Mês: setembro 2022

  • Jerri Rossato Lima

    Jerri Rossato Lima

    Fotógrafo oficial da Banda Charlie Brown Jr

    Jerri Rossato Lima é um fotógrafo especializado em músicos e shows, skatistas, experimentações e vida urbana. Por suas próprias palavras, define seu trabalho da seguinte forma: “Às vezes, escrevo como quem faz uma foto. Outras vezes, fotografo como quem conta uma história. Palavras e imagens com intenção de música”. Jerri já foi publicado em revistas de skate por conta de seu trabalho, como na revista Solto. Também colaborou com o filme “O Magnata” e sempre esteve associado ao Charlie Brown Jr por conta de sua cobertura fotográfica das apresentações da banda.
    Membros da banda Charlie Brown Jr posando para um ensaio fotográfico do álbum “La Família 013”. Da esquerda para a direita: Marcão Britto, Luís Carlos Leão Duarte Júnior ‘Champignon’, Alexandre Magno Abrão ‘Chorão’, Thiago Castanho e Bruno Graveto.
    Jerri Rossato Lima


    É difícil não reconhecer no Fotógrafo algumas características tão peculiares de Alexandre Chorão, dada a convivência com a banda Charlie Brown Jr, que geralmente mantinha amigos de seus integrantes como funcionários. Jerri afirma sobre si mesmo que: “[…]Mantenho a atenção e o interesse em não ignorar paisagens ou subestimar pessoas” e isso ressoa nitidamente como uma influência do falecido músico.

    Chorão posando para foto numa apresentação. Ele usa tênis de skatista com cadarços vermelhos, calças pretas largas, camisa branca e boné aba reta. Ao fundo há uma multidão com os braços erguidos num pátio.
    Jerri Rossato Lima

    Chorão está concentrado fazendo anotações numa mesa em frente a um microfone. Ele usa uma camisa preta e headphone.
    Jerri Rossato Lima

    Os cinco integrantes originais da banda estão reunidos no estúdio. Todos estão sorrindo. Ao fundo é possível ver pessoas olhando.
    Jerri Rossato Lima

    Marcão sentado num ônibus, possivelmente da banda, ao lado de Chorão com violão em mãos enquanto parece ensaiar uma canção.
    Jerri Rossato Lima

    Chorão sentado numa cadeira de praia observando o mar. Está vestido dos pés à cabeça com roupas preto e brancas com as mãos cruzadas em frente ao rosto, parecendo estar refletindo sobre algo.
    Jerri Rossato Lima


    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

     

    Links, Referências e Créditos

  • Bibliografia Colaborativa: O Brasil oitoscentista visto pela fotografia colonial*

    Colabore com nossa pesquisa sobre a construção da imagem do Império do Brasil com base na abordagem colonialista da fotografia.
    Logo após o anúncio de seu desenvolvimento, a tecnologia fotográfica foi incorporada ao aparelho de expansão colonial das nações europeias. Neste contexto, ao longo do período da história do Brasil, conhecido como Segundo Reinado, diversos fotógrafos europeus ou educados na Europa documentaram as populações e o território brasileiro. Com isso, ao mesmo tempo em que construíram uma imagem para o império a partir de seus esquemas estéticos importados, educaram o olhar nacional para observar o país e seus cidadãos com base nestas mesmas convenções do olhar.


    A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial segue sendo debatida no IV Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica. Inscreva-se!

    O levantamento bibliográfico inicial que apresentamos abaixo foi organizado em torno de três palavras-chave principais, Império do Brasil, Fotografia oitocentista e Colonialismo(Imperialismo) europeu, e está aberto a contribuições. Envie-nos suas sugestões por meio da seção de comentários no final desta postagem.

    ALENCASTRO, Luiz Felipe (org.). História da vida privada no Brasil. Império: a corte e a modernidade nacional. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2019.
     
    ARAGO, Dominique François. Relatório. In: TRACGHTENBERG, Alan. Ensaios sobre fotografia: de Niépce a Krauss. Lisboa: Orfeu Negro, 2013, p. 35 – 44.
    ARRUDA, Rogério Pereira. A expansão da fotografia em Minas Gerais: um estudo por meio da imprensa, 1845-1889. Varia história, v.30, n.52, pp. 231-256, 2014. ISSN: 1982-4343. Disponível  em:  <https://www.scielo.br/j/vh/a/RkFCKjZbjsnthf3cwzdQ9Xs/>
    _______. O ofício da fotografia em Minas Gerais no século XIX, 1845-1900. Belo Horizonte: Edição do autor, 2013
    BASTOS, Mônica Rugai. Retratos do poder imperial no Brasil. Facom, n. 19, p. 42-51, 2008. ISSN: 1676-8221. Disponível em: <http://mirror.faap.br/revista_faap/revista_facom/facom_19/monicabastos.pdf>
    BENJAMIN, Walter. Estética e sociologia da arte. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
    BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Ciclo de palestras: A coleção do Imperador. Fotografia Brasileira e Estrangeira no século XIX. Anais da Biblioteca Nacional, v. 117, p. 7 – 77, 1997. ISSN: 0100-1922. Disponível em: <https://www.bn.gov.br/producao/publicacoes/anais-biblioteca-nacional-vol117>
     


    A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial segue sendo debatida no IV Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica. Inscreva-se!

    Natalia Brizuela / Companhia das Letras / Instituto Moreira Salles
    BRIZUELA, Natalia. Fotografia e império: paisagens para um Brasil moderno. São Paulo: Companhia das Letras; Instituto Moreira Salles, 2012.
     
