Mês: dezembro 2019

  • Visages, Villages

    Em Visages, Villages, a cineasta Agnés Varda e o fotógrafo JR se aventuram pela França em um caminhão adaptado com uma cabine fotográfica onde eles transformam e ressignificam locais, muitas das vezes já esquecidos. Durante a viagem são feitas algumas paradas em pequenos vilarejos e lugares diversos onde o acaso coloca a dupla em contato com diferentes pessoas. O documentário tem uma grande carga sentimental, que chega até a despertar uma vontade de sair e conhecer pessoas novas.
    Na foto Jr e Agnes Varda atravessam uma rua. Ele veste um tênis branco, uma calça jeans uma blusa de frio preta e também usa um óculos e chapéu como acessórios. Agnes está na sua frente e usa uma calça cor vinho, sapatos pretos e uma blusa preta com bolas vermelha. Seu cabelo é branco com as pontas ruivas. No fundo é possível observar a caçamba de um caminhão com um lambe de um olho.
    Foto divulgação – autor não identificado
    Casas, containers, bunkers, fábricas, trens e ruínas são alguns dos cenários em que os artistas fazem algum tipo de intervenção. Através do contato com esse “outro desconhecido’’, que geralmente mantém ligações sentimentais com os locais, são pensadas fotografias que viram lambes (posters que variam de tamanho e são colados em espaço público), assim, participam da ornamentação desses espaços. Quando questionados o motivo das fotografias os artistas respondem que a imaginação é o limite. 
    Em uma parte de uma praia está um bunker abandonado e nele tem um lambe de uma menino. Ele está sentado com as pernas espichadas e as mãos sobre os joelhos.  Ele usa uma calça e uma blusa listrada. Ao lado do bunker é possível ver uma pessoa de calça e blusa preta.
    Cena de Visages, Villages
    O filme é gravado durante 18 meses e é possível ver que a relação harmônica de Varda e JR  não acontece somente através dos gostos em comum, mas sim pela diferença de idade, que é o que realmente parece deixar a viagem  com o ar de cumplicidade e afeto. Através de visitas a personagens íntimos para os dois como a avó de JR,  ao amigo de Varda, Jean-Luc Godard, e ao túmulo de Henri Cartier-Bresson os dois destrincham mais ainda essa viagem de autoconhecimento.
    Além de ter sido indicado ao Oscar, o filme ganhou o prêmio de melhor documentário no festival de Cannes em 2017. Visages, Villages nos mostra o processo de criação de importantes artistas e a importância do contato com o outro para suas criações.
    Quer saber mais sobre o processo criativo de grandes fotógrafos? A gente tem uma #dicade documentário! 
  • Prêmios do fotojornalismo

    Prêmios do fotojornalismo

    Alguns fotógrafos produzem imagens carregadas de enorme valor estético, ético e político. Com a finalidade de reconhecer a excelência no exercício do fotojornalismo, existem várias premiações importantes que avaliam seus trabalhos.

    Muitas vezes, o papel do fotojornalista é resumido a apenas “informar através de imagens”. Basta que estejam presentes nos locais dos acontecimentos para contar uma história ou ilustrar uma matéria, pois o valor de suas fotografias está em registrar os acontecimentos. Porém, alguns profissionais vão além e produzem imagens carregadas de enorme valor estético, ético e político. Com a finalidade de reconhecer a excelência no exercício do fotojornalismo, existem várias premiações importantes que avaliam seus trabalhos. Listamos abaixo algumas delas.

    Pulitzer

    Um dos maiores prêmios do jornalismo, o aclamado Pulitzer, tem categorias que contemplam a fotografia. A primeira, foi criada em 1942, mas, em 1968, foi substituída por duas: Breaking News Photography e Feature Photography. A foto a seguir é de 1993 e mostra uma criança magérrima, no Sudão, sendo observada por um abutre. A imagem foi vendida ao The New York Times, rendeu muitas críticas e venceu o prêmio Pulitzer na categoria Feature Photography em 1994. No mesmo ano, Kevin Carter, autor da foto, cometeu suicídio.
    Um abutre observa uma criança magérrima, como se esperasse sua morte para servir de refeição
    Starving Child and Vulture | Kevin Carter

