Mês: junho 2022

  • Para além do caráter indicial: a abordagem fotojornalística da cobertura das Olimpíadas 2016 feita pelos portais Guardian, New York Times e El Pais

    Para além do caráter indicial: a abordagem fotojornalística da cobertura das Olimpíadas 2016 feita pelos portais Guardian, New York Times e El Pais

    Artigo em anais de congresso de Renata Benia, Greice Schneider publicado em Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.

    Intercom

    O presente artigo tem por finalidade avaliar de que modo as galerias fotográficas exploram potencialidades narrativas no jornalismo contemporâneo, levando como foco os portais Guardian, New York Times e El Pais a partir da cobertura feita durante as Olimpíadas 2016. Para tanto, apoia-se na análise qualitativa e quantitativa, com finalidade exploratória e descritiva a partir do exame da abordagem fotojornalística de tais portais através de critérios propostos para uma metodologia. O estudo guarda a discussão dos protocolos de produção, recepção e circulação que são abordados em função das novas possibilidades narrativas com uso das fotografias e em união aos outros recursos midiáticos no fotojornalismo contemporâneo

    Autoras

    Renata Benia (http://lattes.cnpq.br/5056647378183771), Greice Schneider (http://lattes.cnpq.br/2440643360598169 | @greices)

    Orientadora

    Greice Schneider (http://lattes.cnpq.br/2440643360598169 | @greices)

    Local de publicação

    Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (@intercom_oficial)

    Acesse a publicação completa em https://tinyurl.com/2p8nen7c.

    Esta publicação foi elaborada com base nas informações prestadas por Renata Benia, através do formulário Divulgue suas publicações!.

  • Campos de concentração para japoneses

    O preconceito sob o olhar de Dorothea Lange.

    A fotografia abaixo, tirada por Dorothea Lange, mostra um campo de concentração para japoneses nos Estados Unidos no período da Segunda Guerra Mundial. Nesses campos, que possuíam condições horríveis, eles eram obrigados a trabalhar de forma injusta e viviam presos, sem nunca ter cometido nenhum crime. Apenas em 1988 o Governo se desculpou oficialmente pelo estabelecimento de campos de concentração para cidadãos nipo-americanos nos Estados Unidos e admitiu que essa medida foi baseada em princípios racistas.


    Descrição: esta é uma fotografia em preto e branco onde há uma bandeira dos Estados Unidos no meio de um campo. Ao redor, há diversas casas iguais e ao fundo há algumas montanhas.
    Dorothea Lange 

    A fotógrafa fez um registro crítico e com teor expositivo do que de fato estava acontecendo ali. Pode-se notar isso a partir do foco em um elemento: a bandeira dos Estados Unidos centralizada em meio a um campo de concentração. Dorothea aceitou o trabalho justamente para denunciar a remoção dos cidadãos nipo-americanos e, por isso, suas fotografias foram confiscadas e censuradas pelo exército. Essas fotos ficaram guardadas no Arquivo Nacional sem acesso permitido até 2006. Após a liberação do trabalho de Dorothea em 2006, suas fotografias foram reunidas em um livro. 

    O trabalho de Dorothea Lange dá abertura para muitas questões, sendo uma delas o fato de que em plena Segunda Guerra Mundial, enquanto se combatia os nazistas e seus campos de concentração, os Estados Unidos também estavam – por motivações preconceituosas e etnocêntricas – removendo os cidadãos nipo-americanos para campos de concentração. Embora as propagandas do governo quisessem passar a imagem de que os Estados Unidos era uma nação democrática e de acolhimento à diversidade, por detrás dos panos, a realidade era outra. 

    A fotografia da autora demonstra toda a história citada acima. Inicialmente, ao olhar apenas a fotografia, pode-se ver um campo de trabalho dos Estados Unidos, posto que a bandeira é o grande foco da imagem e a paisagem atrás aparenta ter muita neve. Não se sabe, apenas olhando a foto, em que ano ela foi tirada ou se era um campo de trabalho forçado ou não. No entanto, ainda assim, muitas reflexões podem surgir a partir dela, como: por que em meio a segunda guerra mundial, há um campo de concentração nos Estados Unidos? Eles não estavam combatendo o fascismo alemão? Por que um campo de trabalho é normal nos Estados Unidos? Por que isso não é contado nos livros de história?

