Mês: setembro 2016

  • Posição da iluminação

    Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa

    Assim como a luz, a sombra é um elemento fundamental da fotografia. A maneira como ela cai sobre o objeto fotografado pode revelar seu contorno, sua forma, sua textura e seu volume, além de acrescentar profundidade a imagem. A posição da fonte de iluminação em relação ao objeto determina quais de suas partes serão iluminadas ou sombreadas.

    A fonte de luz pode estar posicionada a frente do objeto, atrás dele ou ao seu lado. Essas são as três posições principais de iluminação, cada uma delas cobre uma gama variada de ângulos em relação ao objeto e suas fronteiras não são precisas. Além disso, existe outra posição bastante comum que é acima do objeto e duas posições intermediárias, entre a frontal e a lateral e entre a lateral e a traseira.
    Frontal
    A fonte de iluminação está posicionada a frente do objeto. As sombras são projetadas atrás dele, onde a câmera não alcança. Por isso, há pouca informação sobre sua forma, volume e textura.

    Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa
    Lateral
    A fonte de iluminação está posicionada ao lado do objeto. Produz áreas iluminadas e sombreadas que destacam a forma, o volume e a textura do objeto e acrescenta profundidade a imagem.

    Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa
    Contraluz
    A fonte de iluminação está posicionada ao lado do objeto. As sombras são projetadas a frente do objeto, apagando a informação sobre sua forma, volume e textura. Por outro lado, o contorno geral do objeto é realçado.

    Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa
    Pino
    A fonte de iluminação está posicionada acima do objeto. Produz sombras que são projetadas abaixo do objeto. Por isso, há pouca informação sobre sua forma, volume e textura.

    Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa
    Quarenta e cinco graus (45º)
    Posição intermediária entre a frontal e a lateral. Projeta sombras suficientes para revelar a forma, o volume e a textura do objeto. Porém, menores que as projetadas pela posição lateral. Preservando detalhes do objeto que poderiam ficar escondidos nas áreas menos iluminadas.

    Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa
    Contorno
    Posição intermediária entre a lateral e a contraluz. Circunda e dá brilho às bordas do objeto. Contudo, projeta sombras maiores que as da posição lateral.

    Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa
    No ensaio Sol no céu de nossa casa, que ilustra essa postagem, os fotógrafos Marco Mendes e Márcio Rodrigues exploram a iluminação colocada em diferentes posições. Embora o trabalho tenha sido encomendado por uma grande empreiteira e tinha como propósito a documentação de famílias beneficiadas pelo projeto Luz para Todos, programa realizado pelo Ministério do planejamento que tem o objetivo de promover o acesso de populações isoladas a energia elétrica, a dupla de profissionais recebeu grande liberdade de criação e pode explorar diversos tipos de iluminação.

    #fotografetododia

    Explore as diferentes posições em que uma fonte de iluminação pode estar posicionada. Perceba como as áreas iluminadas e sombreadas variam em cada uma delas.
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  • Luz dura e luz suave

    Julio Bittencourt - Ramos
    Julio BittencourtRamos

    A luz é a substância com a qual trabalhamos. Por isso, é importante conhecer a maneira como ela se comporta. A luz se move em linha reta pelo espaço. Disso decorre que quando seus raios são obstruídos por um objeto opaco, uma área de sombra é criada imediatamente atrás dele. Se os raios de luz estão paralelos um em relação aos outros, a sombra tem contornos bem definidos; se estão transversais, a sombra é pouco delimitada.

    Chamamos de contraste a característica da luz que é definida pela relação de direção que os raios de luz emitidos por uma fonte mantém um em relação aos outros. Se os raios são paralelos, a luz apresenta alto contraste; se são transversais, a luz apresenta baixo contraste.
    No entanto, os raios de luz não são percebidos pela visão humana. Por isso, a maneira mais fácil de identificar o contraste de uma fonte luz é observando as sombras que ela produz. Quando a borda da sombra é bem marcada, dizemos que se trata de uma sombra dura e, por extensão, de uma luz dura; quando os limites da sombra não são precisos, trata-se de uma sombra e de uma luz suave. O contraste não é um valor absoluto, entre uma luz dura e outra suave existem diversas gradações.
    Durante quatro verões, o fotógrafo paulistano Julio Bittencourt fotografou os banhistas do Piscinão de Ramos. As fotografias da série Ramos revela como os frequentadores desse balneário, localizado no subúrbio do Rio de Janeiro, aproveitam esse espaço que ao mesmo tempo é de lazer e de segregação.
    As fotografias que compõem o ensaio foram produzidas em dias de pouco nebulosidade. Sem nuvens para difundi-los em diferentes direções, os raios de luz solar incidem diretamente sobre os corpos dos banhistas projetando sombras duras atrás deles. Nessa fotografia, vemos como a sombra da jovem que descolore os pelos do corpo aparece bem definida.
    Explore as variações de contrastes da luz. Observe as características das sombras projetadas por diferentes fontes de luz.

