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Um clique que eternizou o ódio

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Através das lentes de Alfred Eisenstaedt, somos impactados pelo ódio que sustentou o período mais sombrio do século XX.

A ideologia nazista serviu de base para o governo totalitário de Adolf Hitler que iniciou um dos conflitos mais importantes de toda a História: a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Entretanto, muito antes da guerra começar, com a invasão dos alemães à Polônia, o ódio contra as minorias que fugiam do padrão ariano “ideal” de Hitler já reverberavam fortemente entre os membros de seu governo. O registro de Joseph Goebbles, feito pelo fotógrafo Alfred Eisenstaedt para a revista LIFE em 1933, é a prova que temos dessa ojeriza propagada pelo regime nazista. Já que a foto foi tirada no exato momento em que o ministro da propaganda de Hitler descobre que estava sendo fotografado por um judeu.
Foto em preto e branco do nazista Joseph Goebbles sentado numa cadeira com as duas mãos apoiadas nos braços do assento. Ele veste terno e olha para a câmera com um olhar que transita entre a raiva, o desconforto e o ódio.  À sua direita, um homem está curvado para mostrar a ele o que parece ser um documento. Ainda, atrás de Joseph, vemos um homem com a cabeça baixa, olhando para o papel. O ambiente é um gramado e percebe-se uma construção ao fundo com uma pessoa observando a reunião pela janela, além de outros homens conversando ao fundo. Por fim, há arbustos e alguns pinheiros ao fundo.
Alfred Eisenstaedt

A fotografia foi tirada durante a conferência da Liga das Nações, antecessora das Nações Unidas, na Suíça. O fotojornalista judeu estava cobrindo as notícias e tirando fotos da conferência quando registrou o membro do Terceiro Reich. 
Sobre o acontecido ele contou em seu livro “Eisenstaedt on Eisenstaedt: A Self-Portrait” de 1985, “Em 1933, eu viajei de Lausanne para Genebra para a décima quinta sessão da Liga das Nações. Lá, sentado no jardim do hotel estava Dr. Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler. Ele sorriu, mas não para mim. Ele estava olhando para alguém à minha esquerda… De repente, ele me encontrou e eu o encarei. Sua expressão mudou. Aqueles eram os olhos do ódio. Eu era um inimigo? Atrás dele estava seu secretário pessoal, Walter Naumann, com um cavanhaque e o intérprete de Hitler, Dr. Paul Schmidt… Eu devo ter sido perguntado como me senti fotografando esses homens. Naturalmente, não tão bem, mas quando eu tenho minha câmera em minhas mãos eu não tenho medo.”
Analisando essa foto nos dias de hoje, noto como toda a minha atenção se direciona para o rosto de Goebbles que está justamente no centro da imagem. Seu olhar me passa um misto de sensações, sendo o medo a mais marcante. Naquele momento, a forma como ele encara Eisendat é cortante, direta e maligna na essência da palavra. É como se lhe perguntasse “Por que você existe?”
Ainda, sinto que qualquer pessoa que olhe para a foto se colocará no lugar do fotógrafo, como se esse ódio de Joseph fosse direcionado para nós. Pois essa é a expressão pura e simples do que é negar o outro como seu semelhante.
Além disso, o momento rouba toda a atenção do ministro de Hitler: ele não foca no intérprete do Fuher ao seu lado, e sim direciona toda a sua energia na aversão ao judeu. Outro ponto que torna tudo ainda mais triste nesta análise é pensar que anos depois o mundo iria descobrir a forma do governo alemão lidar com aqueles “inferiores à raça pura”. Alfred, felizmente, não foi capturado e mandado para um campo de concentração, mas muitos de seus irmãos não tiveram o mesmo destino. Sentindo em seus corpos toda a energia maligna que estes olhos carregavam através de torturas e assassinatos, entre tantas outras barbáries que ainda assombram a história contemporânea.
Por isso, creio na grande importância de mantermos essa parte da História viva em nossa memória. Afinal, ainda há pessoas que defendem, mundo afora, as mesmas ideias apoiadas por Joseph Goebbles. Portanto, posso dizer que Alfred Eisenstaedt conseguiu eternizar em um clique a maior mensagem da concretização do ódio que assombrou a humanidade e que merece ser deixado no passado; porém, jamais esquecido. 

Como citar esta postagem

MAIA, Amanda. Um clique que eternizou o ódio. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/12/Um clique que eternizou o odio.html>. Publicado em: 8 de dez. de 2022. Acessado em: [informar data].

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