    CASTRO, Hebe Maria Mattos; SCHNOOR, Eduardo (orgs.). Resgate: uma janela para o Oitocentos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995.
    ERMAKOFF, George. O negro na fotografia brasileira do século XIX. Rio de Janeiro: George Ermakoff, 2004.
    FABRIS, Annateresa. Fotografia: usos e funções no século XIX. São Paulo: Edusp, 1998.
    _______. Identidades virtuais: uma leitura do retrato fotográfico. Belo Horizonte: UFMG, 2004.
    _______. A fotografia oitocentista ou a ilusão da objetividade. PORTO ARTE: Revista de Artes Visuais, v. 5, n. 8, p. 7 – 16, abr. 2012. ISSN 2179-8001. Disponível em: <https://seer.ufrgs.br/PortoArte/article/view/27523>
     
    FERREZ, Gilberto. A fotografia no Brasil: 1840 – 1900. Rio de Janeiro: Funarte, 1985.
     
    _______. Vida social no Brasil nos meados do século XIX. São Paulo: Global, 2013.
     
    _______. O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX. São Paulo: Global, 2012.

    _______. Casa Grande & Senzala. São Paulo: Global, 2003
    FREYRE, Gilberto; PONCE DE LEON, Fernando; VASQUEZ, Pedro. O retrato brasileiro: fotografias da Coleção Francisco Rodrigues 1840 – 1920. Rio de Janeiro: Funarte / Fundação Joaquim Nabuco, 1983.
     
    GRAHAM, Richard. Construindo uma nação no Brasil do século XIX: visões novas e antigas sobre classe, cultura e estado. Diálogos, v. 5, n. 1, p. 11 – 47, 17 jun. 2017. Disponível em: <https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Dialogos/article/view/37703>
    _______. Cor e cidadania no Brasil escravocrata. Revista Maracanan, v. 1, n. 1, p. 31-55, dez. 2014. ISSN 2359-0092. Disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/maracanan/article/view/13243>.
    KOSSOY, Boris. Fotografia e História: as tramas da representação fotográfica. Projeto História, v. 70, pp. 9-35, Jan.-Abr., 2021.  Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/52357>
     
    _______. A fotografia além da Corte: expansão da fotografia no Brasil Império. Acervo: revista do Arquivo Nacional, v. 22, n. 1, p. 109-122, nov. 2011. ISSN: 2237-8723. Disponível em: <https://revista.an.gov.br/index.php/revistaacervo/article/view/103>
    _______. Realidades e ficções na trama fotográfica. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002, p. 73 – 123.
    _______. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.
    KOSSOY, Boris; CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. O olhar europeu: o negro na iconografia brasileira do século XIX. São Paulo: Edusp, 2002. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=x9VAjl1vC9MC&lpg=PP8&hl=pt-BR&pg=PP8#v=onepage&q&f=false>
    KOUTSOUKOS, Sandra Sofia Machado. “O aprendizado da técnica fotográfica por meio dos periódicos e manuais – segunda metade do século XIX”. Fênix (UFU), v. 6, p. 0-0, 2009. Disponível em: <https://revistafenix.emnuvens.com.br/revistafenix/article/view/64>
     
    _______.”‘Amas mercenárias’: o discurso dos doutores em medicina e os retratos de amas – Brasil, segunda metade do século XIX”. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 16, p. 305-324, 2009. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-59702009000200002>
    _______. “‘Typos de negros no estúdio do photographo. Brasil, segunda metade do século XIX”.. Anais do Museu Histórico Nacional, v. 39, p. 1-25, 2007.Disponível em: <https://anaismhn.museus.gov.br/index.php/amhn/issue/view/49/>
    _______. “No estúdio do photographo, o rito da pose. Brasil, segunda metade do século XIX”. Revista Ágora (Rio de Janeiro), v. 5, p. 1-25, 2007. Disponível em: <https://periodicos.ufes.br/agora/article/view/1904>
     
    _______. Na “galeria dos condenados”: o aprendizado de um photographo. Studium, n. 15, p. 50 – 94, 2004. ISSN: 1519-4388. Disponível em: <https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/studium/article/view/11767>
     
     _______. “No estúdio do fotógrafo. Um estudo da (auto-)representação de negros livres e escravos no Brasil da segunda metade do século XIX”. Studium, Campinas, v. 9, p. 1, 2002. Disponível em: <https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/studium/article/view/10110>
    LAGO, Bia Corrêa; LAGO, Pedro Corrêa. Os fotógrafos do império: a fotografia brasileira do século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2005.
    LAGO, Pedro Corrêa; FERNANDES JUNIOR, Rubens. O século XIX na fotografia brasileira. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 2000.


    A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial segue sendo debatida no IV Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica. Inscreva-se!

     

    Capa do livro Escravos brasileiros do século XIX na fotografia de Christiano Jr.
    Mauricio Lissovsky e Paulo Cesar Azevedo / Ex Libris

     

    LISSOVSKY, Mauricio; AZEVEDO, Paulo Cesar (orgs.).  Escravos brasileiros do século XIX na fotografia de Christiano Jr.. São Paulo: Ex Libris, 1988 
     
    MAIO, Marcos Chor; SANTOS, Ricardo Ventura (orgs.). Raça, ciência e sociedade. Rio de Janeiro: Fiocruz / CCBB, 1996. Disponível em: <https://books.scielo.org/id/djnty>
     