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  • Enquadramento

    Enquadramento

    Limitless – #brokenindia
    A todo momento estamos ajustando nosso campo de visão em função dos interesses que temos em relação a cena que estamos observando. Quando fotografamos, também. Na fotografia (e em outras artes), damos o nome de enquadramento a esse gesto de delimitar o campo visual que será captado
    O enquadramento é responsável pela constituição do espaço da representação. Ele também indica a relação estabelecida pela fotografia entre o espectador e o espaço representado. Com base nessa relação, descrevemos suas principais características: as dimensões do espaço representado a posição do observador e a profundidade.
    Excluindo o mundo ao redor, o enquadramento atrai o olhar do leitor para o que está em seu interior. Dessa maneira, ele opera um corte e uma focalização. Um corte porque ele separa o que será registrado na fotografia, daquilo que não será. Uma focalização porque ele intensifica as relações entre os elementos que compõem a cena que será captada pela câmera.
    A Índia é um país de contrastes, onde beleza e miséria podem estar lado a lado. Para criticar as imagens que destacam pequenos fragmentos de harmonia do caótico cotidiano indiano, a agência de conteúdo Limitless elaborou a campanha #brokenindia. Por meio da utilização de um enquadramento interior, a agência revela que a realidade apresentada em uma fotografia pode ser bem diferente daquela em que ela foi tomada.
    Limitless – #brokenindia
    Se, por um lado, o segundo enquadramento constrói uma cena agradável, como tantas outras que vemos espalhadas pelas redes sociais, por outro, o primeiro revela o que ele oculta. O quadro interior, cuja moldura é semelhante a um perfil do Instagram, exclui toda miséria que constitui o contexto da tomada e reforça as relações entre os elementos internos do quadro. No entanto, quando expandimos nosso olhar para além desses limites, vemos que a garota que sorri para nós está brincando (ou trabalhando) em meio a um monte de lixo.
  • Cor da luz

    Daniel Protzner - Limites
    Daniel Protzner – Limites

    Fotografar é fabricar imagens por meio da manipulação da luz. Por isso, é fundamental que o fotógrafo conheças as características da matéria com a qual irá trabalhar: o contraste, a cor, a intensidade e a direção. O controle adequado de cada um desses parâmetros ajuda o fotógrafo a construir o visual que deseja.

    A luz visível é um tipo de radiação eletromagnética, cujo comprimento de onda se encontra num intervalo sensível a visão humana. Esse intervalo é formado pelas cores do arco-íris: violeta, anil, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho. A luz branca é composta pela mistura equilibrada de todas as cores que compõem o espectro visível e é percebida como incolor. Mesmo que uma pequena variação na proporção entre as cores promova uma dominante cromática, a luz continua a ser percebida como incolor e, portanto, branca. Pois, o cérebro humano tende a perceber os objetos conhecidos como eles são. No entanto, a câmera fotográfica não é capaz de realizar a mesma operação. Para compensar a dominante cromática de uma luz branca é necessário ajustar o balanço de brancos da câmera.
    A cor da luz solar varia ao longo do dia em razão da variação na maneira como suas componentes cromáticas são filtradas pela atmosfera. Assim, na alvorada e no crepúsculo ela apresenta uma cor mais azulada, no amanhecer e no entardecer, uma cor mais alaranjada e no restante do dia ela permanece branca.
    No ensaio Limites, o fotógrafo Daniel Protzner, explora visualmente as fronteiras do município de Belo Horizonte. As fotografias foram tomadas no limiar entre a aurora e o amanhecer e entre o entardecer e o crepúsculo e exploram a riqueza de cores proporcionada pelas luzes destes períodos do dia.

    Daniel Protzner - Limites
    Daniel Protzner – Limites
    Nesta fotografia, Protzner combina a gama variada de cores proporcionada pelo crepúsculo com o laranja da iluminação pública. Como o sol já está posto, a luz solar não incide diretamente sobre os objetos fotografados, permitindo combiná-la facilmente com a iluminação noturna da cidade.

    #fotografetododia

    Explore a variação de cor da luz solar ao longo do dia. Ilumine a cena com fontes de luz de cores variadas. Perceba como os objetos se comportam quando iluminados por luzes de cores diferentes.

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  • Proporção

    Tiago Santana - Céu de Luiz
    Tiago Santana – Céu de Luiz

    A proporção entre a largura e a altura de uma imagem frequentemente é determinada pelo formato da câmera utilizada em sua produção, sobretudo quando se fotografa com analógico. No entanto, esse é um parâmetro sobre o qual o fotógrafo não deveria abrir mão de seu controle. Pois, tal como a orientação, a proporção de uma imagem interfere na maneira como ela será lida.

