Mês: outubro 2021

  • Protagonismo feminino: o olhar de Margaret Bourke-White

     Conheça a representação da mulher feita pela fotojornalista na primeira metade do século XX.

    O protagonismo feminino nas fotografias de Margaret Bourke-White, nos inspiram em diversas discussões, tanto na construção de uma estética de valorização do feminino quanto nos eixos temáticos abordados: mulheres; etnia; cultura; etc.

    Margaret Bourk-White.

    Como o feminino está representado no trabalho da fotojornalista, produzido na primeira metade do século XX? E, de que modo essas representações por meio da fotografia, tornam-se uma categoria de luta pelo reconhecimento? Podemos começar por essas questões para mergulharmos no trabalho de Bourke-White.

    A história das reivindicações femininas no final do século XIX e início do século XX é marcada por grandes mudanças políticas, culturais, sociais e econômicas.  Na época, muitos paradigmas estavam sendo questionados e, com isso, fomentava-se a discussão sobre o direito das mulheres e suas participações pioneiras em diversas áreas e atividades da vida social.

    Margaret Bourk-White

    Observamos nessas duas fotografias diferentes mulheres, em condições de vida distintas. Esses cotidianos políticos e culturais expostos nos permitem pensar sobre a representatividade social. Aliás, as atividades apresentadas estão sendo ocupadas por mulheres, há uma valorização do trabalho feminino.

    No mais, também podemos observar que a composição e a iluminação das fotografias são dois elementos essenciais para a construção de uma narrativa estética que exaltam essa valorização do feminino. Os enquadramentos das fotografias são fechados nas mulheres que estão de frente para a câmera. 

    Margaret Bourke-White, é resultado da luta feminina por direitos que teve seu marco entre o fim do XIX e a primeira metade do século XX. Além de ser protagonista em diversos segmentos fotográficos, não deixou de lado a questão da representatividade feminina na sociedade. E, suas fotografias exprimem a continuidade dessa luta.

    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra analisada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

    Links, Referências e Créditos

  • O século XX pelas lentes de Margaret Bourke-White

    Considerada pioneira em empreitadas fotográficas, ela construiu um trabalho documental e fotojornalístico de grande potência. 

     

    Norte Americana, nascida em 1904, Margaret Bourke começou sua carreira fotografando arquitetura e indústrias no ano de 1927. Foi a primeira mulher a atuar como correspondente na II Guerra, em 1945, e a documentar a condição dos mineradores na África do Sul, em 1949.

     

    Oscar Graubner.          


    Durante suas viagens, ela também registrava mulheres, casais e famílias em seus cotidianos. Inclusive, uma série famosa que apresenta parte desse trabalho é “Você viu seus rostos”, realizada no final da década de 30, em uma viagem ao Sul dos Estados Unidos em parceria com o escritor Erskine Caldwell.


    Na década de 40, Bourke-White também  registrou  a Partição da Índia e do Paquistão, e fotografou Mahatma K. Gandhi, pouco antes de seu assassinato. No final da sua carreira, em 1952, ela também registrou a guerra da Coreia. Anos antes começou a sofrer de mal de Parkinson, o que freou seu trabalho com o tempo. Ela faleceu em 1971.

     

    Confira mais sobre as obras de Bourke em outra postagem da nossa galeria aqui. 

     

     

    Margaret Bourk-White.      

    Margaret Bourk-White.  

     

     

     

    Margaret Bourk-White.