    MARCH DE SOUZA, Patricia. Aos olhos do observador estrangeiro: a roupa na construção da escravidão no Rio de Janeiro. Acervo: revista do Arquivo Nacional, v. 31, n. 2, p. 49-66, ago. 2018. ISSN: 2237-8723. Disponível em: <https://revista.an.gov.br/index.php/revistaacervo/article/view/938>
    MAUAD, Ana Maria. Entre retratos e paisagens: modos de ver e representar no Brasil oitocentista. Studium, n. 15, p. 4 – 43, 2004. ISSN: 1519-4388. Disponível em:  <https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/studium/article/view/11764>
    _______. “As Fronteiras Da Cor: Imagem E representação Social Na Sociedade Escravista Imperial”. Locus: Revista De História, v. 6, n. 2, p. 83 – 98, 2000. ISSN: 2594-8296. Disponível em: <https://periodicos.ufjf.br/index.php/locus/article/view/20515>
    _______. Imagem e auto-imagem do Segundo Reinado. In: ALENCASTRO, Luiz Felipe. História da vida privada no Brasil: Império. — São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 181 – 231.
    MAUAD, Ana Maria; RAMOS, Itan Cruz. Fotografias de família e os itinerários da intimidade na história. Acervo: revista do Arquivo Nacional, v. 30, n. 1, p. 155-178, jun. 2017. ISSN: 2237-8723. Disponível em: <https://revista.an.gov.br/index.php/revistaacervo/article/view/795>
    MOREL, Marco. A saga dos botocudos: guerra, imagens e resistência indígena. São Paulo: Hucitec, 2018, p. 285 – 327. ISSN: 2237-8723. 
    _______. Imagens aprisionadas e resistência indígena : os daguerreótipos de 1844. Studium, n. 10, p. 87–92, 2002. ISSN: 1519-4388 Disponível em:<https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/studium/article/view/10152>
     
    _______. Cinco imagens e múltiplos olhares: as descobertas entre os índios e a fotografia no Brasil do século XIX. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. VIII, n.Suplemento, p. 1039-1057, 2001. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-59702001000500013
    MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Arquivos da polícia sob o foco da história. Revista do Arquivo Público Mineiro, v. 49, n. 1, p. 58 – 77,  jan. – dez., 2013. ISSN: Disponível em: <http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/acervo/rapm_pdf/2013A07.pdf>
    MUAZE, Mariana de Aguiar Ferreira. Violência apaziguada: escravidão e cultivo do café nas fotografias de Marc Ferrez (1882-1885). Revista Brasileira de História [online]. 2017, v. 37, n. 74. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1806-93472017v37n74-02>
     
    _______. O império do retrato: fotografia e poder na sociedade oitocentista. Projeto História, n.34, p. 169-188 , jun. 2007. ISSN: Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/2472>
     
    NARANJO, Juan. Fotografía, antropología y colonialismo (1845 – 2006). Barcelona (ES): Gustavo Gili, 2006.
    QUINTAS, Georgia. Os álbuns de família em Pernambuco: relíquia da memória visual e filtro da cultura. Studium, n. 37, p. 4–30, 2015. ISSN: 1519-4388. Disponível em: <https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/studium/article/view/12546>
     
    _______. Amas-de-Leite e suas representações visuais: símbolos sócioculturais e narrativos da vida privada do Nordeste patriarcal-escrevacrata na imagem fotográfica. Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, v. 8, p. 11-44, 2009.  Disponível em: <http://www.cchla.ufpb.br/rbse/QuintasArt.pdf>


    A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial segue sendo debatida no IV Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica. Inscreva-se!

    André Rouillé / Senac São Paulo

    ROUILLÉ, André. A Fotografia: entre documento e arte contemporânea. São Paulo: Senac, 2009.
    RYAN, James. Introdução: Fotografia colonial. In: VICENTE, Filipa Lowndes. O império da visão: a fotografia no contexto colonial português. Lisboa (PT): Edições 70, 2014, p. 31 – 42.
     
    SALLES, Ricardo. Nostalgia Imperial: escravidão e formação da identidade nacional no Brasil do Segundo Reinado. Rio de Janeiro : Ponteio, 2013. 
     
    _______. Guerra do Paraguai: escravidão e cidadania na formação do exército. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. 
    SALLES, Ricardo; GRINBERG, Keila (orgs.). O Brasil Imperial, volume II: 1831 – 1870. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
    _______. O Brasil Imperial, volume III: 1870 – 1889. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
    SALLES, Ricardo; MARQUESE, Rafael (orgs.). Escravidão e capitalismo histórico no século XIX: Cuba, Brasil e Estados Unidos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
    SCHWARCZ, Lilia Moritz. Lendo e agenciando imagens: O rei, a natureza e seus belos naturais. Sociologia & Antropologia, v. 4, n. 2, p. 391 – 431, out. 2014. ISSN: 2238-3875. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/sant/a/XSKfP5J5QypfvMqdfssR6Jg/>
     
    _______. Nem preto nem branco. muito pelo contrário: cor e raça na sociedade brasileira. São Paulo, Claro Enigma, 2012.
     
    _______. De olho em D. Pedro II e seu reino tropical. São Paulo, Claro Enigma, 2009.
    _______. O império em procissão: ritos e símbolos do Segundo Reinado. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
     
    _______. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo : Companhia das Letras, 1998.
    _______. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão

    racial no Brasil – 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

     
    SCHWARCZ, Lilia Moritz; DANTAS, Regina . O Museu do Imperador: quando colecionar é representar a nação. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, v. 46, p. 123-164, 2008. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/34602/37340>
     
    SCHWARCZ, Lilia Moritz; GOMES, Flávio dos Santos (orgs.). Dicionário da escravidão e liberdade.
     
