serviriam como um espelho no qual refletiram informações e poderia estabelecer-se um diálogo.


    Algumas perspectivas para pensarmos o espelho foram apresentadas a partir da série “Metamorfose” de Mandela Schwartz. A cenografia e a maquiagem são pontos fundamentais para pensarmos acerca do olhar (reflexão) que lançamos ao que está refletido nas imagens. 


    Sendo assim, vimos que as imagens funcionam como um espelho. Na rede social Instagram, por exemplo, as imagens espelham nós mesmos, e também somos refletidos por imagens que se relacionam com determinadas categorias como moda, cultura, arte e tantas outras coisas. E aí,  quais outras  possibilidades para se pensarmos acerca dos espelhos?


    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.


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  • Bruno Gomes

    Bruno Gomes

    Fotógrafo negro que traz um novo olhar para a representação negra na moda

    Bruno é um jovem de 23 anos que há sete anos pesquisa e atua na fotografia, tendo como principal foco levar visibilidade para pessoas pretas. Atualmente é um dos nomes mais recorrentes na fotografia de moda no Brasil. 

     

    a foto mostra uma mulher negra com um vestido longo vermelho, cabelo metade preto e a outra metade loiro e segurando uma flor.
    Bruno Gomes 

    Seu processo criativo se baseia na pesquisa focada em todas as múltiplas personalidades de pessoas pretas, o que resulta em fotos impactantes e de cores deslumbrantes. O fotógrafo já assinou projetos para marcas como Avon, Google, Samsung, Adidas, dentre outras, além de editoriais de moda para publicações como Vogue e Elle.

    a imgem mostra o rosto de um homem negro com uma maquiagem cintilante e com cabelo crespo loiro nas pontas.
    Bruno Gomes 

     

    a imagem mostra uma mulher negra na praia com um vestido branco.
    Bruno Gomes 

     

    a foto mostra uma mulher negra careca sorrindo e segurando o seu pulso.
    Bruno Gomes 

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    Como citar esta postagem

    CALIXTO, Vitória. Bruno Gomes. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/bruno-gomes/>. Publicado em: 07/03/2022. Acessado em: [informar data].

  • Os oitenta tiros

    Os oitenta tiros

    Uma fotografia que representa a violência policial com pessoas pretas no Brasil.

    Essa foto é uma das cenas do assassinato de Evaldo Rosa, um homem negro e músico de 51 anos que estava indo a um chá de bebê com sua família, quando policias fizeram diversos disparos em seu carro por confundirem com o automóvel de bandidos que estavam em fuga, versão essa que foi dada pelos policiais. Evaldo morreu na hora.

     
    a foto mostra uma mulher negra fazendo um gesto de indignação com as mãos e com o rosto, olhando para um carro que está com marcas de tiro. Ao  redor do carro tem outras pessoas também com expressão de indignação, no fundo da imagem há polícias e militares do exército em  com seus rostos desfocados.
    Fabio Teixeira

    Essa é uma fotografia forte e simbólica, ao olhar cada detalhe presente nela, é possível perceber como essa imagem diz tanto sem utilizar qualquer palavra. Aqui a imagem é uma forma de linguagem, em que grita para todos a brutalidade que acontece todos os dias com pessoas pretas e pobres no país.

    A cena é muito cruel, a mulher que chora e está revoltada com o que vê é esposa de Evaldo, que também estava no carro com ele e seus filhos, mas nenhum deles foram atingidos. Ela presencia a cena do seu marido morto e por isso coloca em risco sua saúde mental, pois é um momento que pode gerar traumas em qualquer pessoa. Quando olho para a foto a sensação de tristeza e raiva é automática, porque não era para elas vivenciarem essa violência, mas é isso que o estado oferece para famílias como a do Evaldo.

    As pessoas presentes na cena, todas negras, tanto os moradores quanto os policiais, reafirmam como o racismo torna sempre essa parcela da sociedade mais vulnerável. O carro alvejado de tiros evidencia os sinais de violência e o contraste da cor do carro, branco, com as pessoas negras ao redor me remete a desigualdade racial que existe no país entre os negros e os brancos. O estado é o maior culpado, já que utiliza da polícia como massa de manobra, que por sua vez também sofre com o racismo estrutural, fazendo com que os policiais no Brasil sejam os que mais matam, mas também os que mais morrem e as instituições de baixas patentes são compostas majoritariamente por negros e negras.