     

     

    Links, Referências e Créditos

    https://nitidafotografia.wordpress.com/2015/12/08/margaret-bourke-white/

    https://draft.blogger.com/blog/post/edit/preview/7123724079387736364/8600937166296227430

     

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  • Caldas Novas, Goiás: fotografias em tempos de pandemia

    Caldas Novas, Goiás: fotografias em tempos de pandemia

    Impactos causados pela pandemia nas paisagens de Caldas Novas, Goiás.
    A modernização do lazer e turismo e o planejamento territorial levaram a cidade de Caldas Novas, no estado de Goiás, a se tornar um dos principais destinos hidrotermais do mundo. Tal processo foi fortalecido pelo engendramento de uma política de Estado e de preços que atendessem às necessidades de todas as classes sociais, onde a parceria entre agentes públicos e privados é essencial para assegurar a perenidade da referida atividade. Nessa paisagem, as atividades inseridas na cadeia produtiva do turismo, principalmente as que se referem à hotelaria, reproduzem as contradições do mundo de vida capitalista, pois materializam relações espaciais e de poder em lugares diversos.
    Av. Cel. Cirilo Lopes de Morais – a ausência do visitante.
    Nesse cenário, o turismo e os respectivos negócios impuseram ao principal destino turístico goiano, nas últimas décadas do século XX e primeiras do século XXI, uma pujante transformação da cidade que é turística. Tal situação fomentou um vultoso progresso econômico e, ao mesmo tempo, uma relação complexa entre residentes e turistas, mas sem grandes conflitos perceptíveis. Essa atividade permitiu estabelecer nexos interpessoais e intergrupais, na medida em que se tornou fundante para a vida no lugar.
    Diante dessas contradições, vale considerar a realidade e as incertezas provocadas pelo Novo Coronavírus (Covid-19) no urbano calda-novense. Era março de 2020, início do tempo pandêmico, saímos para registrar cenas de um dos principais destinos turísticos do cerrado brasileiro que, por duas semanas, se tornou vazia e irreconhecível.
    Rua do Turismo.
    Escultura de Carlos Albuquerque na Praça da Fonte, nas proximidades da feira do luar.
    Com o fechamento da atividade turística ocorreu o afloramento da água termal no centro da cidade.
    Enfatiza-se que, no cenário de 2020, hotéis, clubes, comércios e a dinâmica local se silenciaram diante de um contexto global de pandemia. Por conseguinte, as fotografias mostram que falar de turismo termal é um dos equívocos mais aparentes em uma escala na qual o sujeito turista não se faz presente e as contradições provocadas pela atividade no território se distanciam das relações de consumo por não existirem de fato, e o que debruça na paisagem é o silêncio.
    Com um indesejável “visitante” como o vírus, parece que o território problematizado pela lógica dos negócios associados ao turismo não se atrela à concepção de otimismo e desenvolvimento. Portanto, reflete-se sobre um espaço que se movimentava pelo turismo e que jamais seria pensado pela descontinuidade real observada em 2020. Nesse momento, torna-se impossível estabelecer metas ou perspectivas para um palco cujo maior público é atraído pela dinâmica turística, e não pelo silêncio das águas termais. Sendo assim, afirma-se que o vocábulo “turistar” remete ao sentimento traduzido pela saudade.

    Sobre o autor

    Jean Carlos Vieira Santos é Professor e Pesquisador da Universidade Estadual de Goiás (UEG/TECCER-PPGEO). Pós-doutorado em Turismo pela Universidade do Algarve/Portugal e Doutorado em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia (IGUFU/MG).
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    #ensaiofotografico é uma coluna de ensaios compostos por um conjunto coerente e coeso de imagens fotográficas, acompanhadas ou não de legendas e textos, por meio do qual o autor expressa sua perspectiva acerca de um determinado assunto. Quer conhecer melhor a coluna #ensaiofotografico? É só seguir este link.
  • A autoimolação de Thich Quang Duc

    A fotografia do monge em chamas ainda causa choque 58 anos depois e se tornou símbolo de revolução.