    SCHWARCZ, Lilia Moritz. ; PEDROSA, Adriano (orgs.). Histórias Mestiças: antologia de textos. Rio de Janeiro: Cobogó, 2014. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
    SEGALA, Lygia. O retrato, a letra e a história: notas a partir da trajetória social e do enredo biográfico de um fotógrafo oitocentista. Revista Brasileira de Ciências Sociais [online]. 1999, v. 14, n. 41. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-69091999000300010>
     
    _______. Itinerância fotográfica e o Brasil pitoresco. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n. 27, p. 62 – 85, 1998. ISSN: 0102-2571. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/RevPat27.pdf>
    SEYFERTH, Giralda. A invenção da raça e o poder discricionário dos estereótipos. Anuário Antropológico, Rio de Janeiro, v. 93, p. 175-203, 1995. Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=7410192>
    SODRÉ, Nelson Werneck. Panorama do Segundo Império. Rio de Janeiro: Graphia, 1998.
     
    _______. A ideologia do colonialismo: seus reflexos no pensamento brasileiro. Petrópolis (RJ): Vozes, 1984.
    _______. Síntese da História da Cultura Brasileira. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1981.
     
    SICARD, Monique. A fábrica do olhar: imagens de ciência e aparelhos de visão (século XV – XX). Lisboa: Edições 70, 2006, 105 – 204.
     
    SKIDMORE, Thomas. Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
    TORAL, André Amaral. Imagens em desordem: a iconografia da Guerra do Paraguai. São Paulo: Humanitas, 2001, p. 77 – 97.
    _______. Entre retratos e cadáveres: a fotografia na Guerra do Paraguai. Revista Brasileira de História, v. 19, n. 38, p. 283 – 310, 1999. ISSN: 1806-9347. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbh/a/Cqb8HxV6pcyn8QxvGrtGnzw/>
    TURAZZI, Maria Inez. Retratos da “multidão faminta”: pobreza, visualidade e semântica das desigualdades. Artefacto Visual: Revista de Estudios Visuales Latinoamericanos, v. 6, n. 12, p. 86 – 108, dez. 2021. ISSN: 2530-4119. Disponível em: <https://www.revlat.com/_files/ugd/5373fb_daff619448484f5d9fbf33bf72375822.pdf#page=86>
    _______. A Viagem do Oriental-Hydrographe (1839-1840) e a introdução da daguerreotipia no Brasil. Acervo: revista do Arquivo Nacional, v. 23, n. 1, p. 45-62, out. 2011. ISSN: 2237-8723. Disponível em: <https://revista.an.gov.br/index.php/revistaacervo/article/view/40>
     
    _______. O ‘homem de invenções’ e as ‘recompensas nacionais’: notas sobre H. Florence e L. J. M. Daguerre. Anais do Museu Paulista (Impresso), v. 16, p. 11-46, 2008. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/5492>
    _______. Quadros de História Pátria: Fotografia e Cultura Histórica Oitocentista. In: FABRIS, Annateresa; KERN, Maria Lúcia Bastos. Imagem e Conhecimento. São Paulo: Edusp, 2006.
    _______. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo (1839 – 1889). Rio de Janeiro: Rocco, 1995, p. 93-163.
    _______. “Missão fotográfica”: documentação e memória das obras públicas no século XIX. Cadernos de Antropologia e Imagem, n. 8, p. 37 – 63, 1995. ISSN: 0104-9658. Disponível em: <http://ppcis.com.br/wp-content/uploads/2018/09/Cadernos-de-Antropologia-e-Imagem-8.-Acervos-de-imagens.pdf>
    _______. Imagens da cidade colonial nas imagens do século XIX. Acervo: revista do Arquivo Nacional, v. 6, n. 1 / 2, jan. / dez., 1993. ISSN: 0102-700X. Disponível em: <http://www.arquivonacional.gov.br/media/v6_n1_2_jan_dez_1993.pdf>


    A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial segue sendo debatida no IV Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica. Inscreva-se!

    Pedro Karp Vasquez / Metalivros

    VASQUEZ, Pedro Karp. O Brasil na fotografia oitocentista. São Paulo: Metalivros, 2003.
     
    _______. A fotografia no império. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
     
    _______. Dom Pedro II e a fotografia no Brasil. Rio de Janeiro: Index, 1986.

    VICENTE, Filipa Lowndes. O império da visão: a fotografia no contexto colonial português. Lisboa (PT): Edições 70, 2014.

    WATRISS, Wendy; ZAMORA, Lois Parkinson (eds.).  Image and memory : photography from Latin America, 1866-1994. Austin (US): FotoFest / University of Texas Press. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=GW9CdXDSKWEC&lpg=PP1&hl=pt-BR&pg=PT35#v=onepage&q&f=false>


    A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial segue sendo debatida no IV Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica. Inscreva-se!

    Notas

    * Atualizada em setembro de 2022. Originalmente postada em março de 2022.
     
  • O brilho eterno de uma verdadeira estrela

    Empoderamento e puro talento condensados na figura de um dos maiores atores brasileiros.

