Mês: agosto 2020

  • Entendendo Flash direto e rebatido

    Entendendo Flash direto e rebatido

    Entenda de uma vez por todas  a diferença entre flash direto e flash rebatido!

    Durante a nossa série sobre os usos do flash, falamos sobre como o flash externo pode ser utilizado para controlar a iluminação sobre cenas, objetos ou pessoas fotografadas, utilizando os controles de potência e zoom. No entanto, as diferenças entre o flash direto e o flash rebatido não foram exploradas de forma clara, motivo pelo qual o #fotografetododia dedica-se a esse assunto.

    Um noivo usando roupa social preta é visto à esquerda, com olhar baixo e um leve sorriso, e uma noiva usando vestido branco, com luvas de renda e véu é vista à direita, com as mãos ao rosto enxugando lágrimas. Ao fundo são  visíveis alguns convidados. 
     Nan Goldin. Cookie and Vittorio’s wedding, New York City,1986

    Usamos o flash para controlar a iluminação da cena que desejamos fotografar, sendo comum usá-lo durante a noite, em momentos como o amanhecer ou entardecer ou mesmo quando há alguma sombra indesejada se formando justo quando queremos fazer aquele registro perfeito. Mas, se você já tentou tirar fotos com o flash embutido de uma câmera digital ou com o flash do seu celular, deve ter ficado insatisfeito com os resultados ou pelo menos estranhado a forma como elas ficaram. Além de em tais fotos o primeiro plano ficar comumente superexposto (“estourado”), ocorre a formação de sombras muito marcadas/ duras.

    Isso acontece porque o flash embutido produz uma luz direta e dura, ou seja, uma luz que incide diretamente naquilo que estamos fotografando, alcançando com mais intensidade objetos e pessoas próximas à ele. Tudo isso acaba deixando muito óbvio que aquela luz presente no registro é artificial e também torna a imagem bidimensional, perdendo-se a noção de profundidade. É por isso que há quem recomende evitar o uso do flash embutido (ou mesmo o flash externo usado de forma direta) para que tais (d)efeitos não ocorram.

    Na foto que abre este texto, da fotógrafa americana Nan Goldin, é visível o uso do flash direto, com essa luz dura e esse resultado bidimensional. A foto, tirada durante o casamento de amigos da fotógrafa, traz um primeiro plano bastante iluminado, onde são visíveis  os dois personagens principais, sendo possível notar a formação de sombras bastante duras, marcadas, logo abaixo das mãos da noiva próximas ao rosto e seus braços, e também abaixo do queixo do noivo. Essas são as características de uma foto feita com um flash direto. Vale dizer que, apesar de tais características serem indesejáveis na maior parte do tempo, constituem marcas de estilo que tornaram a obra de Goldin famosa.

    Uma mulher indiana é vista com vestimenta e joias usadas em cerimônias de casamento típicas. A cabeça está coberta pelo véu e a mão com tatuagens de henna afasta o tecido do rosto. A mulher está de olhos fechados e um leve sorriso.
    Vinod Gajjar, sem título, Ahmedabad, 2019

    Nesta segunda foto, feita pelo fotógrafo Vinod Gajjar de um noiva indiana, é possível que tenha sido usado o flash rebatido. Observando-a, é possível perceber que há uma iluminação sobre a noiva que difere da presente nos cantos da foto e no fundo. Essa luz não possui as sombras duras características do flash direto, ao contrário, as sombras são suaves, o que é possível através do uso de algum difusor de luz, que pode ser alguma superfície clara sobre à qual o flash é direcionado, sendo então rebatido sobre a modelo. Assim, alcançou-se uma iluminação suave e eficiente, ideal para esse tipo de ensaio fotográfico.

    E aí? Entendeu melhor as diferenças entre o flash direto e o flash rebatido? Conta pra gente suas impressões e opiniões aqui nos comentários! E se quiser conhecer mais da obra da Nan Goldin, confere a #galeria dedicada a ela!

  • A revolucionária fotografia de Cidadão Kane

    A revolucionária fotografia de Cidadão Kane

    Cidadão Kane se tornou um marco na história do cinema não somente por sua narrativa inovadora, mas também por suas técnicas de direção de fotografia.

    Cidadão Kane é um filme de 1941 dirigido e estrelado por Orson Welles. O longa teve uma estreia um tanto quanto morna, ele não foi um sucesso de bilheteria e mesmo tendo concorrido a nove categorias do Academy Awards ganhou apenas uma. Porém, hoje, ele é visto como ums dos melhores filmes já feitos na história, tanto pela direção de Welles quanto pela magnífica cinematografia de Gregg Toland.

    Pôster do filme

    O filme se inicia com a morte do protagonista Charles Foster Kane, que em seu último suspiro pronuncia a palavra “rosebud”.  Como ele era um homem muito rico e poderoso, dono de várias empresas e  um magnata da comunicação, os jornais passam a investigar qual seria o significado da última palavra proferida por Charles.

    O brilhantismo do filme se dá tanto por sua narrativa com progressão não linear, quanto pelas técnicas de fotografia empregadas na composição das cenas que não somente trazem beleza as imagens do filme, mas também por serem usadas como ferramentas que contribuem muito para o desenvolvimento da história.

    A utilização de longos planos sequência que dão mais ênfase na interpretação dos atores, ou os enquadramentos em contra-plongée que muitas vezes são usadas para demonstrar a grandeza de Kane são exemplos de técnicas que serviram como base para vários outros filmes. Contudo, o artifício que se sobressai é a grande profundidade de campo. Essa não foi uma técnica inédita no cinema, mas o modo como ela foi aplicada, sim.

