Natural de Ohio, Estados Unidos, Berenice Abbott produziu instigantes fotografias urbanas e retratos. Semelhante ao trabalho de Eugène Atget, em Paris, a artista ficou conhecida pelo registro da modernização da cidade de Nova Iorque na década de 30.
Berenice Abbott
Em 1921, com 23 anos, Abbott abandonou a universidade de jornalismo e mudou-se para a França a fim de estudar escultura. Chegou a trabalhar de assistente no estúdio de Man Ray e, também nessa época, teve contato com as fotografias de Paris de Eugène Atget que, posteriormente, seria uma de suas principais inspirações.
Aos 32 anos, Berenice retorna aos Estados Unidos, especificamente à Nova Iorque, e resolve registrar a crescente modernização da cidade. Berenice Abbott produziu fotos que abordam desde comerciantes e suas lojas à imagens distantes de prédios e ruas nova-iorquinas lotadas de gente.
Berenice Abbott
Além de seu famigerado trabalho registrando o crescimento da cidade estadunidense, Berenice chegou a produzir diversos retratos. O mais conhecido é seu autorretrato de 1930 que ficou famoso após a fotógrafa distorcer sua imagem, em 1950.
Berenice AbbottBerenice Abbott
Abbott faleceu em 1991, aos 93 anos, em sua casa em Maine, Estados Unidos, deixando um extenso e grandioso trabalho fotográfico.
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Num mundo onde muitos valores estão sendo perdidos, a lealdade paterna é uma dádiva
De uma forma geral, acabamos passando a maior parcela de nossas horas almejando usufruir da companhia de quem nos é caro, mas executando as ações que podem fortalecer nosso poder de compra, nossa segurança, nossa saúde e afins, mas não passamos, de fato, acompanhados dessas pessoas nem lhes deitamos um olhar por tanto tempo quanto deveríamos.
Danny Van Vuuren
Me recordo da minha infância; como era boa a sensação de ir até a praia com os meus pais. Me lembro de pensar, ainda menino, em como queria que aqueles dias nunca chegassem ao fim. Sorrio ao recordar das ilhotas próximas da costa, de como as enxergava com olhos de criança: continentes repletos de aventura. Os peixes eram criaturas fantásticas, tão interessantes quanto aquelas criaturas que nos dias de hoje são tão mais aparentemente interessantes na televisão.
De todas as coisas que me lembro, a presença do meu pai é a que mais me traz alegria. Aqueles momentos que hoje tento encaixar na memória, como peças de um quebra cabeças, como quando surfei nos ombros do meu velho nadador, a conquistar um daqueles continentes. Consigo sentir a mesma sensação nesta fotografia de Danny Van Vuuren. Para essas crianças, a menor das ondulações da água é algo novo, ainda que não seja inédito.
Porém, conforme a vida avança, o tempo se torna um inimigo. Precisamos nos estabelecer no mundo, profissionalmente, academicamente, socialmente, e temos que dividir nossa atenção com outras pessoas, outras causas, outras coisas. Até que, quando nos damos conta, já não temos um pai ou uma mãe, e tudo o que nos resta são as lembranças de quando estávamos protegidos pela lealdade dos laços familiares e pelo amor mais honesto que se possa existir.
Penso que, como num ciclo – para aqueles que possuem essas memórias intactas, resguardadas e vistas com bons olhos -, desejamos tanto retornar para aquele cenário de proteção familiar, que queremos assumir os papéis de nossos progenitores ou criadores. E é isso o que sinto olhando esta foto. Uma mistura de saudade da proteção do meu pai e um desejo de ser eu mesmo um pai.
A lealdade desses laços não se enfraquece seja qual for a situação. O amor existe, basta olhar para a fotografia; o cuidado singelo, o medo protetivo, a união. E lealdade seria o quê se não fosse o amor? Afinal, lealdade é a fidelidade e a responsabilidade que se tem mesmo na ausência, mesmo na morte. E a figura paterna será sempre a associação-mór disto.
São como os escudeiros da idade média, sempre prontos para cumprir seus votos e agir como os homens juramentados que são. Pais são isto: leais. E para todo filho que teve a sorte de ter um pai juramentado em seu desenvolvimento e felicidade, existe também o voto de lealdade de poder refletir seus valores, honrar os ensinamentos e seguir as pegadas na beira da praia que um dia foram daquele que nos antecedeu.