    No dia 30 de maio de 2022, o Brasil perdeu um de seus maiores nomes do teatro, cinema e teledramaturgia. Milton Gonçalves partiu aos 88 anos deixando um legado extenso de direção e atuação em uma extensa conjunto de obras como: “Irmãos Coragem”, “O bem-amado” e “O beijo da mulher-aranha”. Milton tinha uma personalidade forte, era um homem negro ativo na política do país e se fazia atuante na luta por um Brasil mais justo e igualitário. 
    A foto está em preto e branco. A figura de Milton é a  protagonista da foto. Apesar de ele não estar totalmente no centro da imagem, é ele quem está no primeiro plano. A foto foi tirada de cima para baixo e o ator usa uma vestimenta de padre e óculos. Atrás dele, vemos um homem olhando em sua direção, uma pessoa de costas para a cena e um poste da cidade cenográfica atrás dele. Um pouco à frente de Milton há outros dois personagens, um de chapéu e o outro conversando com o ator. Entretanto, vemos apenas parte dos rostos de ambos e uma parte da mão daquele que dialoga com Milton.
    Joel Maia
    A fotografia de Milton Gonçalves foi feita por Joel Maia e faz parte do acervo da Rede Globo de televisão, emissora em que o ator trabalhava como um de seus funcionários mais antigos e queridos. A imagem é da novela “Roque Santeiro”, de 1985, em que ele interpretava o Padre Honório.
    Nessa época, o Brasil deixava o período da Ditadura Militar e caminhava para sua redemocratização o que gerava um clima esperançoso em toda a sociedade. A novela Roque Santeiro, que havia sido vetada pelo governo militar dez anos antes, finalmente ganhava as telas e buscava representar e criticar o Brasil daquela época através de uma cidadezinha de interior. Nessa mesma sintonia se encontrava o artista Milton Gonçalves, um homem que havia lutado ativamente durante as “Diretas Já”, um ano antes. 
    A imagem foi tirada num ângulo de baixo para cima em que a figura de Milton me transmite autoridade e poder. Sua expressão séria e destemida rouba a cena e ganha os olhos dos outros personagens durante aquilo que parece ser um diálogo.
    Para mim, a fotografia exala toda a consciência política de Milton como um homem negro nos anos 80. Em tempos tão racistas como o que vivemos hoje é difícil imaginar como era o Brasil há mais de 30 anos, quando as coisas foram ainda piores. E naquela época, Milton, com muita classe, venceu barreiras e conquistou espaços majoritariamente brancos do mundo artístico. Representando toda uma geração de pessoas negras e abrindo portas que antes estavam fechadas para elas.
    Também, o fato de a fotografia estar em preto e branco conversa totalmente com a ideia que me é passada. Afinal, se observássemos uma foto colorida, a atenção poderia estar voltada para outros detalhes como o figurino dos atores. Entretanto, a paleta de tons enfatiza uma seriedade e poder na imagem, jogando toda a nossa atenção para o protagonista da cena e para a interpretação citada anteriormente.
    Portanto, levando em consideração toda a história de Milton Gonçalves no mundo das artes, vemos na foto uma persona singular. Ali está um dos primeiros atores negros a se destacar no Brasil. Um homem que veio de uma família humilde e passou por diferentes ofícios antes de subir ao palco para trabalhar com a sua grande paixão e ajudar no sustento da família. 
    Hoje, Milton deixa um legado que poucos atores conseguem, tanto pelo reconhecimento artístico, acumulando vários prêmios (inter)nacionais como o Emmy de melhor ator — premiação, inclusive, em que foi o primeiro brasileiro a apresentar anos mais tarde. Quanto por possuir uma voz ativa na política em seus discursos, entrevistas e atitudes dando sempre destaque para as causas do povo negro. 
    Essa faceta está eternizada nesta fotografia, mostrando um lado poderoso e marcante de uma personalidade que, sem dúvida, vai deixar saudade.
    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

    Links, Referências e Créditos


    Como citar esta postagem

    MAIA. Amanda. O brilho eterno de uma verdadeira estrela. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/09/O brilho eterno de uma verdadeira estrela.html. Publicado em: 7 de set. de 2022. Acessado em: [informar data].

  • Gertrudes Altschul

    Gertrudes Altschul

    Uma das primeiras mulheres fotógrafas reconhecidas no Brasil.

    Pioneira na fotografia moderna brasileira e participante do Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB) no início dos anos 50, Gertrudes Altschul (1904-1962) está entre as mais admiradas fotógrafas brasileiras do século XX. Em suas obras, a artista explora temas como a botânica e a arquitetura da cidade de São Paulo.

    Tirada do chão, a foto mostra o topo de três prédios que se aproximam quase formando um triângulo. A imagem, tirada com câmera analógica, possui uma coloração desgastada. Nela, o céu está preto e os prédios num tom branco amarelado.
    Gertrudes Altschul

    De origem judaica, Gertrudes Altschul saiu de Berlim com o marido Leon Altschul fugindo do regime nazista. Ela chegou ao Brasil em 1939 e abriu com Leon uma loja de produção de flores artificiais para decoração de chapéus e roupas femininas em São Paulo.

    Em 1952, Altschul se inscreveu no curso de fotografia do Foto Cine Clube Bandeirantes, até então só frequentado por homens, a fim de encontrar uma atividade recreativa. As imagens da artista partilhavam o estilo da época, em que a fotografia moderna brasileira buscava romper com as estruturas clássicas da composição fotográfica.

     

    A foto tirada do chão mostra um teto curvilíneo sustentado por colunas à direita. À esquerda há uma parede e entre as duas estruturas podemos ver o céu limpo. Ao fundo, levemente para esquerda, há o topo de um prédio. A coloração desbotada varia entre o branco e o verde-claro.
    Gertrudes Altschul
    A foto em preto e branco mostra a parte de baixo de uma escada de metal com corrimão. Há uma luz 45º à direita da fotógrafa, fazendo com que a sombra da escada se projete para a lateral esquerda da imagem.
    Gertrudes Altschul

    Como evidenciado em suas obras, Gertrudes explora a fundo a geometria da cidade. Reforçando retas e curvas do ambiente, assim como as sombras projetadas pelos objetos. O mesmo pode ser visto em suas obras sobre plantas, em que a fotógrafa explora as nervuras e contrastes da natureza, sempre enfatizando linhas, sombras  e, principalmente, os contrastes formados por eles.