    World Press Photo

    Outra premiação importante é a do World Press Photo, considerada por alguns como a maior premiação de fotojornalismo mundial. Existe desde 1955 e premia as melhores fotografias do ano em diversas categorias. A foto abaixo é de Ronaldo Schemidt, vencedor do prêmio de melhor foto do ano em 2018. Nela, vemos um venezuelano em chamas em meio a um protesto contra o presidente Nicolás Maduro ocorrido em 2017.
    Uma fotografia avermelhada que mostra um protestante em chamas correndo
    Venezuela Crisis | Ronaldo Schemidt

    POY Latam

    O POY Latam foi criado em 2011 para celebrar a excelência na fotografia documental e artística iberoamericana. A diferença para outros concursos, segundo eles, é a transparência e a transmissão ao vivo. Na categoria “News” de 2019, o vencedor foi Guillermo Arias. Sua foto mostra emigrantes hondurenhos participando de uma caravana em direção aos Estados Unidos, enquanto deixam a cidade de Arriaga, no México, em outubro de 2018.
    Uma ponte no México repleta de emigrantes rumo aos EUA
    Caravana | Guillermo Arias

    Visa pour l’Image

    Guillermo Arias venceu, também em 2018, o “Visa Pour l’Image” pela mesma fotografia. A premiação francesa é dada anualmente e condecora os melhores trabalhos fotojornalísticos de todo o mundo. Guillermo venceu na categoria Visa d’or Paris Match News.

    Rei de Espanha

    O Rei de Espanha é oferecido pela agência EFE e pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional. O prêmio é um dos principais do jornalismo, em nível ibero-americano, e é entregue todos os anos pelo Rei da Espanha. Em 2016, A brasileira Márcia Foletto, repórter-fotográfica do “O Globo”, levou o prêmio na categoria “Fotografia”. Seu registro fez parte de uma série do jornal chamada de “Os Miseráveis” (2015) e retrata duas crianças do Rio estudando em meio à pobreza.
    Duas crianças, moradoras do bairro Belford Roxo, no Rio de Janeiro, estudam num quarto bagunçado, em meio à pobreza
    Os miseráveis | Márcia Foletto
  • Chico

    Francisco José Silva Neto é um jovem fotógrafo, mas, com uma vasta experiência de vida. Hoje, ele viaja pelo mundo levando sua arte através da fotografia. Se você gosta de conhecer novos fotógrafos, não pode perder a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre ele.

    Francisco José Silva Neto nasceu no ano de 1995 em Maceió-AL, onde que viveu com sua família até meados de 2015. Foi neste ano que decidiu ir para SP atrás do seu grande amor, a Sthefany sua atual companheira. No meio do caos da mudança, sem querer, acabou descobrindo uma nova paixão: a fotografia. 
    Uma mulher branca com um vestido longo vermelho e um chapéu preto. no fundo uma paisagem com grama verde.
    Francisco Neto
    Chico, como é conhecido por todos, tem uma fotografia leve e encantadora, mas usa e abusa das cores e da criatividade. No seu portfólio fotográfico tem diversas experimentações de ângulos, efeitos e estilos. Ele passou por alguns lugares no Brasil, mas foi em Buenos Aires, capital da Argentina, que decidiu ficar. Ele deixa claro sua admiração e amor pela fotografia, que, para ele, é uma forma de poética de congelar o tempo e de mostrar o mundo através do seu olhar. Atualmente, ele concentra seu trabalho em portrait (retratos), passando pela moda e o turismo.
    Francisco usa as redes para divulgar seu trabalho, mais exatamente o instagram, lugar onde alcançou reconhecimento por registrar momentos únicos e mágicos. Quando navegamos pelo seu feed, podemos imergir dentro as fotos, sentindo um pouco do gostinho daquele momento. Chico também gosta de escrever e relata, sempre que possível, o que se passou naquele espaço de tempo. Isso, faz com que parte da experiência seja passada ao seus seguidores.

    Redes do Chico:

    Chicografia
    Chicografandobsas



    Siga também o nosso instagram: D-76_cultfoto

  • Light Painting

    O light painting é uma técnica que utiliza a luz para pintar e criar formas em diversos ambientes. Para conhecer um pouco mais e descobrir como se faz esse procedimento, basta ler esse post.