    Com uma grande profundidade várias coisas puderam ser feitas de maneira diferente dos padrões cinematográficos da época, como por exemplo o modo como os atores entravam em cena, que costumava ser apenas pelas laterais, agora pode ser feitos de maneiras mais variadas ou os cortes constantes para mostrar elementos diferentes agora não eram mais necessários. Uma cena interessante em que podemos ver a profundidade de campo sendo usada, é quando Kane e sua segunda esposa Susan Alexander estão conversando dentro da grande mansão Xanadu.

     
    Em primeiro plano, vemos Susan olhando para baixo, na frete dela esta Kane sentado em uma enorme cadeira. A distancia entre os dois é enorme, e entre eles existe um sofá.
    Cena com Charles Kane e Susan Alexander conversando na mansão Xanadu

    Nesta cena, a profundidade de campo é utilizada para mostrar vários elementos de uma só vez, ela serve tanto para nos dar noção do quão grande é a mansão, mas também demonstra, de maneira simbólica, que o casal já está se distanciando, e ainda passa ao espectador o sentimento de solidão que encaixa perfeitamente nas emoções do personagem principal, e são cenas como essa que tornam esse filme quase que como obrigatório na repertorio de qualquer cinéfilo, ou apaixonado por fotografia.

    Agora é sua vez de ver o filme e ficar com olhos atentos nesses elementos! E não se esqueça de contar suas impressões sobre o filme para outros fãs de cinema e fotografia no nosso grupo do facebook!

    Links, Referências e Créditos

    Como citar esta postagem

    CAVALHEIRO, Pedro Olavo PedrosoA revolucionária fotografia de Cidadão Kane. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/a-revolucionaria-fotografia-de-cidadao-kane/>. Publicado em: 28 de agos. de 2020. Acessado em: [informar data].

  • Steve McCurry

    Steve McCurry

    Steve McCurry, fotógrafo que ficou famoso pela National Geographic, possui dezenas de fotos em capas de revistas e livros.

    Steve McCurry nasceu no subúrbio da Filadélfia, nos Estados Unidos, em 1950. Estudou Artes e Arquitetura na Universidade do Estado da Pensilvânia. No início dos anos 1970, viajou para Índia, onde, aperfeiçoou seu estilo fotográfico. Em 1979 foi para o Afeganistão cobrir o conflito na região.

    Legenda: Steve McCurry em exposição. Hamburgo,2013 – GETTY IMAGES

    Descrição: vemos ao centro da fotografia o próprio fotógrafo Steven McCurry. Do seu lado direito podemos ver a sua fotografia mais famosa, Menina Afegã, e atrás vemos a modelo da foto, em uma fotografia mais recente.

    Em 1984, McCurry estava fotografando em um campo de refugiados no Paquistão, até que uma jovem lhe chamou sua atenção. O retrato da jovem, batizado de “Menina afegã”, apareceu na capa da revista National Geographic, em 1985. A imagem mostra o rosto de Sharbat Gula, uma jovem de apenas 12 anos, que havia perdido seus pais em um bombardeio no Afeganistão.  Seus olhos verdes muito vívidos, olhando diretamente para a câmera fotográfica são marcantes. Esta fotografia tornou-se um símbolo situação dos refugiados, e é uma das imagens mais conhecidas mundialmente. Porém, Sharbat Gula foi muito discriminada por ser fotografada. Já disse em entrevistas que isso trouxe muita vergonha para o marido e filhos e que só após duas décadas teve o conhecimento da fotografia e sua repercussão no mundo. Ao ser revelada para o mundo, violou-se a cultura e a tradição islâmica. Mas, vale ressaltar que, ela também destaca que a foto contribuiu para a criação de um fundo para ajudar no programa de educação para mulheres e crianças afegãs, o que é algo bom.

    Legenda: Afghan Girl – Steve McCurry

    Descrição: Vemos no centro da imagem uma adolescente, com um tecido marrom envolto sobre a sua cabeça. A adolescente possui olhos verdes oliva muito vívidos, que olha diretamente para a lente da câmera.

    Steve McCurry é um dos grandes fotógrafos da história, que na atualidade, ainda continua trabalhando. O que chama atenção no conjunto do seu trabalho é o modo de retratar com tanta humanidade. Os olhos em seus retratos, são sempre marcantes.  Recentemente, esteve envolvido em polêmicas sobre manipulação de imagens. McCurry declarou-se desde então não ser um fotojornalista, mas um contador de histórias visuais.

    Legenda: Linguagem silenciosa das mãos – Steve McCurry

    Descrição: Vemos uma criança com cabelos loiros, olhos verdes e com as mãos em posição militar, olhando diretamente para a lente da câmera. 

    Legenda: Série confiança sagrada , Afeganistão – Steve McCurry

    Descrição: Uma criança com aparência suja do que parece ser fuligem, abraçada a perna de um adulto que veste um macacão amarelo.

    Legenda: Retratos, Brasil – Steve McCurry

    Descrição: vemos uma criança na janela de um carro de aparência antiga na cor azul. A criança olha diretamente para a câmera com um sorriso tímido. Ao fundo vemos um adulto dirigindo.

    Legenda: Série após o escuro. Sicília, Itália – Steve McCurry

    Descrição: Ao centro da imagem vemos uma ruela, e o chão encontramos velas posicionadas em forma de cruz. Ao redor das velas, podemos encontrar flores.

    Legenda: Retratos. Oaxaca, México – Steve McCurry

    Descrição: Vemos um homem no canto esquerdo da fotografia, com o rosto pintado com a tradicional máscara da caveira mexicana da comemoração dos dia dos mortos. Ao fundo,vemos o que parece ser um cemitério, cheio de pessoas levando oferendas aos túmulos.

    Você pode ler sobre uma técnica muito utilizada nas fotografias de Steve McCurry AQUI!

    Nos diga qual sua imagem preferida do fotógrafo, siga nosso Instagram e participe!