    A imagem mostra uma folha grande com o caule para cima e as nervuras bastante evidentes por causa do  contraste de cores. Devido à câmera analógica, o fundo da imagem é bege, a folha é cinza-escuro e as nervuras são beges como o fundo.
    Gertrudes Altschul
    A imagem mostra uma folha grande que possui nervuras retas e bastante amareladas. A foto foi tirada bem de perto e as partes iluminadas contrastam com as sombras ao fundo.
    Gertrudes Altschul
    A fotografia é composta por diversas folhas estreitas e compridas de um arbusto. As folhas são verdes e se sobrepõem, já as sombras produzidas pela sobreposição são completamente pretas.
    Gertrudes Altschul

    Devido às técnicas de Altschul na pós-produção, as imagens da artista possuem uma coloração desbotada. Sendo, muitas vezes, amarelada ou num tom de verde bastante escuro. Tais características acabam por ressaltar a luz e sombra, produzindo grandes contrastes nas fotografias.

    Gertrudes tinha grande criatividade para fotomontagem na pós-produção das fotografias. Na composição abaixo, a artista criou uma série de folhas sobrepostas e, mais uma vez, brincou com o contraste das folhas claras e escuras.

    A fotomontagem mostra diversas camadas de uma mesma folha. Em algumas ela é bastante escura, como as localizadas mais à esquerda. Do lado direito há uma folha branca sobreposta às outras.
    Gertrudes Altschul

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

    Links, Referências e Créditos

     

    Como citar esta postagem

    COUTO, Sarah. Gertrudes Altschul:. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em <https://culturafotografica.com.br/gertrudes-altschul/)>. Publicado em: 06/11/2022. Acessado em: [informar data].

  • A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial*

    A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial*

    A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial segue sendo debatida em nosso Grupo de Estudos. Inscreva-se!
    Os meios de comunicação carregam traços de sua época e de seu lugar. Nesse sentido, André Rouillé (2009), em um estudo onde reconstitui o percurso da fotografia em sua migração do campo do útil para o do belo, comenta que esta nova tecnologia de fazer visível se desenvolveu em estreita ligação com alguns processos em curso na Europa durante o século XIX: a democratização, a monetarização, a industrialização, a urbanização, a expansão das metrópoles e a modificação na percepção de tempo e de espaço.
    Por sua vez, James Ryan (2014), em uma revisão de literatura sobre a fotografia colonial, observa que o desenvolvimento da fotografia ocorreu em paralelo à expansão do império europeu na segunda metade do século XIX. Por isso, tão logo os procedimentos para a produção de imagens fotográficas foram publicados, eles foram incorporados ao aparato de compilação de informações que permitia às autoridades coloniais exercer controle – real e simbólico – sobre populações e territórios distantes dos centros de decisão das metrópoles.
    Dominique François Arago (1839) em relatório acerca do Daguerreótio, solicita aos colegas deputados que imaginem a contribuição que esta nova tecnologia produção de imagens poderia ter oferecido a França se já fosse conhecida durante a expedição napoleônica ao Egito, entre os anos de 1798 e 1801.
    Plano aberto, em primeiro plano se vê a esfinge e ao fundo as pirâmides, no Egito.
    Maxime Du Camp
    A fotografia acima foi produzida por Maxime du Camp durante a expedição, patrocinada pelo governo francês, que realizou ao Egito, a Núbia e a Síria, entre os anos de 1849 e 1850, a respeito da qual ele comenta que fotografia desenterrou o país das  necrópoles e o expôs numa enciclopedia.
    Às imagens fotográficas foi atribuída a função mediadora de fazer presente o que é ausente e de trazer para próximo o que é distante (ROUILLÉ, 2009). Nesse sentido, Juan Naranjo (2006), em uma revisão do papel que a fotografia desempenhou como instrumento para o estudo do outro, acrescenta que, reconhecida como uma imagem que supostamente apagaria a fronteira entre realidade e representação, a ela foi atribuída a capacidade de substituir a experiência direta pela observação virtual.
    A fotografia não apenas estava inscrita nas experiências coloniais como também era constituidora delas (RYAN, 2014; VICENTE, 2014). As imagens fotográficas eram produzidas por e para colonizadores e tendiam a atender os interesses e as prioridades de quem as produzia e as consumia. Disso decorre que elas não apenas refletiam as paisagens, os povos e a vida colonial, mas, sobretudo, as construíam. Nesse sentido, Filipa Vicente (2014), em uma pesquisa acerca do uso da fotografia no contexto colonial português, destaca que as imagens fotográficas não apenas reproduziam as hierarquias de gênero, classe e raça latentes na sociedade colonial, como também as reificavam.
    A indústria de álbuns de vistas, a de cartões de visita e, posteriormente, a de postais aumentou a atividade fotográfica comercial. Colecionar fotografias tornou-se um fenômeno de massa em escala global. A partir da ação de alguns fotógrafos, lugares distantes e exóticos tornaram-se próximos e familiares mediante a representação de suas paisagens, seus povos e seus costumes segundo esquemas estéticos convencionais (RYAN, 2014; VICENTE, 2014). Nessa perspectiva, Naranjo (2006) acrescenta que o aumento na circulação de imagens impressas promoveu uma homogenização da informação visual e uma estereotipificação do outro.

    A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial segue sendo debatida no IV Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica. Inscreva-se!