    Quando vemos uma foto com a técnica do light painting (pintura com a luz) surge varias duvidas a respeito de como é feito. Parece algo de outro mundo, porém, com algumas dicas, você também consegue.

    Foto do Hannu Huhtamo em um fundo azul escuro praticando a técnica do light painting com luzes brancas em formatos retangulares e retos
    Hannu Huhtamo

    Pintando com a luz

    Para realizar essa proeza com a fotografia precisamos focar no ISO, abertura e na velocidade . É importante lembrar-se de deixar seu aparelho já programado para fazer a foto em um lugar fixo, seja um tripé ou algo que lhe dê estabilidade. E claro, seu ponto de luz, esse fica a seu critério, pode ser lanterna, vela, diferentes estilos de fonte de luz.

    É possível realizar essa arte tanto com as câmeras profissionais, quanto com seu aparelho celular. Hoje temos infinidades de opções de configurações no modo manual dos smartphones. Para que tenhamos a luminância correta é imprescindível nos lembrarmos de três importantes parâmetros: ISO, abertura do diafragma e a velocidade do obturador. A fim de realizar o light painting é necessário ajustar a exposição para 4 pontos abaixo do necessário para captar a quantidade de luz normalmente adequada. Dessa forma, a imagem ficará totalmente escura. Mas, ao realizar esse ajuste na exposição é fundamental que ocorra uma longa duração, já que para produzir os desenhos requer um certo tempo.

    Hannu Huhtamo hoje mostra para o mundo suas obras de artes feitas com a luz. O finlandês aproveita as noites amenas do seu país para realizar suas façanhas. O fotógrafo gosta de chamar a escuridão de sua tela e a luz de seu pincel, dessa forma transforma as noites longas de verão em projeções surreais. Ele usa diversas variações de fontes luminosas, tais como: lanternas com variações de luz e cores, bastões com luminescência diversa e muitos outros instrumentos que sua criatividade permite imaginar.

    Imagem de uma das fotografias do Hannu Huhtamo em tons azuis, com formatos quadrados e triangulares
    Hannu Huhtamo – Waiting to be found

    Nessa foto é possível observar as diferentes nuances de luz, logo se entende que Hannu optou por mesclar ferramentas de luminosas. Vemos também como ele utilizou das técnicas descritas acima. Usou um local escuro e focou em seus pontos de luz para criar esse efeito, pintando tanto a escultura quanto o ambiente com a luz.


    Agora é sua vez de mostrar levar luz para todos os cantos. Tire suas fotos e aproveite de elementos como as luzes ao seu redor, como faróis, lanternas ou isqueiros. Nos marque através da hashtag (#Fotografetododia) ou do nosso instagram: D76_cultfoto.


    Referências:
    https://lightroombrasil.com.br/dicas-para-tecnica-de-pintura-com-luz-light-painting/
    https://www.hierophant.com.br/arcano/posts/view/Strength/4323
    https://www.flickr.com/photos/hhuhtamo/
    http://www.hannuhuhtamo.com/

  • Eduardo Trópia

    Filho de Milton Trópia, reconhecido retratista ouro-pretano, Eduardo Trópia possui a fotografia em seu sangue. Autor de diversas fotografias de Ouro Preto, o fotógrafo mineiro encanta e indaga a todos com a sua visão sobre a cidade.

    Filho de Milton Trópia, reconhecido retratista ouro-pretano, Eduardo Trópia possui a fotografia em seu sangue. Autor de diversas fotografias de Ouro Preto, o fotógrafo mineiro encanta e indaga a todos com a sua visão sobre a cidade.

    Nascido em 1956, Eduardo é filho do retratista Milton Trópia e da farmacêutica Maria José Trópia. Possui mais de 45 anos de experiência com fotografia. Começou a fotografar profissionalmente no início da década de 1980, em Ouro Preto. Mudou-se para Belo Horizonte no final da década de 1980, e a partir dessa data passou a trabalhar demasiadamente para agências de publicidade da capital mineira e de todo Brasil. Além disso, Eduardo Trópia foi repórter fotográfico da revista IstoÉ e do Jornal o Tempo. Seus trabalhos como freelancer foram publicados em diversas revistas como Los Angeles Time Magazine, National Geographic e Casa Cláudia.