    Algumas imagens se tornam permanentes no imaginário do público, seja por sua alta difusão, importância cultural ou por se tornarem um marco que é constantemente relembrado. A obra “A autoimolação do monge” é uma das cenas mais chocantes e icônicas da história da fotografia que não só aterrorizou diversas pessoas, como também ajudou a trazer discussões que antes não recebiam a devida atenção. 
    Malcolm Wilde Browne

    A serenidade do monge e a fúria do fogo são dois estados conflitantes que se misturam em um emaranhado de significados. Mesmo com a metade de seu corpo  sendo tomada pelas chamas, Thich Quang Duc continua imóvel, sentado em uma posição de meditação. É difícil determinar o que exatamente estava pensando enquanto tudo ocorria, ou como conseguiu suportar a dor de queimar até a morte, mas não somente a fotografia, diversas testemunhas oculares citam não terem visto o monge se mover em momento algum, apenas quando seu corpo caiu morto no chão.
    Ao observar mais ao fundo é possível enxergar diversos outros monges que observam, sem intervenções, atentamente tudo o que está ocorrendo.  O galão branco no lado esquerdo inferior da imagem serve como uma explicação de qual é a origem do fogo, além de deixar claro que o ato foi proposital. E assim, com muita naturalidade, um dos maiores medos humanos, morrer queimado, é representado como uma escolha.  
    O fotógrafo Malcolm Wilde Browne, responsável pelo registo,  explica que começou a fotografar imediatamente como uma forma de conseguir lidar com aquela cena pavorosa. Ver uma pessoa morrer aos poucos é uma cena difícil de digerir. Browne parece encontrar atrás da câmera um local de refúgio.  Apesar do choque, o registro foi bem calculado, uma vez que a manifestação havia sido divulgada anteriormente pelos monges. o feito garantiu o Prêmio Pulitzer de Serviço Público e de Foto do Ano pela World Press Photo para o fotógrafo. 
    Tudo começou no dia 11 de junho de 1963. O Vietnã do Sul passava por uma intensa tensão religiosa em que o regime de Ngo Dinh Diem perseguia monges budistas e havia criado uma política religiosa que excluía o budismo. Durante um protesto contra o governo na cidade de Saigon, o monge Mahayan Thich Quang Duc, que tinha 66 anos na época, resolveu cometer a autoimolação como forma de protesto. A Guerra do Vietnã que já durava 5 anos, fez com que a invasão de culturas ocidentais, principalmente do domínio americano, fizessem com que a influência do catolicismo se fortalecesse ainda mais, facilitando com que Diem tomasse medidas discriminatórias contra os budistas. Porém, mesmo entendendo o contexto por trás da fotografia, ainda é difícil de mensurar o que leva um homem pacífico a atear fogo sobre o próprio corpo. 
    A autoimolação é o ato de atear fogo sobre o próprio corpo, normalmente como protesto ou martírio (Dicionário Informal). Parte do choque e do horror despertados em diversas pessoas que entraram em contato com a fotografia, vinham de uma disparidade entre culturas. A autoimolação é na verdade um tipo de protesto comumente usado no hinduísmo e xintoísmo, em uma espécie de ritual que poderia representar protesto, devoção ou renúncia. O sati, por exemplo, era um antigo costume de comunidades hindus em que uma esposa viúva cometia um ritual de se jogar ao fogo junto de seu marido morto, até que foi proibido pelas leis do Estado Indiano. Além disso, apesar do suicídio ser um desvio dos preceitos do budismo, o ato também é utilizado como protesto por muitos monges e praticantes, sendo uma prática controversa entre autoridades budistas que debatem sobre sua relação com as tradições religiosas. 
    Mohamed Bouazizi, cuja autoimolação é considerada por muitos como o estopim da Primavera Árabe, é um exemplo de como a prática também é muito forte no Oriente Médio como um todo, além de revelar como o ato pode gerar uma movimentação social inexplicável. A onda de protestos que seguem essa mesma linha acontecem até os dias de hoje, muitos inspirados em Bouazizi. 
    Para entender a autoimolação  em casos como esse da imagem, é importante ressignificá-los além da categorização de “suicídio”. Para muitos admiradores de Thich Quang Duc e Bouazizi, morrer em prol da religião e da liberdade de um povo é um ato de revolução. Mais do que desespero, é um ato de justiça, sacrifício e devoção. 
    São nesses momentos que percebemos a importância do fotojornalismo. Caso Browne não tivesse registrado o momento, o resto do mundo não viraria os seus olhos para a Guerra do Vietnã e o governo de Duc não anunciaria reformas a fim de tentar negociar com a população. O monge foi e ainda é visto como um símbolo de bravura e resistência, fazendo com que muitos monges da época chegassem a cometer a autoimolação após a divulgação da imagem.
    A fotografia foi mais tarde utilizada como capa do álbum de estréia da banda Rage Against The Machine, demonstrando o seu impacto até mesmo na cultura pop. As músicas que carregam comentários políticos parecem levar a imagem do monge como a de um símbolo de revolução, assim como os budistas. Isto mostra que o poder da fotografia de Browne fez com que Thich Quang Duc virasse um signo de luta que qualquer pessoa possa se identificar, mesmo que sua realidade seja bem diferente da de um vietnamita daquela época.  
    #leitura é uma coluna de caráter reflexivo. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, histórica, política e social. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor as postagens da coluna? É só seguir este link.