    No país existe, mesmo não oficialmente, uma política de extermínio da população negra que é justificada pelo estado como uma falsa política de guerra às drogas, mas que no fim só significa o genocídio do povo preto. Não é sobre os indivíduos que deram os disparos, é sobre a estruturação da política de segurança no Brasil que precisa ser revista. Os policiais, desfocados no fundo da imagem, representam para mim um estado omisso e covarde, que não tenta encontrar possibilidades de resolver a situação do tráfico e do crime de forma honesta, sem que pessoas inocentes precisem perder suas vidas todos os dias. Evaldo estava somente indo a um chá de bebê e acabou perdendo sua vida pela falta de responsabilidade dos órgãos de segurança.

    Essa foto representa para mim o Brasil que deu certo. Um país que funciona como os detentores do poder financeiro querem, mantendo as estruturas coloniais funcionando somente para garantir seus privilégios, sempre utilizando da mão de obra escrava de pessoas pretas e marginalizando essa população para terem a riqueza concentrada em suas mãos. O país ainda continua funcionando da forma como eles querem, com o povo pobre, preto e periférico na base da pirâmide, explorados de diversas formas possíveis. Então, o Brasil precisa urgentemente dar errado.

    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

    Como citar este artigo

    CALIXTO, Vitória. Os oitenta tiros. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/os-oitenta-tiros/>. Publicado em: 02/03/2022. Acessado em: [informar data].

  • Elliott Erwitt

    Elliott Erwitt

    Humor e ironia em fotos do cotidiano norte-americano.

    O fotógrafo judeu Elliott Erwitt, filho de migrantes russos, nasceu em Paris no ano de 1928, mas passou a maior parte de sua infância em Milão. Mudou-se para os Estados Unidos, em 1940, com sua família para escapar das leis fascistas da época. Com isso, ele passou a juventude em Hollywood, lugar em que começou sua carreira na fotografia.

    A fotografia mostra uma pessoa sentada em uma escada que possui dois degraus. Além disso, existe a presença de dois cachorros, um deles está com as patas apoiadas nas duas pernas da pessoa e a cabeça dele está na frente da face de seu dono ou dona. O outro cão está com uma coleira e sentado ao lado do indivíduo
    Elliott Erwitt

    Elliott também morou em Nova Iorque, onde conheceu o fotógrafo Robert Capa que o convidou para tornar-se membro da memorável agência fotográfica Magnum em 1953, da qual viria a ser presidente em 1966.

    As fotografias de Erwitt são repletas de humor e de ironia, características que ele retrata nas ruas, nos cotidianos e nas vivências encontradas nos lugares em que fotografou. Em seu trabalho há a presença de muitos cachorros e suas relações com o mundo humano. Além disso, Erwitt tirou fotos figuras famosas como Che Guevara e Marylin Monroe, também fotografou retratos mais íntimos e pessoais.

    A fotografia mostra dois dálmatas que estão com óculos e coleiras no pescoço. Um deles está com a língua para fora da boca  e o outro não. Ao fundo, podemos ver uma roda gigante e alguns prédios.
    Elliott Erwitt

     

    A fotografia mostra uma mulher, a mãe do bebê retratado, trajando um vestido estampado. Ela apoia a cabeça em um canto da cama e olha para o bebê, sua filha, que está na sua frente. No outro canto do colchão está um gato que olha para a criança também.
    Elliott Erwitt
     
    A fotografia mostra Che Guevara, provavelmente posando para a câmera,  sentado em um sofá. Em sua boca há um charuto e ele, vestido com uma camisa de mangas longas, não olha diretamente para a câmera.
    Elliott Erwitt

     

    A fotografia mostra Marylin Monroe, provavelmente posando para a câmera,  com a cabeça apoiada na parte de cima de um sofá. Seu olhar é contemplativo e ela não olha diretamente para a câmera.
    Elliott Erwitt
     
     
    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

    Links, Referências e Créditos

    HELENA, Beatriz. Elliott Erwitt. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:https://culturafotografica.com.br/elliott-erwitt/. Publicado em: 28 de fev. de 2022. Acessado em: [informar data].
  • O império do olhar: o Brasil oitocentista visto pela fotografia colonial