    Assim como Alexandre Martins, fotógrafo que pode ser conhecido aqui, Eduardo Trópia também é participante do Coletivo Olho de Vidro na cidade de Ouro Preto. Nos dias atuais, trabalha também usando o artifício de sobreposições e outros recursos de montagem de imagens, muitas vezes fazendo releitura de antigos arquivos guardados pelo fotógrafo. Além de produzir outras séries de fotografia sempre tentando mostrar a cidade por outros ângulos e perspectivas, Eduardo mantém uma galeria de arte permanente e dá oficinas anuais de fotografias na cidade de Ouro Preto. 

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

    Filho de Milton Trópia, reconhecido retratista ouro-pretano, Eduardo Trópia possui a fotografia em seu sangue. Autor de diversas fotografias de Ouro Preto, o fotógrafo mineiro encanta e indaga a todos com a sua visão sobre a cidade.
    Filho de Milton Trópia, reconhecido retratista ouro-pretano, Eduardo Trópia possui a fotografia em seu sangue. Autor de diversas fotografias de Ouro Preto, o fotógrafo mineiro encanta e indaga a todos com a sua visão sobre a cidade.
  • Lightroom


    Lançado em 2013, o aplicativo Lightroom faz sucesso entre os amantes da fotografia. Sua versão para dispositivos móveis é gratuita, porém não apresenta alguns dos recursos disponíveis na versão para computadores.

    Imagem da logo do aplicativo da Lightroom. Possui uma letra L e uma letra R em um tom de azul claro, em um fundo com o tom azul escuro.

    Contudo, mesmo na opção de aplicativo ele não deixa a desejar. Ainda que em um primeiro contato possa haver algum tipo de estranhamento e dificuldade para manusear o editor. Porém, com um pouco de prática e paciência, é possível desenvolver aptidão com esse software de edição imagens.

    O Lightroom nos oferece infinitas opções e combinações para modificarmos nossas imagens. Podemos de maneira muito simples fazer recortes nas fotos e girar a imagem da forma que acharmos ideal, fazendo assim, a foto ficar na posição que desejamos. Temos também a opção de filtros pré-definidos com diversas variações de tom. 
    A Luz é um fator fundamental na fotografia, pensando nisso, a Adobe criou uma opção exclusiva para iluminação, assim, podemos clarear, escurecer e realçar as luzes e as sombras das fotos. São muitas opções oferecidas, e dentre elas, temos a possibilidade de modificar as cores de forma individual, ou a composição total da imagem, isso usando três mecanismos disponíveis no aplicativo: a saturação, o tom e a luminosidade. Usufruindo desses recursos, conseguimos nossa foto ideal. 
    Abaixo segue algumas ferramentas mais usuais que encontramos no Lightroom: 
    A esquerda uma fotografia de uma flor com tons de rosa na ferramenta de cortar e girar. A direita uma fotografia de uma flor com tons de rosa modificada na ferramenta de cortar e girar.
    A esquerda uma fotografia de uma flor com tons de rosa na ferramenta de perfis. A direita uma filtros prontos.
    A esquerda uma fotografia de uma flor com tons de rosa na ferramenta de Luz. A direita uma fotografia de uma flor com tons de rosa  na ferramenta modificada com os efeitos de exposição, contraste, realce e sombra.
    A esquerda uma foto na opção de modificação de cor. Ferramenta mistura de cores selecionada.A direita uma fotografia de uma flor com tons de rosa totalmente modificada, agora com tons mais puxados para o amarelo.
    Demonstração das fotos antes e depois da edição
    Gif



    O Lightroom é bem completo. Nele, conseguimos desenvolver diversas modificações na foto sem precisar de experiência com editor de imagens. Sua interface é bastante intuitiva para funções básicas, rapidamente localizamos e executamos o que queremos. Porém, algumas ferramentas mais complexas impõe dificuldades ao usuário mais leigo e seu uso acaba ficando restrito a fotógrafos mais avançados. 
    Lançado em 2013, o aplicativo Lightroom faz sucesso entre os amantes da fotografia. Sua versão para dispositivos móveis é gratuita, porém não apresenta alguns dos recursos disponíveis na versão para computadores.
  • Breve História da Fotografia

    Breve História da Fotografia

    Quer saber mais sobre a história da fotografia e conhecer trabalhos de fotógrafos incríveis? Então dá uma olhada neste #dicade livro!

