Como o Diafragma controla a intensidade de luz que entra na câmera e quais efeitos isso tem sobre as fotografias.
Uma das variáveis do triângulo de exposição é a abertura da objetiva, controlada por um mecanismo chamado Diafragma. O tamanho da abertura dessa peça determina a quantidade de luz que será captada pelo equipamento, e, juntamente com o ISO e com a Duração da Exposição, determina o brilho da imagem captada.
A variação da abertura do Diafragma pode causar diversos efeitos plásticos diferentes na fotografia, influenciando, principalmente, nas áreas que aparecerão focadas e desfocadas na imagem e na quantidade de brilho que será captado.
Como funciona o Diafragma
O Diafragma pode ser comparado com uma torneira. Porém, ao invés de controlar o fluxo de água que sai do encanamento, ele controla o fluxo de luz que captamos com a câmera. Nesse sentido, quanto mais aberto o diafragma está, mais intenso é o fluxo luminoso captado, e, quanto mais fechado o diafragma, menos intenso é esse fluxo.
Os valores de abertura são escritos da seguinte maneira, F/x.x, uma fração, na qual o “x” é o denominador. Portanto, quanto menor o “x”, maior é a abertura da câmera, ou seja, maior a quantidade da luz entrando, e quanto maior o “x”, menor é a abertura.
Efeitos da Abertura sobre o brilho de uma imagem
Como o Diafragma controla a força com que a luz entra na câmera, seu nível de abertura tem efeitos diretos sobre a exposição da imagem. Em ambientes muito iluminados, se for usado um valor de abertura muito baixo, ou seja, uma abertura muito grande, dependendo das configurações de Duração da Exposição e ISO, a tendência é obter uma fotografia estourada, pela grande quantidade de luz que é captada. Já em locais pouco iluminados, um valor de abertura baixo poderia ser adequado, assim a foto ficaria com menos brilho, possibilitando que os objetos fossem vistos de uma melhor forma.
Porém, a abertura não é a única que interfere no brilho de uma fotografia. No caso de uma foto estourada, existem outros caminhos para consertá-la, sem ter que fechar o diafragma. Existem duas variáveis que se combinam à abertura para definir o brilho de uma imagem: Duração da Exposição e o ISO. A Duração da Exposição diz respeito ao tempo que a câmera estará exposta à luz, e é controlada pelo Obturador. O ISO define o nível de sensibilidade da câmera à luz. Ou seja, se um fotógrafo está em um ambiente muito iluminado e suas fotos estão saindo estouradas, não necessariamente ele precisará mexer no diafragma, ele pode optar por diminuir o brilho através dessas duas ferramentas.
Profundidade de campo e prioridade de abertura
Outro aspecto muito importante que depende, principalmente, da regulagem do Diafragma é a profundidade de campo, que se refere à área que está nítida (em foco) na fotografia. Sua principal função é restringir e ampliar as áreas de atenção, através do foco.
O Diafragma funciona mais ou menos como um olho humano. Quando estamos em um ambiente iluminado, nossa íris se fecha para conseguirmos enxergar, e quando estamos em um lugar com baixa luminosidade ela se abre, permitindo que mais luz entre em nossos olhos. Isso reflete em quais objetos estarão em foco e quais não.
Na fotografia, um diafragma mais aberto resulta em uma menor profundidade de campo, ou seja, menos elementos estarão em foco, além do objeto principal. Em retratos, por exemplo, é muito comum o uso de valores de abertura menores, por permitirem que a profundidade de campo seja menor, colocando a pessoa fotografada em foco principal. Já um diafragma mais fechado, valor de abertura maior, possibilita que o fotógrafo alcance uma nitidez mais ampla na foto, permitindo que mais elementos sejam visualizados. Os valores de abertura mais altos são usados, normalmente, em fotografias de paisagens, onde todos os detalhes são importantes e devem estar nítidos.
Nos equipamentos fotográficos existe, também, o modo de prioridade de abertura. Nele o fotógrafo fica livre para controlar somente a Abertura e o ISO, enquanto a câmera configura a velocidade do obturador automaticamente de forma que o equipamento capte a luz em um tempo suficiente para atingir uma exposição adequada. Assim, é possível ter um controle mais preciso sobre a profundidade de campo, colocando planos desejados em foco e desfoco.