    Links, Créditos e Referências:

  • Territorialidade e Identidade: uma leitura contemporânea de Thabiso Sekgala

    O fotógrafo sul-africano explora suas raízes em seu trabalho.

    Thabiso Sekgala teve uma curta, mas impactante carreira. Seu retrato sobre a vida, compartilhado em belíssimas fotografias que têm a África do Sul como cenário principal, aponta uma visão contemporânea da identidade sul africana. Em uma mútua afetação, o fotógrafo explora como o ambiente ao redor é fator chave para a formação de um indivíduo. 
    Thabiso Sekgala

    Thabiso Sekgala nasceu em 1981 em Joanesburgo, na África do Sul. Estudou na The Market Photo Workshop, uma escola de fotografia localizada em sua cidade natal, entre 2007 e 2008. Foi criado pela avó e cresceu em uma área rural, em um Bantustão, território separado pelo governo sul-africano para habitantes negros no período do Apartheid, e essa vivência se tornou objeto principal de suas fotografias.
    Em 2010, ganhou o Tierney Fellowship, um prêmio importante para fotógrafos iniciantes. Teve a maior parte de seu trabalho exibido na África e na Europa. Em 15 de outubro de 2014, o fotógrafo cometeu suícidio, tinha apenas 33 anos e deixou para trás dois filhos. sua morte aconteceu pouco tempo depois do falecimento de sua avó. 
    Thabiso Sekgala

    Thabiso Sekgala

    Thabiso Sekgala

    Thabiso Sekgala

    Thabiso Sekgala

    Thabiso Sekgala

    Thabiso Sekgala

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

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  • Exposição Fotográfica: O Protagonismo Feminino na Perpetuação das Casas de Farinha

    Catálogo Fotográfico, com áudiodescrição, produzido por Luciana S. R. Dantas 

    Luciana S. R Dantas




    Este catálogo fotográfico é um produto do Projeto Exposição fotográfica: O protagonismo feminino na perpetuação da cultura das Casas de Farinha proposto e executado por Luciana Dantas com fotos de Luciana Dantas/Retrographie e curadoria da professora Renata Victor. Foi aprovado e incentivado pelo FUNCULTURA, Fundarpe, Secretaria de Cultura, Governo de Pernambuco e apoiado pelo Centro de Pesquisa Histórica e Cultural de Fernando de Noronha (CEPEHC) e pelo Serviço de Tecnologia Alternativa (SERTA).

    Este Projeto almeja não só mostrar a rotina doméstica e empreendedora de mulheres agricultoras que fazem uso da forma tradicional de beneficiar a mandioca e lideram as Casas de Farinha familiares, como também, promover a acessibilidade.

    Autora

    Luciana S. R. Dantas (@feminino.farinha)

    Local de publicação

    Acesse a publicação completa em https://tinyurl.com/48ejzmks.