    Há muito por trás do simples gesto de apertar um botão em uma máquina fotográfica. Para além da técnica e suas múltiplas possibilidades criativas, existe uma vasta trajetória desde os primeiros experimentos com câmaras escuras até a aparente instantaneidade das imagens que produzimos hoje. Conhecer essa história pode ser revelador, não apenas por seu valor de conhecimento pessoal, mas também – e principalmente – como meio de compreender como a fotografia caminhou em direção ao que é hoje e como forma de obter-se referências fotográficas relevantes e inspiradoras. Por isso, o livro “Breve História da Fotografia”, de Ian Haydn Smith é uma boa opção de leitura tanto para curiosos quanto para grandes amantes da prática fotográfica.

    Na foto, dois rapazes são vistos de perfil olhando para o horizonte ensolarado em cima de um trampolim de mergulho. Seus rostos não são visíveis e o fundo falso aparece desfocado.
    A capa do livro Breve História da Fotografia. Editora GG, 2017. Foto: Mergulhadores. George Hoyningen-Huene: Cópia em Prata.

    O livro foi publicado no Brasil em 2018 pela editora Gustavo Gili (GG), especializada em livros de arte, fotografia e design. Dividido em quatro partes (Gêneros, As Obras, Temas e Técnicas) apresenta textos curtos e imagens de referência para cada um deles, sendo esta a sua maior qualidade: falar sobre fotografia utilizando de fato uma grande quantidade de imagens. Ainda assim, em alguns momentos, o formato reduzido pode deixar a experiência de olhar para estas fotos a desejar. É na seção As Obras que as imagens ganham mais destaque, sendo 50 fotografias de diversos fotógrafos em diferentes contextos, desde aquela que é considerada a primeira imagem fotográfica, produzida por Nicéphore Niépce (1765-1833), um dos diversos inventores da fotografia que fazia experiências com a câmara escura, a nomes mais conhecidos e presentes na cultura pop como Alberto Korda, que produziu o icônico retrato de Che Guevara e Nick Ut, que fotografou a menina Phan Thi Kim Phúc correndo desesperadamente por uma estrada ao lado de outras crianças e soldados enquanto o seu corpo era consumido pelas chamas invisíveis do Napalm, uma das imagens mais marcantes da guerra no Vietnã. É possível notar que diversos fotógrafos se enquadram em mais de uma categoria, estando presentes em mais de uma seção do livro. São notáveis também possíveis associações entre temas e gêneros. 

    A fotografia mostra Che Guevara, guerrilheiro argentino e revolucionário marxista, em ângulo contra-plongée (de baixo para cima), pose rígida, expressão facial séria e olhar fixo à sua direita. Seus cabelos compridos e bagunçados escapam por baixo de sua boina, uma de suas marcas registradas.
    Che Guevara. Alberto Korda: Cópia em Prata.
    A imagem mostra crianças correndo desesperadas por uma estrada. Ao lado e atrás, soldados as acompanham. Phan Thi KIm Phúc aparece no meio da estrada, nua, com a boca e os braços abertos. Embora não seja visível, estava queimando viva após ser atingida por Napalm.
    Phan Thi Kim Phúc. Nick Ut: Cópia em Prata.

    Temas e Técnicas retoma o formato de Gêneros, com as imagens presentes, porém recolhidas aos cantos das páginas. Tal seção pode ser interessante para conhecer os diferentes meios e materiais usados para se obter imagens fotográficas, embora seja, de todas, a que provavelmente menos chamará atenção para uma possível produção atual, uma vez que a tecnologia nos permite fazer registros com aparelhos bem mais fáceis de transportar, como nossos próprios celulares, sem grandes riscos de acidentes ao usar materiais como, por exemplo, o colódio de alumínio que é altamente inflamável.