    O império do olhar: o Brasil oitocentista visto pela fotografia colonial

    A fotografia colonial e sua contribuição para a construção da imagem do império brasileiro.
    Os meios de comunicação carregam traços de sua época e lugar. André Rouillé (2009), em um estudo onde reconstitui o percurso da fotografia em sua migração do campo do útil para o do belo, comenta que a esta nova tecnologia de fazer visível se desenvolveu em estreita ligação com alguns processos em curso na Europa durante o século XIX: a democratização, a monetarização, a industrialização, a urbanização, a expansão das metrópoles e a modificação na percepção de tempo e de espaço.
    Por sua vez, James Ryan (2014), em uma revisão de literatura sobre a fotografia colonial, observa que o desenvolvimento da fotografia ocorreu em paralelo à expansão do império europeu na segunda metade do século XIX. Por isso, tão logo os procedimentos para a produção de imagens fotográficas foram tornados públicos, eles foram incorporados ao aparato de compilação de informações que permitia às autoridades coloniais exercer controle – real e simbólico – sobre populações e territórios distantes dos centros de decisão das metrópoles.
    Às imagens fotográficas foi atribuída a função mediadora de fazer presente o que é ausente e de trazer para próximo o que é distante (ROUILLÉ, 2009). Nesse sentido, Juan Naranjo (2006), em uma revisão do papel que a fotografia desempenhou como instrumento para o estudo do outro, acrescenta que, reconhecida como uma imagem que supostamente apagaria a fronteira entre realidade e representação, a ela foi atribuída a capacidade de substituir a experiência direta pela observação virtual.
    Louis Compte

    Expedições de diferentes tipos, apoiadas por associações comerciais, organismos governamentais e sociedades científicas, promoveram a documentação fotográfica de distintas regiões do planeta. Apenas 5 meses após o anúncio da invenção do daguerreótipo, o abade Louis Compte, que integrava a tripulação do navio-escola Oriental-Hydrographe da marinha mercante francesa em sua expedição ao redor do globo, desembarcou no Rio de Janeiro e no dia 17 de janeiro de  1840, produziu a primeira fotografia tomada em território brasileiro, uma vista do Largo do Paço (ver fotografia acima).
    A indústria de álbuns, cartões de visita e postais aumentou a atividade fotográfica comercial. Colecionar fotografias tornou-se um fenômeno de massa em escala global. Aventurando-se por lugares remotos, os fotógrafos europeus tornavam-nos acessíveis mediante a representação de suas paisagens, seus povos e seus costumes através de esquemas estéticos convencionais (RYAN, 2014; VICENTE, 2014). Naranjo (2006) acrescenta que o aumento na circulação de imagens impressas promoveu uma homogenização da informação visual e uma estereotipificação do outro.
    A fotografia não apenas estava inscrita nas experiências coloniais como também era constituidora delas (VICENTE, 2014; RYAN, 2014). As imagens fotográficas eram produzidas por e para colonizadores e tendia a atender os interesses e as prioridades de quem as produzia e as consumia. Disso decorre que elas não apenas refletiam as paisagens, os povos e a vida colonial, mas,  sobretudo, as construíam. Nesse sentido, Filipa Vicente (2014), en uma pesquisa acerca do uso da fotografia no contexto colonial português, destaca que as imagens fotográficas não apenas reproduziam as hierarquias de gênero, classe e raça latentes na sociedade colonial, como também as reificavam.

    A abordagem colonialista da fotografia será debatida no III Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica. Para saber mais, clique aqui.

    A construção da imagem e da auto-imagem da nação brasileira

    A chegada da fotografia ao Brasil, em 1840, coincide com o fim do Período Regencial e o início do Segundo Reinado do Império do Brasil. O Imperador D. Pedro II não apenas foi o primeiro brasileiro a tirar uma fotografia como também um entusiasta da nova tecnologia. Na época, a produção fotográfica foi organizada em torno de dois produtos e de seus respectivos gêneros: a carte de visite e o álbum de vistas, o retrato e a paisagem.
    Havia 18 anos que o país deixara de ser uma colônia de Portugal e tornara-se um país independente. As preocupações das autoridades nacionais consistiam na consolidação do território nacional e no reconhecimento internacional do país. Ana Maria Mauad (2004), em um artigo sobre a representação do Brasil oitocentista, destaca que a nova tecnologia contribuiu para a construção da imagem e da auto-imagem da nação brasileira.
    Indígena vestido com indumentárias típicas e segurando uma lança posa em estúdio.
    Marc Ferrez / IMS
    Entre as fotografias produzidas por Marc Ferrez para serem vendidas, principalmente, a viajantes estrangeiros, destacam-se os retratos de negros e de índios. Em seu estúdio, o fotógrafo, educado na tradição europeia das artes visuais, montou cenários para melhor ambientar os fotografados. Na fotografia acima, é visível o artificialismo da montagem e o empenho do fotografado em manter sua pose.
    Mauad ressalva que a imagem do Império do Brasil foi produzida por fotógrafos estrangeiros ou educados no estrangeiro que, ao mesmo tempo em que mostravam as populações e o território brasileiro ao país e ao mundo, educavam o olhar nacional para observar o Brasil e os brasileiros a partir dos esquemas estéticos importados. Com isso, apesar do esforço para  projetar a imagem de uma nação semelhante às da Europa, o império fez-se notar sobretudo por aquilo que tinha de diferente.