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

    Links, referências e créditos

    FORIN JÚNIOR, Renato. BONI, Paulo César. A globalização da exlusão social por meio da fotografia. Estudos em Jornalismo e Mídia Vol. III No 1 – 1º semestre de 2006.
    Disponível em: Periódicos UFSC
  • Os princípios compositivos em O Grande Hotel Budapeste

    No filme “O Grande Hotel Budapeste” dirigido por Wes Anderson podemos ver a aplicação de diversos princípios compositivos. Separamos alguns deles.
    Cena de "O Grande Hotel Budapeste". Mostra uma luxuosa fachada de hotel. A parede é cor-de-rosa e o telhado azul.

    No filme “O Grande Hotel Budapeste” dirigido por Wes Anderson podemos ver a aplicação de diversos princípios compositivos. Separamos alguns deles.
    Cena de "O Grande Hotel Budapeste". Mostra uma luxuosa fachada de hotel. A parede é cor-de-rosa e o telhado azul.
    Cena de “O Grande Hotel Budapeste”.
    Descrição: Uma luxuosa fachada de hotel.

    Centralização

    Já ensinamos em Regra dos Terços que nem sempre o elemento precisa estar centralizado para receber destaque, porém, Wes Anderson prova que tendo criatividade é possível centralizar tudo e qualquer coisa sem tornar a imagem entediante. Na sua cinematografia, a centralização coopera para um efeito propositalmente exagerado, que faz parte da ideia de um mundo próprio do filme, onde o absurdo é naturalizado, além de realçar a perfeição dos cenários extremamente simétricos.
    Cena de "O Grande Hotel Budapeste". Mostra uma rua de uma cidade europeia, há casas em ambos os lados e neve no chão. No meio da rua há uma cabine de jornaleiro antiga.
    Cena de “O Grande Hotel Budapeste”.

    Descrição: Uma rua com casas em ambos os lados e neve no chão. No meio da rua há uma cabine de jornaleiro antiga.

    Simetria

    A simetria, aliás, é outra característica da composição cinematográfica do diretor. É o modo pelo qual o diretor enfatiza os ambientes que em suas obras são sempre parte importante das ações, quase personagens. Na cena abaixo, por exemplo, o personagem Zero está correndo pelo hotel, mas a cena é filmada em plano aberto e centralizada, em vez de seguir o personagem.
    Cena de "O Grande Hotel Budapeste". Mostra o lobby do hotel. As paredes são de madeira e o chão está completamente coberto com tapete vermelho. Há uma escada no meio do salão que se divide em duas. É um ambiente luxuoso.
    Cena de “O Grande Hotel Budapeste”.

    Descrição: Lobby do hotel. As paredes são de mármore e o chão está completamente coberto com tapete vermelho. Há uma escada no meio do salão que, em cima, se divide em dois outros lances de escadas.

    Linhas

    É importante citar que a ênfase à simetria conta com a ajuda das linhas, assunto diversas vezes já abordado no #fotografetododia e que estão presentes por todo o canto no filme.
    Cena de "O Grande Hotel Budapeste". Mostra dois personagens dentro de um vagão de trem antigo. Cada personagem está de um lado, eles se encaram.
    Cena de “O Grande Hotel Budapeste”.

    Descrição: Dois personagens do filme, um jovem e um homem de meia idade, dentro de um vagão de trem antigo. Cada personagem está de um lado, eles se encaram.

    Formas

    Além das linhas, a fotografia do filme brinca bastante com as formas, mas sempre simétricas.
    Cena de "O Grande Hotel Budapeste". Mostra uma mesa no lobby do hotel vista de cima. A mesa é redonda e está perfeitamente centralizada. Fora da mesa o tapete forma uma moldura ao redor da mesa. Há quatro mensageiros na mesa, um deles olha para cima.
    Cena de “O Grande Hotel Budapeste”.

    Descrição: Uma mesa no lobby do hotel vista de cima. A mesa é redonda e está perfeitamente centralizada. Fora da mesa o tapete forma uma moldura ao redor da mesa. Há quatro mensageiros na mesa, um deles olha para cima.

    Quadro dentro de quadros

    Uma das maneiras que o filme explora as formas geométricas é através da utilização do framing ou de quadros dentro de quadros. Esse é um recurso que aparece muitas vezes para ajudar a manter o aspecto cômico do filme e, de certa maneira, é uma forma lúdica de transmitir o enredo do filme, que nada mais é do que uma história que nos é contada por um autor, que, por sua vez, a ouviu de outra pessoa. Ou seja, quadro dentro de quadros.
    Cena de "O Grande Hotel Budapeste". Mostra uma janela oval com um funcionário olhando através dela. Detalhes na parede formam uma moldura ao redor da janela. Abaixo, o nome "Grand Budapest" está escrito em um letreiro dourado.
    Cena de “O Grande Hotel Budapeste”.

    Descrição: Uma janela oval com um funcionário do hotel olhando através dela. Detalhes na parede formam uma moldura ao redor da janela. Abaixo, o nome “Grand Budapest” está escrito em um letreiro dourado.

    Regra dos Terços

    Mesmo prezando pelos personagens e objetos centralizados, nas poucas cenas em que deseja descentralizá-los, o filme utiliza a boa e velha Regra dos Terços. Observe no frame abaixo como Monsieur Gustave (à frente) e Zero (atrás) estão nos pontos de interseção, assim como o nome do hotel. O ambiente, porém, está simétrico e centralizado, se mantendo fiel ao estilo do filme.
    Cena de "O Grande Hotel Budapeste". Mostra dois homens à frente do hotel. O mais velho está a frente e à direita. O mais nove está atrás e à esquerda. Ambos vestem uniformes roxos.
    Cena de “O Grande Hotel Budapeste”.

    Descrição: Mostra dois homens à frente do hotel. O mais velho está a frente e à direita. O mais novo está atrás e à esquerda. Ambos vestem uniformes roxos.