    A fotografia desembarca no Brasil

    Expedições de diferentes tipos, apoiadas por associações comerciais, organismos governamentais e sociedades científicas, promoveram a documentação fotográfica de distintas regiões do planeta. Apenas 5 meses após o anúncio da invenção do daguerreótipo, o abade Louis Compte, que integrava a tripulação do navio-escola L’Oriental-Hydrographe da marinha mercante francesa em sua expedição ao redor do globo, desembarcou no Rio de Janeiro e, no dia 16 de janeiro de 1840, produziu a primeira fotografia tomada em território brasileiro, uma vista do Largo do Paço.
    Recorte da edição de 17 de janeiro de 1840 do Jornal do Commercio, onde, sob a etiqueta "Noticias Scientificas", se lê: Photographia: Finalmente passou o daguerrotypo para cá os mares, e a photographia, que até agora só era conhecida no Rio de Janeiro por theoria, he-o actualmente tambem pelos factos que excedem quanto se tem lido pelos jornaes tanto quanto vai do vivo ao pintado. Hoje de manhã teve lugar na hospedaria Pharoux hum ensaio photographico tanto mais interessante, quanto he a primeira vez que a nova maravilha se apresenta aos olhos dos Brazileiros. Foi o abbade Comte quem fez a experiencia: he hum dos viajantes que se acha a bordo da corveta franceza L'Orientale, o qual trouxe  consigo o engenhoso instrumento de Daguerre, por causa da facilidade com que por meio delle se obtem a representação dos objectos de que se deseja conservar a imagem. He preciso ter visto a cousa com os seus proprios olhos para se poder fazer ideia da rapidez e do resultado da operação. Em menos de nove minutos o Chafariz do Largo do Paço, a Praça do Peixe, o Mosteiro de S. Bento, e todos os outros objectos circumstantes se acharão reproduzidos com tal fidelidade, precisão e minuciosidade, que bem se via que a cousa tinha sido feita pela propria mão da natureza, e quasi sem intevenção do artista. Inutil he encarecer a improtancia da descoberta de que já por vezes temos ocupado os leitores; a exposição simples do facto diz mais do que todos os encarecimentos.
    Recorte da edição de 17 de janeiro de 1840 do Jornal do Commercio
    A chegada da fotografia ao Brasil, em 1840, coincide com o fim do Período Regencial e o início do Segundo Reinado. É importante destacarmos que havia 18 anos que o país deixara de ser uma colônia de Portugal. Nesse sentido, pode parecer inadequado o uso da expressão “fotografia colonial” para caracterizar a fotografia oitoscentista no Brasil. No entanto, optamos por sua utilização porque entendemos que o colonialismo não é apenas um sistema administrativo, mas é sobretudo uma ideologia que orienta discursos e práticas e que permaneceu atuante no país após sua independência política.
    Como um entusiasta da nova tecnologia, o imperador D. Pedro II atribuiu legitimidade à fotografia. Ele não apenas realizou tomadas fotográficas, como também se deixou fotografar em diversas ocasiões. Além disso, atuou como um mecenas, financiando e fomentando o ofício no país, e criou, segundo critéros próprios, uma coleção de imagens produzidas com a nova tecnologia de gestão do visível. Em um artigo sobre o agenciamento da fotografia pelo Imperador, Lilia Moritz Schwarcz (2014) destaca que o patrocínio do monarca tinha o objetivo de controlar a imagem de seu Império.
    Grupo de trabalhadores negros escravizados, composto por homens e mulheres e adultos e crianças, posam a frente do complexo cafeiro. Sobre o carro de boi, encontram-se alguns homens brancos.
    Marc Ferrez / Instituto Moreira Salles
    A imagem acima integra a série de 65 fotografias de fazendas de café do Vale do Paraíba produzida por Marc Ferrez entre os anos de 1882 e 1885. Nelas, é possível observar que as escolhas estéticas e técnicas feitas por seu autor valorizam o complexo cafeeiro e apaziguam as marcas da escravização dos trabalhadores.
    Naquilo que lhe concerne, Lygia Segala (1997, p. 59), em um debate sobre a construção social do ofício fotográfico no Brasil oitoscentista, destaca que, na época, um dos modos de reconhecimento profissional era a realização, sob os auspícios de notáveis, de expedições “interessadas no registro valorativo, factual e pitoresco da paisagem e do povo, pontos de aplicação de um olhar que se refaz pela crença no testemunho iconográfico”. A historiadora acrescenta que a documentação do trabalho nas fazendas e o anúncio de territórios promissores e vazios inseria esses empreendimentos em um projeto maior, o da nova colonização.


    A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial segue sendo debatida no IV Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica. Inscreva-se!

    A conquista do território e do visível

    Assumindo, por princípio, que toda técnica de produção de imagens funda um regime de visibilidade que lhe é próprio, Maurício Lissovsky (1997, p. 29), em uma palestra sobre a Coleção Teresa Cristina, de fotografias reunidas por D. Pedro II, comenta que ela testemunha que, sob o olhar do monarca, “o visível aparece como um império”. O historiador destaca que, logo após sua invenção, a fotografia foi utilizada como um “instrumento de conquista e ocupação dos territórios invisíveis” (LISSOVSKY, 1997, p. 36).

    Schwarcz (1997, p. 75), por sua vez, ressalta que a coleção elaborada por D. Pedro II “revela uma representação do país ou uma representação do se quer ver nesse país e do que se quer do Segundo Reinado”. No entanto, apesar do esforço do Imperador para projetar a imagem de uma nação semelhante às da Europa, o Império, a partir de uma perspectiva eurocêntrica compartilhada pelo próprio monarca, fez-se notar, sobretudo, por aquilo que tinha de exótico.

    Lissovsky (1997) pondera que a cada regime de visibilidade corresponde um de invisibilidade. No invisível da coleção Teresa Cristina estão sobretudo, os negros e os indígenas. É verdade que os encontramos em algumas fotografias. Nelas, Schwarcz (2014) observa que, enquanto os primeiros aparecem como meros figurantes sem identidades, os segundos aparecem estilizados de acordo um esquema estético já convencionado na literatura e na pintura nacional, o indigenismo romântico.

