Foi por acaso que, em 1980, fazendo um trabalho do curso de Arquitetura, no Rio de Janeiro, que Alexandre Martins se viu de encontro pela primeira vez com a fotografia. Ele nos conta como foi seu primeiro encontro:
“Pesquisávamos sobre escolas e, uma das visitas foi ao Colégio São José, na Tijuca. Coube a mim fotografar com uma pequena câmera amadora emprestada por um colega. Quando chegamos no portão do Colégio me deparei com uma escadaria e no alto dela havia uma estátua. Achei imponente e um tanto intimidadora a cena e resolvi fotografá-la. Na hora resolvi me ajoelhar para ficar com o ângulo de visão das crianças que estudavam ali. Naturalmente que a escada e a estátua pareceram maiores e aquilo mexeu comigo: descobri que a fotografia era capaz de comunicar algo com muita força.”
Alexandre começou a fotografar com uma pequena câmera analógica de uso doméstico, sem saber nada sobre fotografia e sem saber também onde chegaria. Foi lendo, vendo e fotografando, sem grandes pretensões, mas seguindo toda a paixão que havia aparecido. No final de abril de 1981 foi a cidade de Ouro Preto pela primeira vez, em uma viagem de estudos, habitual no curso de Arquitetura “Quando cheguei aqui (Ouro Preto), senti no meu coração: “aqui é meu lugar”. Passei três dias em êxtase fotografando; na verdade, registrando a cidade. Foram cerca de 108 fotografias em negativo colorido. Descobri a fotografia e Ouro Preto, praticamente juntas”, disse Alexandre.
Quando voltou para o Rio de Janeiro, comprou uma câmera reflex de 35mm, já pensando na viagem seguinte à Ouro Preto, cinco meses depois. As viagens se sucederam, até que em 1985 mudou-se para Ouro Preto. Com o tempo adquiriu câmeras e objetivas melhores e logo descobriu a fotografia com filme preto & branco. Alexandre sempre fez fotos em preto e branco e cor, mas prefere o preto e branco, que até hoje faz exclusivamente por uma câmera analógica, revelando suas fotos em um laboratório do Rio de Janeiro, onde reside e trabalha atualmente. Já para fotos coloridas, ele adotou o uso de uma câmera digital.
Do ponto de vista pessoal, a fotografia para Alexandre é fundamental como meio de expressão e de encontro com a vida. “Através da fotografia consigo interagir com o entorno e busco essencialmente a presença humana, o gesto de cada um, o corriqueiro cotidiano, especialmente na paisagem urbana, e mais especialmente ainda em Ouro Preto, sempre procurando contar histórias em cada série que produzo”, ele nos fala. Junto com o Coletivo Olho de Vidro, faz uma exposição por ano.
Alexandre diz que não se preocupa muito com uma foto única, isolada, mesmo que excepcional. Ele se vê mais como um documentarista. Seu anseio é corresponder ao fotografado e reter o seu tempo e o dele, naquele momento do encontro. Recorta imagens, não costuma construí-las artificialmente. Caminha por Ouro Preto e fotografa o que encontra, mesmo que focando em um tema específico, e sempre o mais discretamente possível.
#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.
Deixe um comentário