    Fundo

    O fato do ambiente ser mantido centralizado expõe uma preocupação de Anderson e da equipe técnica do filme com o plano de fundo. Essa é uma preocupação que deve ser copiada na fotografia. Especialmente na fotografia de pessoas, é um erro comum planejar a composição para o plano principal, deixando os planos interiores de lado. Em todas as cenas do filme o plano de fundo é muito bem planejado.
    Cena de "O Grande Hotel Budapeste". Mostra um homem sentado a uma mesa. A parede atrás dele está coberta com estantes cheias de livros.
    Cena de “O Grande Hotel Budapeste”.

    Descrição: Um homem sentado a uma mesa. A parede atrás dele está coberta com estantes cheias de livros.

    Ponto de Fuga

    Essa preocupação com o ambiente se traduz em um importante conceito para a construção da profundidade: o ponto de fuga. Observe na cena abaixo como mesmo as laterais do carro parece que convergirão em algum ponto no infinito, passando a ideia de profundidade.
    Cena de "O Grande Hotel Budapeste". Mostra um homem sentado dentro de um carro de costas para o banco do motorista.
    Cena de “O Grande Hotel Budapeste”.

    Descrição: Um homem sentado dentro de um carro de costas para o banco do motorista.

    Paleta de Cores

    Outro ponto importante para a fotografia dos filmes de Wes Anderson é a paleta de cores. Sempre muito colorido, seus filmes abusam de cores inusuais para transmitir a ideia de fantasia. Porém, dentro de cada cena as cores seguem um padrão, de forma que o colorido não seja confuso ou irritante. As roupas imitam o padrão de cores do ambiente, determinando dessa forma quem faz parte do lugar e que não faz. Os trabalhadores do hotel e o próprio hotel, por exemplo, apresentam uma coesão.
    Além disso, as cores também ajudam a construir a história. As cores do hotel, que ilustram o seu luxo, servem de padrão para determinar se os outros ambientes também são luxuosos. As cenas na prisão, por exemplo, têm tons cinzentos. Uma brecha para uma sequência afetuosa entre o jovem casal do filme, por sua vez, utiliza tons pastéis, como a imagem abaixo.
    Cena de "O Grande Hotel Budapeste". Mostra um homem e uma mulher jovens dentro de uma caçamba de caminhão cheio de caixas de doces. O caminhão é rosa claro e as caixas são rosa claro com laço azul claro.
    Cena de “O Grande Hotel Budapeste”.

    Descrição: Um homem e uma mulher jovens estão dentro de uma carroceria de caminhão cheio de caixas de doces. O caminhão é rosa claro e as caixas são rosa claro com laço azul claro.

    Pontos de Vista

    A comédia encontra espaço em outro elemento de composição: o uso de pontos de vista inusitados. O uso de plongè e contra plongè é bem difuso no filme, geralmente seguindo o ponto de vista de um personagem, ainda que outras vezes antecipe uma surpresa e em outras apenas nos apresente um objeto específico.
    Cena de "O Grande Hotel Budapeste". Mostra uma mesa redonda com guardas jogando cartas. A mesa é vista de cima e os guardas olham para cima.
    Cena de “O Grande Hotel Budapeste”.

    Descrição: Uma mesa redonda com guardas jogando cartas. A mesa é vista de cima e os guardas olham para cima.

    Objetiva

    Por último, a fotografia do filme também permite observar a importância da escolha da objetiva para o resultado final. Se o filme não tivesse sido rodado com uma grande angular, seria completamente diferente. O hotel não seria capturado em suas grandes dimensões e também não haveria a pequena distorção que faz os personagens que estão perto da câmera parecerem maiores e, consequentemente, cômicos.
    Assista ao filme e nos conte aqui nos comentários quais os outros princípios que pode ser observados no filme!
  • Dia Mundial da Fotografia

    Dia Mundial da Fotografia

    Fizemos uma curadoria de lives para te contar como foi comemorado o Dia Mundial da Fotografia nas redes sociais.

    Já imaginou um mundo sem câmeras?

    Isto, felizmente, não é uma realidade e, por isso, nesta quarta-feira (19/08) foi comemorado o Dia Mundial da Fotografia, data que marca a apresentação no Instituto de França de um dos aparelhos, o Daguerreótipo, que possibilitou que o mundo desfrutasse desse processo mágico que resulta ao mesmo tempo em registro e arte e que é uma maneira que nós do Cultura Fotográfica encontramos para nos expressar. Dessa forma, resolvemos estender nossas homenagens à essa nossa paixão por toda a semana, com posts especiais sobre o assunto, mas não deixamos de prestigiar outros blogs, canais e perfis de Instagram que também comemoraram a data, produzindo ótimos conteúdos que compartilharemos agora com vocês. Cada membro de nossa equipe escolheu uma das lives que assistiu nesta semana para compartilhar com vocês na lista abaixo.

    Imagem de Shutterbug75 por Pixabay

    Ana Carolina – Festival de fotojornalismo de Brasília (Foto BSB) – Representações do Feminino na Mídia

    Em uma live de 1 hora de duração no Youtube, Zuleika de Souza mediou uma conversa com a filósofa Marcia Tiburi e a jornalista Daniela Nahass, em que as três discutiram como os meios de comunicação representam a imagem das mulheres, principalmente daquelas em espaços de poder, através da análise de fotos de líderes políticas, em que elas foram retratadas como loucas ou descontroladas. Além de discutir o papel da mulher na sociedade e na política, a live também te faz pensar em como a fotografia contribui para manutenção de estereótipos e preconceitos. 

    Clara: Museu da Fotografia de Fortaleza – A Fotografia e o Labirinto do Teseu

    O Museu da Fotografia de Fortaleza realizou várias atividades que registraram a importância e relevância local do Dia Mundial da Fotografia. As homenagens retrataram as habilidades e a importância no fazer fotográfico produzido por artistas de todo o país.