    Ao contrário das fotografias do sistema escravocrata, legalmente em vigor no país, que, excluídas do discurso visual oficial, permaneceram dispersas em vistas, cartes de visite, tipologias produzidas para o exterior, estudos pseudocientíficos e documentos administrativos. Nessa perspectiva, a historiadora (SCHWARCZ, 2014, p. 397) destaca que “o escravismo representava o oposto da imagem civilizada e progressista que o país procurava veicular”.


    A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial segue sendo debatida no IV Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica. Inscreva-se!

    Olhar estrangeiro sobre o Brasil

    Em um artigo sobre a representação do Brasil na fotografia oitocentista, Ana Maria Mauad (2004) observa que esta nova tecnologia de gestão do visível foi empregada na construção da imagem e da auto-imagem da nação. A historiadora pondera que essa representação foi produzida por fotógrafos estrangeiros ou educados no estrangeiro que, ao mesmo tempo em que mostravam as populações e o território brasileiro ao país e ao mundo, educaram o olhar nacional para observar e representar o Brasil e os brasileiros a partir de esquemas estéticos exóticos e colonialistas.

    Urge, portanto, desconfiar das aparências convencionadas e dos modos de ver propostos nestas imagens fotográficas. Nesse sentido, compreender os agenciamentos da e na fotografia na construção da imagem do Brasil no período do Segundo Reinado constitui-se como uma tarefa de grande relevância. Para tanto, faz-se necessário a realização de pesquisas que, articulando perspectivas formalistas, voltadas para o estudo de gêneros e estilos artísticos, e historicistas, voltadas para a interpretação de contextos e de fatos históricos, apreenda a historicidade das imagens e das práticas fotográficas.


    #artigos é uma coluna de caráter ensaístico e teórico. Trata-se de uma série de textos dissertativos por meio do qual o autor propõe uma reflexão fundamentada acerca de um ou mais elementos que constituem a cultura fotográfica. Quer conhecer melhor a coluna #artigos? É só seguir este link.

    Notas

    * Este artigo é uma atualização do artigo O império do olhar: o Brasil oitocentista visto pela fotografia colonial e propõe apresentar a síntese de algumas das reflexões desenvolvidas ao longo do III Ciclo de Debates de nosso Grupo de Estudos, composto por quatro encontros realizados no período entre março e junho de 2022. Abaixo, você poderá assistir as gravações dos debates realizados neste ciclo.

     


    A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial segue sendo debatida no IV Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica. Inscreva-se!

    Referências bibliográficas

    ARAGO, Dominique François. Relatório. In: TRACHTENBERG, Alan. Ensaios sobre fotografia: de Niépce a Krauss. Lisboa (PT) : Orfeu Negro, 2013, p. 35-44.
    LISSOVSKY, Maurício. O olho-rei e o imério do vísivel. In: BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Ciclo de palestras: A coleção do Imperador. Fotografia Brasileira e Estrangeira no século XIX. Anais da Biblioteca Nacional, v. 117, p. 7 – 77, 1997. ISSN: 0100-1922. Disponível em: <https://www.bn.gov.br/producao/publicacoes/anais-biblioteca-nacional-vol117>
    MAUAD, Ana Maria. Entre retratos e paisagens: modos de ver e representar no Brasil oitocentista. Studium, n. 15, p. 4 – 43, 2004. ISSN: 1519-4388. Disponível em: <https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/studium/article/view/11764>
    NARANJO, Juan. Fotografía, antropología y colonialismo (1845 – 2006). Barcelona (ES): Gustavo Gili, 2006.
    ROUILLÉ, André. A Fotografia: entre documento e arte contemporânea. São Paulo: Senac, 2009, p. 29 – 134.
    RYAN, James. Introdução: Fotografia colonial. In: VICENTE, Filipa Lowndes. O império da visão: a fotografia no contexto colonial português. Lisboa (PT): Edições 70, 2014, p. 31 – 42.
    SCHWARCZ, Lilia Moritz. Lendo e agenciando imagens: O rei, a natureza e seus belos naturais. Sociologia & Antropologia, v. 4, n. 2, p. 391 – 431, out. 2014. ISSN: 2238-3875. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/sant/a/XSKfP5J5QypfvMqdfssR6Jg/>
    _______. As barbas do Imperador entre os Trópicos e a Modernidade. In: BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Ciclo de palestras: A coleção do Imperador. Fotografia Brasileira e Estrangeira no século XIX. Anais da Biblioteca Nacional, v. 117, p. 7 – 77, 1997. ISSN: 0100-1922. Disponível em: <https://www.bn.gov.br/producao/publicacoes/anais-biblioteca-nacional-vol117>
    SEGALA, Lygia. O espaço de produção social da fotografia no Rio de Janeiro nos anos 1850. In: BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Ciclo de palestras: A coleção do Imperador. Fotografia Brasileira e Estrangeira no século XIX. Anais da Biblioteca Nacional, v. 117, p. 7 – 77, 1997. ISSN: 0100-1922. Disponível em: <https://www.bn.gov.br/producao/publicacoes/anais-biblioteca-nacional-vol117>
    VICENTE, Filipa Lowndes. O império da visão: a fotografia no contexto colonial português. Lisboa (PT): Edições 70, 2014.

    Como citar esta postagem

    VALLE, Flávio Pinto. A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/a-construcao-da-imagem-do-segundo-reinado-pela-fotografia-colonial/>. Publicado em: 5 de set. de 2022. Acessado em: [informar data].