Afinal, neste mundo não estamos tão sozinhos quanto nos fazem crer. Se existem aqueles que nos ajudam tanto, mesmo quando não podem, nos doam a sua própria vida, de bom grado, para nos deixar viver melhor e com mais do que eles mesmos tiveram. A abnegação de um pai, a lealdade, é um dos valores que sei que jamais se perderão, quando tantos outros se perderam, como tantas pegadas engolidas pelas ondas do mar.
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BRITO, C. S. Escudeiros de sempre e a lealdade de nunca. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: https://tinyurl.com/bdzzbyra. Publicado em: 23 fev. 2023. Acessado em: [informar data].
A essência da masculinidade tem nuances de erotismo e sensibilidade
O australiano, Paul Freeman, é formado em literatura inglesa e história. O trabalho atual do fotógrafo é notoriamente reconhecido pelos traços autorais em suas fotografias. De forma geral, os elementos principais das fotografias de Freeman são homens nus e seminus.
Paul Freeman
As fotografias de Freeman exibem a beleza de corpos masculinos de forma irreverente e sofisticada. Posando-os em cenários rústicos, sujos e ásperos, os modelos fotografados transmitem a sensibilidade e a vulnerabilidade que quase nunca é associada à masculinidade.
Enquanto muitos homens são temidos pelos músculos e pela aparência austera, nas fotografias de Paul Freeman, a beleza quase escultural desses corpos provam que ainda existe meninice por debaixo dos músculos e pelos corporais; e não somente isso, como também a arte, a sensibilidade e sentimentos que nem sempre são vistos sob olhares superficiais.
Paul FreemanPaul FreemanPaul FreemanPaul FreemanPaul FreemanPaul Freeman
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BRITO, C. S. Paul Freeman. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://tinyurl.com/t7pen2me>. Publicado em: 21 de fev. de 2023. Acessado em: [informar data].
Shirley Stolze denuncia em sua fotografia mais um caso de racismo religioso no Brasil.
A fotografia abaixo é da fotojornalista Shirley Stolze, do jornal baiano A Tarde. Publicada em novembro de 2018, a foto é vinculada a uma matéria sobre um acontecimento de intolerância religiosa e mostra uma parte da área externa da Casa de Oxumarê: um dos mais importantes terreiros de Candomblé do Brasil, em Salvador (BA).
Shirley Stolze
No muro branco do local há a seguinte frase pichada com tinta preta: “Jesus é o caminho”. A frase é uma afronta aos que frequentam a casa e cultuam religiões afro-brasileiras. A pichação invalida outras crenças, impondo um ponto de vista como sendo o único a seguir.
É importante ressaltar o racismo religioso como um elemento presente estruturalmente desde a construção do que hoje conhecemos como Brasil. Nesse sentido, não há como negar que o racismo é uma componente presente, desde o período colonial, nos discursos e nas práticas de intolerância contra religiões de matrizes não europeias. Sendo a invalidação religiosa, que era praticada pelos Jesuítas com indígenas e negros, unida à violência contra o que era considerado “diferente”, ainda permanente.
De acordo com dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, em 2021 foram recebidas 586 denúncias por intolerância religiosa. O estado que mais registrou ocorrências foi o Rio de Janeiro. Segundo o relatório da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, 91% dos ataques foram destinados à religiões de matriz africana. Sendo essa vertente a mais atacada em todo o país. Assim, faz-se necessário ampliar o debate da Intolerância religiosa para o Racismo religioso.
Em 2022, ano de eleições, Michelle Bolsonaro, a primeira dama do Brasil, vem sendo uma personagem ativa na campanha para a reeleição do atual presidente da república, Jair Bolsonaro, filiado ao Partido Liberal. Com um discurso emotivo, que ressalta valores apoiados pela população mais conservadora do país, Michelle vem servindo de mediadora para atrair o eleitorado feminino e despertar a admiração e a atenção de grupos evangélicos no Brasil.
Em agosto de 2022, Michelle compartilhou em suas redes sociais um vídeo da vereadora paulista Sonaira Fernandes, do partido Republicanos, que dissemina discurso de ódio contra religiões de matriz africana e acusa o ex-presidente Lula de ter entregado a alma para vencer as eleições. No vídeo, aparece o ex-presidente e atual candidato à presidência do país Lula recebendo de uma mãe de santo um banho de pipocas, ritual feito para saudar Omulu, orixá cultuado por religiões afro-brasileiras. Na legenda do vídeo, Michelle escreve: “Isso pode né! Eu falar de Deus, não”.
