Nas ruas da infância

Para uma criança tudo pode ser divertido

A fotografia abaixo, ainda que em preto e branco, demonstra o quanto a vida pode ser colorida. Em uma rua de pedras, dois meninos pequenos correm atrás de uma vaca e um bezerro, praticamente do tamanho deles.


Dois meninos correm atrás de uma vaca pequena e um bezerro. Eles usam camiseta, bermuda e chinelo. O menino que está do lado esquerdo mantém seus braços abertos, enquanto o da direita os inclina para frente, mas sem estendê-los.
Ane Souz

Se não fosse pelas vestimentas dos meninos, a foto poderia ser facilmente localizada no passado, tanto pelo registro em preto e branco, quanto pelo cenário, e também pela raridade da atitude em tempos atuais. As crianças de hoje, principalmente nas grandes cidades, estão inseridas em um mundo cada vez mais virtual, em que as experiências no real ficam cada vez mais limitadas. Portanto, em pleno século XXI é incomum haver crianças correndo atrás – ou junto – de animais da fazenda em espaços urbanos.

Nas sociedades capitalistas tudo pode ser transformado em mercadoria, logo, o valor das coisas está em seu potencial de troca. Uma vaca, para um adulto criado nesse contexto, é sinônimo de dinheiro. Com certeza este não é o caso das crianças, que se divertem com os animais sem lhes colocar um peso monetário.

Imagino que os meninos tenham gostado do fato de que, como eles, os bovinos sejam pequeninos. Foi uma peraltagem compartilhada, entre crianças que subvertem os costumes de seu tempo e animais que seguem seus instintos, correndo pelas ruas. Logo, uma experiência legítima de liberdade.

A infância é, sem ressalvas, a fase mais potencializadora do nosso desenvolvimento. Quando convenções sociais, preconceitos e paradigmas ainda não cercearam completamente nossa liberdade, a vida é um arco-íris que possui infinitas cores. À medida que envelhecemos, essas cores se desbotam, mas ficam eternizadas nas lembranças e nos registros que deixamos, e ressurgem quando os visitamos.


#leitura é uma coluna de caráter crítico. Trata-se de uma série de análises de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.


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Ane Souz

Fotógrafa da assessoria de comunicação da Prefeitura de Ouro Preto.

 

Ane Souz nasceu em 1987, em Itabira, Minas Gerais. Em 1999, mudou-se para Mariana com a mãe, onde, aos 19 anos, aprendeu a fotografar em um curso de câmera pinhole. Desde então, a jovem se apaixonou pela fotografia. Desencorajada pela insegurança e dificuldade financeira, ela não enxergava a fotografia como sua carreira até o ano de 2015.


A fotografia mostra, em primeiro plano, uma mulher fazendo uma performance artística com bolha de sabão. As bolhas formam uma camada extensa e uniforme. O cenário é a Praça Tiradentes, no centro de Ouro Preto.
Ane Souz

A profissionalização de Ane começou oficialmente no dia 3 de janeiro de 2015, em Ouro Preto. Com uma câmera Canon T4i, duas lentes e um flash, a jovem decidiu que era hora de levar a fotografia a sério. Entretanto, ao mesmo tempo, ela era fotógrafa e artesã, pois o lucro do ateliê que tinha com a mãe era investido em equipamentos. Em 2018, Ane conseguiu fazer da fotografia sua principal fonte de renda. 

Hoje, a fotógrafa trabalha na Prefeitura de Ouro Preto, onde cobre eventos institucionais e culturais, e acontecimentos que marcam a rotina da cidade. Além disso, ela é freelancer. Seu interesse está no fotojornalismo e na fotografia documental. Ane enfatiza que fotografar Ouro Preto é uma grande responsabilidade, mas também um privilégio, considerando a relevância da cidade.


Em preto e branco, a fotografia mostra uma rua sob a neblina típica de Ouro Preto. Ao lado direito da rua, um casal caminha em frente a um estabelecimento comercial.
Ane Souz


A fotografia mostra atrizes e atores andando pela rua São José, no centro de Ouro Preto. Eles trajam figurino de época e de alta costura.
Ane Souz

A fotografia, em preto e branco, registra o momento em que dois garotos correm atrás de uma vaca e um bezerro, em uma rua de pedras.
Ane Souz

O registro fotográfico mostra o momento em que um artista pinta, em aquarela, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Ouro Preto. Ele é idoso, usa óculos e barba, está agasalhado, e olha com atenção para sua obra. Amarradas nas sacadas das casas, há bandeirolas de festa junina. Ao fundo, a igreja.
Ane Souz

A fotografia mostra uma roda de capoeira. No meio da roda, há 3 homens jogando. Enquanto um desfere um golpe com chutes, mantendo o corpo todo no ar, o oponente se desvencilha no chão, e um terceiro parece preparar o próximo golpe.
Ane Souz

A fotografia, em preto e branco, registra um homem de cabelo grisalho observando o lado externo de uma vidraça, onde há construções coloniais. Não é possível ver o seu rosto.
Ane Souz

A fotografia mostra uma rua no centro histórico de Ouro Preto. O sol ilumina as casas do lado esquerdo da rua. Não há pedestres nem trânsito.
Ane Souz

#galeria é uma coluna de caráter informativo. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de um_ fotógraf_ de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.


Links, Referências e Créditos

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