    Essas são algumas das perguntas que podem ser feitas ao olhar esta fotografia a fundo e entender, a partir da bandeira e de toda a história imperialista do país, que este não é um campo qualquer e que, tanto quanto em países fascistas, essa fotografia demonstra o preconceito e a desigualdade social entre os cidadãos dos Estados Unidos, mostrando assim que o sonho americano não é para todos como pintava as campanhas publicitárias antigamente, mas para alguns, especialmente para quem o governo do país aceitar como “aceitável”, pois até hoje há campos para latino-americanos, por exemplo, dentro dos Estados Unidos.

    Essa fotografia de Lange, mostra uma face escondida dos Estados Unidos e que, por sua vez, é tão obscura quanto o fascismo da Alemanha, Itália, Espanha, Japão e Portugal. Demonstra que apesar de não haver o discurso sobre a pureza americana, existem práticas que demonstram esse tipo de pensamento e preconceito.


    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.


    Como citar esta postagem

    SILVA, Jade Iasmin. Campos de concentração para japoneses. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/06/Campos%20de%20concentracao%20para%20japoneses.html>. Publicado em: 29 de jun. de 2022. Acessado em: [informar data].
  • Daniel Arroyo

    De cenas cotidianas no ambiente urbano a registros em ambientes hostis: o cru e singular trabalho do fotojornalista Daniel Arroyo.

    Daniel Arroyo é fotojornalista no portal Ponte Jornalismo, organização criada para falar de direitos humanos através do jornalismo. Entre as suas publicações, estão matérias relacionadas a minorias; Daniel coleciona registros de cenas fortes caracterizadas por protestos, pessoas em situação de rua e violência. 
    Além disso, ele também retrata momentos singulares do cotidiano que passariam despercebidos. Como exemplo, temos a primeira e a quinta imagem desta postagem, que retratam um salto protagonizado por três meninos jogando bola num dia ensolarado e a identificação de mãe e filha com um grafite de pessoas negras, respectivamente.
    Três meninos jogam futebol num espaço urbano. A foto registra dois meninos num pulo, enquanto outro está com os dois pés no chão. Há casas atrás do  campinho, que é de terra. Há um homem observando a ação um pouco mais afastado, à direita, e um menino numa bicicleta à esquerda.
    Daniel Arroyo

    O nome de Daniel Arroyo ganhou destaque nacional em 2019 quando foi atingido com uma bala de borracha disparada pela PM durante uma manifestação em São Paulo. O jornalista estava cobrindo os protestos feitos pelo Movimento Passe Livre (MPL) quando o fato ocorreu. Segundo o colega de Daniel, que também cobria as manifestações,  o clima estava tenso principalmente em relação aos jornalistas.
    Uma mulher ensina outras a fazer exercícios físicos numa laje. Elas vestem roupas apropriadas para a ação e estão com os braços abertos, o corpo levemente inclinado para o lado esquerdo e uma perna se apoia à outra.

    Daniel Arroyo

    Um policial armado segura uma mulher pelos cabelos. Ela está agachada e ao redor, nota-se outros policiais.
    Daniel Arroyo

    Um pai e seu filho, uma criança pequena, sobem as escadas de uma viela. Ele guia a criança segurando-a por uma mão e segura uma bíblia com a outra. Está de noite e as luzes das casas iluminam a cena.

    Daniel Arroyo

    Uma mãe segura a filha no colo diante de um grafite com pessoas negras no desenho. Elas também são negras e sorriem para a câmera.
    Daniel Arroyo

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

    Links, Referências e Créditos


    Como citar esta postagem

    MAIA, Amanda. Daniel Arroyo. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/06/Daniel Arroyo.html>. Publicado em: 27 de jun. de 2022. Acessado em: [informar data].

  • Imagens de um tempo suspenso: dramaturgia do não-acontecimento nas fotografias contemplativas da pandemia

    Imagens de um tempo suspenso: dramaturgia do não-acontecimento nas fotografias contemplativas da pandemia

    Artigo em periódico de Greice Schneider, Renata Benia publicado em Revista Interin.