    A live “A Fotografia e O Labirinto de Teseu”, com o fotógrafo Luiz Santos abordou os caminhos da linguagem fotográfica, desde seu início à fotografia de telefone. A live provocou no público a reflexão sobre a fotografia na contemporaneidade.

    Como uma forma de comemorar a data e celebrar essa maravilhosa arte, o Museu de Fotografia Fortaleza divulgará o resultado do primeiro “Concurso de Fotografia de Celular MFF”. A exposição poderá ser conferida entre os dias 24 a 28 de agosto no perfil do MFF no Instagram.

    Daiane: Festival de Fotojornalismo de Brasília (Foto BSB) – Série Encontros: Ana Carolina Fernandes (RJ) e Walter Firmo (RJ)

    Esta live não tratou do Dia Mundial da Fotografia, mas foi ótimo ter tido a oportunidade de assistir a conversa entre dois fotógrafos que eu adoro e até me fez voltar a ver o lado bom dessa proliferação de eventos online dos últimos meses, a qual, para ser sincera, já se tornou cansativa para mim. O encontro entre Ana Carolina Fernandes e Walter Firmo aconteceu às 21h30min desta quarta-feira e foi possível ver ambos os fotógrafos discutindo e explicando suas próprias obras, contando sobre o trabalho de fotojornalista, examinando os aspectos do jornalismo atual, além de uma prévia do livro que Walter Firmo está escrevendo.

    Kaio: Lives da Revista ZUM

    A revista Zum é uma publicação do Instituto Moreira Salles dedicada integralmente à fotografia. Nesse mês de Agosto, foi lançada uma edição super especial, gratuita e online e para o lançamento, várias lives foram promovidas – a última delas nesse último dia 19, Dia Mundial da Fotografia – explorando alguns dos conteúdos da edição com seus autores e artistas envolvidos. As 4 lives estão disponíveis no canal da revista no youtube, é possível assistir na playlist acima.

    Marcelo: Eduardo Tropia – Live com Roberto Faria

    Ver essa foto no Instagram

    Uma publicação compartilhada por Eduardo Tropia (@eduardo_tropia) em

    Oi, sou o Marcelo e estou aqui para recomendar uma dentre as várias lives que assisti e que gostei muito!!

    Eduardo Tropia durante o mês de agosto, está fazendo em seu perfil do Instagram uma série de lives com fotógrafos de todo Brasil para comemorar o mês da fotografia.

    Uma das lives é com o fotógrafo baiano Roberto Faria, que exalta em suas fotografias a identidade do estado da Bahia, entre outros estados do nordeste do Brasil. Roberto Faria também já fotografou para capas de álbuns de alguns cantores baianos, como  a do álbum Ori de Luiz Caldas.

    Vale a pena conferir a conversa, onde, o fotógrafo convidado comenta sobre uma série de fotos feitas durante todos os anos de profissão.

    Pedro: Eduardo Tropia – Live com Walter Firmo

    Ver essa foto no Instagram

    Uma publicação compartilhada por Eduardo Tropia (@eduardo_tropia) em

    Para comemorar o dia mundial da fotografia, o fotógrafo ouropretano, Eduardo Tropia, convidou Walter Firmo para conversar em uma live no Instagram. Walter, que é um dos grandes nomes da fotografia nacional, comentou sobre algumas de suas fotos, contando desde como elas foram feitas às histórias por trás delas, e falou também um pouco sobre sua história de vida. A live teve um clima descontraído e irreverente, com uma pegada papo de bar. Se você gosta de fotografia, com certeza deveria dar uma olhada nessa excelente conversa.

    Encerramos a semana da fotografia com essa seleção. É muito bom poder compartilhar nossa paixão pela fotografia aqui no blog em qualquer dia do ano, mas foi mais especial nesta semana. Por essa razão, tentamos transmitir o carinho que temos por fotografar, ver fotografias ou apenas ouvir falar sobre. Esperamos que tenhamos alcançado nosso objetivo.

    #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhece

    Como citar essa postagem

    COSTA, Clara. Dia Mundial da Fotografia. Cultura Fotográfica. Publicado em: 21 de ago. de 2020. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/dia-mundial-da-fotografia/. Acessado em: [informar data].

  • Fotos que nos inspiram: Dia mundial da fotografia

    Hoje é o dia Mundial da Fotografia,  e também completamos 100 publicações, por isso o Cultura Fotográfica, preparou uma #galeria um pouco diferente, com fotos que nos inspiram. Confira!

    Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851). Litografia / Acervo da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos

    No dia 19 de agosto comemora-se em todo o mundo, o dia mundial da fotografia. A escolha da data, para celebrar as diversas possibilidades de concepção dessa arte, é uma homenagem à invenção do daguerreótipo. Aparelho precursor das câmeras fotográficas, desenvolvido pelo francês Louis Daguerre, em 1837, tendo como base os estudos de Joseph Niépce, criador do héliographie, anos antes.  O motivo de escolha desta data, é que em 19 de agosto de 1839, a Academia Francesa de Ciências patenteou e noticiou em todo o mundo esta nova invenção. No mesmo ano em que o daguerreótipo ganhou fama, foi desenvolvido o calótipo, uma outra técnica de captura de imagens, elaborado por William Fox Talbot. E devido às notáveis invenções, o ano de 1839 foi aclamado como o ano referência da invenção da fotografia.
    Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851). Litografia / Acervo da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos

    E é por isso, que hoje decidimos homenagear esse dia de um modo bastante subjetivo. Todo mundo já se viu, impressionado ou impactado por uma imagem, não é mesmo?  Afinal, pela fotografia contamos histórias, paralisamos um breve momento e internalizamos nela a arte. Por isso, nossa equipe optou em realizar essa manifestação em conjunto. Foi proposto a nossa equipe, que cada um escolhesse uma fotografia que de algum modo lhe cause algum sentimento e fizesse um pequeno relato sobre a importância ou significado da imagem para ela.