Entretanto, o uso da prioridade de abertura oferece riscos ao resultado das fotografias. Pode ser que, ao definir um valor de abertura maior, que resulta em um Diafragma mais fechado, para se adaptar à quantidade de luz no local, a Duração da Exposição escolhida pela câmera tenha que ser maior, o que poderá resultar em uma imagem tremida ou borrada. Sendo assim, o fotógrafo terá que escolher outras formas de trabalhar o brilho da foto, como aumentar o nível de sensibilidade da câmera (ISO), permitindo que a Duração da Exposição diminua, reduzindo a possibilidade de borrões e tremidos.
Na fotografia 1, há um exemplo de uma imagem com uma menor profundidade de campo, ou seja, os prédios atrás não aparecem com tanta nitidez como a flor. Para causar esse efeito, o diafragma da câmera estava mais aberto. Já, na fotografia 2, temos a maior profundidade de campo possível, pois todos os elementos presentes estão nítidos, que é algo importante em fotos de paisagens. Na fotografia 3, é possível ver como o fotógrafo pode brincar com o foco e com a profundidade de campo em diversos planos, restringindo as áreas de atenção. Para isso, trabalha-se com um diafragma mais aberto, o que permite que o cacto fique em foco principal e até a planta a frente esteja desfocada.
As formas de explorar a abertura da câmera resultam em diversos efeitos plásticos diferentes, sejam eles no brilho ou na nitidez da fotografia. Apesar do equipamento possuir um fotômetro, que indica através de uma régua quando a exposição à luz está adequada, nem sempre o fotógrafo deseja trabalhar com os níveis de iluminação propostos pela câmera. Muitas vezes, por mais que esteja em um local muito iluminado, o fotógrafo pode preferir fotos mais escuras e que, no caso de um diafragma mais fechado para a entrada pouco intensa da luz, mostrem, com nitidez, todos os elementos presentes.
Além da luminosidade das fotografias, o fotógrafo também pode brincar com as profundidades de campo em diversos planos. Às vezes o intuito não é deixar em destaque aquilo que está mais próximo da câmera, e sim algo que esteja mais ao fundo, ou que seja menor, ou que seja menos colorido. E o fator determinante para o destaque de um elemento é o foco, que pode ser ampliado ou restringido pela abertura e fechamento do diafragma da câmera. O modo de prioridade de abertura, apesar dos riscos que oferece, ainda permite uma maior liberdade do fotógrafo de controlar a profundidade de campo e brincar com os pontos de foco da maneira mais específica que quiser.
Objeto de Aprendizagem é uma coluna de carácter formativo. Trata-se de uma série de materiais didáticos elaborados para apoiar o aprendizado da prática fotográfica. Deseja acessar outras publicações da coluna Objeto de Aprendizagem ? É só seguir este link.
REFERÊNCIAS CONSULTADAS NA PRODUÇÃO DESTE CONTEÚDO
FOTOP. O que é prioridade de abertura e como usá-la? Disponível em: <https://blog.fotop.com.br/fotografia/o-que-e-prioridade-de-abertura-e-como-usa-la/#:~:text=Este%20modo%20de%20c%C3%A2mera%20semi>. Acesso em: 19 abr. 2023.
Fotografia: entenda as prioridades de abertura e velocidade. Disponível em: <https://www.tecmundo.com.br/internet/8739-fotografia-entenda-as-prioridades-de-abertura-e-velocidade.htm>. Acesso em: 28 abr. 2023.
COMO CITAR ESTE CONTEÚDO
MURICY, Maria. A abertura da câmera e sua influência na fotografia. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/?p=5182>. Publicado em: 21 ago 2023. Acessado em: [informar data].
Bom dia, estou curiosa em saber quem é a outra Maria Muricy que trabalha em cinema? Eu sou Maria Muricy, editora de som, e este artigo acima não é meu. Quem é a autora?
Bom dia! Eu sou a Maria Muricy, estudante de Jornalismo na UFOP, o texto é de minha autoria 🙂