    A construção da imagem do Império do Brasil com base na abordagem colonialista da fotografia será debatida no III Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica. Para saber mais, clique aqui.

    Referências bibliográficas

    MAUAD, Ana Maria. Entre retratos e paisagens: modos de ver e representar no Brasil oitocentista. Studium, n. 15, p. 4 – 43, 2004. ISSN: 1519-4388. Disponível em:  <https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/studium/article/view/11764>

    NARANJO, Juan. Fotografía, antropología y colonialismo (1845 – 2006). Barcelona (ES): Gustavo Gili, 2006.

    ROUILLÉ, André. A Fotografia: entre documento e arte contemporânea. São Paulo: Senac, 2009, p. 29 – 134.
    RYAN, James. Introdução: Fotografia colonial. In: VICENTE, Filipa Lowndes. O império da visão: a fotografia no contexto colonial português. Lisboa (PT): Edições 70, 2014, p. 31 – 42.
    VICENTE, Filipa Lowndes. O império da visão: a fotografia no contexto colonial português. Lisboa (PT): Edições 70, 2014.

    Como citar este artigo

    VALLE, Flávio Pinto. O império do olhar: o Brasil oitocentista visto pela fotografia colonial.  Cultura Fotográfica (Blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/o-imperio-do-olhar-o-brasil-oitocentista-visto-pela-fotografia-colonial/>. Publicado em: 25 fev. 2022. Acessado em: [informar data].
  • Mãe e filha

    Mãe e filha

    Retrato, tirado por Elliott Erwitt, que vai te fazer sentir aquele calorzinho no coração.

    A fotografia intitulada “Mãe e filha”  foi tirada por Elliott Erwitt em seu primeiro apartamento localizado em Manhattan no ano de 1953. Ele retratou sua filha recém nascida, Ellen, sua companheira Lucienne Matthews e um gato chamado Brutus, seu bichinho de estimação. 

     
    A fotografia mostra uma mulher, a mãe, trajando um vestido estampado. Ela apoia a cabeça em um canto da cama e olha para o bebê, sua filha, que está na sua frente. No outro canto do colchão está um gato que olha para a criança também.
    Elliott Erwitt

     

    A imagem me transmite uma atmosfera de aconchego, de conforto e de zelo,  também  mostra Lucienne abaixada e muito perto de sua filha, seu olhar transparece ternura e carinho pelo bebê. Sinto que ela sorri com a boca e com os olhos,  contemplando a pequena e doce figura que está na sua frente. 
     
    O gato, mascote da família, está do lado oposto ao de Lucienne, ele aparentemente olha para a criança e por causa disso, me parece que o bebê é protegido pela mãe e pelo felino. Os dois são figuras muito importantes para que essa sensação de proteção e de afeto seja mantida na cena. O gato, a meu ver, se sente seguro e tranquilo no ambiente e na família que ele se encontra.  A iluminação singela, fraca e difusa, provavelmente vinda de alguma janela, também contribui para a atmosfera de aconchego, de serenidade e de afeto. 
     
    O preto e branco da fotografia me deixou pensativa sobre algumas concepções. Por ser um retrato mais íntimo, este modo de fotografar me remeteu a uma ideia de memória, de recordação e de lembrança. Acho que no momento em que as fotografadas e o autor da foto olharem para o retrato, eles se lembrarão das sensações que sentiram, daquele momento em si. É como se fosse a materialização da subjetividade daquele instante, pois pode ser relembrado de forma mais sensorial do que objetivo.  
     
    A atmosfera da fotografia me faz lembrar da figura de minha avó, dona Rosângela, pois ela é o meu primeiro exemplo de afeto, de cuidado materno e de carinho. O jeito do olhar de Lucienne para sua filha, a meu ver, é parecido com o de minha avó quando olha para as minhas tias, para minha mãe e para mim. Fico contemplando o semblante brilhante de seus olhos juntamente com o sorriso confortante que dona Rosângela faz, muitas vezes, sem nem perceber, e levo esses doces momentos dentro do meu coração e da minha lembrança. 
     
     
     #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

    Links, Referências e Créditos

    Como citar essa postagem

    HELENA, Beatriz. Mãe e filha. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:https://culturafotografica.com.br/mae-e-filha/. Publicado em: 23 de fev. de 2022. Acessado em: [informar data].