    Na fotografia, o termo proporção se refere a relação quantitativa entre a largura e a altura da imagem. Entretanto, não podemos esquecer que essa relação influência as relações que os demais elementos da composição estabelecem um com os outros. Proporções mais estreitas tendem a exercer mais influencia sobre os elementos da composição. Pois, nestas proporções, a presença de uma direção dominante é mais acentuada. No entanto, mesmo em proporções mais largas, é preciso que haja uma distinção entre largura e altura para que o leitor perceba que se trata de uma composição vertical ou horizontal. O formato quadrado não apresenta uma direção dominante. Por isso, ele tende a impor um rigor formal sobre a composição e a ser percebido como equilibrado e estático.
    Se a orientação do quadro indica o sentido de leitura da imagem, a proporção sugere a intensidade em que ela flui nessa direção. O formato quadrado sugere que os elementos horizontais são tão importantes quanto o verticais. Ao passo que o formato retangular sugere que uma direção é mais importante que a outra. Enquanto a horizontal cria uma sensação de amplitude, a vertical cria uma de altitude. A orientação do quadro ajuda a promover essa sensação, mas o quão amplo ou o quão alto é o espaço representado depende da proporção.
    Tiago Santana - Céu de Luiz
    Tiago Santana – Céu de Luiz
    O fotógrafo Tiago Santana utilizou uma câmera panorâmica, cuja proporção é 3:1, para produzir as fotografias que integram o livro Céu de Luiz. A escolha do formato pouco usual foi bastante adequada para a série de imagens. Nelas, a amplitude dos espaços representados se contrapõe aos cortes intempestivos e secos que incidem sobre os corpos. É por meio dessa tensão, entre o espaço e o homem, que Santana alcança e nos revela o tema de sua obra: a vida sertaneja.
    Tiago Santana - Céu de Luiz
    Tiago Santana – Céu de Luiz
    O livro, porém, não é composto somente por imagens panorâmicas, mas também por algumas fotografias um pouco menos estreitas, cuja proporção é 2:1, e outras quadradas, 1:1. O fotógrafo certamente se orientou pelo formato do quadro que observava pelo visor e que era determinado pela câmera para elaborar a composição das imagens que produziu. Entretanto, isso não lhe impediu de depois, no laboratório, propor novas composições a imagem que ele havia capturado.

    #fotografetododia

    Fotografe a mesma cena utilizando diferentes proporções. Tente adaptar a mensagem que deseja transmitir à proporção escolhida.

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  • Leia isto se quer tirar fotos incríveis

    Editora Gustavo Gili
    O livro Leia isto se quer tirar fotos incríveis oferece ao leitor exatamente aquilo que ele propõe: acompanhar o usuário leigo de aparelhos fotográficos em seu primeiro contato com o universo da fotografia amadora. Com base na observação do trabalho de fotógrafos de renome, seu autor, Henry Carroll, apresenta as ferramentas conceituais e técnicas que eles mobilizam na produção de suas fotografias e incentiva o leitor a praticá-las.

    O projeto gráfico simples permite ao leitor acessar com facilidade os conteúdos do livro. O livro é organizado em 5 grandes unidades: Composição, Exposição, Luz, Objetivas e Ver. Cada uma delas é composta por uma introdução geral, seguida por subseções que tratam dos assuntos individualmente. A maioria dos temas é abordado em duas páginas: uma de texto e outra de imagem. Carroll utiliza uma linguagem acessível para explicar os conceitos abordados e, embora não se aprofunde neles, os explica o suficiente para que o leitor iniciante possa compreendê-los com facilidade.  
    Henry Carroll – Editora Gustavo Gili
    As fotografias que ilustram cada um dos temas tratados não foram escolhidas apenas para tornar a publicação mais atraente. Cada umas delas integra a argumentação do assunto que acompanha. Após explicá-lo, Carroll comenta como o fotógrafo se apropria do conceito em questão para construir a imagem. A maioria das fotografias são de autores que marcaram a história desta arte, o que faz do livro um excelente ponto de partida para quem deseja começar a construir seu repertório fotográfico.
    Carroll aborda de maneira suave, e às vezes superficial, assuntos que muitas vezes exigem ser tratados de modo mais duro e profundo. No entanto, ele aborda com correção as questões conceituais e técnicas que ele se propõe enfrentar. Por isso, o livro Leia isto se quer tirar fotos incríveis é uma publicação que sempre recomendo para pessoas que desejam ter um primeiro contato com a fotografia.
    FICHA TÉCNICA
    Título: Leia isto se quer tirar fotos incríveis
    Autor: Henry Carroll
    Editora: Gustavo Gili

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