    E então, sem mais delongas, confira essa seleção de imagens!

    Quatro homens negros trabalhando em condições precárias, sobre todas de madeiras fixadas nas paredes de pedra, amarradas por cordas e grossas correntes.
     Marc Ferrez, escravos em mina subterrânea,1888

    Tenho uma forte ligação afetiva e familiar com Passagem de Mariana, um dos distritos da cidade de Mariana, Minas Gerais. Nele, existe a Mina da Passagem, uma das maiores minas subterrâneas abertas a visitação no estado, local onde foi tirada a fotografia. Fico imaginando quem seriam esses escravizados trabalhando na mina. Será que eram meus antepassados? Perguntas que permeiam por minha mente e trazem um misto de sensações. (Marcelo Gonçalves
    Uma mulher vestida com roupas de aviadora do anos 40 olha para o céu enquanto aviões passam.
    Nickolas Murray – Soldiers of the Sky, 1940

    Comprei recentemente o livro “The Photography Book” e fiquei fascinada por esta fotografia de Nickolas Murray cujos aviões inicialmente me roubaram a atenção por seu aspecto irreal, como se eles, as nuvens e tudo acima da mulher tivessem sido pintados no teto de um estúdio. A quantidade e a altura a que voam pode ser inimaginável para quem nunca viveu o contexto de guerra. Depois de alguns dias voltando ao livro, porém, comecei a reparar na aviadora que, com sua maquiagem intacta em uma beleza e juventude eternizadas, me remeteu ao glamour hollywoodiano da época. Assim, objetos tão diferentes como os aviões e o batom vermelho da aviadora passaram a ter uma conexão na minha mente, porque separados eles comporiam apenas uma fotografia de guerra ou uma fotografia de moda, respectivamente, mas juntos eles se tornaram uma propaganda irrefutável do heroísmo simulado do American Way of Life, me lembrando de que as fotografias transformam realidades em conceitos. (Daiane Maciel)
    A foto retrata uma rua estreita, cercada de prédios altos. No final da rua é possível ver apenas uma luz muito forte. No terceiro andar de um dos prédios pode-se ver uma janela, onde deus mulheres observam o fotógrafo.
    Eugène Atget, Vieille Cour, 22 rue Quincampoix,  1908
    Não sei se  é o fim da pequena ruela, que parece acabar em um infinito, ou se são os olhares curiosos das duas mulheres no segundo andar, mas essa foto me fascina, quando olho para ela me vem na cabeça uma jornada na qual não sei para onde vou, ou algo que contemplo, sem saber ao certo o que é. (Pedro Olavo)

    A foto mostra uma bailarina clássica segurando uma bandeira do Chile,  dançando em frente a veículos da polícia militar.
    María Paz Morales – Bailarina em frente a carros da policia. Marcha no Chile, 25 de outubro.

    Essa foto foi tirada durante os protestos que aconteceram no Chile em Outubro de 2019, quando o povo chileno foi às ruas para cobrar melhores  condições de vida.  A fotógrafa María Paz Morales fotografou Catalina Duarte, uma bailarina do Teatro Municipal de Santiago que, portando uma bandeira chilena, dançou em frente aos carros da polícia no ponto de encontro dos manifestantes. Essa foto me impactou desde o primeiro momento em que a vi, pois mostra a arte como meio de comunicação, de protesto e sensibilização. (Kaio Veloso)

     Temos os quatro integrantes da banda Beatles em cima da cama, em uma guerra de travesseiros.
    Harry Benson, 1964

    Essa foto dos Beatles foi tirada por Harry Benson, um famoso fotógrafo de celebridades, durante uma guerra de travesseiros da banda em um hotel de Paris. Não sei dizer o que exatamente me comove nessa imagem. Se é a simplicidade do momento em si, ou se é ver essa banda, que foi um fenômeno mundial, em um momento tão familiar e amigável. Como uma grande fã do trabalho dos Beatles, acho sempre muito bacana poder ver os músicos em momentos tão descontraídos, diferente da foto da capa do Abbey Road, por exemplo, que é uma foto muito marcante, mas não espontânea. (Clara)
    quatro homens atravessam uma faixa de pedestres em fila indiana.
    Capa do álbum “Abbey Road” (1969) do fotógrafo Iain Macmillan

    Essa capa é uma das fotos mais icônicas do século. Eu adoro a estética retrô das roupas e dos carros e o fato de que é muito fácil recriá-la com seus amigos. E os fãs terem feito teorias da conspiração sobre se Paul McCartney estaria morto e encontrado simbolismos nas roupas que Os Beatles estavam usando só torna a foto mais fascinante para mim. (Ana Carolina)

    Joaquim Riachão, o "cantador do sertão", sentado sobre uma mureta de pedra, em frente à casa, tocando sua flauta.
    Joaquim Riachão, o Contador do Sertão, Chapada da Diamantina, Igatu BA. Zé de Boni, 1988

    Entre registro do instante e a história por trás dos momentos, a fotografia torna-se uma arte que eterniza, registra situações que diz muito sobre a visão do fotógrafo sobre o mundo. Fotografia é arte, mas também um ato político, ela é capaz de recriar experiências vividas e reconta-las a quem as observa. Essa fotográfica ao meu ver tem um ar de abstrato, e ao mesmo tempo te leva imergir na cena. (Joana Rosário)

    Agora é com você! Poste no seu instagram uma fotografia com a tag #fotografiaqueinspiradia19 e vamos eternizar juntos mais um aniversário da fotografia. 