A frase registrada por Shirley Stolze apresenta sintomas de uma sociedade adoecida por fanatismo e agravada por discursos que rejeitam a pluralidade. Além disso, o uso da fé para a exploração política tira de campo os debates necessários para o pleno funcionamento do Estado Democrático de Direito. O discurso presente na fala da primeira dama e na foto analisada afrontam a Constituição Federal que determina a liberdade religiosa para todos os cidadãos. E, o Brasil, construído em cima de sangue e suor negro, persiste em negar para essa população dignidade e respeito.
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Silva, Vinícius Augusto. Racismo Religioso e a guerra política do bem contra o mal. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2023/02/blog-post.html>. Publicado em: 16 de fev. de 2023. Acessado em: [informar data].
O periódico semanal americano que marcou a história do jornalismo e do fotojornalismo ao redor do mundo.
A revista LIFE foi originalmente fundada em 1883 por John Ames Mitchell e Andrew Miller, mas só ganhou a forma como a conhecemos, a de uma revista focada em fotografias, em 1936 sob o comando de Henry Luce. Ganhando as bancas toda semana com novas edições até 1972 e, mais tarde, mensalmente até os anos 2000.
Entre as características mais marcantes da LIFE estão suas capas estampadas por fotógrafos como Alfred Eisenstaedt, Margaret Bourke-White e James Burke. Nelas, foram estampados rostos de grandes personalidades do século XX como Winston Churchill, Audrey Hepburn, Elizabeth Taylor, Angela Davis e Michael Jackson. Assim como fotografias de marcos importantes da História contemporânea, como o beijo na Times Square após o fim da Segunda Guerra Mundial e a chegada do homem à lua com a missão Apollo 11.
A revista conta com 2.237 edições e mantém um site que conta um pouco de cada fotógrafo que passou pela LIFE, além de novos textos que carregam a mesma essência da revista. Por fim, o portal abriga o The Life Picture Collection que reúne todas as icônicas fotografias já publicadas pela LIFE para que esse rico acervo perpetue para o conhecimento de gerações posteriores.
Primeira capa da revista LIFE | Margaret Bourke-White
John Kennedy e Jacqueline Kennedy | LIFE
O beijo na Times Square| LIFE
Edição especial | LIFE
Veloz e Yolanda | LIFE
Rainha Elizabeth II | LIFE
Dutch East Indies | LIFE
Elizabeth Taylor e sua filha, Liza Todd | LIFE
Capitão dos Campiões | LIFE
Na Capela Sistina, cardeais prestam homenagens a Paulo VI | LIFE
Winston Churchill | LIFE
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MAIA, Amanda. As icônicas capas da revista LIFE. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/10/As iconicas capas da revista LIFE.html>. Publicado em: 14/02/2023. Acessado em: [informar data].
A fotografia abaixo, ainda que em preto e branco, demonstra o quanto a vida pode ser colorida. Em uma rua de pedras, dois meninos pequenos correm atrás de uma vaca e um bezerro, praticamente do tamanho deles.
Ane Souz
Se não fosse pelas vestimentas dos meninos, a foto poderia ser facilmente localizada no passado, tanto pelo registro em preto e branco, quanto pelo cenário, e também pela raridade da atitude em tempos atuais. As crianças de hoje, principalmente nas grandes cidades, estão inseridas em um mundo cada vez mais virtual, em que as experiências no real ficam cada vez mais limitadas. Portanto, em pleno século XXI é incomum haver crianças correndo atrás – ou junto – de animais da fazenda em espaços urbanos.
Nas sociedades capitalistas tudo pode ser transformado em mercadoria, logo, o valor das coisas está em seu potencial de troca. Uma vaca, para um adulto criado nesse contexto, é sinônimo de dinheiro. Com certeza este não é o caso das crianças, que se divertem com os animais sem lhes colocar um peso monetário.
Imagino que os meninos tenham gostado do fato de que, como eles, os bovinos sejam pequeninos. Foi uma peraltagem compartilhada, entre crianças que subvertem os costumes de seu tempo e animais que seguem seus instintos, correndo pelas ruas. Logo, uma experiência legítima de liberdade.