    Jonas Bendiksen pela Magnum (2020)
    Minzayar Oo pelo The New York Times (2020)

    Este artigo examina os impactos da pandemia de COVID-19 nas matrizes de representação dramática do fotojornalismo; em especial, no modo como o período de confinamento e isolamento social afetam a configuração visual dos acontecimentos. Para isso, mobilizaremos os conceitos de acontecimentalidade na teoria narrativa para examinar três dimensões: a tensão entre invisibilidade e visibilidade; a tensão entre a serialidade episódica da pandemia e a sensação de suspensão do tempo; e a divisão espacial entre o perturbador vazio das cidades-fantasma e o êxodo para um cotidiano doméstico. Através da análise de fotos selecionadas, examinamos como esses aspectos afetam a dramaturgia da pandemia, marcada por estados de absorção e pela desaceleração do olhar.

    Autor(a/es/as)

    Greice Schneider (http://lattes.cnpq.br/2440643360598169, @greices) e Renata Benia (http://lattes.cnpq.br/5056647378183771).

     

    Orientador(a)

    Greice Schneider (http://lattes.cnpq.br/2440643360598169@greices)

    Local de publicação

    Revista Interin.

    Acesse a publicação completa em https://interin.utp.br/index.php/i/article/view/2403.

    Esta publicação foi elaborada com base nas informações prestadas por Renata Benia, através do formulário Divulgue suas publicações!.

  • A primeira troca de olhares

    A primeira troca de olhares

    O vislumbre do amor à primeira vista no instante em que ele ocorre.

     
    Daido Moriyama é subversivo. Reconhecido pelo uso de câmeras compactas comumente utilizadas por turistas com o intuito de não deixar os transeuntes – recorrentes objetos de suas fotografias – desconfortáveis. O fotógrafo não teme a vida urbana e menos ainda a imperfeição proposital de seu trabalho.
     
    No plano médio da foto duas jovens colegiais aguardam em frente de uma porta do metrô que está localizada no plano de fundo. E no primeiro plano uma mão segura num suporte do transporte. Fotografia granulada em preto e branco com alto contraste.
    Daido Moriyama
    Muito se debate se o amor à primeira vista existe e se pode ser fotografado. Como algo pode ser categorizado como “à primeira vista”? Onde é que acaba esse instante? O piscar de olhos? Os dois primeiros minutos de uma conversa? Daido Moriyama faz isso parecer possível; e fácil de responder.
     
    A fotografia é dividida em três planos. No primeiro, uma mão segura num suporte do metrô. Esse plano contém apenas este elemento, mas me insere em seu contexto; consigo emergir totalmente naquela pessoa, observando aquela cena de dentro de seus limites. 
     
    No segundo plano, estão duas jovens colegiais. Uma na esquerda, de costas, deixada aquém da fotografia, está ali parcialmente. Não é para ela que olhamos. Mas a outra jovem nos dá um vislumbre do perfil de seu rosto, e nos olha de volta. Ainda que de soslaio.
     
    Seu rosto é jovial, simpático e flerta com a ideia de “romance de transporte”. A moça aparenta olhar para a pessoa no primeiro plano. Seus lábios estão entreabertos, o cabelo jogado para trás das orelhas; todos sinais de um flerte, de um diálogo não-verbal e possivelmente romântico.
     
    No terceiro plano, os limites do metrô se impõe onde uma porta está posicionada logo à frente das jovens. Se colocando ali como o fim da linha, um adeus iminente entre duas pessoas que julgo nunca terem se visto até então.  E também uma futura barreira após o fim de um instante.
     
    Esses três planos contam uma história comum e improvável, como uma paixão. Me pergunto se o amor à primeira vista é isso: olhar para alguém e estar ciente da improbabilidade de nunca mais vê-la e a frustração de uma conversa não iniciada. Isso explicaria a dúvida sobre a existência deste fenômeno.
     
    É um vão entre duas pessoas que podem ou não se encontrar novamente, seja por contexto ou acaso. E a fotografia capta exatamente este momento. Não deixando claro, por impossibilidades da própria fotografia, como aquele momento sucedeu. Assim como muitos desses momentos não sucedem, de fato.
     
    É mais fácil fotografar um evento astronômico, do que o vislumbre do nascimento de um amor genuíno entre duas pessoas desconhecidas numa fotografia; um momento efêmero, fadado à jamais se repetir tal como foi. O tempo muda tudo e ele escorre pelas nossas mãos.
     
    Para mim a fotografia de Moriyama representa um sentimento inteiro, puro e verdadeiro e ao mesmo tempo tão facilmente amargado pela frustração de não se tomar uma iniciativa, de intervir ante a porta. Mas esperança não é capaz por si só de incidir o raio do amor novamente e no mesmo lugar.
     