    Boa parte do livro apresenta textos e imagens que dão ênfase à palavra “história” do título. Entre o documental, o jornalístico e a captura das mais ordinárias das cenas cotidianas, várias das imagens possuem muito mais valor devido à seu momento de produção e seu contexto que por suas qualidades estéticas (e destaco a palavra estética e não técnica, afinal, todas foram produzidas por pessoas que sabiam – mais o menos – o que estavam fazendo). Esta trata-se de uma perspectiva subjetiva; pessoal. Não identifiquei em todas as imagens o poder de serem capazes de mover algo no interior de cada cujo o olhar demora sobre elas. Particularmente, nunca vi qualquer graça no retrato de Che Guevara, por exemplo. Pouco me importa suas características iconográficas. De Korda, prefiro El Quijote de La Farola, sua imagem surreal e quase cômica (a meu ver) de um senhor de idade tranquilamente repousando sobre um poste de luz em meio a uma multidão que comemorava o aniversário da revolução cubana.

    Foram imagens menos óbvias – tanto antigas quanto contemporâneas – que verdadeiramente me chamaram a atenção, e aqui, em disparidade com o que é o objetivo do livro, pois as motivações do meu interesse foram mais estéticas que históricas. Seria uma falha da leitura que cometi? Não sei dizer ao certo. Apenas digo que uma foto feita por Edward Weston de um pimentão estranhamente humana me pareceu bem mais interessante que, sei lá, as fotos que William Anders tirou da Terra enquanto estava flutuando pela Lua. Mesmo com tais ressalvas, trata-se de uma leitura válida e bastante informativa, sobretudo na seção As Obras, com suas doses de imersão em obras específicas de cada fotógrafo.

    A imagem em preto e branco mostra um pimentão maduro com sinais de apodrecimento dentro de um funil, que dá a curvatura com textura áspera na parte inferior e o fundo escuro na imagem. A imagem possui um nível de abstração que permite que se assemelhe a uma figura humana retorcida.
    Pimentão n° 30. Edward Weston: Cópia em prata coloidal. 24×19,1 cm. Museu de Belas-Artes, Houston, Texas, Estados Unidos.
    A fotografia foi tirada da Lua, cuja superfície branca e estéril é visível na parte inferior da imagem. À frente e à distância, a superfície azul da Terra é visível, parte iluminada pela luz solar, parte escondida pela escuridão total ao redor.
    Nascer da Terra. William Anders: Ektachrome Colorido. Nasa, Estados Unidos.

    E aí? Gostou da dica? Você pode adquirir o livro no site oficial da editora GG: https://ggili.com.br/breve-historia-da-fotografia-livro.html

     

    Links, Referências e Créditos

    SMITH, Ian Hayden. Breve história da fotografia: um guia de bolso dos principais gêneros, obras, temas e técnicas. São Paulo: Gustavo Gili, 2018.