    Canal Feminino Farinha (https://tinyurl.com/yhn63657)

    Site Feminino Farinha ( https://tinyurl.com/fx7xvsw2)


    Esta publicação foi elaborada com base nas informações prestadas por Luciana Dantas, através do formulário Divulgue suas publicações!. Resposta número 9.

  • O beijo na Time Square

    O beijo na Time Square

    A história por trás da mais famosa foto de Alfred Eisenstaedt

    No dia quatorze de agosto de 1945, o fotógrafo Alfred Eisenstaedt registrou em Nova York, a polêmica fotografia intitulada “O Beijo na Times Square”. A imagem retrata a cena de um beijo entre um marinheiro e uma enfermeira na Times Square, após o término da segunda guerra mundial.

    Alfred Eisenstaedt

    O fotógrafo utilizou uma grande profundidade de campo, provavelmente para captar as reações das pessoas ao redor do casal. Ele conta, em seu livro, que um dos principais motivos para ter tirado esta foto, foi como achou interessante o contraste entre o vestido branco da enfermeira e a roupa escura do marinheiro.

    Conforme a fama da imagem crescia, a identidade do suposto casal apaixonado era questionada, já que as pessoas queriam saber como e onde estavam os sujeitos daquela fotografia. Depois de muitas pesquisas, Alfred Eisenstaedt descobriu que o nome do marinheiro é George Mendonsa, tripulante do navio USS The Sullivans. Já a enfermeira se chama Greta Zimmer Friedman, na época ela trabalhava como assistente de dentista e tinha 21 anos.

     Em entrevistas, Greta conta que nunca tinha dado permissão ao marinheiro para beijá-la. Além disso, a futura esposa de George aparece na foto e seu rosto pode ser visto por cima do ombro direito dele.  A fotografia  “O Beijo na Times Square” já foi considerada extremamente romântica e muitas releituras foram feitas.

     Confesso que já achei que era simplesmente um casal apaixonado posando para o fotógrafo. Entretanto, quando pesquisei a história que estava por trás, houve uma mudança na minha percepção em relação a esta fotografia. Por causa disso, descobri que a captura da imagem aconteceu em meio às comemorações eufóricas, devido ao final da segunda guerra mundial, mas também, a demonstração de afeto que eu achava que tinha sido registrada, na realidade, era um beijo bruto e sem o consentimento de Greta, ato que, ao meu ver, foi extremamente abusivo.

    Podemos pensar que esta ação praticada pelo marinheiro, pode ter sido influenciada pela simples presença do fotógrafo. Logo, um agravante para a situação preocupante que ocorre na fotografia, já que George pode ter agarrado Greta por causa da existência de Alfred na cena.

    Em relação ao beijo, o que eu percebo é uma circunstância em que George agarra Greta enquanto ela estava passando pela rua. O ato não foi consensual, ou seja, esse tipo de situação não é aceitável, pois trata-se de assédio sexual. Penso que é importante e necessário problematizar para desnaturalizar essa prática que ocorreu devido à objetificação da imagem da mulher e ao machismo institucionalizado. Com isso, saber a história, com o intuito de trazer outros elementos para a fotografia, é extremamente importante para que tenhamos um olhar mais atento.

    A objetificação dos corpos femininos é um problema social que está enraizado nas entranhas da nossa sociedade. No dicionário, a objetificação é definida como:  “Processo que atribui ao ser humano a natureza de um objeto material, tratando-o como um objeto ou coisa; coisificação.” Trata-se da anulação da posição de sujeito da mulher, ignorando seus desejos e emoções. É entendê-la como um objeto passivo de receber quaisquer ações de terceiros.

    Em suma, a fotografia é mais um exemplo dos males que o machismo causa no cotidiano e na vida das mulheres. Greta estava em um local público, mas isso não significa que seu corpo seja público. Com isso, ressalto, mais uma vez, a importância da história, do diálogo e da luta para desnaturalizar este tipo de ação.