    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

     

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  • Aline Motta

    Aline Motta

    A fotógrafa que usa da arte para resgatar memórias ancestrais africanas.

     
    O acervo da artista Aline Motta combina fotografia, vídeo e instalação para discutir temas como ancestralidade e memórias familiares. Usando destes recursos, ela debate sobre a violência do passado colonial e sobre o patriarcado na sociedade brasileira.

    A fotografia contém uma mão segurando um espelho que reflete o rosto de uma mulher negra que está usando um turbante; em seu rosto uma expressão séria. No fundo do cenário há água.
    Aline Motta

    Aline Motta é uma artista visual que nasceu em Niterói (RJ), graduada em artes visuais e pós-graduada em Cinema. Ela busca, com a arte, reconstruir memórias afetivas e ancestrais que perpassam o passado do povo negro, tanto brasileiro, quanto africano, utilizando de documentos de sua própria família. Motta também investiga corporalidades e memórias através de pesquisas em arquivos públicos e privados, de entrevistas e da ficção de narrativas.
    Aline Motta combina fotografia, vídeo, instalação, performance, colagem e tecidos para dar sentido às suas criações, assim, reconstruindo as memórias afetivas dos seus antepassados. Suas obras usam cores, contrastes e sombras para evocar histórias e mostrar o passado, além de misturar elementos técnicos com cânticos africanos para voltar às origens e mostrar uma realidade geralmente não percebida.

    Folhas de papel estão espalhadas no tronco de uma árvore que contém musgos e pequenas plantas. Na folha que está mais atrás, está impresso uma carta escrita à mão. Mais acima folhas que se completam formam uma parte do rosto de uma mulher negra.
    Aline Motta

    Mulher boiando na água, aparentemente de um rio, com um pano em cima de seu corpo  no qual está impresso o rosto de um menino negro. Este tecido é translúcido e por baixo dele é possível ver um pouco do corpo da mulher.
    Aline Motta

    No meio da fotografia há um tecido transparente com o rosto de uma mulher negra impresso. No ambiente ao redor, encontra-se uma construção que está em ruínas, e ao entorno, um matagal.
    Aline Motta

    Braços seguram um espelho que enquadra o rosto de um homem negro que encara fixamente o observador. Ao fundo da foto se encontra uma construção ribeirinha e várias canoas no mar.
    Aline Motta

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

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    Como citar esta postagem

    PAES, Nathália. Aline Motta. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/04/aline motta.html>. Publicado em: 20 de jun. de 2022. Acessado em: [informar data].
  • Análise Bibliométrica da Produção Científica brasileira sobre Jornalismo Visual entre 2012 e 2018

    Artigo em periódico de Renata Benia publicado em Revista Ícone.

    O panorama atual do jornalismo visual aponta não somente para os variados recursos integrantes da composição informacional, mas para uma relação dos protocolos de produção e recepção; sobre como a interação e diálogo entre os elementos visuais podem privilegiar um novo espaço para o agenciamento de leitura e experiências estéticas com a informação. A preocupação deste estudo é compreender, a partir da pesquisa bibliométrica, qual é o estado da arte de tal temática nas publicações brasileiras de 2012 até 2018, e para isso, são abarcadas as produções inseridas em revistas científicas e anais de eventos que versam sobre infografia, jornalismo visual, jornalismo gráfico e multimídia. Com este estudo, espera-se corroborar com pesquisas futuras preocupadas com o jornalismo visual, alargando assim o estado da arte desta temática, a partir de um olhar mais profundo sobre as possíveis lacunas, fragilidades, potencialidades e perspectivas no terreno das produções científicas.

    Autor(a/es/as)

    Renata Benia (http://lattes.cnpq.br/5056647378183771 |)

    Orientador(a)

    Greice Schneider (https://tinyurl.com/fxwkfact | @greices)

    Local de publicação

    Revista Ícone 

    Acesse a publicação completa em https://tinyurl.com/374hmdrj


    Esta publicação foi elaborada com base nas informações prestadas por Renata Benia, através do formulário Divulgue suas publicações!

  • Entre o choque e a agonia: os últimos momentos de uma maternidade interrompida

    Registro de Evgeny Maloletka sintetiza a autodestruição da raça humana através da guerra.