    Referências 

    • Brasiliana Fotográfica
    • Enciclopédia Itau cultural
    • MENINO e Rodinha. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. 
      ISBN: 978-85-7979-060-7 Acesso em: 18 de Ago. 2020. Verbete da Enciclopédia.  Disponível em <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra65453/menino-e-rodinha>. 
  • O daguerreótipo e o início da fotografia

    O daguerreótipo e o início da fotografia

    O daguerreótipo foi um dos primeiros processos fotográficos, e o principal responsável pela popularização da fotografia.

    Há quase 200 anos atrás Nicéphore Niépce e Louis Daguerre foram responsáveis por criar um método para fixar imagens luminosas quando essas eram expostas em superfícies fotossensíveis, o daguerreótipo, que difundiu a fotografia nas classes mais ricas da sociedade.

    Na foto temos como objeto principal uma bicicleta moderna, apoiada em uma vaso branco  no qual cresce uma planta sem nenhuma folha e com galhos tortos. A foto tem uma paleta de cores limitada, predomi-se o marrom e o preto, devido a técnica empregada em sua composição.
    Foto de Francisco Moreira da Costa; Sem Título; 2010

    Em 1826 Nicéphore Niépce produziu o que hoje é considerada a primeira foto da história. Ele a fez através de um processo batizado de heliografia, que consistia na projeção de uma imagem luminosa, através de uma câmara obscura, sobre uma placa de vidro revestida com betume da judeia atenuado com óleo animal.

    Seu método ainda não era capaz de produzir imagens com nitidez, e o tempo de exposição era muito longo. Com o intuito de aperfeiçoar sua invenção Niépce uniu forças com outro inventor francês, Louis Daguerre. Os dois trabalharam juntos até a morte de Niépce em 1833.

    Pouco depois da morte de seu colega Daguerre apresentou a versão melhorada da heliografia, que ele batizou de daguerreótipo, na academia Francesa de Ciências. O novo processo consistia em expor placas de prata em vapores de cristais de iodo, que produzia uma fina camada de iodeto de prata. Para imagens mais nítidas também era necessário uma longa exposição, mas Daguerre descobriu que poderia fazer exposições mais curtas se depois colocasse a placa em contato com  vapores de mercúrio. Desse modo, seu processo entregava imagens mais nítidas e com mais rapidez.

    Ainda hoje existem fotógrafos que usam o daguerreótipo para fazer suas fotos. Esse é o caso de Francisco Moreira da Costa, que começou a estudar esse processo em 1996 através de documentos históricos que ensinavam a reproduzir essa técnica. Hoje ele cria seus daguerreótipos de uma maneira ligeiramente diferente da original, pois essa exigia o manuseio de substâncias extremamente nocivas para a saúde.

    A foto possui uma composição bem simples que se resume a uma abacaxi no centro da imagem com a coroa inclinada para a esquerda. Na foto predominam tons em sépia.
    Foto de Francisco Moreira da Costa; Sem Título; 2016

    A imagem acima é um dos daguerreótipos de Francisco que foram expostos em 2016 na exposição Tempo Improvável, no Rio de Janeiro. A foto por mais que tenha uma composição extremamente simples não deixa de chamar a atenção. Nela predominam os tons em sépia, provavelmente por causa do enxofre usado na produção do daguerreótipo. No centro vemos um abacaxi, e em toda a sua volta vemos as manchas causadas pelos processo de produção da imagem, que na foto original mudam de tom conforme o ângulo com que se olha.

    Vale a pena lembrar que por mais que o daguerreótipo tenha sido um dos principais processos a difundir a fotografia como uma técnica viável, ele não foi o único naquela época. Junto com Niépce e Daguerre muitos outros inventores também buscavam criar técnicas fotográficas, como por exemplo  o suíço-brasileiro Hércules Florence que começou seu estudo com o nitrato de prata em 1833, e foi o primeiro a usar o termo “photographie”.

    Gostou da história dos pioneiros da fotografia, ou dos daguerreótipos de Francisco? Deixa aqui nos comentários as suas impressões! E não se esqueça de seguir a nossa página no Instagram para mais conteúdos como esse!

  • O Fotógrafo de Mauthausen

    O Fotógrafo de Mauthausen

    Baseado em fatos reais, o filme narra o esforço de Francesc Boix e seus companheiros em preservar as fotografias do campo de concentração de Mauthausen.

    O Fotógrafo de Mauthausen, dirigido por Mar Targona, é um filme baseado em fatos reais que conta a história do fotógrafo espanhol Francesc Boix, preso no campo de concentração de Mauthausen na Segunda Guerra Mundial. Pensando em sua sobrevivência, ele se torna o auxiliar do fotógrafo do lugar, tirando fotos dos prisioneiros e das barbaridades que aconteciam por lá.

    Na parte inferior central do cartaz pode-se ler o titulo do filme, acimo do titulo há um homem com os cabelos raspados se vestindo com uma roupa listrada olhando para baixo.
    Poster do filme “O Fotógrafo de Mauthausen”

    Tudo era registrado, de retratos comuns dos prisioneiros a corpos empilhados, bem como os métodos de tortura e toda a barbárie do regime nazista. As pessoas eram objetificadas nas fotografias, esse ato de fotografá-las era mais uma violência praticada pelos nazistas.

    Ao saber que a guerra estava perdida, ele recebeu ordens de destruir todos os arquivos e registros do lugar. Assim, Boix decide esconder alguns dos negativos, para ter provas de que tudo aquilo tinha de fato acontecido e conseguir contribuir com a condenação dos nazistas no futuro.

    Com a ajuda de alguns companheiros, ele arrisca a vida para esconder esses negativos e, quando a guerra finalmente acaba e os nazistas fogem, ele junta todos eles e se reune com as pessoas que o ajudaram. Francesc Boix é conhecido como o homem que ajudou a comprovar o Holocausto.