    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

    Links, Referências e Créditos

    Como citar essa postagem

    HELENA, Beatriz. O beijo na Times Square. Cultura Fotográfica. Publicado em: 13 de out. de 2021. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/o-beijo-na-time-square/. Acessado em: [informar data].

  • Gerda Taro

    Gerda Taro

    Importante fotojornalista que fez história com a sua cobertura da guerra civil espanhola.

    A fotojornalista judia Gerta Pohorille, mais conhecida como Gerda Taro, nasceu em Stuttgart na Alemanha no ano de 1910. Ela foi considerada a primeira mulher a documentar as linhas de frente de conflitos bélicos, mais especificamente a guerra civil espanhola.

    Gerda Taro

    Ela foi detida pelo governo nazista por fazer campanhas contra a ditadura instaurada na época. Por causa disso, a fotógrafa, juntamente com sua família, foi obrigada a deixar a Alemanha, indo então para Paris, em 1933.

    Em 1935, conheceu o fotógrafo Endre Ernő Friedmann, conhecido por seu pseudônimo Robert Capa, que começou a dar aulas sobre fotografia para Gerda. Os dois acabaram se apaixonando nesse meio tempo. Ela recebeu sua primeira credencial de fotojornalista em 1936. A partir daí, Gerda e Endre começaram a fotografar conflitos armados.

    Em meados de 1936, Gerda foi para Barcelona juntamente com Capa e o fotógrafo  David Seymour para cobrir a guerra civil espanhola. No ano seguinte, Robert pede Gerda Taro em casamento, mas ela se recusa, pois queria continuar sua carreira na fotografia de maneira independente. Além disso, Taro se junta aos grupos de intelectuais antifascistas europeus e milita contra o nazismo junto com George Warrel e Ernest Hemingway.

    Gerda Taro morreu em 1837, enquanto cobria a batalha de Brunete. Seus filmes tinham acabado, então ela decidiu voltar em um jipe que estava sendo utilizado para transportar soldados feridos. Pouco depois da partida, o veículo foi atingido por um tanque de guerra desgovernado, que feriu gravemente a fotojornalista.

    Gerda Taro
    Gerda Taro
    Gerda Taro
    Gerda Taro

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

    Links, Referências e Créditos

    Como citar essa postagem

    HELENA, Beatriz. Gerda Taro. Cultura Fotográfica. Publicado em: 11 de out. de 2021. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/gerda-taro/. Acessado em: [informar data].

  • O lado oculto das paisagens

    Ensaios de arte fotográfica e escrita de Maria Antonia Veiga Adrião, publicados no Instagram.

    Maria Antonia Veiga Adrião

    Quando tento transformar as fotos conforme a sensação que a captura me causa, trata-se de provocar reflexões a respeito dos cuidados que devemos ter com o planeta. Reprimi isso por um bom tempo no decorrer da pandemia da covid19, para evitar as angústias do período das incertezas, fotografava o que alcançava com o olhar do meu quintal, direcionado ao horizonte. Portanto, as fotos são resultado da escuta às paisagens que me dizem por onde seguir, qual o melhor foco, o melhor ângulo para a captura, onde seus corações pulsão ou ficam escondidos. Claro que estou brincando, mas é algo parecido, acredito que precisamos entrar em sintonia com as paisagens fotografadas, as vezes até inventadas, porque não se trata do lugar, mas de como o represento. Tenho aproveitado para exercitar outro desejo reprimido, o de escrever.

    Autora

    Maria Antonia Veiga Adrião (http://lattes.cnpq.br/2691311738755835 | @dias_de_espera)

    Local de publicação

    Apenas no Instagram @dias_de_espera 


    Esta publicação foi elaborada com base nas informações prestadas por Maria Antonia Veiga Adrião, através do formulário Divulgue suas publicações!. Resposta número 10.