    A fotografia tirada pelo jornalista e fotógrafo Evgeny Maloletka tornou-se um ícone da atual guerra entre a Rússia e a Ucrânia. O registro é do bombardeio na maternidade e hospital infantil da cidade de Mariupol, Ucrânia, que aconteceu em 9 de março de 2022 — no começo da guerra que ainda não terminou. Entre os feridos estavam funcionários e mulheres em trabalho de parto, sendo uma delas a vítima na imagem. 
    Uma gestante sendo socorrida em meio aos destroços da maternidade. Ela está sob uma maca e é carregada por quatro homens voluntários no resgate. É possível notar uma fumaça entre os destroços, pedaços da construção por todos os lados e galhos de árvores espalhados pelo chão.
    Evgeny Maloletka

    A foto de Maloletka é crua quanto à intensidade e seriedade do conflito.

    Observamos na fotografia uma vítima que parece estar em transe. Seu olhar nos revela o choque diante do acontecido. Ao mesmo tempo que ele parece perdido, como se ela estivesse desorientada com tudo o que acabara de viver.

    Parece que a vítima não é capaz de compreender o destino que a sua vida tomou. Por que isso acontecia justo com ela? Nada disso era sua culpa, ela não queria isso, ela não fez nada de errado para merecer essa tragédia.

    Ainda com o instinto materno se manifestando, percebemos que — ainda que tudo ao seu redor esteja dando errado — ela aparenta demonstrar forças pela criança em seu ventre. Sua mão na barriga é o gesto disso. Aparentando querer se conectar com o filho de alguma forma. E constatar se ele estava seguro ou mesmo que para dizer simplesmente: “estou aqui, vai ficar tudo bem”.

    A fotografia é a síntese do quão maldita é a guerra. Vemos aquilo que era um lugar cheio de vida, literalmente, se transformar em escombros que dividem espaço com árvores destruídas e fumaça. E notamos, ao redor da vítima, homens — que não imaginavam estar vivendo tudo isso — tentando acolhê-la; entre eles está um soldado.

    A guerra mostra o lado mais podre do ser humano, capaz de atingir um lugar onde crianças estão nascendo em prol de um milhão de interesses que no fim não significam nada perante uma vida. As pessoas conseguem passar por cima de tudo para ter o que querem, até mesmo privar um inocente de ver a luz do dia. #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.


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  • Maya Goded e o Sagrado Feminino

    Maternidade, misticismo, violência de gênero, marginalidade, desigualdade e sexualidade feminina são alguns dos temas abordados pela fotógrafa Maya Goded. 
    Maya Goded é uma fotógrafa e cineasta documental mexicana reconhecida mundialmente por seus trabalhos de cunho crítico, social e cultural. Além de retratar a violência de gênero na sociedade, a profissional também trata de mulheres curandeiras e defensoras de seu território.
    A imagem apresenta uma vegetação seca com um céu em tons pastéis de azul e roxo, e no centro, entre a vegetação, existe um bezerro.
    Maya Goded

    Maya sempre manteve o foco no sagrado feminino. Tratar de temas relacionados a mulheres e considerados tabus pela sociedade é seu objetivo. Criou o projeto Land of Witches (Terra das Bruxas) que consiste em mostrar como a conquista espanhola e o catolicismo trouxeram e intensificaram a perseguição das mulheres – espanholas e indígenas – que, supostamente, estariam ligadas à feitiçaria e/ou bruxaria. Antes de realizar esse trabalho, Maya Goded se dedicou ao projeto Missing (Desaparecidas), que busca retratar as mulheres que foram sequestradas e assassinadas na fronteira do México com os Estados Unidos e a violência de gênero na sociedade local. 

    A imagem apresenta um gramado verde e uma silhueta humana pegando fogo no centro da foto.
    Maya Goded

    A imagem mostra um garotinho deitado num chão de terra e pedras e uma senhora em pé, próxima à sua cabeça segurando um facão com a mão direita e um crucifixo com a mão esquerda.
    Maya Goded

    A imagem mostra uma garotinha em frente a um altar cristão enquanto segura algum objeto. Seu posicionamento mostra que ela está prestes a destruir as imagens cristãs.
    Maya Goded

    A imagem apresenta um cômodo com pouca iluminação, onde contém uma mesa e uma cadeira de plástico ao fundo. Em primeiro plano, existe uma pessoa coberta dos ombros para baixo com um lençol branco.
    Maya Goded

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

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