  • Plongée, contre-plongée e ângulo normal

    Plongée, contre-plongée e ângulo normal

    Conheça algumas da técnicas utilizadas pelos fotógrafos e cineastas para auxiliar a construção de seus discursos.Já parou para pensar que quando tiramos uma simples imagem de uma paisagem temos uma intenção com ela, mesmo que seja para mostrar para os amigos?  Às vezes, para deixar mais explícita a intenção são pensadas diversas técnicas que são utilizadas pelos fotógrafos, fotojornalistas e cineastas na construção de seus discursos. A escolha do ângulo de visão, nesse caso, tem grande influência nas percepções de quem observa alguma cena ou imagem. Torna-se então, fundamental abordar três fundamentais pontos de vistas: de cima para baixo (plongée), de baixo para cima (contra-plongée) e na altura dos olhos (ângulo normal).
    A palavra ‘’plongée’’ vem do francês e significa mergulho. Ela facilita o entendimento das técnicas de plongée e contra-plongée. O plongée, técnica conhecida também como câmera alta, acontece quando a câmera está posicionada acima do objeto ou personagem principal, fazendo com que o espectador olhe de cima para baixo. Geralmente esse plano é utilizado para diminuir o objeto em foco, criando uma imagem de submissão e inferioridade. Na imagem a seguir de Henri Cartier-Bresson, é possível ver como esse ângulo auxiliou no construção da narrativa que o fotógrafo pretendia ao tentar retratar o contexto de duas personagens que possuem uma profissão marginalizada.
    Duas mulheres estão em uma aparente cabine de madeira que contém duas janelas. A mulher da esquerda está escorada com os dois braços na janela e a parte de cima do corpo está quase todo para fora. Ela está com os olhos quase todo fechado e um semblante simpático. A mulher da direita está aparentemente sentada dentro da cabine e com o braço esquerdo escorado na janela. Ela olha para câmera e usa um colar. Seu semblante também é simpático, porém, sugestivo. A câmera está acima delas.
    Henri Cartier-Bresson. Prostitutas de Cuauhtemoctzin. 1934
    Já o contra-plongée é o contra-mergulho, conhecido também como câmera baixa. Esse faz a atividade contrária do último. A câmera é posicionada de baixo para cima em relação ao objeto e o personagem principal. Esse plano muita das vezes é usado para trazer ao espectador uma sensação de grandiosidade e superioridade. A arte abaixo feita por Shepard Fairey para a campanha de Barack Obama em 2008 trabalha muito bem este ângulo. O artista cria toda sua narrativa ao retratar o candidato olhando para um horizonte e semblante sério, além de também contar com o auxílio das cores e da palavra ‘’hope’’ (esperança) na imagem.
    Em tons de azul e vermelho está a imagem de Barack Obama. Ele está sendo visto de um ângulo debaixo para cima. Ele olha para um horizonte e embaixo dele está escrito a palavra em inglês HOPE.
    Shepard Fairey. Barack Obama. 2008
    O ângulo normal, geralmente em plano horizontal, explora o objeto na altura da câmera, se for personagem na altura dos olhos. Esse, muitas das vezes, nos trazem conforto por ser um ângulo que estamos mais acostumados diariamente. Na foto abaixo de Walker Evans podemos ver como é trabalhado esse ângulo e como ele contribuiu para despertar uma certa intimidade entre a moça fotografada e quem analisa a imagem.
    Em um ângulo normal, uma mulher olha para a câmera. Seu semblante  é bem sugestivo pois ela está mordendo sua boca e tem algumas rugas na cara. Ela está escorada em uma aparente parede de madeira e usa uma blusa com pequenas bolinhas.
    Walker Evans. Alabama Tenant Farmer Wife. 1936.
    Assim como propagandas publicitárias, discursos políticos, matérias jornalísticas a fotografia não é objetiva e tampouco neutra. A escolha do enquadramento, do plano, de edições, entre outras escolhas feitas quando se fotografa, passam por uma série de decisões feitas pelo fotógrafo. Com isso, é sempre válido questionar-se quanto aos usos dessas técnicas para, além de exercitar, procurar as intenções que estão além do que é mostrado nas imagens.

    Referências:

  • Peter Lik

    Até a presente data, Peter Lik é o autor da fotografia mais cara da história. Sua obra Phantom foi vendida por US$6,5 milhões e remete a uma imagem fantasmagórica, tirada no Antelope Canyon, EUA.


    Até a presente data, Peter Lik é o autor da fotografia mais cara da história. Sua obra Phantom foi vendida por US$6,5 milhões e remete a uma imagem fantasmagórica, tirada no Antelope Canyon, EUA.

    O australiano, natural de Melbourne, é especialista em fotografia de paisagens. Tornou-se sinônimo de imagens de cachoeiras, picos de montanhas e desfiladeiros. Uma de suas marcas registradas é o formato “panorama”. Em solo norte-americano, criou um projeto chamado Spirit of America (Espírito da América) no qual saiu para capturar imagens de todos os 50 estados do país. Além disso, já teve obras em exibição no Museu Nacional de História Natural de Washington DC e até estreou uma série da NBC chamada From the Edge. 
    Contando com Phantom, Lik tem quatro fotos entre as 20 mais caras já vendidas. Suas obras já arrecadaram mais de US$700 milhões e são colecionados pela realeza, presidentes e celebridades.

    Referências