A infância é, sem ressalvas, a fase mais potencializadora do nosso desenvolvimento. Quando convenções sociais, preconceitos e paradigmas ainda não cercearam completamente nossa liberdade, a vida é um arco-íris que possui infinitas cores. À medida que envelhecemos, essas cores se desbotam, mas ficam eternizadas nas lembranças e nos registros que deixamos, e ressurgem quando os visitamos.
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O espanhol José Luis Barcia Fernandez, de Astúrias, é formado em química e trabalha como gerente de logística. Entusiasta da fotografia urbana e da arquitetura, realiza suas fotos somente com telefones celulares.
José Luis Barcia Fernandez
As fotografias do espanhol são dignas de uma montagem teatral, dado alguns elementos muito peculiares de seus cliques, dos quais o mais evidente é o contraste entre preto e branco e a composição dos elementos na fotografia. É comum encontrar silhuetas de pessoas em suas fotografias, geralmente caminhando para a escuridão.
Luis chama atenção pela composição. De alguma forma, a grande maioria de suas fotografias parece datar de um tempo no passado, ainda que sejam bastante atuais. A luz é sempre forte, e a escuridão, sempre muito intensa. Isso causa uma impressão artística muito forte e uma assinatura muito peculiar nas capturas visuais de Fernandez.
José Luis Barcia Fernandez
José Luis Barcia Fernandez
José Luis Barcia Fernandez
José Luis Barcia Fernandez
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A foto, tirada pela brasileira Daniela Justus – internacionalmente conhecida por suas fotografias de partos e gestantes – retrata a felicidade do momento em que a bebê, ainda no hospital, é mostrada à família.
Daniela Justus
Embora a imagem contemple a reação de várias pessoas ao ver a criança, o enquadramento principal é no irmão da bebê. Ele, em um ato de amor incondicional, beija o vidro que os separa, na intenção de que sua irmãzinha possa sentir seu carinho, mesmo sem contato físico direto.
Com a mão no vidro e os olhinhos marejados, a expressão corporal do menino me faz sentir uma imensa compaixão ao ver essa foto. Como se meu coração se aquecesse só de ver essa cena. Me pego refletindo sobre como o nosso corpo é capaz de realizar tarefas que, racionalmente, não tem explicação.
Na foto, por exemplo, é nítido o amor já existente entre os irmãos, que nem sequer se conhecem ainda. Inconscientemente, imagino como será a relação deles. Será que vão brincar no quintal? Será que o menino defenderá sua irmãzinha quando ela chorar por alguém que a fez sofrer? Será que ele dará a ela bons conselhos?
Questionamentos esses que, infelizmente, não terei respostas. Mas, prefiro acreditar que, sim, eles terão uma relação linda. Sim, ele cuidará dela, e serão melhores amigos. Ao fazer a análise de uma foto, é interessante ver como é possível acessar uma memória que, muitas vezes, nem lembramos que ainda está ali.
Considero também uma forma de autoconhecimento. Uma forma de explorar as lembranças, que mesmo quando é de interesse esquecê-las, querendo ou não, estarão ali, guardadas em algum lugar do subconsciente. Não diferentemente, ocorreu comigo quando visualizava essa imagem. Imagino se me fiz todas essas perguntas em relação ao futuro dos irmãos porque não tenho contato direto com o meu.
Assim como no retrato, sou a irmã caçula e, de algum modo, desejava esse carinho fraterno. Por outro lado, reflito sobre esse momento de “apresentação” à família. Um momento em que, sem sequer entender, a bebê já tem inúmeras expectativas materializadas em seu ser. Provavelmente, há um quarto rosa e repleto de bonecas à sua espera em casa.
E, antes mesmo de nascer, possivelmente seus pais já idealizaram seu casamento, sua profissão e até como será sua personalidade. Isso me faz pensar no quanto nosso comportamento pode ser condicionado a expectativas alheias. Quantas de nossas ações são realizadas só porque queremos, sem interferências do mundo externo?
Perguntas essas que surgiram a partir da análise de uma única foto. Impressionante como é possível tirar várias interpretações e reflexões de uma fotografia. É realmente um processo de autoconhecimento. Obrigada, Cultura Fotográfica, por me permitir esses momentos de inserção no meu próprio eu.
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