     Cena do filme “O Fotógrafo de Mauthausen”

    Esse filme é completamente impactante, mostrando a garra e a vontade de sobreviver daqueles que eram obrigados a trabalhar até a exaustão diariamente em um dos momentos mais desumanos da nossa história. Em uma cena vemos Boix disposto a fugir dentro de uma caixa para tornar público tudo o que acontecia em Mauthausen, e como ele perde o controle depois que seu amigo é enforcado e seu superior quer revelar fotos do momento de sua morte.

    A fotografia é de suma importância nesse filme, porque é através dela que são registrados todos os momentos vividos por todos naquele campo de concentração. A importância de Boix nessa história foi perceber a importância desses registros e preservá-los, conseguindo provar no futuro que todos os crimes foram de fato cometidos durante o Holocausto pelos nazistas.

    E você, o que achou desse filme? Conta pra gente nos comentários da postagem!

    Como citar essa postagem

    COSTA, Clara. O fotógrafo de Mauthausen. Cultura Fotográfica. Publicado em: 14 de ago. de 2020. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/o-fotografo-de-mauthausen/. Acessado em: [informar data].

  • Diane Arbus

    Diane Arbus

    Conhecida por suas imagens em preto e branco, Diane Arbus construiu suas obras com imagens de pessoas dadas como “incomuns” da sociedade.

    Diane Arbus nasceu em Nova York, em 1923, em uma família de classe alta judia, sendo a segunda de três filhos. Casou-se muito cedo, com o fotógrafo Allan Arbus, com quem aprendeu a gostar de fotografia e começou uma agência, que rendeu diversos trabalhos publicados em grandes revistas de moda e publicidade.

    Foto em preto e branco, retrata Diane Arbus, uma mulher magra de cabelo curto, segurando sua câmera, com o rosto virado levemente para sua direita
    Diane Arbus, Roz Kelly

    Porém, renunciava as imagens que tais revistas mostravam com uma visão de um mundo quase perfeito. Em 1959, deixa de ser assistente do marido, sai das revistas de moda e passa a fotografar imagens menos convencionais com sua câmera Rolleiflex.

    Movida por suas indagações, a fotógrafa cria sua marca ao registrar pessoas marginalizadas pela sociedade, como: travestis, homossexuais, prostitutas, pessoas com problemas psiquiátricos, com deformações físicas, etc. Sua preocupação nunca foi fazer fotos perfeitas, mas sim com o impacto que tais fotos iriam causar na sociedade. Chegou a fotografar para a “The New York Times Magazine” e outras revistas relevantes da década de 1960.

    Sua carreira decolou, mas em contrapartida, sua vida pessoal estava indo de mal a pior. Acabou se separando do marido e entrou em uma forte depressão.

    No final da década de 1960, Arbus havia construído uma carreira respeitada, passando a ensinar fotografia na Parsons School of Design, na cidade de Nova York, e na Rhode Island School of Design, em Providence, Rhode Island.

    Em 1971, aos 48 anos, Diane Arbus tirou a própria vida, devido a depressão que enfrentou em um grande período de sua existência. Suas fotografias até hoje são reverenciadas por fotógrafos de todo o mundo, virando um grande exemplo, que quebrou vários tabus.

    Confira alguns dos trabalhos da fotógrafa:

    Foto em preto e branco, retratando pessoas com deficiência vestidas de fantasias feitas a mão, com máscaras e varinhas, ao ar livre
    Untitle (49), 1970-71, Diane Arbus
    Foto em preto e branco, de um menino sério, usando terno com alguns broches, segurando uma bandeira dos Estados Unidos, e usando um chapéu feito de canudos
    Boy With a Straw Hat Waiting to March in a Pro-War Parade, 1967
    Foto em preto e branco, com três pessoas. Uma menina de maiô, outra rindo olhando para cima, e a outra de pé, com as mãos apoiadas no chão, olhando para trás
    Untitled (6), 1970-71, Diane Arbus
    Foto em preto e branco, retratando um homem, com rolos no cabelo,  segurando um cigarro na mão olhando para a frente
    A Young Man in Curlers at Homem on West 20th Street, 1966, Diane Arbus
    Foto em preto e branco, mostrando um homem anão, em um quarto sentado na cama, sem camisa, com uma toalha na cintura e um chapéu na cabeça. O homem também tem um bigode e apoia o cotovelo esquerdo na cabeceira da cama enquanto sorri olhando para a frente
    Mexican Dwarf in his Hotel Room, 1970, Diane Arbus
    Foto em preto e branco, retratando um menino com uma camiseta e um macacão, olhando para a frente com uma granada na mão em um parque
    Child with Toy Hand Grenade in Central Park, 1962, Diane Arbus
    Foto em preto e branco, dentro de uma casa, na sala, com um casal idoso, olhando para um homem gigante
    Jewish Giant at Home with his Parents in the Bronx, 1970, Diane Arbus
    Foto em preto e branco, mostrando duas meninas gêmeas, de vestidos iguais e uma tiara na cabeça. A da direita sorri, a da esquerda está com o rosto fechado
    Identical Twins, 1967, Diane Arbus
    Foto em preto e branco, retratando um homem nu, em um quarto, com seu órgão genital escondido entre as pernas
    A Naked Man Being a Woman, 1968, Diane Arbus
    Foto em preto e branco, com um homem olhando para a câmera, sem camisa, com o corpo todo tatuado
    Tattooed Man at a Carnival, 1970, Diane Arbus
    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

    Links, Referências e Créditos

    • https://blog.emania.com.br/mulheres-na-fotografia-diane-
    • arbus/https://fhox.com.br/blogs/excentrica-fotografia-de-diane-
    • arbus/https://www.sleek-mag.com/article/diane-arbus-best-photographs/

    Como citar essa postagem

    COSTA, Clara. Diane Arbus. Cultura Fotográfica. Publicado em: 12 de ago. de 2020. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/galeria-diane-arbus/. Acessado em: [informar data].